Neste domingo, dia 30 de junho, milhares de manifestantes foram às ruas em mais de 80 cidades do país em apoio a Moro, Bolsonaro, Lava Jato e reforma da previdência. Ao contrário de muitos amigos progressistas, que classificaram os manifestantes como acéfalos, fascistas e adjetivos piores, acho que a maioria das pessoas que participaram dessa micareta ou são despolitizadas, ou são inocentes úteis (manifestoches). Essas pessoas tiveram a presença no evento legitimada pelo discurso midiático (sobretudo da Globo) de que Moro é um herói vítima de um hacker comunista a serviço do PT. Vale lembrar que o Brasil passou por um processo de 'midiotização' que durou vários anos e motivou os incautos políticos a defenderem os interesses das elites que controlam a imprensa. E mesmo as pessoas de extrema-direita presentes nessas manifestações tiveram seus discursos de ódio tolerados pelos veículos de comunicação de massa que os usaram como marionetes para atingirem seus interesses políticos. Alie a isso a ideia persistente da mídia tradicional de que o Brasil precisa de algum "herói" para nos salvar da corrupção e da impunidade, que o resultado não poderia ser diferente. Como já dizia Bertolt Brecht: "Infeliz a nação que precisa de heróis".
Não precisamos deste tipo de herói. |
Quando precisamos de heróis e a mídia corporativa cria este herói para nós, é normal que haja um sentimento de se estar fazendo militância do "lado certo". Foi assim que ocorreu com Aécio, Cunha, Japonês da Federal, Bolsonaro e, agora, Sérgio Moro. Desnecessário dizer que todos eles não passam de humanos comuns e limitados, sujeitos a erros, deslizes e má conduta. E ao lidarem com essa perspectiva de heroísmo, esses "heróis" acabaram indo além do que normalmente seriam capazes de ir, se queimando por acharem que podiam tudo e que nunca teriam suas falcatruas descobertas graças à blindagem da imprensa. O resultado disso é essa tragédia que vemos aí, porque os heróis da direita são realmente muito piores do que eu poderia imaginar. É impressionante como não tem um sequer que se salva.
Abaixo, deixo alguns exemplos desses heróis idolatrados em camisetas e cartazes nas manifestações da nossa classe média iludida:
Precisamos deixar de acreditar em heróis. Super heróis só existem na ficção. Os únicos heróis que deveríamos ter são o bom caráter, a Constituição e a ética da reciprocidade. Humanos não são heróis. E quando são, costumam decepcionar vergonhosamente. Acredite em valores e ideias, e nunca em pessoas que se julgam acima do bem e do mal.
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