terça-feira, 29 de setembro de 2015
O "inimiguismo"
Conta-se que Albert Einstein teria dito ser mais fácil desintegrar o átomo do que acabar com os ódios na sociedade. E não é para menos, além das brigas irracionais entre as torcidas organizadas e essa polarização política exacerbada que citei no post passado, ainda temos que aturar veganos odiando carnistas, carnistas odiando veganos; Ku Klux Klan odiando negros, Panteras Negras odiando brancos; mascus odiando mulheres, radfems odiando homens; terroristas odiando os EUA, os EUA odiando os terroristas; israelenses odiando palestinos, palestinos odiando israelenses e assim o ciclo de ódio sem fim se perpetua geração após geração. Isso precisa de um basta, pois como Gandhi já dizia: "olho por olho e o mundo vai acabar cego". Não podemos mais continuar usando ódio para combater ódio. Temos meios melhores para resolver os nossos conflitos.
Parece, pelo menos aos meus olhos, que o ódio é uma respostas instintiva e irracional que acaba sendo criada e alimentada pelo ambiente em que estamos imersos. Toda cultura tem seus preconceitos e rivalidades odiosas que são passadas de geração para geração como se fossem um herança maldita. Penso que é como se tivéssemos uma propensão inata, como se fosse uma espécie de "gene não ativado", para odiar algo - e esse ódio é "ativado" quando somos alimentados e compelidos pela cultura para sentir raiva contra algum grupo humano específico. O racismo, a misoginia e a homofobia são grandes exemplos disso. Não existe nenhum motivo racional plausível para odiarmos pessoas por seu sexo, por sua cor de pele, por sua orientação sexual ou pelo que quer que seja. Mas mesmo assim esses ódios são naturalizados e vistos cotidianamente por aí em quase todos os lugares. E, infelizmente, não estou falando de neonazistas, mascus ou qualquer grupo mais radical. Estou falando de pessoas comuns que agem de forma preconceituosa e raivosa simplesmente porque esse se tornou o modus operandi da sociedade. E é exatamente este o problema: o ódio se tornou tolerável ou, pior ainda, virou uma regra. A cultura do ódio desperta rancores desnecessários e nos faz enxergar inimigos imaginários em pessoas que não são nossas inimigas, fato este que eu chamo de inimiguismo. Mas, para nossa sorte, eu acho que esse inimiguismo tribal e ancestral que retroalimenta preconceitos e rixas tem cura. E a cura para ele é a sua força exatamente oposta: o amor.
Parafraseando um tal de Nelson Mandela, eu afirmo sem medo de errar que ninguém nasce odiando. As pessoas APRENDEM a odiar. E se as pessoas aprendem a odiar, elas também podem aprender a amar. Precisamos de mais altruísmo, mais solidariedade, mais respeito, mais empatia e mais amor. Ódio não gera outra coisa que não seja ódio. Só o amor pode mudar o mundo. E como já dizia também o tal Mahatma Gandhi: "Nunca perca a fé na humanidade, pois ela é como um oceano. Só porque existem algumas gotas de água suja nele, não quer dizer que ele esteja sujo por completo". Temos que parar de combater pessoas e passar a combater as verdadeiras causas dos preconceitos, injustiças e desigualdades, que são a violência, o egoísmo e a intolerância. Devemos parar de odiar e passar a amar as pessoas. Só assim teremos alguma chance de sobrevivermos a nós mesmos como espécie neste planeta. Mas se isso tudo estiver muito confuso, basta apenas se lembrar de amar: amar as pessoas como se não houvesse amanhã. Isso basta.
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