Segundo o astrólogo recalcado Olavo de Carvalho, o filósofo Nietzsche era um pobretão sifiliítico que se achava grande coisa por escrever de maneira tragicômica um niilismo barato para pessoas pedantes. Sim, foi esse o resultado resumido de sua pífia e pernóstica análise intelectual sobre Friedrich Nietzsche. O astrólogo da quarta série dessa vez acha que é um filósofo iluminado por alguma retórica freudiana de quinta categoria para decifrar o pensamento de Nietzsche a partir de uma análise mequetrefe e descontextualizada de algumas de suas obras. É bom que seja dito que compreender a fundo Nietzsche não é algo fácil e que vai muito além de uma interpretação literal e linear de seu pensamento.
Ao que me parece, esse tal Olavo é um cristão ressentido que teve a sua fé pseudocristã abalada pelas palavras desconcertantes de Nietzsche e, por isso, se chafurda numa penúria intelectual ao analisá-lo. Lá no fundo, todo mundo sabe que esse Olavo é um invejoso sem o menor gabarito intelectual para criticar um filósofo do calibre de Nietzsche. Algumas de suas críticas são tão desconexas que fica parecendo até que ele está criticando outro filósofo qualquer, tamanho é o desconhecimento do astrólogo sobre o autor.
Essas críticas pueris e amadoras do Olavo seriam uma piada para Nietzsche que, certamente, deve estar se revirando no túmulo de tanto rir de um sujeito bajulado por uma ralé subintelectualizada e que tem coragem de defender coisas antiquadas como o geocentrismo e o criacionismo em pleno século XXI.
Olavo é uma piada ambulante |
Portanto, devido às suas limitações acadêmicas, Olavo de Carvalho não tem a menor condição de construir uma crítica mais aprofundada sobre Nietzsche. Que o astrólogo soberba tenha o mínimo de humildade para reconhecer a sua insignificância como crítico.
Concordo de que o Olavo de Carvalho não seja o melhor pensador para julgar a personalidade de Nietzsche, até mesmo porque, percebo eu, Olavo de Carvalho ignora ou finge ignorar a psicologia humana.
ResponderExcluirNo entanto, Olavo de Carvalho tem o dom de provocar em nós a necessidade de uma reflexão sobre o assunto.
Por volta de 2005, após ter lido algumas obras de Nietzsche e ter tomado contato com sua biografia, procurei compreender à partir de mim mesmo, as motivações de Nietzsche para ser tão niilista como ele era.
Ele sofria de sífilis, doença incurável na época porque os antibióticos ainda não tinham sido inventados.
Em certo momento de sua vida, uma aluna ou discípula apaixonou-se por ele ou pela inteligência dele e queria porque queria seguir Nietzsche por todo lado.
É claro que Nietzsche sentiu-se lisonjeado com tal assédio e paixão por sua inteligência que era o que ele mais prezava em si.
No entanto, por conta de sua sífilis, ele viu-se impedido de ter relações sexuais com sua fã, o que provavelmente o magoou profundamente, fazendo-o sentir remorsos por ter saído com prostitutas em sua juventude, visto que agora que encontrou o verdadeiro amor de sua vida, não poderia usufruí-lo na íntegra por culpa de seu passado.
Nem preciso dizer que para um homem já realizado na vida, seja financeira ou apenas intelectualmente, é de enlouquecer tal tragédia em sua vida.
Com certeza, tiveram que se contentar em manterem um amor platônico entre eles.
Acredito que foi à partir de então que a saúde mental de Nietzsche começou a se deteriorar ou talvez tenha sido apenas consequência da própria sífilis. Vai lá saber.
De qualquer modo, louco ou não, a sua obra filosófica é de tirar o fôlego de qualquer um. Só não creio que suas teses filosóficas sirvam para algo mais além de nos entreter o intelecto.