segunda-feira, 31 de dezembro de 2018
Feliz 1964!
Confesso que jamais esperaria que um presidente PIOR que o Michel Temer um dia fosse subir a rampa do Palácio do Planalto. Mas aí que o pior nome possível para a presidência da república foi justamente o escolhido pelo povo brasileiro para substituir o Vampirão Neoliberaloide. E essa eleição só ocorreu porque a campanha presidencial do ex-capitão da extrema-direita foi alicerçada em mentiras, jogo sujo, caixa 2, polêmicas, covardia e vitimização. E com um povo despolitizado como o nosso, não poderia ter sido diferente. Ganhar uma eleição sem Lula é fácil; quero ver como Bozo e sua turma irão conseguir governar um país caótico como o nosso sendo tão trogloditas quanto eles são.
Enfim, o que teremos a partir de amanhã será uma reedição de 1964, só que com um verniz tosco de democracia por cima. As Forças Armadas voltaram ao executivo, já controlam o judiciário e preparam o bote final contra o legislativo. Aí a neoditadura estará completa. Eu não pagaria para ver o que vem por aí. É por isso que acho muito estúpido desejar um feliz 2019, porque não será um ano para comemorar: será mais um ano de perdas históricas para minorias e trabalhadores. Voltaremos 55 anos em 4. O Brasil que por tanto tempo foi "o país do futuro", agora será o país dos tempos da Guerra Fria. Tomara que dias melhores não tardem a vir.
Feliz 1964.
domingo, 30 de dezembro de 2018
Shadow of the Tomb Raider foi uma decepção
Como já faz bastante tempo que não escrevo nada sobre games, vou aproveitar meu ócio de final de ano para fazer uma crítica ao game que mais me decepcionou neste ano: Shadow of the Tomb Raider. Sei que muitos leitores não curtem games, mas como este blog também cresceu graças às postagens envolvendo jogos, eu não poderia deixar de dar a minha opinião sobre um game que eu não recomendo e que cuja grana poderia ter sido gasta em outros jogos melhores.
Pois bem, sendo franco, eu nunca gostei muito da saga Tomb Raider. Desde que lançaram os primeiros jogos da Lara Croft lá nos anos 90 que eu nunca tive a menor vontade de jogar os games da arqueóloga que fazia acrobacias enquanto desvendava tumbas. Os jogos da série Tomb Raider sempre me pareceram monótonos e repetitivos até então. Só que a partir de 2013, a coisa mudou radicalmente com o reboot. Eu gostei tanto da história, da nova Lara e da jogabilidade que virei um fã incondicional do game. Aí veio o Rise of The Tomb Raider que apesar de ter um enredo mais clichê, teve a jogabilidade aperfeiçoada, os gráficos melhorados, modos de jogo maravilhosos e muita ação e estratégia ao lidar com os inimigos. O Rise of The Tomb Raider é, diga-se de passagem, um dos meus jogos favoritos de todos os tempos e que mais tenho horas jogadas na Steam. Devido a este brilhante game, foi criada uma expectativa enorme em torno do novo Tomb Raider que foi lançado em 2018. Só que quando o terceiro game da nova trilogia saiu, foi uma decepção total.
Shadow virou um jogo cafona de escaladas e tumbas medíocres |
O Shadow of the Tomb Raider, o último game dessa nova trilogia, não tem o enredo brilhante do primeiro pós-reboot e nem a ação e os modos de jogo do segundo. O game é cheio de bugs, travamentos, missões ridículas, possui um enredo fraco, os inimigos são estúpidos e o foco na exploração é extremamente tedioso e repetitivo. E como se todos esses problemas não fossem suficientes, o jogo ainda é o mais caro da franquia. A decepção que eu tive com o Shadow of the Tomb Raider foi semelhante à que tive com o Resident Evl 7, porque os desenvolvedores usaram o nome da série para vender um jogo que não tinha nada a ver com Resident Evil. Eu até escrevi um post criticando esse game, porque além dele ser horrível, é em primeira pessoa, não tem os personagens centrais da série, não tem o modo mercenários e é um saco de se jogar. Isso tanto é verdade que o verdadeiro Resident Evil 7, para mim, foi o fabuloso Resident Evil Revelations 2 por ele conservar as características principais da série, além do modo Raid que é uma variação muito bacana do modo mercenários. Apesar do orçamento baixo e da falta de polimento, o Revelations 2 foi um jogo muito mais interessante e surpreendente. Mas enfim.
Isso parece Resident Evil? |
Espero, honestamente, que tanto os produtores de Tomb Raider quanto os do Resident Evil revejam seus conceitos, porque eles conseguiram estragar jogos renomados que mereciam mais atenção na produção.
sábado, 29 de dezembro de 2018
A maior banda de rock que jamais existiu
Apesar de nunca ter feito menção alguma sobre este assunto aqui neste blog, eu criei ao longo dos últimos vinte anos uma batelada de bandas de rock fictícias para a estória de um livro/quadrinho/desenho que se chamaria Sociedade do Rock. Esse livro/desenho teria, como o próprio nome sugere, a trama de várias bandas de rock brasileiras e de seus integrantes rumo ao sucesso. Eu cheguei a esboçar algumas tirinhas e a criar algumas ilustrações dessa história fictícia, produzindo o roteiro, criando os personagens, inventando bandas e até compondo músicas para essas bandas de acordo com estilo de cada uma. Foram dezenas de bandas e centenas de personagens que contavam em tempo real o que se passava num Brasil de um universo paralelo idêntico ao nosso. Tinham bandas de punk rock, de hard rock, de metal e de pop rock nessa história que mostrava a trajetória e o planejamento dos músicos e produtores desde a formação inicial até o fim das mesmas. Mas de todas as bandas que criei, a principal e mais famosa era, sem dúvidas, a banda de pop/rock chamada Unno, cujo nome veio em um sonho junto com a capa do primeiro EP dela. E é justamente em torno desta banda que a história principal girava.
Pois bem, como não tive como conciliar a criação dessa história com outros projetos pessoais, acabei o engavetando durante os últimos anos, mas a história da Sociedade do Rock está pré-escrita, esperando apenas por um pouco de tempo e recursos para ser retomada. Enfim, mas não é sobre isso que este post se trata, mas sim sobre a riquíssima história por trás da banda Unno.
