sexta-feira, 19 de outubro de 2018

O risco que Bolsonaro representa para a economia


Conversando ontem com um colega no Facebook, eu cheguei à conclusão que a maior ameaça que Bolsonaro representa não é nem de dar um golpe de Estado e nem é também de virar uma espécie de Hitlerzinho tropical que dizimará minorias. O grande perigo do Jair Bolsonaro reside na sua total incapacidade de gerir as finanças do nosso país. Após assistir suas entrevistas, seus poucos debates, ler seu plano de governo e ver o seu guia eleitoral, fica muito claro que Bolsonaro não entende quase nada de economia e ainda por cima é um ingênuo total por confiar num pseudo liberal como o economista Paulo Guedes. Bolsonaro não tem ideia do que é o tripé macroeconômico, não tem propostas para a expansão do crédito, não sabe como lidar com a inflação, não conhece o orçamento público, não tem nem a mais vaga noção da roubalheira que envolve a dívida pública e acha que empregos surgem do nada após "desburocratizar" o mercado. Isso sem mencionar no risco do corte do 13º salário, na extinção do que restou da CLT e no aumento da carga tributária para os mais pobres. Se duvida do que eu estou expondo, olhe só a vergonha alheia que o "mito" causa ao tentar responder uma pergunta simples num dos raros debates que participou:


É preciso alertar à população sobre os riscos que estamos correndo neste sentido. É um disparate achar que um apedeuta como o Bolsonaro vai consertar as finanças do país. O povo, infelizmente, só vai perceber a tragédia que é um Bolsonaro quando sentir no bolso o preço altíssimo de ter votado em alguém incapaz de lidar com as questões econômicas. O aumento do desemprego, a diminuição da renda média do trabalhador e o descontrole da política cambial são ingredientes preponderantes para uma crise pior do que a que já estamos. Historiadores, economistas, sociólogos, cientistas políticos e até a imprensa do mundo inteiro estão alertando do risco que é para a economia do país ter um sujeito que demonstra claro despreparo para administrar as contas públicas. Se você prestar bem atenção, vai perceber que o discurso do "mito" se baseia mais no antipetismo, no politicamente incorreto e no autoritarismo. Não há, de fato, um projeto de nação nas falas de Jair Bolsonaro.


Para quem está em dúvida sobre em quem votar ou estiver duvidando de tudo que estou alertando, recomendo o site Tô Indeciso, onde as propostas de Bolsonaro e Haddad são colocadas lado a lado para serem comparadas. Lá é possível ver que muitas propostas do Jair Bolsonaro são fora da realidade ou inexistentes. Não que o programa de governo do PT seja uma maravilha, até porque também há pontos em que discordo, mas comparando as propostas dos dois presidenciáveis, parece que estamos tratando de países diferentes para cada candidato.


E o risco de uma ditadura?
O Brasil se encontra imerso num Golpe de Estado desde 2016. Mas assim como foi em 1964, os primeiros anos do golpe não foram violentos. Havia uma aparência de normalidade democrática até o final de 1968 quando foi decretado o AI-5. O risco que estamos correndo hoje é parecido, porque os militares estão se infiltrando cada vez mais no poder e fazendo uma espécie de monitoramento da democracia. Honestamente falando, eu não acredito que Bolsonaro vá dar um golpe e fechar o Congresso como ele mesmo sugeriu certa vez, porque ele não possui o apoio de setores fundamentais da sociedade para a consolidação de uma ditadura, que são: a elite econômica (plutocracia), a imprensa oligárquica, as Forças Armadas e as igrejas. Apesar de uma parte da imprensa, da plutocracia, das igrejas e das Forças Armadas estar do lado dele, não há um consenso hegemônico para tal. Fora que o Bolsonaro é um sujeito com condições intelectuais limitadas e muito instável a nível de comportamento.

O risco de uma ditadura ocorrer é maior se o vice dele assumir, porque ele, sim, é um sujeito perigoso, ardiloso e influente dentro das Forças Armadas. Sem falar que o próprio Gal. Mourão falou na possibilidade de um "autogolpe". Se a maior parte da cúpula das Forças Armadas comprar o discurso dele, aí, sim, há um risco iminente de uma ruptura profunda da ordem democrática. Seria uma tragédia para o país cair numa terceira ditadura. E muito pior que o Estado Novo e o regime militar de 1964, uma ditadura em tempos de internet daria o controle total ao regime, porque através da internet é possível espionar todo mundo e violar a privacidade a níveis incomensuráveis. Internet livre, neste cenário, só existiria na deep web ou fora do país.
Mas o pior de tudo é que mesmo uma vitória de Fernando Haddad não garantiria coisa alguma, uma vez que Bolsonaro e seus minions não aceitariam o resultado das urnas e seria um caos. É por isso que eu recomendo que quem puder deixe o Brasil enquanto é tempo, porque o futuro deste país me parece muito perturbador.


A seguir, deixo um vídeo de Portugal onde vários comentaristas de várias visões políticas diferentes analisam os riscos intrínsecos de uma eleição do candidato da extrema-direita aqui no Brasil:

Um comentário:

  1. Wellington, estou mais preocupado é com esse PL aqui. Deveríamos solicitar aos dois candidatos o compromisso de vetá-lo. https://www.facebook.com/photo.php?fbid=2318901338137516&set=a.522864327741235&type=3&theater

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