quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

A inquisição contemporânea precisa acabar


Este fim de ano de 2023 tem sido realmente muito triste. Primeiro, tivemos o suicídio de uma jovem chamada Jéssica Vitória após ter seu nome envolvido numa fake news da Choquei. O tribunal da internet condenou a menina por, literalmente, crime nenhum e ela não resistiu e acabou tirando a própria vida. Depois, mais recentemente, foi a vez do youtuber PC Siqueira tirar a própria vida após também ser julgado e condenado pelo tribunal da internet injustamente por um comentário supostamente "pedófilo" em um áudio antigo. Devido a problemas de depressão e também pelo abandono dos amigos, o linchamento virtual do PC o induziu a nos deixar precocemente. 

Essa verdadeira Inquisição contemporânea precisa urgentemente ser revista pelas nossas leis, porque não é de hoje que pessoas se matam por causa de um júri popular totalmente fanático e desqualificado. E o mais bizarro é que a maioria desses linchamentos pela internet se baseiam em boatos. É inaceitável que pessoas tenham sua honra e sua dignidade abaladas a ponto de acharem que estarem vivas é algo insuportável. Quem espalha fake news precisa ser responsabilizado e quem atira pedras contra os supostos pecadores também. Afinal, como disse certa vez um sujeito que ninguém lembra mais quem é: "quem de vós não tiver pecado, atire a primeira pedra".

sábado, 9 de dezembro de 2023

Qual a idade mais difícil entre os 18 e os 40 anos?


Estive aqui a pensar em qual é a idade em que enfrentamos mais dificuldades e desafios na fase adulta de nossas vidas. O período que vai dos 18 aos 40 anos – época que abrange a "juventude" da fase adulta – é o que eu pretendo focar por já ter vivido todos eles e poder falar por experiência própria. Parei para refletir um pouco e tirei algumas conclusões sobre as idades mais impactantes dessa primeira etapa da "fase adulta" de nossas vidas.

Tudo é possível antes dos 20 anos.


Aos 18 anos de idade, a gente tem o primeiro choque com a realidade. Isso porque a gente vai dormir adolescente com 17 aninhos e, no dia seguinte, já acordamos "adultos", podendo, inclusive, ser presos em presídios comuns. Essa mudança para a maioridade é muito brusca e a sociedade já nos trata como se tivéssemos virado adultos do nada. E não é bem assim. A maturidade é um processo lento. A gente só se torna, de fato, adulto (mentalmente falando) lá para os 21 ou 24 anos. Um jovem de 18 anos, no geral, ainda é alguém que está descobrindo a vida, que ainda não tem grandes compromissos, que joga videogame direto, que ainda está mais na fase do "ficar", que vai o clube com os amigos e que torra a mesada com cinema, futebol e diversão. Quando eu completei 18 anos, lembro que foi uma enxurrada de documentos para tirar, decisões para tomar, responsabilidades para assumir, aprender a dirigir, ter que me informar sobre política, mercado de trabalho e carreira e eu não me sentia preparado para tudo isso. Fora que, nessa idade, tudo é mais aflorado, porque os hormônios estão à flor da pele e nossos sentimentos vêm num turbilhão de emoções muito intenso. É nessa fase que temos as paixões mais intensas e as memórias mais marcantes.

20 anos é o auge da nossa juventude.



A idade seguinte que impacta são os 20 anos. Porque, nessa idade, já começamos a nos sentir "velhos", afinal de contas, se a expectativa média de vida é de uns 76 anos no Brasil, com 20 primaveras já são mais 25% da vida percorrida. Além disso, aqui já estamos "velhos demais" para iniciar uma carreira nos esportes, uma vez que os atletas profissionais começam a treinar, no máximo, até os 18 anos. Mas, apesar disso, temos que concordar que com 20 anos estamos praticamente no nosso auge físico. Aos 20 anos, sentimos que podemos mudar o mundo e que lutar pelos nossos sonhos vale muito a pena. Nesta idade é que a fase adolescente chega ao fim e que as responsabilidades começam a se tornar maiores.

Aos 20 e poucos anos é que começamos a mudar o mundo.



