quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Não se pode esperar revoluções de uma geração Perdida

 

A partir de 1985, o Brasil e o mundo entraram em uma nova fase. Assistimos desde então o fim da ditadura militar, a volta das eleições diretas, a queda do Muro de Berlim, o fim da União Soviética, o fim da Guerra Fria, a estabilidade na moeda, a popularização dos videogames domésticos, a chegada da internet... A humanidade entrou num raro e longo momento de estabilidade que teve como auge o período de 1992 até 2008. O fato foi que desde 1994 até 2012 o Brasil esteve em um período onde os jovens brasileiros não tiveram maiores preocupações políticas, porque não tivemos guerras, regimes autoritários ou instabilidade monetária. A geração Y, que engloba pessoas nascidas entre 1980 e 2000, acabou crescendo em um ambiente de pouca turbulência geopolítica e onde não era preciso lutar contra quase nada. A geração Z, que inclui as pessoas nascidas desde 2001, também pegou boa parte desse período de "sossego" e uniu-se à geração Y, formando uma única geração que eu vou nomear de Geração Perdida. Por que esse nome "Geração Perdida"? Porque parece que não sabemos de onde viemos, nem quem somos e nem para onde vamos. Eu, por exemplo, nasci em 1983 e faço parte dessa geração que praticamente só brigou por algo dentro dos videogames ou nas caixas de diálogo do Facebook.

Mas o mundo mudou. Foi quando veio a crise global de 2008 que a geração Y mundial começou a ficar desnorteada. Afinal, nunca tinham visto uma crise daquelas proporções ameaçando sua estabilidade que até então era algo natural, praticamente consuetudinária. No caso do Brasil, desde os protestos de 2013 que a coisa começou a desandar. As pessoas estavam reclamando de tudo e ao mesmo tempo de nada naquelas micaretas "antitudo". Devido à despolitização, os jovens então foram feitos de massa de manobra pela imprensa e pelos think tanks na condução das ideologias dominantes presente no imperialismo Euroamericano. O resultado disso culminou com o Golpe Parlamentar de 2016, na eleição de uma criatura fascitoide em 2018 e uma necropolítica piorada graças à pandemia do Coronavírus que explodiu em 2020.

O momento que estamos vivendo é muito preocupante, porque as gerações anteriores que pegaram um mundo dividido pela Guerra Fria e que lutaram contra a ditadura já estão na casa dos 60-70 anos e não possuem mais a juventude e o espírito de mudança necessário para lutar. E as gerações atuais (a tal Geração Perdida) não sabem lutar e nem pelo que lutar. Parecemos espectadores de um mundo à beira do caos onde as redes sociais viraram palco de vaidades e memes que mais parece um Fla-Flu ideológico que não leva a nada. Estamos sem referências, sem armas e esperando uma solução mágica cair do céu. Infelizmente, quem ganha com isso são aqueles que realmente detém o poder, que possuem as armas e que sabem muito bem pelo que lutar. E assim as coisas irão continuar até que o mundo nos mostre que a realidade em que crescemos não passou de um castelo de cartas.

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