sábado, 3 de junho de 2017

Um país de contrastes


Quem já morou no Brasil sabe bem que a maioria das grandes cidades do país são marcadas por fortes contrastes sociais que foram criados historicamente como modo de manter os privilégios de uma minoria abastada. Esses contrastes são tão ferozes em alguns casos que praticamente tornam a nossa sociedade uma sociedade de castas. Hoje mesmo, por exemplo, vi passar na mesma rua onde eu moro um carroceiro maltrapilho e, pouco tempo depois, uma Ferrari Maranello vermelha dirigida por um rapaz bastante elegante. Enquanto um cata lixo para sobreviver, o outro passeia a bordo de um veículo de luxo. Dois mundos completamente opostos num mesmo país, numa mesma cidade, numa mesma rua. Imagine quantos séculos não levariam para o carroceiro ter dinheiro para comprar um veículo daquele que estava sendo pilotado por um sujeito claramente mais novo que ele...

Mas, enfim, esse contraste não é único. Já vi vários outros carros de luxo estacionados na minha rua e muitos pedintes e mendigos circulando no meio deles. Carros que custam mais de meio milhão de reais, como as Porsches e BMWs que vejo ocasionalmente por aqui, contrastam fortemente com as carroças improvisadas de tração humana. O que eu sempre me pergunto diante disso é por que um tem tudo e o outro não tem nada? Será que é isso que chamam de "meritocracia"? Mas afinal o que o piloto da Ferrari tem que o carroceiro não tem para viver uma vida muito mais confortável? Será mesmo que o motorista do superesportivo conquistou aquele carrão por mérito e por fruto do suor do seu trabalho? Ou será que ele apenas nasceu rico e o outro nasceu pobre? Será que vivemos em um mundo justo? Será mesmo que o capitalismo é tão bom assim? Será que temos que nos conformar em viver em uma sociedade como esta?

Não tenho nada contra a riqueza ou contra os ricos. O problema, para quem teve a sensibilidade de perceber, é a maneira fortemente desigual com qual essas riquezas estão distribuídas. É isso que me incomoda.


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