Acredito que a maioria das pessoas já esteja sabendo que o mês de setembro foi escolhido para se fazer uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio. Assim como outubro é um mês dedicado à prevenção do câncer de mama (outubro rosa) e novembro é voltado para a prevenção do câncer de próstata (novembro azul), essa campanha contra o suicídio ficou conhecida como setembro amarelo.
A questão do suicídio é terrivelmente complexa e para abordá-la a fundo, eu precisaria escrever uma série de postagens longas e exaustivas sobre o tema. Como não tenho tempo e nem estou com paciência para escrever sobre esse assunto, vou tentar ser breve.
A postagem mais acessada deste blog é, de longe, aquela sobre suicídio e eutanásia – dado este que comprova que o suicídio é algo bastante recorrente no Brasil. Esse fato apenas evidencia que é uma questão de saúde pública preveni-lo. Como o suicídio é um tabu e a maioria das pessoas não tem nenhuma informação sobre como lidar com ele, resta a internet para debater quase sempre de forma impulsiva e irresponsável sobre este tema delicado. O suicida, quando busca a internet, não é atrás de ajuda, mas, sim, em busca de formas de se matar sem sofrer. Como não sou profissional da área de saúde, não posso indicar meios ou métodos eficazes para prevenir o suicídio, mas há bastante material na internet sobre como evitar que tragédias desse tipo aconteçam. Sabemos que a depressão e o transtorno bipolar são umas das causas mais recorrentes nesses casos, por isso, a ajuda médica é indispensável. É preciso que o suicida em potencial tenha alguém de confiança com quem conversar e com quem contar para deletar essa ideia da sua vida.
O fato nessa história toda é que todo mundo já deve ter descoberto que a vida não é fácil, não é justa e nem tem sentido, como bem resumiu o professor Ataliba em um de seus vídeos mais lúcidos. Então é de se esperar que em vários momentos de dificuldade ou desespero, as pessoas pensem em desistir de viver. Porém, é preciso aprender a ser forte, um gigante, para suportar as vicissitudes da vida. Como diz o ditado: se a vida nos der um limão, temos que fazer uma limonada. É preciso aprender a ver o lado bom das coisas ruins. Só que nem sempre é fácil perceber isso sozinho. Como as estatísticas vem comprovando, encarar a questão do suicídio sozinho é quase sempre desastroso.
Eu não julgo quem quer tirar a própria vida, mas também acho uma covardia não fazer nada para tirar essa ideia da cabeça de uma pessoa, sabendo que muitas vezes o suicídio é feito impulsivamente e poderia ser evitado. Acho também uma bobagem essa história de romantizar a vida como método de prevenção, como se tudo fosse maravilhoso, na hora de convencer que o suicídio não é a melhor escolha. É preciso, sim, dizer a verdade, porque somente sendo forte e determinada, a pessoa terá condições de encarar a vida sem pensar em se matar. Além, claro, de saber que tudo na vida é passageiro.
Tirar a própria vida é uma coisa que não faz sentido para mim, dada a verdadeira dádiva que ela é. Digo isso porque, apesar das dores, a vida é a única chance que temos de amar, de sorrir, de ter amigos, de se encantar com a existência, de realizar sonhos e de se sentir vivo. A vida não é bela, como dizem os mais românticos, mas ela é a única possibilidade que temos de sentir o gostinho da felicidade de vez em quando. E é exatamente pela vida ter um fim inevitável que ela deve ser bem vivida até o seu último instante.
Para terminar, uma reportagem rapidinha sobre o tema:
A primeira vez que ouvi falar da série The Witcher foi lá por volta de 2008 num site de games (o IGN, se não me engano), onde havia um review do primeiro jogo da série. Logo de cara já gostei do game só pela análise, porém, como na época eu não tinha um PC decente para rodar o game, acabei deixando-o para lá. Só fui voltar a ouvir falar novamente nessa série no início de 2015, quando todo mundo só falava em uma coisa: The Witcher 3: Wild Hunt. Eu não vi sequer o lançamento do segundo jogo da série, mas imaginei que todo aquele alvoroço em torno do lançamento do novo The Witcher significava que o game certamente seria muito bom.
Daí que fui assistindo as reviews do game e alguns gameplays depois de seu lançamento, e fui ficando cada vez mais interessado e impressionado com a qualidade e a grandiosidade do jogo. Até que por volta de agosto de 2015, na primeira promoção que houve na Steam deste game, não perdi o meu tempo e resolvi adquiri-lo. E foi aí que a minha história de amor com este game espetacular começou.
Um dia de trabalho comum para o bruxeiro Geralt de Rivia
O game
A série The Witcher, para quem não sabe, se baseia nos livros do escritor polonês Andrzej Sapkowski, que conta a história do witcher (bruxo ou bruxeiro, em português) Geralt de Rivia. Witchers, para quem não sabe, são humanos que foram submetidos a um rigoroso treinamento desde a infância para poder trabalhar como caçadores de recompensa matando monstros. Para se tornar um witcher, os jovens aprendizes precisavam passar pelo teste das ervas, teste este onde seus corpos passavam por mutações que aumentavam seus sentidos, sua força e eliminavam quase completamente seus sentimentos. Além disso, devido a este teste das ervas, eles ganhavam poderes (os sinais mágicos), imunidade a doenças, capacidade de tomar poções venenosas e de viver mais tempo que pessoas comuns. O Witcher 1 conta a história a partir do momento que Geralt, já adulto, perdeu sua memória, mostrando apenas uma parte do enredo dos livros de Sapkowski. Mas mesmo só mostrando uma parte da vida do bruxo Geralt, a série de games é espetacularmente grande e complexa. No game The Witcher 3, Geralt, já recuperado da sua amnésia, está à procura de sua ex-pupila e filha adotiva Cirilla (Ciri), que está sendo perseguida pela lendária e temível Caçada Selvagem devido aos grandes poderes ocultos que a garota possui. O enredo do game gira em torno de encontrar a Ciri e lutar contra a Caçada Selvagem. Só que até conseguir isso, há um mundo complexo, gigante, ultra detalhado, cheio de desafios e de problemas secundários para se resolver à nossa espera. São toneladas de missões secundárias, de tesouros escondidos, de equipamentos lendários e de desafios para encarar. Os mapas são absurdamente grandes, cheios de animais, de vegetação e de personagens secundários vivendo suas vidas simultaneamente como se aquele fosse um mundo virtual paralelo. É tudo muito bonito, muito bem trabalhado e muito cheio de detalhes. É impossível não ficar perplexo diante de algo tão bem acabado.
