E depois ainda me perguntam por que sou de esquerda

Esse início de 2019 está sendo realmente um dos piores inícios de ano que já vi em minha vida. Bastou que eu ficasse alguns dias sem postar e uma enxurrada de coisas lamentáveis ocorreram durante a minha hibernação. Foi Bolsonaro passando vergonha em Davos; Jean Wyllys precisando deixar o país devido a ameaças; governo paralelo na Venezuela tentando golpear Maduro com apoio dos EUA e agora essa tragédia causada pela Vale em Brumadinho. Sei que pode parecer maniqueísmo barato ou oportunismo, mas se você observar bem, todos esses fatos foram causados diretamente pela direita política. Bolsonaro – o representante máximo da nossa direita fascista – fez o discurso mais relapso e raso possível no Fórum Econômico Mundial na Suíça. Jean Wyllys foi ameaçado de morte por bandidos ligados a milícias que têm ligações com políticos da direita Bolsonarista. Nicolás Maduro está sofrendo uma covarde tentativa de golpe pela oposição entreguista de direita com apoio dos governos fascistoides do Brasil, EUA e Colômbia. E, para completar o desastre, a tragédia ambiental em MG foi resultado direto de uma novela que começou com a privatização da Vale e terminou com a negligência do Estado em fiscalizar e punir empresas que colocam o lucro acima da vida humana e do meio ambiente. Afinal, não é a direita "liberal" que defende o "fim da indústria da multa do Ibama" e que "licenças ambientais atrapalham a indústria"? E depois o problema do país e do mundo é "a esquerda, é "o socialismo", é "o Estado babá" e o "nacionalismo burro". É por isso que tanto me mandarem para Cuba, estou pensando seriamente em um dia ir morar lá.

O que é ser rico?

É realmente lastimável a gente ver a mentalidade rasa do brasileiro médio quando ele fala sobre o que é ser rico na visão dele. O conceito de riqueza para o brasileiro é ligado a acúmulo de capital, luxo, suntuosidade, ostentação, avareza, poder, orgulho, narcisismo, consumismo, morar em mansões, ter limusine, passar férias em hotéis caríssimos na Europa, investir alto no tesouro direto e ainda dizer como a meritocracia é "justa" por viver de renda graças a uma herança milionária. Só que, para mim, isso não é riqueza. Riqueza é ter dignidade, é ter humildade, é ter respeito pelas pessoas, é ter empatia, é usufruir de saúde e educação públicas de qualidade, é ter um emprego que nos pague um salário justo, é ter oportunidade para todos, é viver numa sociedade inclusiva onde todos tenham os mesmos direitos, é ter consciência de classe, é ter a serenidade de viver num país onde não há miseráveis e onde ninguém precise ir para o caminho da criminalidade na ilusão de ter uma vida melhor. Isso, sim, é ser rico. Riqueza é qualidade de vida para todos, para a coletividade – e não só para grupos privilegiados ou só para você. De que adianta ser feliz sozinho em um mundo cão, violento, desigual e injusto? Ser rico é ter nossas necessidades individuais e coletivas atendidas de forma satisfatória como vemos na pirâmide de maslow. Mais que isso não passa de uma ilusão de riqueza, porque para uma pessoa ter coisas demais, outras precisam ter coisas de menos pelo fato dos recursos do planeta serem limitados. Ou todo mundo tem o suficiente para ser feliz e atender suas necessidades fundamentais, ou teremos que lidar desigualdades desnecessárias, injustiças e infelicidade coletiva.

Ser rico é atender a essas necessidades.

Portanto, ao contrário do que muita gente pensa por aí, é possível, sim, que todo mundo seja rico. Basta deixar de ser egoísta, arrogante e individualista. Essa riqueza insustentável do capitalismo só serve para nos frustrar e nos iludir. A verdadeira riqueza é aquela que traz bem-estar e conforto para todos.

A elite brasileira é repugnante

Eu acho, às vezes, que o brasileiro sofre ou de burrice suicida, ou de síndrome de Estocolmo se tratando de conhecimento sobre como age a elite brasileira. É de assustar o tanto de gente que acha por aí que "rico não rouba porque não precisa", que a nossa elite foi "vítima do socialismo do PT" ou que "a desigualdade social (que enriquece ainda mais os ricos) não é o maior problema, mas sim a corrupção". Não se iluda: a nossa oligarquia é uma das mais predatórias e canalhas do mundo. E existem fartas provas disso.
A "flexibilização" de direitos trabalhistas, o ataque contra a previdência social, o avanço dos latifundiários contra os índios, os assassinatos de policiais e bandidos nas favelas, a destruição da biodiversidade, o corte de programas sociais e o congelamento em investimentos públicos são obras diretas ou indiretas das políticas defendidas pela nossa elite econômica.
Os homens que mandam no nosso país – além de saquearem a todos nós através de práticas financeiras cruéis – ainda conseguem ser entreguistas, antipatriotas e conseguiram desviar o foco do problema real para iludir o povo de que o nosso maior problema foi o PT. E além disso, a elite brasileira é também racista, escravista, preconceituosa, machista, detesta o próprio povo e enxerga o país como uma colônia de exploração a ser saqueada até o último centavo. Jair Bolsonaro é a representação sem máscaras dessa elite abjeta, porque além de representar seus interesses econômicos, representa também o seu desprezo por aqueles que lutam por justiça social.

