Uma das coisas que mais me diverte na vida são os pseudo críticos de cinema. Eles vivem falando bobagens e cometendo generalizações sobre filmes que mal assistiram e tiveram mais preguiça ainda de tentar compreendê-los. Uma dessas críticas de araque foi uma que ouvi há pouco tempo sobre o filme O Rei Leão. No filme há a famigerada canção Hakuna Matata onde Timão e Pumba revelam para Simba um estilo de vida despreocupado e livre de problemas. Até aí tudo bem. O problema foi quando alguns pseudo críticos disseram que o desenho era responsável por incitar a irresponsabilidade para as crianças através dessa música. Antes de contra-argumentar, vou deixar o vídeo original para que cada um tire as suas próprias conclusões:
O que o clipe acima não mostra e que alguns pseudo críticos não falam é que, antes dessa cena, o pequeno Simba vê o seu pai morrer e ainda escapa de forma desesperada de um bando de hienas famintas. O próprio Simba se mostra desanimado, deprimido e exausto quando recobra a consciência junto a Timão e Pumba. Neste contexto, o escapismo do Hakuna Matata – que diz para você esquecer dos seus problemas – foi o remédio que curou a tristeza do Simba. É óbvio que não devemos simplesmente nos "esquecer" dos problemas, como sugere a música, porque senão eles acabam se tornando ainda maiores. O que devemos fazer é não dar tanta importância assim para os problemas, ser relax e encarar a vida com leveza, com otimismo. Timão e Pumba eram uma espécie de hippies da selva que viviam de forma despreocupada e livre: sem regras, sem responsabilidade, sem problemas e curtindo a vida adoidado dentro do contexto fantasioso do filme, afinal, estamos falando de um DESENHO, de algo fictício. Se é que alguém não percebeu também, leões e javalis não falam. Então achar que a postura do Hakuna Matata deve ser levada ao pé da letra para as nossas vidas no mundo real é algo totalmente sem noção. Fora que, posteriormente, Simba fala com o próprio pai morto – e fantasmas de leões também não falam – pedindo ao seu filho Simba mais responsabilidade com o seu passado e com o seu reino deixado para trás. Somente essa cena já destrói a ideia de que o filme incita a vagabundagem ou a irresponsabilidade.
O grande barato da ficção é justamente você poder extrapolar as regras rígidas da realidade. Um estilo de vida onde se ignora problemas e vive sem responsabilidade não tem chance de dar certo na vida real. Mas num mundo como o nosso, onde há tanto estresse e preocupações, nada melhor que fantasiar um pouco com um outro mundo paralelo onde nós possamos ser livres desse estilo de vida maçante que levamos. E melhor do que isso é saber que podemos, sim, esquecer dos problemas: mas desde que seja dentro de um contexto seguro onde isso seja permitido. Ninguém consegue relaxar, estudar, meditar e nem mesmo transar pensando nos problemas. Temos que nos esquecer deles de vez em quando para dar asas a nossa imaginação e fazer as endorfinas percorrerem o nosso corpo.
Então se você é um desses críticos mal humorados, relaxe, esqueça um pouco dos seus problemas e saia cantando Hakuna Matata por aí para tornar a vida menos amarga e chata. Ser irresponsável com responsabilidade é bão demais da conta.
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