É consenso entre os cientistas que, muito provavelmente,
há vida fora desse nosso pálido ponto azul chamado Terra. Isso porque
as leis da física são as mesmas para todo o cosmo e a matéria orgânica
de que somos feitos também é abundante fora da Terra. Some a isso o fato
de que há bilhões de planetas (e luas) potencialmente habitáveis só na
nossa galáxia que a chance de estarmos sós beira o impossível. O
problema é que até hoje nunca detectamos qualquer bioassinatura ou
tecnoassinatura alienígena lá fora – fato este que nos levou ao
famigerado Paradoxo de Fermi. Só que que há um outro fator interessante
nessa história: existe uma chance real de sermos a primeira civilização
(ou uma das primeiras civilizações) da nossa galáxia devido à formação
precoce do nosso planeta com relação à idade "fértil" do universo.
Há um
conjunto de cálculos baseado na taxa de formação de estrelas que nos levam a crer que o universo tornou-se propício
para o surgimento da vida pouco tempo antes do nosso sistema solar se formar há 4,6 bilhões de anos atrás.
Foi há cerca de 8 a 5 bilhões de anos que a metalicidade do universo
atingiu um ponto mínimo para que cadeias de moléculas orgânicas (cadeias carbônicas) se
formassem em quantidades suficientes para a vida como conhecemos surgir.
Essa é, inclusive, uma das melhores respostas para o Paradoxo de Fermi: a
de que estamos sós apenas por enquanto, porque a maioria dos planetas
que um dia abrigarão a vida ainda nem se formaram. Segundo essa
hipótese, não encontramos vida inteligente fora da Terra ainda porque,
simplesmente, chegamos cedo demais para a festa da vida no universo e,
por conta disso, não houve tempo suficiente para que civilizações
galácticas surgissem. Some a isso também o fato de que o universo está
literalmente no início. Os 13,7 bilhões de anos do universo são apenas
uma pequena fração da primeira fase do universo (que é a era das estrelas
de fusão nuclear do hidrogênio) que vai durar até 100 trilhões de anos.
Isso sem falar das eras seguintes (degenerada e dos buracos negros) que
ultrapassarão os 10^100 (um googol) de anos no futuro. Ou seja: 99% da vida do universo ainda está para surgir.
Se
essa hipótese do pioneirismo cósmico estiver correta, isso nos traz uma
grande responsabilidade. Isso porque a espécie humana (ou a espécie que
evoluirá a partir da espécie humana) será a civilização mais antiga e
avançada da galáxia quando outras surgirem. Somos nós que daremos as
boas-vindas às demais formas de vida inteligentes que irão surgir e
teremos, de certa forma, que ajudá-los a superar uma possivelmente
tumultuada adolescência tecnológica, evitando sua autodestruição e
predatismo. Ou poderemos apenas observá-las de longe esperando que a
seleção natural cósmica se encarregue de eliminar civilizações
agressivas demais ou incapazes de respeitar as demais formas de vida. O
que não poderemos fazer de jeito nenhum é agir como superpredadores
galácticos, eliminando formas de vida mais simples. E para isso teremos
antes que começar respeitando as demais formas de vida do nosso próprio planeta,
sejam de nossos irmãos ou mesmo de outros animais. O cérebro mais
evoluído nos dá o poder de enxergar que são as escolhas de nossas ações
que determinam o nosso destino e das demais formas de vida também. Por
isso, sou um defensor incansável da tolerância, do pacifismo, da empatia
e do respeito. Só assim seremos capazes de durar por muito tempo no
cosmo e de ter o privilégio de conhecer e interagir com outras formas de
vida.
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