Portanto, se para você os problemas do país são por causa da "esquerda", pode tirar o seu cavalinho da chuva. Pode tratar de ir colocando uma coleira nesse seu ódio macarthista e de começar a ler livros de sociologia e de história para entender quem foi que sempre esteve por trás de toda a patifaria em grande escala que sempre existiu neste país.

Para ajudar a abrir a mente, segue um vídeo esclarecedor com Eduardo Marinho:

Cura hétero existe, olha a prova ai

Como faz tempo à beça que não posto nada engraçado neste bloguinho, hoje resolvi sair da rotina e publicar um post comédia que prova que, diferentemente da cura gay, a cura hétero realmente existe. Se você acha impossível que um homem heterossexual convicto "mude de time", recomendo que ouça os comentários do vídeo abaixo e reveja os seus conceitos.

Nem tudo é o que parece...

Namastê!

Padre Quevedo foi o James Randi brasileiro

Eu tinha um post político importante para ser publicado hoje, porém, como nesta semana morreu o parapsicólogo padre Quevedo, eu não poderia deixar ao menos mencionar a importância dele para a minha formação cética.

O padre Oscar Quevedo, nascido na Espanha e naturalizado brasileiro, tornou-se uma figura pop emblemática na mídia nos casos onde fenômenos sobrenaturais eram colocados à prova. Lembro-me no programa do Ratinho nos anos 90 e também em sua série no Fantástico onde ele desmascarava com grande autoridade todos os charlatões, farsantes, golpistas, mágicos de araque, enganadores e fenômenos que aparentavam ser sobrenaturais. O próprio padre Quevedo mostrava como os truques eram feitos e ensinava as pessoas a terem o mínimo de senso crítico diante de coisas aparentemente inexplicáveis. Eu deixei de acreditar em fantasmas, poltergeists, espíritos obsessores, truques e curas sobrenaturais graças a esse bom velhinho. Eu, inclusive, gostava de compará-lo ao mágico canadense James Randi que fazia o mesmo que ele e ainda oferecia um prêmio de 1 milhão de dólares para quem provasse que possuía poderes sobrenaturais. O único defeito do padre Quevedo é que todo o ceticismo que ele usava contra os charlatões e contra as crendices de outras religiões era posto de lado com relação ao cristianismo. O padre sempre encarava como legítimos os milagres católicos e jamais contestava os dogmas. Tudo bem, isso eu perdoava porque, afinal de contas, ele era um padre. Se fosse cético em tudo sem qualquer duplipensar, ele seria um Christopher Hitchens com sotaque espanhol, mas aí já seria querer demais.

Enfim, apesar dos poréns, eu era muito fã do padre Quevedo. E até hoje eu uso o seu bordão "isso non ecziste" quando me deparo com coisas que não acredito. Descanse em paz, caro Oscar Quevedo. E obrigado por tudo.

Olavo de Carvalho é quem governa o Brasil

Não é novidade nenhuma para os mais ligados em política que agora temos um presidente da república que tem como mentor intelectual um dos maiores conspiracionistas do neoconservadorismo brasileiro, que é o astrólogo embusteiro Olavo de Carvalho. Além da própria família Bolsonaro, temos outros olavetes infiltrados no governo, tais como o chanceler tresloucado Ernesto Araújo, a doida da Damares Alves e o economista aloprado Murilo Resende Ferreira. E a culpa pelos olavetes terem chegado ao poder nem é tanta do Olavo, mas sim da nossa imprensa burguesa que encaminhou o senso comum para as ideias da direita reacionária através do antipetismo. Olavo de Carvalho aproveitou essa onda antipetista, surfou nela e a misturou com mais uns litros de macarthismo e conspiracionismo para fazer com que grande parte das fake news fizesse sentido na cabeça do brasileiro médio despolitizado. O resultado das eleições não poderia ter sido outro. Basta ver que em alguns municípios do sul do país, o presidenciável Fernando Haddad chegou a bater quase 90% de rejeição, enquanto que o candidato apoiador de tortura, homofóbico e racista mal chegou aos 35% de rejeição.

Não seria exagero dizer que foi Olavo de Carvalho quem realmente venceu essas eleições. É o astrólogo da quarta série que indica ministros e aponta os rumos do novo governo baseado em seus delírios fascistoides. Agora as teorias conspiratórias do Olavão serão tratadas como realidade, como se vivêssemos no mundo encantado da direita. Portanto, fazer oposição e este governo é uma obrigação de todos aqueles que prezam pela verdade e pelo conhecimento.