Após quase quatro anos de ausência, a série Jogos da Minha Vida está de volta neste bloguinho. O último título abordado foi o Halo Combat Evolved lá em 2017. Os outros jogos que também mereceram um lugar nesta série foram The Witcher 3, Life is Strange e Shadow of The Colossus. Neste post, vou mostrar a experiência inesquecível que tive com o jogo de luta mais marcante da minha vida, que foi o The King of Fighters '96 (ou simplesmente KoF 96, para os íntimos).
Como tudo começou
Dia 26 de dezembro de 1996: me recordo bem da data que tive meu primeiro contato com a série KoF. Eu tinha 13 anos de idade. Foi numa festa de aniversário realizada em uma famosa pizzaria da minha cidade que tive a oportunidade de conhecer o jogo de luta que me marcaria mais que clássicos como Mortal Kombat e Street Fighter. Tinha uma área nessa pizzaria cheia de máquinas de fliperama com jogos como Tekken, Cruis'n USA, Metal Slug, Samurai Shodown, Aero Fighters e um game de futebol bem louco. E no meio deles tinha um que o pessoal fazia fila para jogar por ser uma máquina nova. Esse arcade novo era um tal de The King of Fighters '96. Só de olhar para o game, eu já fiquei louco para jogar. Foi paixão à primeira vista. E não deu outra: gastei minha mesada inteira naquela noite comprando fichas para jogar o KoF 96. E como estávamos numa pizzaria, uni o útil ao agradável enquanto rolava um rodízio de pizza de respeito: ora era jogando, ora era comendo pizza. E depois ainda teve bolo, brigadeiro, refrigerante, mais pizza e mais KoF. Eu simplesmente viciei no jogo. E a paixão por aquele game durou por anos.
Todos os times do KoF '96. |
Minhas impressões
O KoF '96 – que era a continuação cronológica dos KoFs '94 e '95 – diferentemente dos demais jogos de luta famosos, te dava a possibilidade escolher 3 lutadores para formar o seu time em um combate de 3 contra 3. E isso, por si só, já era incrível, porque uma fichinha durava mais, já que as lutas tinham, no mínimo, 3 rounds. Você podia adotar estratégias variadas ao montar o seu time, escolhendo personagens mais defensivos, mais ofensivos, mais técnicos, mais resistentes e ainda escolhia a ordem em que eles iriam lutar. Cada personagem daquele jogo era único e incrível, todos eram carismáticos e alguns deles eu conhecia de outros games como Terry e Andy do Fatal Fury e Robert e Ryo do Art of Fighting. A jogabilidade do game era rápida, fluida, fácil e dinâmica. As músicas foram as melhores da série KoF e os cenários eram bem vivos e bonitos. Uma coisa marcante neste KoF em relação aos outros games da série é que ele foi o único que teve um time de três chefes de outros games (Mr. Big, Geese e Krauser). Eu simplesmente adorei isso, porque eu achava esses chefes incríveis desde que assisti o US Mangá Corps na Rede Manchete com os desenhos do Art of Fighting e do Fatal Fury. E outra coisa apelona deste jogo é que quando seu personagem estava com a 'vida baixa', você podia soltar golpes super especiais infinitamente. Vocês não têm ideia do quanto eu apelava contra meus rivais usando isso.
O famoso trio de chefes do KoF '96. |
Como este game marcou a minha vida
No ano seguinte, 1997, eu voltei a jogar este game numa galeria que tinha perto da minha casa que era cheia de fliperamas. Toda sexta-feira de tarde eu levava R$ 5 para a galeria e como a fichinha (no início) custava só 10 centavos, eu comprava logo umas 30. Eu enchia os bolsos de fichas e depois ainda gastava os R$ 2 que sobravam na pastelaria do lado do fliper onde o pastel de vento com refrigerante saia por R$ 2. Era uma alegria. Eu gastei horas e horas jogando vários jogos de arcade naquela galeria, em especial, o KoF 96, que nunca consegui zerar na máquina porque o boss final, um tal de Goenitz, apelava pra dedéu. Pena que alegria de pobre dura pouco e algumas semanas depois, a minha mãe tinha me proibido de ir ao fliperama, porque ela achava que lá só tinha marginal e era ponto de venda de drogas (obviamente não era nada disso). E isso foi um duro golpe para mim. Eu passei o ano de 1997 inteiro (e parte de 1998) louco para jogar este game. Infelizmente, só fui rejogá-lo em 2003, em um emulador para PC chamado Neo Rage X (que, aliás, uso até hoje). Enfim, a solução que encontrei para lidar com a saudade deste game durante os anos seguintes a 1997 foi escrever uma estória nos meus cadernos escolares envolvendo os personagens do jogo e também do meu anime favorito da época: Yu Yu Hakusho. Também fiz revistinhas caseiras baseadas na famigerada revista Herói onde eu fazia um compilado de todas as informações que achava nas revistas de games sobre a série KoF.
Agora imagine você ter 13 anos de idade, ser um apaixonado por games, não ter amigos, não ter nada bacana para fazer na vida e só poder jogar nos finais de semana seu console caseiro por até, no máximo, 1 hora seguida. Quando eu visitava os fliperamas, podia jogar por horas sem ninguém me irritar ou mandar parar (e ainda comia pastel no final, eheh). KoF 96 foi um marco na minha vida de gamer, porque me trouxe um pouquinho de alegria em uma época super difícil onde eu tinha perdido a minha avó, perdi meus amigos na escola, perdi meus amigos do bairro, estava meio deprê, não tinha hobbys, tinha saído do curso de inglês, minha família estava sem grana, tinha parado de fazer viagens... Minha vida estava um lixo e as minhas maiores alegrias na época foram justamente o anime Yu Yu Hakusho (que virei fã até hoje) e esse game maravilhoso chamado The King of Fighters 96. E adicione ao KoF coisas gostosas como pizza, pastel, refrigerante e outras delícias que sempre que falo sobre KoF 96 ativam a minha memória afetiva-sinestésica.
Mas a paixão pelo game não parou por aí. Lembra que eu falei que voltei a jogar o game em 2003 num emulador? Pois é, na virada de 2003 para 2004, já aos 20 anos de idade, eu rompi o ano jogando Neo Geo no emulador do meu primeiro PC que ganhei um dia antes. E foi uma festa, porque foi a família toda reunida (e minha família é grande) fazendo festa pela casa enquanto eu jogava KoF com primos, sobrinhos, amigos e visitantes lá dentro do meu quarto que virou uma verdadeira GameStation. Comecei a jogar na tarde do dia 31 de dezembro e só parei de jogar às 7h da manhã do dia (ou melhor, do ano) seguinte. Fora todas as outras vezes nos anos seguintes que joguei o KoF 96 e outros KoFs no emulador. Posteriormente, também joguei outros KoFs no Playstation e nas GameStations dos shoppings centers. Apesar do KoF 97 e do KoF 98 serem tecnicamente melhores que o 96, o carinho que eu tenho pelo KoF 96 sempre será maior, afinal, ele foi um jogo que marcou a minha vida.
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