Os lendários integrantes da Unno: Tom, Ellie, Klindo, Panther e Hiroshi |
A história por trás da Unno
Criada no ano 2000, a Unno era uma banda progressista paulistana que tinha uma história incrível e reunia remanescentes de outras duas bandas – a DeterGente e a Wacas Malhadas – que se uniram em torno de um projeto em comum. O nome Unno veio veio justamente daí: da união dessas duas antigas bandas. Os cinco integrantes principais da banda – Klindo (Plínio Kloid), Ellie (Elisângela Santana), Panther (Mauro Oliveira), Tom (Tomás Pelegrini) e Max (Higor Sampaio, substituído depois por Hiroshi) – traziam personalidades únicas e tinham suas histórias contadas a partir do próprio ponto de vista deles. Cada um desses personagens foi criado com todo carinho e atenção nos mínimos detalhes, incluindo defeitos, qualidades, manias, sotaques, ideias, sonhos, família, ideologia, espiritualidade, posicionamento político e até grupo sanguíneo.
Enfim, o que eu quero chamar atenção com esta postagem não é nem para a banda, nem para o quadrinho, nem para a história e nem para as músicas: mas, sim, para a importância vital que a banda teve para o contexto social e político dentro do universo em que ela estava inserida.
Desenho à mão da Unno feito em 2002 |
A Unno e a reinvenção do amor
A Unno durou ao todo dez anos, de 2000 até 2010, e lançou oficialmente sete discos, sendo um deles de coletânea (lançado em 2011), um ao vivo e um acústico. O primeiro álbum da banda, lançado em março de 2001, foi disparado o mais vendido graças ao alto investimento e ao belíssimo trabalho por trás dele que envolvia financiadores, publicitários, empresários, produtores, técnicos, figurinistas, luthiers, estilistas e designers. Este primeiro álbum, intitulado A Reinvenção do Amor, tinha músicas que seguiam uma ordem cronológica em cima de um fio condutor central que era a solidariedade. Nesta época, a caçula e única garota da banda, a Ellie, tinha um irmãozinho que estava com leucemia e precisava de um transplante de medula óssea para poder continuar vivo. Foi aí que seus companheiros de banda, produtores, empresários e financiadores tiveram a ideia de usar a doação como tema central do disco para incentivar as pessoas a doarem sangue, órgãos e, claro, medula óssea. E a magia da história do primeiro disco está justamente nisso: na capacidade de mover uma legião de pessoas para o bem.
Eu tive o trabalho de compor várias canções para a banda que tinham como foco a solidariedade, a doação, a adoção, o carinho, a amizade, o respeito, a empatia, o altruísmo, a esperança, a tolerância, o perdão, a caridade e, sobretudo, o amor. Por isso, o nome do disco era A Reinvenção do Amor. Entre as canções, uma abordava a infância perdida num hospital, outra abordava a velhice em um asilo, outra falava do amor aos animais, outra da saudade dos entes queridos que se foram, outra da perda de um filho... mas a música mais importante do disco era Essa Chama Não Pode Apagar, porque ela falava de como todos nós podemos nos tornar imortais nos corações que deixamos para trás – mas não apenas isso: essa música era um verdadeiro hino de tudo que as pessoas mais precisam fazer hoje: amar uns aos outros.
A canção Essa Chama Não Pode Apagar surgiu em um sonho meu. O início da canção, sei lá como, já veio pronto no meu subconsciente: "Eu quero inventar um sentimento em que todos possam acreditar, construir um mundo sem fronteiras, ser criança para saber perdoar". Essa canção sintetiza tudo que mais falta hoje no mundo: respeito, tolerância, solidariedade e amor.
Primeiro EP da banda lançado em 2000 revelado num sonho |
Este primeiro disco da Unno foi, dentro da estória, responsável por uma onda de solidariedade que conectou todos os fãs e até mesmo as pessoas que não curtiam as músicas da banda. A transformação social a partir da Reinvenção do Amor foi algo comovente, porque ajudou a salvar muitas vidas, engajou ONGs, mobilizou pessoas em campanhas de solidariedade e uniu os diferentes em nome de um bem maior. Dando um spoiler da história, o irmão caçula da Ellie foi salvo por uma doação de medula graças justamente a essa campanha, mostrando que quando as pessoas se unem por um ideal, é muito mais fácil alcançá-lo. Pois como bem questionou Bob Marley certa vez: "se todos nós dermos as mãos, quem sacará as armas?"
Férias da banda desenhada à mão em 2003 |
O legado da Unno
O motivo de ter escrito este post em meio à turbulência política que estamos vivendo foi justamente porque há algumas semanas atrás eu sonhei que estava assistindo a um show da Unno em Salvador, onde a banda se reuniu novamente oito anos após o seu fim para homenagear o mestre Moa do Katendê e todas as vítimas da intolerância e do fascismo que tem crescido sem controle no Brasil. Foi incrível ver meus próprios personagens ao vivo pedindo para que as pessoas abracem a causa que eles sempre defenderam: o diálogo, a diplomacia, a cordialidade, o respeito e a solidariedade. Eu sinto como se a Unno, seus integrantes e todas as ideias que ela defende estivessem vivos de verdade dentro de mim. Daí me vi na obrigação de divulgar tudo isso como forma de mostrar a necessidade urgente que há de se criar um fio condutor social baseado na solidariedade e no respeito mútuo. Precisamos reinventar o amor e a nós mesmos também.
Nos discos seguintes ao fabuloso A Reinvenção do Amor, o tom mudou um pouco e banda ficou menos pop e mais rock n roll. O segundo disco, o Ideias Profanas, lançado em 2004, foi considerado o álbum mais "esquerdista" da história do rock devido às suas críticas ácidas ao capitalismo, às religiões, ao patriarcado, ao racismo, à heteronormatividade, aos plutocratas e ao pensamento reacionário que hoje virou moda no Brasil. O som havia ficado muito mais pesado com uma pegada mais punk/hard rock, ressaltando lado rebelde da banda. Este segundo álbum foi produzido por uma gravadora independente nos Estados Unidos, porque a gravadora brasileira que produziu o primeiro disco (a Pop Records) o considerou "antipop" e "subversivo demais" para ser viável comercialmente. E, de fato, este álbum vendeu muito menos que o primeiro, até porque suas canções foram muito boicotadas pelas rádios e pela televisão devido às suas críticas perigosas ao sistema.