Entre uma aventura e outra, nada melhor do que se divertir numa taverna
Minhas impressões
A primeira impressão que o game me causou é que ele se tratava de um GTA passado na Idade Média, uma vez que há um mundo aberto gigante para se explorar e há liberdade para se fazer quase tudo que quiser. Porém, como este game se trata de um RPG, há muito mais opções de coisas para se fazer e de decisões para se tomar que no GTA. Em The Witcher 3 você ganha dinheiro, compra itens, vende itens, coleciona objetos raros, participa de campeonatos de corrida de cavalo, participa de campeonatos de lutas, enche a cara nas tavernas, se diverte em prostíbulos, escolhe diálogos, interage com personagens e muda a história através das suas escolhas. Isso porque eu nem falei da coisa mais viciante deste game, que é o famigerado jogo de cartas chamado gwent. Além, claro, dos contratos de bruxo, que são as missões da profissão de witcher. Nesses contratos, nós cumprimos mini missões oferecidas pelos moradores locais para matar algum monstro, caçar bandidos ou resolver qualquer outro problema em troca de dinheiro. Nesses contratos, nós precisamos coletar informações, interrogar testemunhas, achar pistas, usar os nossos sentidos de bruxo ao examinar os locais e usar o bestiário para saber as fraquezas do inimigo que iremos enfrentar. Parece uma espécie de CSI medieval.
As missões principais também são um show à parte, indo desde o drama
familiar envolvendo a família do Barão Sanguinário até a eletrizante Batalha de Kaer Morhen.
Fora alguns acontecimentos secundários que influem na forma como a
história se desenrola, como, por exemplo, o destino dos Reinos do Norte e
com que par amoroso (feiticeira) Geralt prefere terminar, se é com a
doce Triss Merigold ou com a valente Yennefer de Vengerberg. Aliás,
este game também é um ótimo simulador de triângulo amoroso, rs.
Resumindo: o enredo deste jogo é excelente, seja o central ou o
secundário.
As paisagens do game são simplesmente deslumbrantes
A imersão deste jogo também é algo incrível, especialmente com relação às paisagens e aos biomas. Vales, planícies, montanhas, cavernas, lagos, rios, vilas e grandes cidades são muito bem representadas. A ambientação dos pântanos de Velen e da taiga de Skellige é algo simplesmente deslumbrante, especialmente com a qualidade gráfica belíssima que o game possui. Parece que tudo está vivo ao mesmo tempo e se mexendo, sejam pessoas, animais ou a vegetação que se move de acordo com a direção vento. Todo aquele clima de monstros, de misticismo, de mistério, de magia e de batalhas medievais foi muito levado a sério pelos produtores. A trilha sonora do game é espetacular e aumenta bastante a sensação de imersão, especialmente durante os combates. A canção tema de Ard Skellig, por exemplo, com aquelas montanhas cobertas de neve, com aquela vegetação de taiga e com o clima bucólico, frio e selvagem da região me deram uma das sensações de imersão mais profundas que as que senti em Shadow of The Colossus.
Repare na qualidade das texturas e no nível de detalhamento do cenário
Por que este game foi inesquecível?
Eu nunca gostei de jogos de RPG. Eu até gostava de livros-jogos, mas videogames de RPG sempre foram um saco para mim. As exceções neste estilo foram Zelda, Ocarina of Time e os Pokemons do Game Boy Color. Pokemon não era exatamente um RPG; já o Ocarina of Time, era – mas apesar do bom enredo do game, ele não me prendeu por muito tempo. Com The Witcher 3 tudo foi diferente. O simples fato de cavalgar com o Carpeado pelos campos verdejantes do Pomar Branco enquanto o dia e a noite iam passando já era algo gratificante.
The Witcher 3 me causou emoções fortes em vários momentos. Os momentos de camaradagem e de humor me fizeram rir como nunca havia rido em um game (além dos diálogos de fundo dos NPCs que são um caso à parte). Os momentos tristes me fizeram ficar quase tão abatido quanto em Life is Strange. Os momentos de romance me deixaram encantado. E as batalhas decisivas, especialmente a já citada Batalha de Kaer Morhen, me deixaram muito tenso, muito nervoso e até com um pouco de, quem diria, medo. Isso tudo sem falar que o jogo é 100% em português do Brasil, sejam as legendas ou a dublagem: dublagem esta que, aliás, é muito bem feita e usa vários dubladores famosos. O bacana da dublagem é que ela parece bem espontânea, natural, com gírias, palavrões e até um português mais arcaico usado por parte de personagens mais eruditos.
O game também contou com duas expansões excelentes: Hearts of Stone e Blood and Wine. A primeira, mais curta (só esta com mais de 10h de gameplay), teve um clima de humor e mistério mais intenso que na saga principal. Já a segunda, trouxe um mapa novo em um enredo envolvendo vampiros onde Geralt de Rivia teve o final mais apropriado para a sua saga. Para quem acha que o jogo é pequeno, explorar o game inteiro leva mais de 100 horas, fora os 36 finais diferentes que ele oferece. Esse traz diversão garantida por um bom tempo, pode crer.
Não tinha como um jogo desse não ter sido escolhido como o jogo do ano (GOTY) de 2015. Parabéns à CD Projekt Red por ter criado um dos melhores jogos – senão o melhor – da história.