A barreira seguinte é a dos 25 anos. Com esta idade, estamos na metade dos "anos 20" e se a gente for pensar em tempo percorrido em relação à expectativa média de vida, um terço da vida já se passou. Com 25 anos, apesar de ainda termos muita energia e muita vitalidade, a gente já começa a sentir que é preciso um pouco mais de cautela para não morrermos cedo demais. As loucuras da adolescência já começam a fazer menos sentido aqui. Quando olhamos ao redor, notamos que alguns dos nossos amigos de infância já estão casando, tendo filhos, virando tios ou tias. Também é por volta dessa fase que começamos a nos formar nos cursos de graduação e a iniciar uma carreira profissional, deixando a casa dos pais para vivermos nossas vidas. É nessa idade que a gente realmente começa a se sentir adulto e a perceber que estamos começando a ficar velhos aos pouquinhos. Tanto é que já a partir dessa idade que os homens começam a ter as primeiras "falhas" na hora H, a sentir a libido levar uma leve rasteira e a perceber que a calvície está ficando inevitável.

A vida adulta começa pra valer mesmo depois dos 25.



Bom, aí passados os 26 anos, entre os 27 e os 29 entramos num estágio de definição na vida. Aqui, no geral, já temos uma carreira definida, ou então já estamos formados, ou fazendo uma pós-graduação, ou começando a construir uma família. No caso de concursos públicos, até os 29 anos é que podemos ser aprovados para atuar na área militar ou sermos convocados imediatamente para uma guerra, por exemplo. É uma idade que começamos a nos sentir realmente velhos, porque os primeiros fios de cabelos brancos surgem e estamos à beira de nos tornarmos balzaquianos. Lembro que com 29 anos, eu me sentia praticamente um ancião no corpo de um jovem. Mas essa definição faz muito sentido, porque até aqui já vimos muita coisa na vida e a sensação que dá é que não há muito mais para se ver ou aprender. Só lembrando que durante a maior parte da existência dos seres humanos sobre a face da Terra, a expectativa média de vida era justamente por volta dos 29 anos.

As coisas ficam mais previsíveis após os 30 anos.



Daí que chega o dia em que trintamos. Dos 30 aos 35 é praticamente o último suspiro da nossa juventude, porque depois disso, já começamos a entrar na categoria sênior ou master em vários esportes. A partir dos 36 já há quedas de hormônios, mais propensão a lesões e demora maior na recuperação de atividades físicas mais intensas. Estamos balzaquianos, mas também mais experientes, mais sábios e chegamos num ponto de equilíbrio entre saúde, juventude e experiência que não é possível em nenhuma outra fase da vida. O problema aqui é a tal crise dos 30, porque muita gente chega nessa idade sem ter feito metade do que havia planejado lá trás. Nem todos estão empregados, seguindo a carreira que gostariam ou tendo conseguido formar uma família. No caso das mulheres, aqui é praticamente o limite para ser mãe. Uma coisa interessante é que mais ou menos na faixa dos 30 anos temos a nítida sensação que o tempo está passando muito mais rápido que antes e que 10 anos, que antes demoravam uma vida para passar, agora passa relativamente rápido.

A vida começa aos 40, ou não sim!


Até que mais cedo que imaginamos, chegamos aos 40. É o início da meia-idade onde metade ou mais da vida já voou no pau. Aqui é onde os primeiros sinais da terceira idade começam a alfinetar, apesar de que com o avanço da ciência e da tecnologia, dizem que os 40 são os novos 30. Porque se a pessoa cuida bem da saúde física e mental, é possível chegar a essa idade sentindo-se tão jovem quanto aos 25. Como dizem, aos 40 anos você é velho demais para ser jovem e jovem demais para ser velho. O maior problema dessa idade é o etarismo mesmo, porque já somos tratados como "coroas" ou "tiozões". Por isso, sempre que puder, esconda a idade e tente parecer mais jovem. O bacana dessa fase da vida é que muitos já conseguiram realizar muitos objetivos e sonhos de quando eram mais jovens e há uma tendência a uma maior estabilidade geral, seja emocionalmente falando quanto financeiramente. Não é à toa que muitas mulheres mais jovens preferem os homens dessa faixa etária. O que não podemos aqui é ficar acomodados na nossa zona de conforto, porque ainda há muita história para construirmos ao longo da vida.