O terceiro e o quarto disco (de 2006 e 2008, respectivamente) seguiram por um caminho mais alternativo, com um rock mais refinado, mas mantendo a pegada pop do primeiro álbum por razões comerciais. No final de 2008, Ellie deixou a banda para seguir carreira solo. Em 2009, Klindo, o personagem mais polêmico e carismático da história, deixou a banda após muitas brigas e confusões mundo afora (vou escrever um post só sobre ele, porque ele merece). E em 2010, Tom Pelegrini, o coração da banda, deixou a Unno para tratar de um câncer na tireoide, o que causou o fim da banda. E agora, em 2018, eles resolveram se reunir no meu sonho (à exceção do Klindo que hoje mora nos EUA) para trazer uma mensagem de esperança e amor para a humanidade. É por isso que eu digo que a Unno foi a maior banda de rock que jamais existiu.
Namastê!
É disso que eu estou falando! |
domingo, 23 de dezembro de 2018
Como eu lido com a dor do lado na barriga na corrida
Uma das coisas mais incômodas para quem está começando a correr é aquela famigerada dor do lado na barriga após um esforço físico mais intenso. Essa dorzinha chata também conhecida como "dor de veado" ou "dor de facão" pode surgir por diversas razões, mas a razão principal pela qual ela me incomodava era a respiração errada. Essa dor é uma espécie de "cãibra" ou "fadiga" nos músculos do abdômen e no diafragma por estarmos respirando de forma muito descompassada ou rápida demais. Essa dor me atacava frequentemente no início, quando eu estava saindo do sedentarismo e começando a correr. Hoje, ela só aparece quando faço um ritmo de corrida muito forte ou quando respiro de forma errada. Neste caso, a solução é simples, basta que eu reduza a intensidade da corrida e passe a respirar mais devagar pelo nariz e pela boca ao mesmo tempo. A hiperventilação devido à baixa oxigenação é a causa central dessa dor chata que sempre senti ao correr desde criança.
Enfim, agora que eu aprendi a colocar essa dor no seu devido lugar, o único obstáculo aos meus treinos e corridas recreativas é o meu preparo físico. Sei que pode parecer muita pretensão para um iniciante, mas eu espero passar o resto da vida correndo e um dia disputar nem que seja uma grande maratona. E olha que eu detestava correr, achava a corrida desconfortável, cansativa demais e dolorida. Já hoje, que o bichinho da corrida me picou, não quero nunca mais parar de correr. Se você tem saúde pra correr, se dê uma chance e experimente o quão incrível é passar horas saltitando a altas velocidades por aí. Correr é bão demais da conta.
sexta-feira, 14 de dezembro de 2018
Liberte-se do sedentarismo!
Quando terminei o ano de 2017, eu tinha em mente dois objetivos: o primeiro era de emagrecer e o segundo era de sair do sedentarismo. Agora, ao final de 2018, apesar de sido um ano horrível em quase todos os sentidos, pelo menos posso me gabar de ter atingido essas duas metas. Com mudanças simples na minha alimentação e com a retomada de atividades físicas regulares, emagreci 14 quilos em menos de 12 meses, reduzi todas as minhas taxas (glicose, colesterol e triglicerídeos), minha pressão arterial está controlada, melhorei meu humor, voltei a usar roupas que não cabiam mais em mim, não adoeci durante todo o ano de 2018 (e olha que pegava um resfriado todo mês) e até a minha caspa acabou. Mas nem tudo são flores, tudo isso foi a custo de assaduras, bolhas, calos, canelites, tombos, dores, cãibras e alguns machucados. Se não fosse por disciplina, foco, paciência e determinação, eu jamais chegaria onde cheguei. Hoje, com uma média de 300 horas de atividade física moderada e intensa por semana, deixei o sedentarismo para trás (e para sempre, eu espero). Minhas atividades físicas libertadoras foram a caminhada, a corrida e o ciclismo. E agora que peguei o embalo, pretendo ir cada vez mais longe.
Eu escrevi este post para tentar estimular as pessoas que estão sedentárias a saírem de cima do sofá ou da frente do computador para que comecem a ter uma vida mais ativa e saudável. Os benefícios da atividade física regular são enormes para o corpo e para a mente. Se você está parado, dê prioridade a sua atividade física favorita e comece a praticá-la hoje mesmo. Não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje. Três horinhas de exercícios por semana e a sua vida terá uma melhora fabulosa. Faça um check-up se você pretende começar com uma atividade aeróbica, procure um personal trainer e se entregue de corpo e alma ao prazer de correr, pedalar, jogar, nadar, surfar... Não deixe para depois, porque você vai se arrepender de não ter começado antes.
Enfim, publicarei futuramente algumas dicas para quem quer começar a correr e a andar de bicicleta. Eu, que sou um atleta iniciante, sei muito bem das dificuldades que a gente tem no começo e posso compartilhar informações preciosas para ajudar quem está começando. Mas não espere por mim, porque o primeiro passo tem que ser seu.
Namastê!
quinta-feira, 13 de dezembro de 2018
É nisso que dá votar na direita
Se você não vive no mundo da Lua, já deve ter percebido que a quantidade de escândalos de corrupção envolvendo o clã Bolsonaro não para de crescer. O "mito" nem assumiu ainda e é escândalo para um lado, trambicagens para outro e nem a imprensa mainstream está perdoando o futuro governo. Bolsonaro, MBL, Olavo de Carvalho e demais espertalhões da ala neoconservadora estão mostrando ao Brasil e ao mundo o quão deplorável é a nossa direita. E eu não afirmo isso apenas baseado nas trapalhadas do futuro governo, mas principalmente porque a direita, de um modo geral, não dá a mínima para a maioria da população. A direita atende aos interesses dos patrões, dos donos dos meios de produção, dos latifundiários, dos banqueiros, dos rentistas, dos especuladores e das grandes corporações. Quem defende o meu direito, o seu direito, os direitos dos mais pobres, os direitos das minorias oprimidas e os direitos dos trabalhadores é a esquerda. Tudo se resume sempre a essa guerra de classes, a esse conflito de interesses. Já essa história de culpar só a esquerda pela corrupção é uma tolice pueril fruto do antipetismo patológico induzido pela mídia de massa e por setores reacionários da sociedade. A corrupção está em todos os lugares, até mesmo no setor privado e na direita que vem perdendo o seu véu de santidade. E a maior corrupção que existe é o esquema de pirâmide sustentado pela dívida pública. A renda que é
Se você está de mal com o PT, não faça mais a loucura de votar na direita. E quando digo 'direita', não me refiro necessariamente a partidos, mas a planos de governo. Nenhum trabalhador tem a ganhar com teto de gastos, com privatizações, com entrega do patrimônio público e com o enriquecimento de castas privilegiadas. O pobre nunca vai ficar menos pobre enquanto o rico ficar mais rico. Esqueçam essa bobagem de Estado mínimo, de entreguismo e de que imposto é roubo. Vote sempre em quem tem compromisso com as suas causas, com a sua luta e com os seus direitos.
quarta-feira, 12 de dezembro de 2018
A prova de que os fantasmas não existem
Uma das coisas que mais me assustava quando eu era criança eram as histórias envolvendo fantasmas, espíritos, vultos e assombrações. Durante muitos anos da minha infância e até mesmo durante parte da minha adolescência eu tinha pesadelos frequentes com essas coisas. Mas quando cheguei à idade adulta, perdi todos os meus medos de fantasmas devido a um fato muito simples: nenhuma entidade extracorpórea pode coexistir com a lei da gravidade.