Para concluir, um dos trailers do game só para sentir o nível desta obra prima:
O canal do YouTube Desenhista que acha que pensa resolveu fazer uma porção de montagens engraçadíssimas em cima das aberturas de animes famosos, colocando legendas bizarras e incluindo vários comunistas como heróis. Como gosto de fazer um medinho aos coxinhas de vez em quando, vou deixar a seguir algumas dessas aberturas que quase me fizeram chorar de tanto rir.
E para terminar, um vídeo extra do canal do Pablo Miranda:
Preparem-se, camaradas! A revolução está prestes a começar!
Já expliquei em outras postagens que o Brasil não é uma democracia e que o Brasil também não é um país capitalista: isso porque todo o nosso sistema político e econômico foi construído para favorecer aos mais ricos. O Brasil só tornar-se-á um país justo, democrático, soberano e decente após um conjunto de reformas estruturais que o encaminharão definitivamente ao seleto grupo dos países desenvolvidos.
Como não quero tornar o post muito grande e prolixo, vou apontar diretamente algumas das principais mudanças necessárias para começarmos a consertar o Brasil.
1.Democratização e regulação URGENTE da mídia.
É IMPOSSÍVEL existir democracia em um país onde um grupelho de meia dúzia de famílias muito ricas monopoliza os meios de comunicação. Essa grande imprensa corporativa precisa conviver com diversidade de opiniões, com mais concorrência, com democracia e não pode ser mais usada para manipular a opinião pública ou difundir meias verdades impunemente. Usar uma grande emissora de televisão para incitar a população a derrubar um governo através de, por exemplo, grampos ilegais, deveria ser crime contra a segurança nacional. A verba publicitária também não pode ser gorda para uma meia dúzia e magra para as outras, senão apenas as grandes terão recursos para se manter. Como dizia um amigo meu: precisamos de mais Redes Manchetes e menos Redes Globos. Os EUA já fizeram isso, porque não fazemos também?
2.Realizar reformas básicas: tributária, política e agrária.
O ex-presidente João Goulart foi deposto em 1964 por ousar fazer reformas de base que foram feitas há tempos em países democráticos como os EUA. De lá para cá, essa questão virou um tabu porque nenhum presidente quis correr o risco de ser golpeado novamente. Mas se tais reformas não forem feitas, teremos que aturar para sempre movimentos como o MST e o MTST; rico pagando muito menos imposto que a classe média e políticos sendo facilmente corruptíveis através das regras atrasadas da política nacional. 3.Fim do voto proporcional (quociente eleitoral).
Muitos deputados e vereadores não recebem votos suficientes para serem eleitos, mas como a sua chapa recebe muitos votos, eles acabam entrando "de carona" entre os deputados eleitos. Fora que deputados muito votados cujo partido não tenha muitos votos, acaba ficando de fora. Não é possível considerar um sistema anacrônico como esse como sendo justo. Só na Câmara Federal, dos 513 deputados que estão lá, apenas 36 foram escolhidos diretamente, eleitos com votos próprios. Deve haver voto majoritário também para o legislativo.
4.Fim do presidencialismo de coalizão. Para poder governar e aprovar suas medidas, um governo precisa de maioria no congresso. Só que isso não tem como se dar de graça. Em uma câmara com mais de 500 deputados e onde, no máximo, você tem uns 50 do seu partido, não resta opção a não ser coligações e coalizões. Isso leva a trocas de favores, a distribuição de cargos que deveriam ser de técnicos para políticos parasitas e a compra de votos (mensalinhos). A coalizão deve ser feita com os movimentos sociais e com a sociedade para que estes pressionem o legislativo.
5.Cota mínima para parlamentares negros e mulheres nos partidos.
O Brasil sofre de uma grave crise de representatividade na política, com a maioria dos políticos sendo homens brancos. Não é justo e nem democrático que negros e mulheres – que são maioria da população – sejam minoria na política. 6.Fim do financiamento de valor ilimitado para campanha eleitoral. Não basta proibir o financiamento empresarial de campanha política, porque pessoas físicas continuam podendo doar valores astronômicos para as campanhas eleitorais. Tem que ter um limite máximo para doações de pessoas físicas e precisa também haver mais rigor nas investigações de quem tentar burlar essa lei. Não existe a menor necessidade de megaproduções para se eleger um governador ou presidente. E quem quiser fazer doações para campanhas, terá a chance de fazer isso com valores máximos de um salário mínimo para que este direito esteja acessível a todos os cidadãos.
7.Saber nomear ministros progressistas para o STF.
O PT nomeou a maioria dos ministros do STF e, mesmo assim, eles foram inertes ao golpe parlamentar e aos abusos de Moro e da Lava Jato. Se o PSDB nomeou um sujeito partidário como Gilmar Mendes, porque os progressistas não podem fazer o mesmo?
8.Manter pessoas de confiança na PF e no MPF.
Não se pode "jogar limpo" quando o time adversário joga com treze jogadores e com o juiz roubando a favor dele. Não adianta brigar com um estilingue quando o inimigo ataca com bazucas. A PF e o MP estão cheios de pessoas partidárias que agem de forma política. Sem gente grande de confiança lá dentro, seria como alimentar uma cobra para lhe picar no futuro.
9.Combate obsessivo à corrupção.
Deve ser prioridade combater a corrupção de todos os partidos e não só do PT. Porém, os partidos de esquerda que chegarem ao poder precisam saber que a plutocracia e a imprensa corporativa irão sempre perscrutar até o último átomo atrás de qualquer irregularidade para depor os membros do poder executivo. Portanto, a corrupção deve ser deixada para a direita.
10.Transparência total de todos os gastos públicos.
A população precisa acompanhar em detalhes todas as contas e gastos do governo e dos políticos. Sem transparência, a corrupção ganha força.
11.Ter política e legislação básica como matérias obrigatórias no ensino médio.
Uma população politicamente analfabeta não tem a menor condição de escolher de forma consciente um político para representá-la e sempre será alvo fácil da lavagem cerebral midiática e dos gurus aloprados da internet. Educação política é fundamental. E o básico de legislação também precisa ser visto na escola para que cada pessoa saiba quais são os seus direitos e os seus deveres como cidadão.
12.Fim do voto obrigatório e fim do alistamento militar obrigatório.
