terça-feira, 14 de abril de 2020

Ciro é o político certo no país errado


Se fosse um político europeu, Ciro Gomes seria um estadista politicamente viável por sua experiência, por sua visão pragmática da realidade e por se mostrar palatável tanto para a burguesia quanto para a população em geral. Apesar do temperamento imprevisível, da inconstância partidária e de seus discursos ambíguos, o ex-presidenciável do PDT seria um social liberal que teria uma carreira mais promissora em solo europeu. O problema de Ciro é que ele nasceu no Brasil. O seu nacional desenvolvimentismo, apesar de ser uma proposta encantadora, não se cria em um país extrativista como o Brasil. Aqui, ou tentamos uma conciliação de classe em períodos estáveis do capitalismo, ou aderimos ao neoliberalismo selvagem para garantir o padrão de vida dos países ricos. A social democracia dos sonhos ciristas não pode existir no Brasil. E, para piorar, você só vence uma eleição presidencial no Brasil se formar uma ampla aliança até com antigos desafetos, coisa que Ciro não está mais disposto a fazer.

A verdade é que, (in)felizmente, Ciro jamais será presidente da república. Enquanto ele atacar simultaneamente a direita e a esquerda para se mostrar superior moralmente a ambos, não terá lado e nem apoio suficiente para nada.

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