Ora, pare e pense no seguinte: os fantasmas têm peso? As respostas só podem ser sim ou não. Se sim, então eles têm um problema muito sério. No caso dos fantasmas possuírem peso, eles são atraídos para o centro da Terra com a mesma intensidade que tudo à nossa volta também é. Se, neste caso, os fantasmas forem capazes de interagir com a matéria (poltergeists), eles teriam que ser obrigatoriamente detectáveis fisicamente: coisa que nunca aconteceu na história. Fantasmas com peso e que interagem com a matéria obrigatoriamente seriam feitos de matéria bariônica e, assim sendo, não poderiam sequer ser considerados fantasmas, porque eles estariam tão vivos quanto nós por serem materiais. Deste modo, eles seriam considerados seres vivos ou, na pior das hipóteses, zumbis.
Agora se os fantasmas possuírem peso e não forem capazes interagir com a matéria (sendo capazes de atravessar paredes e portas, por exemplo), sendo formados por alguma matéria exótica qualquer como a matéria escura, por exemplo, então eles seriam puxados diretamente para o centro da Terra e ficariam presos por lá. Então ter peso não é compatível com as histórias de fantasmas que ouvimos por aí.
Agora, se os fantasmas não possuem peso, aí que a coisa fica complicada. Isso porque se algo não possui massa, não é atraído pelo nosso planeta. E como o planeta Terra está girando em torno do Sol - assim como o nosso sistema solar está girando em torno da Via Láctea e como a nossa galáxia está em movimento contínuo a velocidades altíssimas pelo universo - isso obrigaria os fantasmas sem peso a terem que voar nas mesmas velocidades e nas mesmas direções do nosso planeta permanentemente. Isso também não é compatível com a lógica, porque corpos pequenos, ainda que "espirituais", não têm condições de se manter estáveis pelo universo se movendo a velocidades astronômicas.
É por isso que não acredito em fantasmas de jeito nenhum. Casas mal-assombradas, vultos, sons estranhos, calafrios fantasmagóricos: tudo isso não passa de imaginação e crendice popular. Pode até existir uma vida além dessa, mas com certeza ela não fica perambulando por aí dando sustos nas pessoas e se escondendo de câmeras e de laboratórios. Se as almas penadas existem, quero que elas apareçam no meio do Maracanã lotado, com todas as câmeras registrando definitivamente suas existências. Mas isso nunca irá ocorrer porque fantasmas não passam de subprodutos de mentes humanas que têm medo da morte.
Namastê.
segunda-feira, 10 de dezembro de 2018
Os fantasmas sumiram?
Alguns leitores podem estar estranhando a minha baixa frequência de postagens nas últimas semanas. Essa baixa assiduidade tem ocorrido devido a três motivos básicos: falta de tempo, falta de ânimo para escrever e, para completar, meu PC pifou. Mas como não consigo deixar de escrever por muito tempo, vira e mexe posto algo novo.
Hoje, como nos velhos tempos, resolvi deixar a política de lado para tratar sobre um assunto muito debatido no início deste bloguinho: o ceticismo. O que me motivou a escrever este post foi uma conversa que tive há alguns dias com um amigo sobre o sobrenatural. Depois de uma conversa breve, disse a ele que não acredito em nada de sobrenatural. A justificativa para isso é que aliens, fantasmas, fadas e anjos deixaram de existir subitamente após a chegada dos smartphones. Não existe uma filmagem ou fotografia decente, clara e nítida desses supostos seres sobrenaturais. Tudo que foi registrado até hoje nesse sentido ou foi fraude, ou não havia qualquer evidência de que fosse real. E justo agora que quase todo mundo tem uma câmera no bolso, tudo fica ainda mais difícil de se fotografar? Isso não é estranho?
É por isso que eu não levo a sério essas histórias: elas são folclóricas demais pro meu gosto. Acho que ser adulto envolve contestar todas essas crendices infantis. Se não pode ser visto, ouvido, pesado, estudado ou detectado, como posso acreditar que exista?
sábado, 8 de dezembro de 2018
As trapalhadas de um governo que nem começou
Pois é, o governo do Bozo nem começou e já está cheio de escândalos: Bolsolão, Bolsogate, corruptos no governo, brigas internas e declarações bombásticas dos filhos do presidente eleito. Isso tudo só serve para mostrar o caos que o governo do PSL trará ao país. É por tudo isso que o Bolsonaro, como os mais tarimbados em política já perceberam, não passará de um títere babélico das classes dominantes capitalistas. Qualquer deslize, o governo dele será rapidamente desmantelado e deposto pelo poder real, que é o poder econômico.
Porém, o maior risco para o presidente eleito não está na oposição ou na "esquerda" que ele tanto defenestra. O maior risco para o futuro presidente são os oportunistas que estão ao redor dele travestidos de aliados. Devido a sua relação complicada com a imprensa, aos carniceiros ao seu redor e a sua incapacidade de coalizões estáveis, tudo leva a crer que Jair Bolsonaro não terminará seu mandato (ou talvez nem mesmo chegue a tomar posse). Não torço por isso, até porque os que querem passar uma rasteira nele são mais perigosos que o próprio Bolsonaro, mas é o que está se desenhando no horizonte. Já o maior perigo que o Bolsonaro representa para o país é a sua subordinação irresponsável aos gurus da extrema direita e aos interesses autodestrutivos do grande capital. Vamos abrir o olho.