Nada que é obrigatório pode ser levado a sério em uma democracia. Ninguém deve ser obrigado a nada.
13.Acabar com esse rentismo parasitário.
É preciso investir em produção, em industrialização, em competitividade, em tecnologia, em empreendedorismo e no trabalho. O rentismo juntamente com o neoliberalismo são venenos para qualquer país.
14.Outras mudanças. Além de tudo que foi citado, é preciso incluir também elementos como: fim da reeleição no legislativo, dar poderes para que só o STF possa afastar presidentes por crimes, acabar com a existência de vices presidentes, acabar com tantos assessores para deputados, acabar com cabides de emprego no Estado, acabar com nepotismo "cruzado" (onde político A contrata os parentes do político B e vice-versa), acabar com os gastos exagerados de despesas avulsas de políticos, acabar com os salários absurdos para políticos e dar um fim às eleições indiretas após a metade do mandato presidencial ter sido cumprido. Voto para Presidente da República tem que ser direto SEMPRE.
15.Convocar uma nova Assembleia Nacional Constituinte.
É preciso criar uma nova Constituição Federal verdadeiramente democrática para realizar várias dessas mudanças e outras mais que se adequem ao século 21. É necessária uma constituinte progressista que respeite os direitos humanos, os trabalhadores, os grupos oprimidos e a ética. Porém, sabemos que uma reforma política desse nível nunca será feita por políticos de maioria reacionária e do "centrão", logo, é necessária uma grande pressão nas ruas, nas artes e na mídia alternativa para tal.
Precisaremos repetir esse gesto para consertar o Brasil
Há muitas outras mudanças fundamentais, mas sem essas citadas, viveremos para sempre em um país que será o paraíso dos ricos e o inferno dos pobres.
Pelo naipe da charge, já dá pra imaginar o que vem por aí...
Quem vive no Brasil sabe que defenestrar o Partido dos Trabalhadores virou quase uma obrigatoriedade, especialmente na web. Está certo que vivemos numa democracia e que devemos, sim, criticar todo e qualquer governo. Só que o problema não são as críticas ao PT, mas, sim, o nível pueril e estapafúrdio dessas críticas. Eu mesmo tenho várias e duras críticas ao PT, mas a qualidade das críticas que os militantes sem cabeça da direita reacionária fazem a este partido é de fazer qualquer um se questionar se eles estão realmente se levando a sério. O ataque desesperado deles contra o PT é tão palerma e desonesto que acaba se tornando contrário à própria causa, de tão absurdos que são.
Pois bem, as "críticas" que refutarei a seguir, apesar de serem essencialmente a mesma coisa, serão divididas em duas. Primeiro, a lenda de que o PT "dividiu a sociedade" por ser um partido "marxista" que acreditaria na luta de classes (em azul). E, depois, as atribuições mentirosas que foram feitas ao PT (em lilás).
...O PT colocou: - Negros contra Brancos - Nordestinos contra Sulistas - Pais contra Filhos - Católicos contra Protestantes - Homens contra Mulheres - Homossexuais contra Heterossexuais - Alunos contra Professores - Patrões contra Empregados - Ladrões contra Polícia - Cidadãos de bem contra o Governo - Ricos contra Pobres
Essa "crítica" acima foi insistentemente replicada nas redes sociais e apareceu algumas vezes também neste blog. Os reaças, seja por burrice ou mau-caratismo, insistem até hoje nessa história absurda de que o PT "dividiu" o país, causando um conflito de classes. Na verdade, o PT fez justamente o contrário: investiu em inclusão social. E os exemplos são muitos. O pobre que nunca teve a chance de andar de avião passou a ter este direito após o governo petista. O nordestino que tinha condições de vida subumanas passou a ter subsídio para não ser obrigado a ver os seus filhos morrerem de fome. As mulheres que eram tradicionalmente excluídas da política passaram a ter voz e a participar mais ativamente da democracia. O negro que morria em verdadeiras chacinas nas periferias agora tem a perspectiva de virar 'doutor'. O homossexual que não tinha direitos agora pode casar e adotar crianças que antes morriam de fome e de frio abandonadas nas ruas. E aí vem esse bando de reacionários afirmar que o PT "rachou" a sociedade. Essa gente não consegue tolerar o mínimo de justiça social sem apelar para essas mentiras. Quem rachou a sociedade foi essa imprensa podre, neoliberal e corrupta com seus ataques e suas meias verdades estampadas diariamente nas capas dos jornais contra o PT e contra a esquerda.
Explicação para o macarthismo patológico
Quanto à segunda parte das "críticas", elas seguem a mesma linha, caluniando o PT com mentiras deslavadas, como se vivêssemos na iminência de um golpe comunista. Segue em lilás, abaixo, a diarreia mental espalhada por aí:
Então, agora, o PT é a favor do....
Estado paternalista. Das invasões de terra. Do assistencialismo por filiação. Da estatização de tudo. Do fim da competitividade. Do fim da meritocracia. Do fim do livre mercado. Da planificação por baixo. Da vitimização do criminoso. Da culpa da sociedade. Do crime ser um meio de luta de classes (Gramsci). Dos fins justifica os meio. Da ditadura do "proletariado". Do politicamente correto...para eles.
Mais uma vez uma enxurrada de mentiras tragicômicas. Essa gente nunca leu o estatuto do PT e nem tem a menor imaginação para compreender como funciona a política de coalizão brasileira. A turminha que idolatra Bolsonaro, o Estado mínimo e a meritocracia aprendeu com os gurus da extrema-direita da internet que o PT e a esquerda como um todo são diabólicos, imorais, sanguinários, terroristas, stalinistas, preguiçosos e doentes da cabeça. Essa demonização maniqueísta contra o que eles aprenderam a odiar só mostra o nível de alienação e analfabetismo político a que uma parte da classe média chegou. Um povo que mal lê e que vive num país de histórico escravista, elitista, aristocrata, colonial, racista, machista e homofóbico não poderia pensar de forma diferente ao se deparar com essa guruzada fascistoide que adora praticar, como bem disse um certo vlogueiro, "pedofilia intelectual" em suas vítimas incautas que quase sempre têm a idade mental de um piá de 8 anos. Não é possível que um adulto saudável (abrindo-se exceção dos que sofrem por senilidade) acredite que existem bichos-papões comunistas querendo reerguer o muro de Berlim no Brasil. A Guerra Fria já acabou faz um bom tempo e não há mais a menor necessidade desse terrorismo macarthista em pleno século 21.
