domingo, 5 de fevereiro de 2012
Se fôssemos árvores...
Cotilédones Azuis
Sob a primeira luz da manhã
Desperto-me apressado
Para cantar as belezas da vida
E sentir o afago da existência.
No começo tudo são flores.
As primeiras folhas crescem rápido,
Mas as primeiras flores demoram a surgir.
Na liberdade escrava da infância,
O azul nos conduz à ilusão
De que o jardim é um eterno mar de rosas.
Chega uma época em que os dias
Ficam mais longos e mais quentes.
Sente-se uma necessidade de descobrir
O que há além dos canteiros do jardim.
Ventos e insetos
Semeiam flores que serão frutos.
À noite minha mente abraça o céu
E eu tento entender o brilho das estrelas.
Logo caem as folhas e sopra o vento da maturidade.
Aquelas flores agora são frutos
Que alimentarão um novo ciclo.
É uma poesia ver novas vidas crescerem.
Sou um arbusto caduco
Velho, cabisbaixo e com frio...
Não pedi que me abandonassem...
Não dou frutos, não cresço,
Mas amo todas as formas de vida,
Inclusive a daqueles que me esqueceram...
Meu ciclo termina,
Chega uma nova primavera,
Pois há sempre cotilédones azuis
Brotando do adubo de um velho arbusto.
(Wellington Fernando)
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