quarta-feira, 28 de novembro de 2018
Havia um país no lugar do Brasil
Sendo franco, eu confesso que jamais teria como imaginar que após os governos de social-democracia petista poderíamos ter um retrocesso tão gigantesco politicamente falando no Brasil. Desde o regime militar que não vivemos um momento tão nefasto. Estamos atravessando um período inacreditável de derrotas consecutivas para o povo e para o país com todas essas reformas neoliberais, com o predatismo total do mercado, com a entrega das nossas riquezas e com a politização explícita do poder judiciário visando favorecer os interesses das oligarquias. O mais grave disso tudo, ao meu ver, é a politização à extrema-direita do judiciário, porque ela serve de base para legitimar todas as políticas pró-imperialismo. Veja o caso do lawfare contra o Partido dos Trabalhadores, por exemplo. Lula foi condenado por um "triplex" que nunca foi dele e será condenado simplesmente por ter usado um sítio que comprovadamente também nunca foi dele. Todas essas condenações contra o ex-presidente foram fundamentadas em delações sem provas, em ilações ideológicas do MP e em um julgamento totalmente parcial com finalidade claramente eleitoral. Dilma Rousseff e Fernando Haddad também já estão sendo ameaçados de terminar da mesma maneira que o Lula simplesmente por serem oposição ao sistema. Enquanto isso, os tucanos grandes continuam totalmente impunes: Aécio, Serra, Alckmin, FHC, Richa, etc. E, como golpe de misericórdia, o pior candidato possível à presidência da república vence as eleições de forma suja, covarde e ilegal, com fake news financiadas por caixa 2 e, claro, ninguém toma providência alguma sobre isso.
Quanto ao ex-presidente Lula, infelizmente, não tenho boas notícias. Ele será condenado pelo processo do sítio de Atibaia e por outros que ainda virão e ficará, no mínimo, uns 20 anos preso. É um jogo ridículo de cartas marcadas onde o julgamento é pura encenação para dar um ar de legalidade ao lawfare. Se depender da nossa elite de rapina e dos nossos generais reaças, Lula apodrecerá na cadeia. Portanto, Lula só sairá da cadeia vivo (isso se sair) de três formas: ou vivendo mais uns 30 anos (e olhe que ele já tem 73); ou através de uma insurreição popular (que duvido que ocorra); ou através de uma crise econômica brutal que obrigue a elite a repensar na volta do PT. Mas, honestamente falando, não vejo possibilidades reais do Lula deixar a cadeia. Nem a ONU, nem o prêmio Nobel e nem movimentos de apoio internacional serão capazes de derrotar o ódio da classe média, o lawfare e a sovina burra das nossas classes dominantes. Se as coisas derem muito certo, o melhor que poderá ocorrer é que o ex-presidente tenha direito à prisão domiciliar em caso de agravamento de suas condições de saúde.
Infelizmente, o Brasil deixou de ser grande e virou uma neocolônia dos EUA sem identidade, sem moral e sem ordem ou progresso. Voltaremos a ser um país extrativista com mão de obra semiescrava que prefere se humilhar diante das grandes potências em troca do enriquecimento da nossa elite financeira. Por isso, eu recomendo que quem tiver condições deixe o Brasil enquanto há tempo. Há países bem mais civilizados que o nosso que não foram infectados pela praga neoliberal, tais como Canadá, Austrália, Uruguai, Portugal, Finlândia, Alemanha, Noruega e até mesmo a Rússia. O nosso novo (ou seria velho?) lema será: Brasil, ame-o ou deixe-o. Está na hora de se decidir.
domingo, 25 de novembro de 2018
Melhores memes da Barbie reaça
Para essa semana não passar em branco, vou deixar alguns memes hilários tirados das páginas das Barbies Fascistinhas que debocham dos argumentos reacionários e tragicômicos que a nossa classe
terça-feira, 20 de novembro de 2018
O discurso histórico de Requião
Ultimamente, tenho me sentido desmotivado a falar sobre política diante de tantas barbaridades que o atual e o futuro governo estão colocando em prática desde o fim das eleições. Portanto, ao invés de escrever mais um post de minha autoria, hoje vou 'terceirizar' o texto. Vou deixar a seguir um discurso histórico feito pelo senador Roberto Requião (MDB-PR) onde ele diz simplesmente tudo que eu gostaria de ter dito sobre o nosso atual momento político, especialmente sobre a Operação Lava Jato. Neste discurso, o senador enfatiza que nenhum país do mundo se suicida economicamente para tentar combater a corrupção. Se duvida, olhe o que a Lava Jato e seus desdobramentos fizeram com as nossas indústrias de carnes e de construção, por exemplo...
É uma pena que os paranaenses não tenham o reelegido, porque Requião é um dos homens públicos mais preparados que conheci na vida. Sua lucidez e sua inteligência são um farol nesta escuridão de ignorância que estamos vivendo nos tempos atuais.
Segue, na íntegra, a fala do senador publicada no 247:
"Lava Jato, trair a Pátria não é crime? Vender o país não é corrupção?
O juiz Sérgio Moro sabe; o procurador Deltan Dallagnol tem plena ciência. Fui, neste plenário, o primeiro senador a apoiar e a conclamar o apoio à Operação Lava Jato. Assim como fui o primeiro a fazer reparos aos seus equívocos e excessos.
Mas, sobretudo, desde o início, apontei a falta de compromisso da Operação, de seus principais operadores, com o país. Dizia que o combate à corrupção descolado da realidade dos fatos da política e da economia do país era inútil e enganoso.
E por que a Lava Jato se apartou, distanciou-se dos fatos da política e da economia do Brasil?
Porque a Lava Jato acabou presa, imobilizada por sua própria obsessão; obsessão que toldou, empanou os olhos e a compreensão dos heróis da operação ao ponto de eles não despertarem e nem reagirem à pilhagem criminosa, desavergonhada do país.
Querem um exemplo assombroso, sinistro dessa fuga da realidade?
Nunca aconteceu na história do Brasil de um presidente ser denunciado por corrupção durante o exercício do mandato. Não apenas ele. Todo o entorno foi indigitado e denunciado. Mas nunca um presidente da República desbaratou o patrimônio nacional de forma tão açodada, irresponsável e suspeita, como essa Presidência denunciada por corrupção.
Vejam. Só no último o leilão do petróleo, esse governo de denunciado como corrupto, abriu mão de um trilhão de reais de receitas.
Um trilhão, Moro!
Um trilhão, Dallagnoll!
Um trilhão, Polícia Federal!
Um trilhão, PGR!
Um trilhão, Supremo, STJ, Tribunais Federais, Conselhos do Ministério Público e da Justiça.
Um trilhão, brava gente da OAB!