Tem como levar a sério quem acredita numa coisa dessa?
E para terminar, falta somente refutar aquela frase célebre dos petistofóbicos de que "o PT destruiu o Brasil". Pois bem, se o PT "destruiu" o Brasil, então por que o Lula saiu da presidência com 87% de aprovação mesmo com escândalos como o Mensalão abalando o seu governo? Se o PT destruiu o Brasil, então porque o PIB nacional foi o maior da história desde que o PT assumiu em 2003? Digite aí no Google "Pib Brasil" e veja se eu estou mentindo. O PT salvou o Brasil – e olha que nem petista eu sou para concluir isso.
Note a evolução do PIB do Brasil antes e depois de 2003
Não moro em São Paulo – o que não me impede de ficar admirado com as pesquisas de intenção de voto que colocam na liderança pela disputa municipal nada menos que João Doria Júnior (PSDB), Celso Russomanno (PRB) e Marta Cunha Suplicy (PMDB). Eu não sei que tipo de loucura atacou o eleitor paulistano para cogitar a possibilidade de votar numa dessas três trepeças que não merecem voto nem para síndico. É simplesmente inacreditável que nomes como Haddad e Erundina estejam sendo deixados de lado para se escolher entre um demagogo megalomaníaco, um pilantra oportunista e uma golpista maquiavélica. O que diabos está acontecendo na capital paulista? Será que Freud explica tamanho masoquismo??
A única coisa que resta dizer é que o próximo prefeito de São Paulo será uma consequência direta do tipo de eleitor brasileiro que mais cresceu nos últimos anos: aquele que é inocente, manipulado e macarthista.
Podem preparar o lombo, caros paulistanos, porque o negócio vai doer.
2018 será um ano obscuro para a sucessão presidencial brasileira. Os principais nomes estão atolados em escândalos ou sendo minados seja pela grande mídia ou pela mídia suja. Lula vem sendo perseguido implacável e covardemente por uma ala partidária do MP e pelo juiz da republiqueta de Curitiba com o objetivo de anular a sua possibilidade de retorno em 2018. Marina Silva tem pisado em ovos para não ser taxada de bipolar, comunista e tucana, além da pouca empatia da mídia em geral por ela. Aécio, Serra e Alckmin estão mais sujos que poleiro de pato. Bolsonaro virou réu no STF por incitação ao estupro. Ou seja: não temos nomes de peso para concorrer nas próximas eleições.
Devido à situação do país, aos candidatos complicados e à mesmice como proposta, os únicos candidatos que fariam diferença hoje seriam justamente os já falecidos Dr. Enéas Carneiro e Leonel Brizola. Ambos não tinham acusação alguma de corrupção, ambos tinham projetos fortes de nação (ainda que opostos), ambos queriam moralizar o Brasil e ambos tinham forte personalidade para combater o neoliberalismo e o populismo tão defendidos pela grande mídia e pelos últimos governos. Na internet, os nomes mais falados e respeitados têm sido justamente os de Brizola e Enéas por conta de suas personalidades fortes, de suas convicções políticas e de suas ousadias em bater de frente com o status quo. Não sei se eu seria capaz de votar em algum deles dois, mas, com certeza, eles seriam as pessoas mais idolatradas pela atual classe média, seja ela coxinha ou mortadela.
A seguir, um vídeo de cada um desses homens que teriam boas chances de se tornarem presidentes caso ainda estivessem vivos até as próximas eleições.
Tem circulado pela internet um texto em defesa da Operação Pega Lula Lava Jato que parece ter sido escrito por um inocente útil incapaz de perceber a parcialidade e os abusos dessa operação. O texto, que vou deixar na íntegra a seguir, tenta refutar as críticas que a Lava Jato tem recebido justamente pelo seu autoritarismo e seletividade. Olha o texto aí, em azul:
Espalhem o "Guia para não falar bobagem sobre a Lava Jato na internet":
1) Sergio Moro não é filiado ao PSDB. 2) Sua esposa, Rosangela Wolff Moro, também não. 3) Rosângela não advoga para os tucanos. 4) Moro não investiga o PSDB e o PMDB porque ele julga, não investiga. 5) Moro não pode julgar Aécio, Serra ou Temer porque eles possuem foro privilegiado. 6) Quem julga pessoas com foro privilegiado é o STF. 7) 8 dos 11 ministros do STF foram indicados por Dilma e por Lula. 8) Moro não negocia delações premiadas, quem faz isso é o Ministério Público. 9) Moro não faz vazamento seletivo: a divulgação dos inquéritos é a regra na Lava Jato, não a exceção. 10) A Lava Jato não investiga apenas Lula e o PT, mas também dezenas de políticos ligados ao PP, PMDB, PSDB, PTC e SD. 11) Menos de 4% das decisões de Moro até aqui foram reformadas por juízes do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal. 12) A Lava Jato não prende ninguém para delatar: 70% dos acordos de delação premiada até agora foram feitos com investigados soltos. 13) Muitos dos partidos e políticos investigados na Lava Jato usam de seu poder de influência para distorcer as informações sobre a operação, deslegitimar o Judiciário, caluniar juízes e procuradores e modificar a opinião pública em favorecimento da impunidade; não seja um idiota útil.
