terça-feira, 30 de março de 2021

Golpe furado


Há algo grande e incomum ocorrendo nos bastidores da política brasileira. E a ponta do iceberg dessa crise política está se mostrando através da troca de vários ministros, da demissão simultânea dos três chefes das FFAA, da ameaça de intervenção dos Estados Unidos na nossa crise pandêmica, do assassinato do policial militar que surtou em Salvador, dos protestos explodindo em SP, da véspera de completar 57 primaveras do Golpe de 64... A impressão que dá é que, aproveitando essa turbulência toda, Bolsonaro tentou colocar em prática o seu velho sonho de ser ditador do Brasil – mas houve resistência entre seus (ex) aliados. A ideia de tentar impor um estado de sítio para manter esse verdadeiro genocídio diante da Covid-19 não parece ter ganho simpatia entre o alto comando do braço armado da República. Tudo indica que o negacionista mor do Palácio do Planalto foi para o tudo ou nada na tentativa de ter o controle absoluto e quebrou a cara. Por enquanto, pelo menos.

Esse cenário me lembrou daquela didática partida de blitz entre os campeões de xadrez Judit Polgar e Magnus Carlsen que ocorreu em 2014. Se fôssemos comparar de forma pedagógica com aquela partida, é como se o Bolsonaro tivesse jogado com a agressividade da Judit Polgar pelo controle do centro do tabuleiro e caído diante da sua própria imprudência de tentar um arremate a todo custo. A diferença aqui é que se Bolsonaro fosse um enxadrista, ele não teria a mesma elegância da Judit e nem abandonaria a partida quando sua iniciativa fosse perdida. Ele seguiria jogando até cair diante de um inevitável xeque-mate.

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