Um trilhão de isenções graciosamente cedidas às maiores e mais ricas empresas do planeta Terra. Injustificadamente. Sem qualquer amparo em dados econômicos, em projeções de investimentos, em retorno de investimentos. Sem o apoio de estudos sérios, confiáveis.
Nada! Absolutamente nada!
Foi um a doação escandalosa. Uma negociata impudica.
Abrimos mão de dinheiro suficiente para cobrir todos os alegados déficits orçamentários, todos os rombos nas tais contas públicas.
Abrimos mão do dinheiro essencial, vital para a previdência, a saúde, a educação, a segurança, a habitação e o saneamento, as estradas, ferrovias, aeroportos, portos e hidrovias, para os próximos anos.
Mas suas excelentíssimas excelências acima citadas não estão nem aí. Por que, entendem, não vem ao caso…
Na década de 80, quando as montadoras de automóveis, depois de saturados os mercados do Ocidente desenvolvido, voltaram os olhos para o Sul do mundo, os governantes da América Latina, da África, da Ásia entraram em guerra para ver quem fazia mais concessões, quem dava mais vantagens para “atrair” as fábricas de automóveis.
Lester Turow, um dos papas da globalização, vendo aquele espetáculo deprimente de presidentes, governadores, prefeitos a oferecer até suas progenitoras para atrair uma montadora de automóvel, censurou-os, chamando-os de ignorantes por desperdiçarem o suado dinheiro dos impostos de seus concidadãos para premiarem empresas biliardárias.
Turow dizia o seguinte: qualquer primeiroanista de economia, minimamente dotado, que examinasse um mapa do mundo, veria que a alternativa para as montadoras se expandirem e sobreviverem estava no Sul do Planeta Terra. Logo, elas não precisavam de qualquer incentivo para se instalarem na América Latina, Ásia ou África. Forçosamente viriam para cá.
No entanto, governantes estúpidos, bocós, provincianos, além de corruptos e gananciosos deram às montadoras mundos e fundos.
Conto aqui uma experiência pessoal: eu era governador do Paraná e a fábrica de colheitadeiras New Holland, do Grupo Fiat, pretendia instalar-se no Brasil, que vivia à época o boom da produção de grãos.
A Fiat balançava entre se instalar no Paraná ou Minas Gerais. Recebo no palácio um dirigente da fábrica italiana, que vai logo fazendo numerosas exigências para montar a fábrica em meu estado. Queria tudo: isenções de impostos, terreno, infraestrutura, berço especial no porto de Paranaguá, e mais algumas benesses.
Como resposta, pedi ao meu chefe de gabinete uma ligação para o então governador de Minas Gerais, o Hélio Garcia. Feito o contanto, cumprimento o governador: “Parabéns, Hélio, você acaba de ganhar a fábrica da New Holland”. Ele fica intrigado e me pergunta o que havia acontecido.
Explico a ele que o Paraná não aceitava nenhuma das exigências da Fiat para atrair a fábrica, e já que Minas aceitava, a fábrica iria para lá.
O diretor da Fiat ficou pasmo e se retirou. Dias depois, ele reaparece e comunica que a New Holland iria se instalar no Paraná.
Por que?
Pela obviedade dos fatos: o Paraná à época, era o maior produtor de grãos do Brasil e, logo, o maior consumidor de colheitadeiras do país; a fábrica ficaria a apenas cem quilômetros do porto de Paranaguá; tínhamos mão-de-obra altamente especializada e assim por diante.
Enfim, o grande incentivo que o Paraná oferecia era o mercado.
O que me inspirou trucar a Fiat? O conselho de Lester Turow e o exemplo de meu antecessor no governo, que atraiu a Renault, a Wolks e a Chrysler a peso de ouro e às custas dos salários dos metalúrgicos paranaenses, pois o governador de então chegou até mesmo negociar os vencimentos dos operários, fixando-os a uma fração do que recebiam os trabalhadores paulistas.
Mundos e fundos, e um retorno pífio.
Pois bem, voltemos aos dias de hoje, retornemos à história, que agora se reproduz como um pastelão.
O pré-sal, pelos custos de sua extração, coisa de sete dólares o barril, é moranguinho com nata,, uma mamata só!
A extração do óleo xisto, nos Estados Unidos, o shale oil , chegou a custar até 50 dólares o barril;
o petróleo extraído pelos canadenses das areias betuminosas sai por 20 a 30 dólares o barril; as petrolíferas, as mesmas que vieram aqui tomar o nosso pré-sal, fecharam vários projetos de extração de petróleo no Alasca porque os custos ultrapassavam os 40 dólares o barril.
Quer dizer: como no caso das montadoras, era natural, favas contadas que as petrolíferas enxameassem, como abelhas no mel, o pré-sal. Com esse custo, quem não seria atraído?
Por que então, imbecis, por que então, entreguistas de uma figa, oferecer mais vantagens ainda que a já enorme, incomparável e indisputável vantagem do custo da extração?
Mais um dado, senhoras e senhores da Lava Jato, atrizes e atores daquele malfadado filme: vocês sabem quanto o governo arrecadou com o último leilão? Arrecadou o correspondente a um centavo de real por litro leiloado.
Um centavo, Moro!
Um centavo, Dallagnoll!
Um centavo, Carmem Lúcia!
Um centavo, Raquel Dodge!
Um centavo, ínclitos delegados da Policia Federal!
Esse governo de meliantes faz isso e vocês fazem cara de paisagem, viram o rosto para o outro lado.
Já sei, uma das razões para essa omissão indecente certamente é, foi e haverá de ser a opinião da mídia.
Com toda a mídia comercial, monopolizada por seis famílias, todas a favor desse leilão rapinante, como os senhores e as senhoras iriam falar qualquer coisa, não é?
Não pegava bem contrariar a imprensa amiga, não é, lavajatinos?
Renovo a pergunta: desbaratar o suado dinheiro que é esfolado dos brasileiros via impostos e dar isenção às empresas mais ricas do planeta é um ou não é corrupção?
Entregar o preciosíssimo pré-sal, o nosso passaporte para romper com o subdesenvolvimento, é ou não é suprema, absoluta, imperdoável corrupção?
É ou não uma corrupção inominável reduzir o salário mínimo e isentar as petroleiras?
Será, juízes, procuradores, policiais federais, defensores públicos, será que as senhoras e os senhores são tão limitados, tão fronteiriços, tão pouco dotados de perspicácia e patriotismo ao ponto de engolirem essa roubalheira toda sem piscar?