Muito bem, quem lê esse texto inocentemente não percebe as contradições, as falácias, os sofismas e a parcialidade exacerbada de quem o escreveu. Por isso, me senti na obrigação de refutar vários desses pontos que claramente foram escritos com a intenção de esconder os reais motivos por trás dessa operação partidária que só tem um objetivo atualmente: destruir o PT. Dizendo desse jeito pode parecer teoria da conspiração, mas se a Lava Jato fosse mesmo uma operação imparcial, justa e apartidária, não teríamos praticamente só petistas sendo presos e réus. Fora que Eduardo Cunha e FHC também deveriam estar sendo perseguidos pelo MPF, PF e Moro com a mesma intensidade com que Lula tem sido. Ou você acha mesmo que Cunha e FHC não tiveram nenhum envolvimento com toda a corrupção que aí está?
Para não perder mais tempo, vou responder ponto a ponto desse texto escrito por algum fã do herói juiz Moro ou, simplesmente, por algum reacionário desocupado que odeia o PT: 1) Sergio Moro não é filiado ao PSDB. 1) E nem precisa ser. Ninguém precisa ser filiado a um partido para ser parcial em seus julgamentos.
2) Sua esposa, Rosangela Wolff Moro, também não. 2) O ministro Gilmar Mendes também não é filiado ao PSDB, mas e que diferença isso faz?
3) Rosângela não advoga para os tucanos. 3) E nem precisa advogar, pois tendo um marido tão míope para os "esquemas" desse partido, pra que ela perderia tempo advogando na causa deles?
4) Moro não investiga o PSDB e o PMDB porque ele julga, não investiga. 4) É o que deveria ser, mas é justamente o julgamento dele que é totalmente enviesado e parcial. Ele mesmo já disse que não "julga" o PSDB porque, sabe-se lá como, as investigações sobre o partido não chegam a ele, tadinho. Por que será? Fora que o próprio Moro interferiu nas investigações quando derrubou o sigilo e divulgou os grampos entre Lula e Dilma. Ele não "investiga", mas se mete nas investigações, como pode?
5) Moro não pode julgar Aécio, Serra ou Temer porque eles possuem foro privilegiado. 5) Eles não apenas têm foro privilegiado, como também são as meninas dos olhos da nossa elite empresarial. E me diz quem é doido de mexer com as marionetes da elite empresarial plutocrata? Se não fosse assim, Janot já teria tomado alguma providência diante de tanta sujeira sobre Temer, Aécio e Serra. Mas ninguém pode tocar neles, mesmo quando seus comparsas disseram que "o Aécio seria o primeiro a ser comido". Pode mexer que tem caroço nesse angu.
6) Quem julga pessoas com foro privilegiado é o STF. 6) Jura, santa? FHC e Cunha também têm foro privilegiado? E a irmã do Aécio Neves também tem? Cadê o Moro quando se precisa dele?
7) 8 dos 11 ministros do STF foram indicados por Dilma e por Lula. 7) Sim, e daí? Isso por acaso os torna petistas ou parciais a favor do PT? Ou como disse no auge da sua verborragia um certo tucano travestido de juiz: "O STF não pode se converter numa corte bolivariana". Se eram pró PT, então porque nada disseram contra o Golpe Parlamentar? O ex-ministro Joaquim Barbosa também foi indicado por Lula, e olha só o que ele fez durante o julgamento do Mensalão...
8) Moro não negocia delações premiadas, quem faz isso é o Ministério Público. 8) MP e Moro são gêmeos univitelinos neste processo, pouco importa quem negocia as delações. É como numa jogada ensaiada no futebol na hora de bater uma falta de dois toques: um toca e o outro chuta. Quem aceita as denúncias é o Moro, e isso o torna parte do processo. São todos paladinos da mesma facção.
9) Moro não faz vazamento seletivo: a divulgação dos inquéritos é a regra na Lava Jato, não a exceção. 9) Não? E quando Moro disse que o escândalo do Banestado "não vinha ao caso"? E quando Moro disse que as incalculáveis delações sobre Aécio Neves também não vinham ao caso? E quando ele também disse que o Listão da Odebrecht não vinha ao caso? Mas para jogar um áudio ILEGAL entre Dilma e Lula nas mãos da Globo, aí vem ao caso! Criminalistas já o acusaram de ser seletivo e parcial, chegando a pedir punição para o todo-poderoso Moro.
10) A Lava Jato não investiga apenas Lula e o PT, mas também dezenas de políticos ligados ao PP, PMDB, PSDB, PTC e SD. 10) A Lava Jato investiga políticos de outros partidos fora o PT não por ser imparcial, mas justamente para parecer imparcial. Quantos políticos do PTC, SD, PMDB, PP e principalmente PSDB são investigados em comparação com os do PT? Nessa lista aqui (apesar de estar desatualizada) não tem um só político do PSDB preso. Seria mera coincidência? Fora que a Lava Jato é parcial, sim. Por que Moro, Janot, MPF e PF não vão atrás do Listão da Odebrecht? Simples: porque não tem o Lula nele. Isso sem falar no Panama Papers que inclui 57 investigados na Lava Jato e pouco se fala a respeito.
11) Menos de 4% das
decisões de Moro até aqui foram reformadas por juízes do Tribunal
Regional Federal da 4.ª Região, do Superior Tribunal de Justiça e do
Supremo Tribunal Federal. 11) E daí? Isso não muda o fato que a Lava Jato é absolutamente injusta e parcial, assim como também são os cães de guarda da plutocracia representados por essa mídia porca, corrupta, partidária e fascista. Juristas também não estão acima do bem e do mal, eles também têm seus interesses políticos e fazem parte do mesmo sistema plutocrata em que eu e você vivemos.
12) A Lava Jato não prende
ninguém para delatar: 70% dos acordos de delação premiada até agora
foram feitos com investigados soltos. 12) Não prende ninguém para delatar, né? Mas e esses 30% que delataram após terem sido presos? Fora que a delação premiada prevê uma redução da pena para quem colaborar com as investigações. Estranho que alguém delate sem ser preso ou sem estar sob ameaça de prisão, não?
