quinta-feira, 21 de março de 2013

Ateus-modinha


om o crescimento de diversos blogs, vlogs, sites e fóruns sobre ateísmo na internet, surgiu um grupo novo de pessoas que se dizem ateias, mas que, na verdade, nem sabem exatamente o que significa ser ateu... 

Essa turminha faz parte de um grupo que alguns rotularam de "ateus-modinha", que nada mais são que pessoas que se intitulam ateias apenas porque acham que ser ateu é a nova onda do verão. Muitas dessas pessoas apenas seguem a manada e decoram meia dúzia de argumentos tirados dos livros do Richard Dawkins, tentando convencer aos outros e a si mesmas que elas não acreditam em Deus.
A maioria desses ateus-modinha são adolescentes ou pré-adolescentes que estão de mal com Deus, enjoados de ir a igreja ou que, simplesmente, veem a religião como uma coisa chata e ultrapassada. E é aí que eu acho que mora o problema. Uma coisa é você se tornar ateu através das suas próprias reflexões e questionamentos – outra coisa é você colecionar argumentos para justificar a sua preguiça de ir ao culto.

Honestamente falando, eu acho que o crescimento do número de irreligiosos (veja bem, eu falei 'irreligiosos', e não 'ateus') é algo bom para a sociedade, pois assim reduzimos o número de pessoas que dão uma generosa fatia do seu salário para pastores e que votam em religiosos para o poder legislativo apenas por eles serem da mesma denominação. Acho que ateus conscientes são bem melhores que crentes inconscientes – mas ser um ateu inconsciente não difere muito de um crente inconsciente. Afinal, pessoas inconscientes de suas posições ideológicas tendem ao fanatismo e à ignorância. E é exatamente aqui onde reside o perigo, pois além de se tornarem uns malas sem alça, os ateus-modinha acabam sendo muitas vezes insensíveis com as pessoas que pensam diferente. Eu vejo alguns ateus (ou pelo menos pessoas que se dizem ateias) compartilhando nas redes sociais certos posts da ATEA que são, muitas vezes, bastante ofensivos e que só servem para deixar os religiosos com raiva. Ao invés de conscientizarem as pessoas dos males que a religião pode trazer, elas estão fazendo com que os religiosos detestem ainda mais o ateísmo e estereotipem os ateus de forma negativa.

Ateu convicto?
Já essa história de "ateu convicto" é um rótulo que preocupa um pouco quando vindo de pessoas muito jovens. Digo isso a partir do meu próprio exemplo: eu, que já estou quase com a idade que Napoleão perdeu a guerra, não tenho 100% de certeza com relação às minhas crenças – imagine então um adolescente que ainda está em fase de formação de suas ideias... Eu costumo dizer que eu não sei o que eu sou, mas com certeza eu sei o que eu NÃO sou. E eu não sou religioso, com certeza. Mas não ser religiosos não torna alguém ateu, porque existem outras definições para os irreligiosos, tais como: deístas, panteístas, pandeístas, panenteístas, agnósticos, ignósticos, apateístas ou até teístas irreligiosos. Creio que muitos ateus-modinha pertençam, na verdade, a um desses grupos citados, mas aderem ao ateísmo porque se vende uma falsa dicotomia entre religioso ou ateu. Então se eu não sou religioso, eu tenho que ser obrigatoriamente ateu? Claro que não!
O ateísmo me parece mais uma oposição ao teísmo, só que também é possível se opor ao teísmo sendo deísta, por exemplo.

O que eu acho é que as pessoas deveriam formular melhor as suas ideias antes de se auto-rotularem como algo. Só devemos declarar o que nós realmente temos certeza que somos. Se você não segue nenhuma religião mas não sabe o que é, diga apenas que não tem religião, pronto. Ser ateu é algo meio radical porque este rótulo pressupõe que você não acredita em nenhuma divindade. Mas será que não existe nenhuma possibilidade de existir mesmo algum deus (ou deuses)? Tem cem por cento certeza?


Ah, e você deve está se perguntando o que EU sou. Pois bem, eu sou uma metamorfose ambulante, porque sempre estou revendo meus conceitos e posso mudar de ideia a qualquer momento. E isso não é insegurança, é humildade, porque eu simplesmente não sei se há ou não deuses. E no que eu acredito? Eu acredito em tudo aquilo que não contraria as evidências. Se eu acredito em Deus? Bom, depende de que deus você esteja falando. Os deuses das religiões são anedóticos para mim, mas deuses impessoais podem perfeitamente existir. Como falei, sou humilde e não sei. Acho que não sou nada, viu? Rótulos são apenas meios de agrupar pessoas em rebanhos. E rebanho por rebanho, eu tô fora! Quero mais é ser livre para acreditar no que eu quiser!

Não gostou?

Então vai ver se eu tô na esquina, vai!

3 comentários:

  1. Você parece ser agnóstico, não sei. Não posso dizer quem você é, já que você mesmo se isenta de denominações. Hahahahahaha

    Eu não sou 100% ateu, tenho constituintes que poderiam me classificar como agnóstico também, no entanto, eu também tenho um pouco de simpatia com a ideia panteísta materialista de que o próprio universo e seus elementos naturais são deus, mas não gosto de me denominar panteísta.

    Mas aí tem um ponto chave da questão: se alguém te pergunta o que é, você responde com o que não é, ou diz que é algo? Se alguém me pergunta o que eu sou, digo que sou ateu. Se ela quiser saber um pouco mais, eu digo o que já falei: que tenho um pouco de agnóstico, panteísta e etc.

    Essa sua frase ficou SENSACIONAL: "Acho que ateus conscientes são bem melhores que crentes inconscientes – mas ser um ateu inconsciente não difere muito de um crente inconsciente. Afinal, pessoas inconscientes de suas posições ideológicas tendem ao fanatismo e à ignorância."

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    1. Eu sou uma metamorfose ambulante. Talvez a melhor definição no momento para mim seja a de livre pensador, porque gosto de pensar com a minha cabeça - e não com a cabeça dos outros. Acho que o ideal é que as pessoas evitem rótulos, porque elas tendem a ser previamente julgadas apenas por eles. E a última frase foi realmente a cereja do bolo deste post.
      Abraço e obrigado pela participação.

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  2. Eu não sei o que eu sou. Mas gosto de aprender e observar. Observar e aprender. Gostei de ter passado por aqui.

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