Bom, eu não acredito, como alguns chegam a acusar, que os senhores e as senhoras são quintas-colunas, agentes estrangeiros, calabares, joaquins silvérios ou, então, cabos anselmos.
Não, não acredito.
Não acredito, mas a passividade das senhoras e dos senhores diante da destruição da soberania nacional, diante da submissão do Brasil às transnacionais, diante da liquidação dos direitos trabalhistas e sociais, diante da reintrodução da escravatura no país…. essa passividade incomoda e desperta desconfianças, levanta suspeitas.
Pergunto, renovo a pergunta: como pode um país ser comandado por uma quadrilha, clara e explicitamente uma quadrilha, e tudo continuar como se nada estivesse acontecendo?
Responda, Moro.
Responda, Dallagnoll.
Responda, Carmem Lúcia.
Responda, Raquel Dodge.
Respondam, oh, ínclitos e severos ministros do Tribunal de Contas da União que ajudaram a derrubar uma presidente honesta.
Respondam, oh guardiões da moral, da ética, da honestidade, dos bons costumes, da família, da propriedade e da civilização cristã ocidental.
Respondam porque denunciaram, mandaram prender, processaram e condenaram tantos lobistas, corruptores de parlamentares e de dirigentes de estatais, mas pouco se dão se, por exemplo, lobistas da Shell, da Exxon e de outras petroleiras estrangeiras circulem pelo Congresso obscenamente, a pressionar, a constranger parlamentares em defesa da entrega do pré-sal, e do desmantelamento indústria nacional do óleo e do gás?
Eu vi, senhoras e senhores. Eu vi com que liberdade e desfaçatez o lobista da Shell, semanas atrás, buscava angarias votos para aprovar a maldita, indecorosa MP franqueando todo o setor industrial nacional do petróleo à predação das multinacionais.
Já sei, já sei…. isso não vem, ao caso.
Fico cá pensando o que esses rapazes e essas moças, brilhantíssimos campeões de concursos públicos, fico pensando…..o que eles e elas conhecem de economia, da história e dos impasses históricos do desenvolvimento brasileiro?
Será que eles são tão tapados ao ponto de não saberem que sem energia, sem indústria, sem mercado consumidor, sem sistema financeiro público, para alavancar a economia, sem infraestrutura não há futuro para qualquer país que seja? Esses são os ativos imprescindíveis para o desenvolvimento, para a remissão do atraso, para o bem-estar social e para a paz social.
Sem esses ativos, vamos nos escorar no quê? Na produção e exportação de commodities? Ora…
Mas, os nossos bravos e bravas lavajatinos não consideram o desbaratamento dos ativos nacionais uma forma de corrupção.
Senhoras, senhores, estamos falando da venda subfaturada –ou melhor, da doação- do país todo! Todo!
E quem o vende?
Um governo atolado, completamente submerso na corrupção.
E para que vende?
Para comprar parlamentares e assim escapar de ser julgado por corrupção.
Depois de jogar o petróleo pela janela, preparando assim o terreno para a nossa perpetuação no subdesenvolvimento, o governo aproveita a distração de um feriado prolongado e coloca em hasta pública o Banco do Brasil, a Caixa Econômica, a Eletrobrás, a Petrobrás e que mais seja de estatal.
Ladrões de dinheiro público vendendo o patrimônio público.
Pode isso, Moro?
Pode isso, Dallagnoll?
Pode isso, Carmem Lúcia?
Pode isso, Raquel Dodge?
Ou devo perguntar para o Arnaldo?
À véspera do leilão do pré-sal, semana passada, tive a esperança de que algum juiz intrépido ou algum procurador audacioso, iluminados pelos feéricos, espetaculosos exemplos da Lava Jato, impedissem esse supremo ato de corrupção praticado por um governo corrupto.
Mas, como isso não vinha ao caso, nada tinha com os pedalinhos, o tríplex, as palestras, o aluguel do apartamento, nenhum juiz, nenhum procurador, nenhum delegado da polícia federal, e nem aquele rapaz do TCU, tão rigoroso com a presidente Dilma, ninguém enfim, se lixou para o esbulho.
Ah, sim, não estava também no power point….
É com desencanto e o mais profundo desânimo que pergunto: por que Deus está sendo tão duro assim com o Brasil.
*Roberto Requião é senador da República no segundo mandato. Foi governador de estado por 3 mandatos, 12 anos, prefeito de Curitiba, secretário de estado, deputado, industrial, agricultor, oficial do exército brasileiro e advogado de movimento sociais. É graduado em direito e jornalismo com pós graduação em urbanismo e comunicação.
quinta-feira, 15 de novembro de 2018
Desperte o revolucionário que há dentro de você!
Quando eu estava na metade do meu ensino médio, lá pelos meus 16 anos de idade, tive um colega de classe que me disse algo muito marcante. Ele comentou em alto e bom tom algo do tipo: "Se o povo brasileiro tivesse consciência política, o que ocorreu na Revolução Francesa seria uma brincadeira de criança em comparação com o que ocorreria no Brasil, porque a nossa elite é podre". Lembro de ter considerado a fala dele extremista na época, porque eu achava, na minha inocência pueril, que a elite brasileira não era tão má assim. Daí que, recentemente, eu assisti um trecho da entrevista do antropólogo Darcy Ribeiro onde ele declarou algo que reiterou quase que palavra por palavra o que meu colega havia dito. Uma pena que a maior parte do nosso povo acha que a corrupção está somente no Estado e atrelada a um único partido. Porém, a verdade é que os maiores corruptos deste país não são os políticos, são os magnatas donos do capital que possuem o poder real, que é o poder econômico. Os nossos plutocratas nunca foram eleitos para nada e são eles que mandam e sempre mandaram no país. Eles são responsáveis pela corrupção institucionalizada e pelas políticas voltadas para os interesses das minorias ricas. Entra governo e sai governo e quase nada muda porque o problema não está no governo, mas, sim, nesse poder econômico que controla todos os governos.
