Tenho visto muita gente do lado progressista criticando o presidenciável Ciro Gomes, do PDT, por suas recentes alianças com o PP e com o DEM, além da polêmica de seu partido ter sugerido o vice-presidente da Fiesp para seu vice. Mas pense um pouco: sem apoio formal do PT e da esquerda, Ciro se vê forçado a fazer alianças com parte da direita para ganhar votos decisivos e apoio no congresso caso se eleja. Portanto, Ciro, no atual cenário, está representando uma direita sociável e desenvolvimentista. Enquanto Alckmin representa a direita predatória neoliberal, Ciro faz alianças para consolidar uma posição mais de centro-direita. Isso é interessante por um lado porque tira o DEM e o PP da base aliada do PSDB, que é onde reside o verdadeiro perigo para o Brasil. Levando em consideração que todos os partidos políticos do Brasil deram uma "adireitada" desde a década passada, o PDT hoje representa uma direita acanhada, quase enrustida. A estratégia do PDT de roubar votos estratégicos da direita tucana e até da direita reacionária que acha Bolsonaro sectário demais é realmente bem interessante. A direita orgânica fica, portanto, rachada com esse gesto. Isso favorece a possibilidade de termos pela primeira vez desde a redemocratização um candidato neoliberal fora do segundo turno, o que seria um alívio para o Brasil pelos próximos quatro anos.
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