quarta-feira, 27 de novembro de 2019

A culpa não era do Gugu


Desde a morte do apresentador Gugu Liberato, no dia 22 de novembro de 2019, que tenho visto uma enxurrada de críticas na internet contra o apresentador vindas de gente que julgava o caráter dele de acordo com o conteúdo dos programas que ele exibia na televisão. Por mais que eu concorde que os programas de auditório brasileiros não acrescentem coisa alguma intelectualmente às pessoas, é preciso admitir que eles nunca tiveram uma proposta educativa. Programas populares de auditório no Brasil existem para atender a dois objetivos principais: o primeiro é entreter e distrair as massas, alienando o povo sobre os verdadeiros problemas. E a segunda razão é para ganhar mais audiência e (consequentemente) mais dinheiro dos anunciantes. Portanto, nessa conjuntura de dominação intelectual da população em nome do lucro, programas inteligentes e que despertem o senso crítico das pessoas nunca poderiam existir.

O sistema e seus plutocratas jamais permitiriam que a imprensa oligárquica que os serve trouxesse conteúdo construtivo para as pessoas. A mídia brasileira jamais vai querer despertar o pensamento crítico nas pessoas pelo simples fato de que o pensamento crítico é uma ameaça à hegemonia da ordem dominante. Se as pessoas começarem a contestar as coisas ao seu redor, elas irão contestar suas crenças, o senso comum, o seu papel no mundo e o sistema como um todo. A dúvida é a maior inimiga do sistema, porque ela nos liberta das nossas falsas convicções!

É por tudo isso que os programas dominicais de auditório são tão apelativos e sem conteúdo. E a culpa disso não é do Gugu, do Faustão ou do Silvio Santos. A culpa é do sistema. Não culpem o Gugu, culpem o sistema. A guerra dos progressistas não deve ser contra pessoas, mas sim contra a opressão.

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