Tipo de gente que acha que entende de política |
Hoje em dia, os analfabetos intelectuais da web querem equiparar um boçal senil como o Olavo de Carvalho a nomes como Darcy Ribeiro, Jessé Souza ou Paulo Freire. Assim sendo, esses analfabetos políticos colocam toda a culpa dos problemas do país ou no próprio povo (por considerá-lo vira-lata), ou na "esquerda". Aliada a isso, a imprensa burguesa entra como fator decisivo para alienar ainda mais, reforçando essa visão enviesada da realidade e protegendo os reais responsáveis pelo nosso país estar como está. Isso mostra não só como o brasileiro médio é burro e ignorante, mas também como a dominação intelectual exercida pela elite é tremendamente eficiente. A nossa classe dominante é tão covarde e perversa, que além de ser responsável por toda pobreza e violência contra a nossa população, ainda joga a culpa da ditadura civil-militar inteira nas costas dos militares, como se a própria elite não tivesse orquestrado a ditadura de 1964. Os militares foram instrumento de dominação nas mãos dessa oligarquia safada e gananciosa que sempre viu o próprio povo como gado e o próprio país como uma colônia de exploração.
Hora de se rebelar contra o sistema, companheiro! |
Para piorar, tenho visto muita gente minimamente instruída dizendo que torce para que o governo Bolsonaro "dê certo" e que "seja bom". Quem diz que o governo Bolsonaro pode ser bom não sabe o que é um bom governo, não sabe quem é o Bolsonaro e nem sabe o que é política. Não se iluda, jovem camarada, o Brasil só irá mudar através de uma revolução. E se quiser ser parte dessa mudança, terá que despertar o revolucionário que há dentro de você. A elite brasileira jamais irá mudar e continuará insistindo nessa farsa a que chamamos de "democracia burguesa" e que muitos acreditam existir pelo fato de termos uma eleição direta totalmente manipulada para presidente da república. O que há no Brasil é uma plutocracia sangrenta e autocrata. Ou conscientizamos o povo disso e trazemos ele para o nosso lado, ou o final vocês já sabem.
sábado, 10 de novembro de 2018
Pare de votar na direita, seu estúpido!
Eu tenho visto uma enxurrada de bolsominions arrependidos depois de terem descoberto que o ex-herói deles é um bajulador de lobistas e amiguinho de corruptos. Falta de aviso não foi, porque os progressistas denunciaram à exaustão que o Coiso não passava de um boçal à serviço das elites. E aí, para piorar, você olha para o poder legislativo e parece que o povão ainda não se arrependeu de ter votado em massa no que tem de pior na direita, indo desde defensores de ditaduras até ator pornô moralista. O congresso nacional virou um circo, uma zona, pior do que já estava. E a culpa disso é do analfabetismo político da nossa população.
Os reaças alegam (na fantasia delirante deles) que os professores estão "doutrinando" os alunos nas escolas para serem "esquerdistas" – mas, curiosamente, parece que essa suposta "doutrinação" não surtiu qualquer efeito nessas eleições. Se os professores estivessem realmente "doutrinando", com certeza pobre nenhum votaria na direita. Afinal de contas, pobre que vota na direita está pedindo para se ferrar, porque a direita governa para os ricos, para a plutocracia. Bolsonaro, como exemplo máximo disso, vai acabar com tudo que é direito trabalhista, cortar programas sociais, entregar todas as nossas riquezas e, como consequência, vai transformar o nosso país numa colônia moderna dos Estados Unidos e do sistema financeiro internacional. Esse é o modo de funcionamento da direita: ela é predadora dos mais pobres e dos trabalhadores. Quem é trabalhador e vota no PSL, PSC, DEM, PSDB, NOVO e em outros vários partidos de direita está pedindo para se ferrar gostoso. E se você acha que esses partidos não são de direita, desculpa aí, mas você está MUITO mal informado.
Aprenda de uma vez por todas que quem defende os interesses da classe trabalhadora, dos pobres e das minorias é a esquerda. É a esquerda que se preocupa com os menos favorecidos. A direita só se preocupa com lucro, com juros, com dividendos, com liberdade para o patronato explorar, com meritocracia burguesa e em favorecer os mais ricos. Se você é mais um pobre coitado que acha que só a esquerda é corrupta, que o PT "quebrou o Brasil" ou que esquerdista é "um bando de preguiçosos que odeiam a família tradicional", desculpa, mas você é um idiota alienado.
O maior partido progressista do Brasil, o PT, cometeu erros, possui seus corruptos e contradições, mas ainda é o maior partido de esquerda do país. Demonizar o PT é uma forma de demonizar os programas sociais, o nacional desenvolvimentismo, o bem-estar social e a luta sindical pelos trabalhadores. Não podemos abrir mão de uma sociedade menos desigual por mero moralismo seletivo implantado na nossa cabeça pela imprensa burguesa – imprensa essa que é de direita e tem seus interesses. Se não quer mais ser terceirizado, explorado, roubado pelas classes dominantes e pagar tanto imposto para sustentar a elite parasitária, apoie partidos de esquerda e de centro-esquerda. Não há outra saída fora da política. Pare de defenestrar o PT, o PC do B, o PSOL, o PDT, o PSB e o PCO e entenda que apesar dos defeitos desses partidos, são os únicos que ainda possuem alguma preocupação com você, caro trabalhador.
Quem tem que votar na direita são os ricos, ou seja, o pessoal do topo da pirâmide social que mantém seus privilégios e sua riqueza criminosa através da exploração e do roubo da classe que produz riqueza, que é a classe trabalhadora. Especulação e rentismo NÃO geram riqueza, o que gera riqueza é o TRABALHO. Quem trabalha é que gera riqueza, e não quem vive de juros. E num país exageradamente desigual e em desenvolvimento como o nosso, o predatismo das nossas classes dominantes é ainda mais perigoso e atroz. Por isso temos que tomar muito cuidado em quem escolhemos para nos governar.
E você aí que nem trouxa acreditando nesse papo de "meritocracia"... |
E, pelamordedeus, para de se achar rico, cidadão! Se você depende do seu trabalho para receber um salário ou se você paga juros de alguma forma, você é POBRE! Se você se acha rico por ter uma casa própria, por ter um automóvel e por ganhar mais de dez salários mínimos, desculpa, você também é POBRE! Rico é o dono da fábrica, rico é o dono da usina, rico é o dono do banco, rico é o rentista que recebe bilhões em juros e dividendos, rico é o dono da emissora de tevê que diz que o PT é ladrão, rico é o dono de igrejas bilionárias, rico é o dono de grandes propriedades rurais, rico é o magnata que financia campanha de políticos... Essa gente, sim, é rica e não você, pobre trabalhador pagador de impostos. E pobre que vota no candidatos dos ricos está pedindo para sofrer. Ou você acha mesmo que Doria, Witzel, Zema, Mourão, Bolsonaro e MBL estão dando a mínima para você? Acorda, estúpido!
No que o Golpe mudou a sua vida para melhor? |