Enfim, depois dos 40, eu ainda preciso viver para saber como é o que vem depois. Mas de todas as idades que já vivi, creio que a idade mais difícil mesmo sejam realmente os 18 anos. Passamos por uma verdadeira metamorfose aos 18 e muitas mudanças são impostas pela sociedade, diferentemente das outras fases que a gente vai se adaptando mais gradualmente. 

Daqui a uns 10 anos, eu volto aqui e conto como é a vida após os 50. Enquanto isso, vambora viver a vida, moçada!

quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

Sou contra tudo que for hereditário


Recebi hoje no meu feed a notícia de que os bilionários formados no último ano acumularam mais riqueza por meio de herança do que por empreendedorismo. Isso ocorreu pela primeira vez desde que o UBS (banco suíço) começou a rastrear as fortunas dos mais ricos do mundo, há quase uma década. Ou seja: os super ricos estão ficando ainda mais ricos através, simplesmente, de herança. Isso destrói de uma vez aquela narrativa capciosa do capitalismo financeiro de que os ricos são ricos "puramente por mérito". E o pior de tudo é que apenas 1.000 bilionários passaram cerca de US$ 5,2 trilhões (R$ 25,63 trilhões) para seus filhos. Para se ter uma ideia do absurdo, isso é mais que o triplo do PIB do Brasil.

Enquanto esses bilionários ostentam essas fortunas adquiridas sem qualquer esforço, metade da população mundial sofre de insegurança alimentar e com falta de remédios e de moradia mesmo quase morrendo de tanto trabalhar. A pobreza também é hereditária, porque a meritocracia não existe no capitalismo. É por isso que além de ser contra o capitalismo, sou também contra tudo que for hereditário.

domingo, 3 de dezembro de 2023

Pênis pequeno não é micropênis

 

Na postagem passada, eu apresentei alguns motivos pelos quais ter um pênis pequeno não é algo tão ruim assim como a nossa cultura falocêntrica tenta impor. Inclusive, esqueci de citar uma vantagem extra que é a de que o pênis menor, normalmente, possui uma ereção melhor por precisar de menos sangue para encher totalmente os corpos cavernosos. Contudo, eu precisei escrever este adendo para lembrar que, naquele post, eu estava me referindo a órgãos sexuais pequenos, porém, normais. Esqueci de mencionar os casos extremos envolvendo micropênis que são os genitais com menos de 7 centímetros em ereção. O micropênis é uma doença que deve ser tratada por um urologista, porque além de problemas sexuais, pode causar problemas de higiene, de fimose, de infecções reincidentes e de dificuldade até para a micção. Tem também casos de pênis embutido, de má formação congênita, de hermafroditismo, de síndromes causadas por anomalias no cariotipo e outros que podem ser confundidos com micropênis e exigem cuidados médicos e psicológicos. 

A minha intenção com a postagem passada foi para que os homens com o comprimento do membro abaixo da média não ficassem com complexo de inferioridade por conta de algo que é natural. Afinal, pênis pequeno é uma coisa, micropênis é outra. O pênis acima de 7 cm é funcional e possui o tamanho mínimo para realizar a penetração. Mas falando de tratamento, o micropênis é detectado já na primeira infância. O ideal é que o pediatra mesmo já identifique isso no menino ainda pequeno para que ele possa tratar caso tenha realmente um micropênis, porque depois de adulto, o tratamento é mais difícil por não haver uma resposta hormonal relevante para resolver o problema. Infelizmente, muitos adultos têm micropênis porque, às vezes, durante a infância, os pais não tinham conhecimento sobre o assunto, ou então porque moravam em lugares onde não havia assistência médica adequada, ou ainda porque a família era muito religiosa e encarava isso como tabu ou sem importância.

Desnecessário lembrar que é capacitismo discriminar um homem por ele possuir um micropênis. Ninguém escolhe nascer assim e isso é terrível para qualquer homem adulto. Imagine você, que se acha bem dotado, tivesse um órgão genital de 1 cm. Acho que você não se sentiria bem caso sofresse bullying por isso.

A seguir, vou deixar um vídeo didático sobre este assunto.