13) Muitos dos partidos e
políticos investigados na Lava Jato usam de seu poder de influência para
distorcer as informações sobre a operação, deslegitimar o Judiciário,
caluniar juízes e procuradores e modificar a opinião pública em
favorecimento da impunidade; não seja um idiota útil. 13) Ah, claro, o PT mais uma vez é culpado por "inventar" as arbitrariedades da Lava Jato, os seus abusos, a sua hipocrisia e a sua seletividade a favor dos tucanos. Nem precisa ser petista para perceber isso, tendo em vista que até a mídia internacional já sabe que essa Operação Lava jato é uma verdadeira inquisição. Será que o PT também comprou a imprensa estrangeira para "difamar" a Lava Jato? Idiota útil é quem só lê Veja, Globo, Folha e toda essa mídia corrupta e elitista que não tem o menor pudor em mentir para o próprio povo só para defender os interesses da velha plutocracia. Deixa de ser alienado, ignorante, fascista e vê se aprende que tanto o judiciário quanto os procuradores têm lado e são facilmente corruptíveis em um país onde a corrupção é lei e onde o dinheiro manda.
Enfim, é uma pena que uma operação tão promissora quanto a Lava Jato tenha sido transformada numa arma de perseguição unipartidária. Pelo visto, depois que o Lula for preso, a sangria será, finalmente, estancada.
O humor reacionário não serve nem para fazer piada
Nesta postagem rápida, eu pretendo refutar quatro frases imbecis de reacionários que têm se proliferado na internet como uma praga. Apesar de serem "engraçadinhos", os sofismas do "vegano assassino", do "ateu no avião caindo", do "comunista rico" e da "feminista casada" têm sido usados, na verdade, para mostrar o quanto esses reacionários que elaboraram essas frases são ignorantes, dementes, rancorosos e intolerantes com tudo que é diferente ou minimamente progressista. Vamos lá.
O ser humano é vegano até a barata começar a voar Uma das falácias mais ridículas que usam para difamar o veganismo é aquele velho sofisma de que os veganos são "assassinos de animais" porque matam baratas, insetos, vermes e ratos. Aí tem dois erros toscos. Primeiro que isso não tem nada a ver com veganismo e nem é uma contradição. Segundo que nenhum ser humano mata animais perigosos em sua casa para comê-los ou usar seus pedaços para fabricar produtos. Ser vegano é, em essência, boicotar tudo que tenha procedência animal. Veganos podem, sim, matar baratas, ratos ou pernilongos, porque quando fazem isso, eles estão agindo em legítima defesa. Eles não estão pagando para comer um pedaço de animal morto ou usando um artefato feito de pele animal descarnada. Ratos, baratas e pernilongos trazem doenças – assim como consumir carne também traz. E isso, ao contrário do que os dementes dizem, é muito diferente da caça. Porque na caça, você está matando animais indefesos que estão quietos no lugar (habitat natural) deles.
O ser humano é ateu até o avião começar a cair Essa aqui é bem velha, mas ainda é muito usada por aí. Se um avião está caindo, quer dizer que o deus bíblico vai passar a existir só por causa disso? E vai fazer alguma diferença ser ateu ou não nessa hora, já que o avião vai cair de qualquer jeito? Pois bem, existem dois argumentos simples que destroem essa falácia tosca. O primeiro é que falar "meu deus" não significa que eu acredito neste deus, assim como quando eu digo "saravá, meu pai" não significa que eu siga uma religião afro-brasileira. São meras interjeições, assim como também é a expressão "oxalá". E, segundo, é que mesmo que em uma situação de desespero total um ateu apele para o sobrenatural para ser salvo, ele sabe que, lá no fundo, esse apelo ao sobrenatural não adianta porcaria nenhuma. Em momentos de desespero, a razão pode ser, sim, temporariamente suprimida. Mas dizer que alguém vai virar crente numa situação dessa é uma mera falácia de apelo ao medo para atacar ateus ou debochar dos mesmos.
O ser humano é comunista até ficar rico E quando fica rico e continua comunista? Aí vira "esquerda caviar", né? Ora, ninguém precisa ser pobre para ter empatia pelos mais humildes e defender políticas que reduzam a pobreza. E mesmo assim, nada impede que um rico vire cristão praticante e doe toda a sua fortuna para os pobres para viver uma vida de santidade e caridade. Ser de esquerda não é ser contra os ricos: é ser contra as injustiças sociais e contra pessoas morrerem de fome em um mundo onde toneladas de alimentos vão para o lixo ou são incineradas.
O ser humano é feminista até se casar E para fechar com chave de ouro, uma bela pérola machista. Quer dizer que casamento virou "antídoto" contra feminista? E como explicar as milhares de mulheres feministas que são casadas? Ser casada não muda o fato de que a sociedade continua injusta, machista, misógina e patriarcal. E muitos casamentos abusivos são um motivo a mais para que as mulheres tornem-se ainda mais feministas.
Só faltaram dizer que todo ser humano é gay até levar umas porradas... Era só o que faltava.
Enfim, por hoje chega.
Repito pela enésima vez: NÃO existe mídia imparcial. Quem acredita que existe imprensa imparcial deveria acreditar também em Papai Noel, Coelhinho da Páscoa e no Monstro do Lago Ness. Todos os jornais, revistas, sites, blogs e emissoras de televisão têm lado, têm interesses e, mesmo que não tivessem, seriam parciais do mesmo jeito. Seres humanos não são robôs, não é possível passar uma notícia – especialmente sobre política – sem incluir a própria versão dos fatos. O uso de figuras de linguagem, da semiótica, da voz ativa ou passava e até da hierarquia de informações sempre vai transmitir parcialidade, ainda que disfarçada.
Se algum jornal se diz "imparcial" saiba que é uma mentira deslavada. E é através dessa mentira deslavada que a lavagem cerebral é feita, porque se a notícia transmita ao público é vendida como "imparcial", então ela é "verdadeira" e "sem distorções" na mente do incauto que recebe a notícia. Isso é tão fácil de perceber... Será que a Veja fala dos escândalos do PSDB com a mesma frequência e rancor com que fala dos escândalos do PT? E a Carta Capital, será que ela fala dos escândalos do PT com a mesma frequência e rigor com que fala dos escândalos do PSDB? E você acredita mesmo que os telejornais da Globo e da TV Brasil são realmente imparciais? É por isso que a mídia precisa ser democratizada e regulada: para que existam mais pontos de vistas e vozes diferentes mostrando suas próprias versões da realidade. Assim ocorre na maioria dos países de primeiro mundo justamente para evitar monopólios de informação que só servem manipular a opinião pública a favor de uma minoria privilegiada. O real problema, como dizem, nem é o que vira notícia, mas sim o que deixa de virar. Se for depender da seletividade parcial da grande mídia corporativa, só vira notícia mesmo o que não vai mudar a sua vida para melhor.
