sexta-feira, 9 de março de 2018

Nem Lula, nem Bolsonaro


Embora Lula e Bolsonaro estejam salvando a democracia, é bastante improvável que tenhamos os dois disputando as eleições presidenciais deste ano. Isso porque Lula certamente será descartado pela burguesia, seja através da sua prisão ou de uma determinação proibitiva qualquer da justiça. Já Bolsonaro não deve disputar porque ele não ganha de ninguém no segundo turno e sua candidatura é muito fraca devido ao partido pequeno e às suas alianças inexpressivas. Bolsonaro não vai trocar o certo pelo duvidoso, pois deixar de se reeleger deputado para correr o risco de perder na disputa presidencial não é uma atitude inteligente para quem faz carreira política. 

O resultado disso é que teremos mais uma vez PT versus PSDB no segundo turno de 2018. Do lado tucano, a candidatura de Geraldo Alckmin parece começar a ganhar solidez, apesar de nomes como Dória e Huck não estarem totalmente descartados. Já do lado do PT, nomes como Haddad, Jaques Wagner e Lindemberg estão sendo cogitados. Porém, pela atual conjuntura e pelo antipetismo virulento que ainda domina parte da população e da imprensa oligárquica, é possível que o PT faça algo inédito em sua história: apoie um candidato de outro partido. Candidatos como Guilherme Boulos, Manuela d'Ávila e até Ciro Gomes podem receber apoio do PT. Diante do quadro atual, creio que Ciro Gomes deva ser o plano B do lado progressista. Apesar de não contar com o apoio da grande massa, de ser mal visto por uma parte da esquerda e de ser abominado pelos coxinhas, Ciro me parece a opção menos pior numa eleição sem Lula.

Será que o futuro do Brasil estará nas mãos de um desses dois?

Se o candidato apoiado pelo PT conseguir relevância eleitoral, é possível que Bolsonaro apoie o PSDB mais uma vez ou até mesmo tente concorrer como vice na chapa tucana. Uma chapa Alckmin/Bolsonaro e outra com Ciro/Marina ou Ciro/Manuela seria o grande duelo entre progressistas e neoliberais. É por isso que cada vez mais estou achando que a grande disputa de 2018 será entre Ciro e Alckmin. E numa situação dessa, Ciro teria mais chances que Alckmin por representar a mudança e por ter aderido a um centrismo ambíguo que o deixa teoricamente fora da briga entre esquerda e direita. Os tucanos, queira ou não, estão na base aliada do governo Temer, estão envolvidos em vários escândalos de corrupção e estão sem moral depois de apoiar um impeachment golpe que deixou o Brasil em frangalhos. Nem com apoio de Bolsonaro os tucanos devem se salvar dessa, afinal, para muitos eleitores do Bolsonaro, o PSDB é um partido "esquerdista". Portanto, é bom Ciro já ir se preparando para os desafios que irá enfrentar como chefe de Estado desse Brasil caótico que estamos vivendo.

Um comentário: