O recado por trás da prisão de Lula

Após a decisão sob pressão do STF de liberar a prisão injusta, ilegal e absurda de Lula, na tarde de hoje, 5 de abril de 2018, o juiz Moro decretou a prisão do ex-presidente. Eu não vou aqui nem discorrer sobre os vícios do processo, sobre a presunção de inocência, o in dubio pro reo, cerceamento do direito de defesa, a ausência de provas cabais e outros erros graves apontados por diversos juristas nessa caçada judicial sem precedentes contra o ex-presidente. A prisão de Lula, como bem disse Luis Felipe Miguel (e Darcy Ribeiro há décadas atrás), é um recado curto e grosso das classes dominantes: "Nenhum país menos desigual será tolerado. Todas as hierarquias sociais são intocáveis". Há um simbolismo muito forte por trás do impeachment sem crimes da primeira mulher presidente e da prisão do primeiro operário a se tornar presidente.

E tem idiota que pensa exatamente assim

É importante observar também que as oligarquias nacionais estão mancomunadas com as oligarquias internacionais neste processo. Não querem que o país cresça: querem nos manter subdesenvolvidos e longe da concorrência com os gigantes. O Brasil, para as elites econômica e política, deve ser reduzido a sua insignificância de mero paraíso rentista e exportador de matéria-prima barata. Essa prisão de Lula não tem nada a ver com o combate à corrupção: tem a ver com o combate a políticas igualitárias e nacionalistas. E mais uma vez Globo, Fiesp, Forças Armadas e o departamento de Estado norte-americano agem juntos como em 1964. É um filme com um roteiro diferente, mas com a mesma mensagem: o Brasil não pertence ao seu povo. Qualquer um que tente mudar a ordem burguesa de mentalidade colonial será aniquilado no processo.
Enfim, parafraseando o ex-deputado Eduardo Cunha: que deus tenha misericórdia desta nação.