Tipo de gente que acredita que a mídia é imparcial
O Brasil não é uma exceção: os 1% mais ricos também mandam aqui
Você sabe o que é uma plutocracia? Você sabe o que é um plutocrata? Não? Pois bem, vou explicar nos próximos parágrafos. Mas antes, se questione: o Brasil é mesmo um país democrático?
Se você acha que o Brasil é, de fato, uma democracia, acho bom rever os seus conceitos, nobre camarada.
Olhe para a história do Brasil e perceba que o país sempre foi controlado, dominado e explorado pela mesma classe. E não, essa classe não era o povo. Essa classe era a elite: a elite rica e caucasiana. E até hoje o Brasil é controlado por essa elite que planejou toda a estrutura política e social do país desde que ainda éramos uma colônia portuguesa. E mesmo após a independência, o nosso país continuou a ser uma verdadeira colônia das elites. De todos os trinta e sete presidentes que tivemos até hoje, apenas três terminaram seus mandatos devido à influência dessas elites que sempre controlaram a política brasileira. A história da nossa pátria amada teve pelo menos nove golpes de Estado, o que mostra o caráter "bananeiro" do Brasil desde a sua mais tenra idade. E durante todo esse processo, foi sempre a velha elite que esteve no comando no Brasil. Qualquer leve ameaça de perder seu poder, sua influência ou seus privilégios foi duramente repreendida com golpes de Estado ou com forte opressão. Um país que é controlado permanentemente por uma minoria de pessoas muito ricas não é e jamais será uma democracia, será sempre uma plutocracia.
Plutocracia nada mais é que o governo dos ricos e para os ricos. Nesse sistema, as pessoas mais abastadas – que formam oligarquias econômicas – detém o poder político, midiático, judicial, policial, militar e legislativo. O único poder que ocasionalmente foge do controle da plutocracia é o poder executivo, mas que rapidamente é resolvido via golpes de Estado. O Brasil hoje ainda é uma plutocracia, porque democracia não é simplesmente digitar alguns números numa urna eletrônica: democracia é quando os cidadãos participam ativamente da política. Nas democracias, o povo é que detém o poder soberano sobre os poderes legislativo e executivo. E isso não acontece no Brasil, porque com o financiamento empresarial milionário das campanhas eleitorais, com o caixa dois, com a compra da mídia pela alta burguesia e com a imprensa manipulando a opinião pública a favor dos interesses dos mais ricos, o que temos, na prática, é uma plutocracia plena, descarada e que muitas vezes passa despercebida pela maioria das pessoas comuns.
“… a burguesia não admitirá a democracia, sendo mesmo capaz de
golpeá-la, se houver alguma possibilidade de as massas trabalhadoras
chegarem ao poder"(F. Engels na introdução ao clássico Luta de classes na França, de Marx)
O plutocrata não é aquele sujeito rico que possui um patrimônio invejável, carros superesportivos, iates, helicóptero, coberturas na zona sul do Rio e uma casa de luxo em Miami. Ser plutocrata é muito mais do que isso: é ter poder, ter influência, ter conhecimento, saber como corromper políticos, saber mover as engrenagens do sistema a seu favor, saber como manter o povo alienado e, de preferência, ter aliados estrangeiros que queiram dividir as riquezas do seu país junto com eles. O plutocrata é o homem branco poderoso que não tem o menor pudor em financiar golpes de Estado e a fazer toda a economia do país girar em torno do seu bolso, dos seus interesses e dos interesses de sua classe. Em síntese, o plutocrata é aquele que controla o sistema através do dinheiro. E esse tipo de homem sempre comandou o Brasil, perpetuando os seus privilégios através do controle egoísta da política e do mercado.
Porém, para você ser plutocrata, você precisa obrigatoriamente ser um psicopata para mentir, manipular, corromper, se aliar a gente suja, matar gente de fome e de tiro, defender desigualdades para aumentar a sua riqueza e defender o acúmulo ilimitado do capital nas mãos dos mais ricos. Plutocratas precisam estar acima da lei e de fato sempre estão, porque o dinheiro também compra a justiça. O que vale para a plutocracia é a força e o poder. Quem manda no país é justamente essa plutocracia predatória, mas quem leva a culpa são apenas os políticos, que são seus fantoches. A corrupção endêmica e crônica que há no Brasil é um meio de manter essa plutocracia ainda mais forte, porque ela pode corromper mais facilmente as pessoas e julgar seletivamente quem ela bem quiser. Se duvida, então me responda por que a mídia faz esse escarcéu todo com relação à corrupção do PT, mas mal toca no assunto quando envolve a corrupção do PSDB? Ou por acaso você acha que o PSDB é um antro de santidade?
Com o impeachment controverso que tirou o PT do poder, veio junto com ele um significado disciplinador para a sociedade: reforçar a ideia de que o voto vale menos do que esses poderes arbitrários que sempre comandaram a história da política nacional. Se quisermos nos tornar uma democracia, teremos que olhar para outros países verdadeiramente democráticos e ver onde eles acertaram para fazer parecido por aqui. Reforma tributária, reforma política, reforma agrária, democratização e regulação a mídia, combate efetivo e justo contra a corrupção são alguns exemplos. Mas isso é assunto para outro post. A verdade é que, se nós quisermos e nos unirmos, o Brasil terá, sim, a chance de se tornar verdadeiramente uma nação democrática. O poder não deve pertencer aos ricos e nem ao Estado: o poder deve pertencer ao povo.