segunda-feira, 8 de março de 2021

Fachin: o justiceiro retardatário


Essa decisão atrasada do ministro Edson Fachin de transferir os processos do ex-presidente Lula de Curitiba para Brasília não foi fruto de sua consciência pesada ou de seu aguçado senso de justiça individual. Lembre-se que em política NADA acontece por acaso. A decisão do ministro foi uma ação orquestrada junto à burguesia para proteger Moro e a Lava Jato. Basta lembrar do "Aha uhu, o Fachin é nosso" para saber de que lado ele está. Fachin, diga-se de passagem, não podia tomar uma decisão dessa magnitude sozinho, porque ele poderia, como consequência disso, ter um destino parecido ao do falecido ministro Teori Zavascki. Portanto, entra em cena agora o plano B do lawfare que é condenar Lula em Brasília ou então partir para outras acusações menos estapafúrdias que tornem o ex-presidente inelegível outra vez. E desta vez farão isso tomando cuidado para que nenhum hackerzinho comprove que tudo não passa de política sendo feita dentro do judiciário. A decisão parece (e é, de fato) boa e justa por anular as lambanças da Lava Jato que foram expostas via Intercept e Operação Spoofing. Mas não se iluda: é tudo um jogo de cena. A burguesia canalha desse país prefere dar os anéis a perder os dedos. A nossa elite está dando um passo para trás para depois dar dois para frente. O Golpe de 2016 não foi dado para permitir que Lula volte e desfaça todas as reformas neoliberais. Ou alguém é inocente o bastante para achar que as nossas classes dominantes tiveram um surto de bondade e coerência para permitir a volta do ex-presidente Lula? O Brasil ainda está sob estado de exceção. Olhe como está o mercado financeiro e as variações no dólar que você logo percebe que a nossa plutocracia não está nem um pouco satisfeita com a anulação das condenações da Lava Jato. Isso, claro, sem falar que os militares incrustados no poder preferem que a humanidade seja destruída numa guerra nuclear do que ver Lula de volta na presidência. Portanto, não contem com a volta de Lula em 2022. Ainda há muita água para passar por baixo da ponte.

Enfim, não vejo motivo para comemorar. Pelo menos não por enquanto. 

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