quarta-feira, 17 de abril de 2024

O grande problema do aumento da longevidade


Nós estamos vivendo um momento inédito da história humana. Pela primeira vez – graças, em especial, à internet – estamos tendo acesso gratuito a conhecimentos que não eram acessíveis para a maioria de nós no passado. Antes da internet, por exemplo, as pessoas só procuravam os profissionais da área da saúde quando estavam doentes. A medicina era, basicamente, curativa. Com a informação trazida por cientistas e médicos sobre saúde na web, hoje a medicina está se tornando cada vez mais preventiva. 

De cerca de uma década para cá, as pessoas não estão procurando o médico apenas quando ficam doentes ou para fazer exames de rotina, mas estão se preocupando também em ter qualidade de vida para não adoecerem e conseguirem viver mais e melhor. O YouTube e demais redes sociais estão cada vez mais repletos de profissionais de saúde nos ensinando como dormir melhor, como se alimentar melhor, como prevenir o estresse, como gostar de fazer atividade física e como ter uma vida mental mais saudável. Isso tudo tem feito com que as pessoas se cuidem mais desde jovens, porque a mentalidade com relação à saúde está mudando. Alie a isso os avanços da ciência e da tecnologia em produzir novos remédios, novas vacinas, novos tratamentos e cura para doenças antes incuráveis que a expectativa média de vida irá dar um salto significativo nas próximas décadas. 

A vida é uma festa para quem sabe viver.


As pessoas com menos de 50 anos de idade serão as mais beneficiadas por isso, porque ainda são jovens e, no geral, possuem a mente mais aberta a mudanças mais radicais nos seus hábitos de vida que os mais idosos. Afinal, é muito mais fácil você convencer um jovem de 30 primaveras a mudar seus hábitos de vida do que um velho ranzinza de 70 invernos. Além disso, o velho de 70 anos passou mais de meio século judiando da própria saúde com hábitos de vida errados que irão encurtar sua vida. O cigarro é um exemplo disso. É mais fácil convencer um jovem a não fumar do que fazer um velho viciado parar de usar a nicotina que ele consome desde a adolescência.

O que quero dizer com essa conversa toda é que essas gerações que nasceram de 1975 para frente terão um aumento brusco na expectativa média de vida. Atualmente, essa expectativa média de vida é de 76 anos (no Brasil), mas em algumas poucas décadas irá passar facilmente para os 80 ou até 85 anos. O grande problema disso será o impacto na previdência social, que exigirá que as pessoas trabalhem cada vez mais para se aposentar ganhando cada vez menos. Isso sem falar que o número de nascimentos tem caído ano a ano: o que contribui para o envelhecimento geral da população. 

Então a dica que eu dou para aqueles que estão cuidando da saúde física e mental é que cuidem também da sua saúde financeira. Não dá para se garantir apenas na previdência social. Então é preciso ir guardando um dinheirinho todo mês para que ele possa ser útil no futuro. O meu medo é que esses governos neoliberais queiram cortar as aposentadorias e deixem milhares de idosos desamparados como ocorreu lá no Chile. Portanto, o meu conselho de amigo é que a gente se prepare desde cedo para um futuro sombrio e incerto, porque não é todo mundo que vai aguentar trabalhar com mais de 85 anos de idade. 

quarta-feira, 10 de abril de 2024

Afinal, a matemática foi descoberta ou inventada?


Certa vez, Galileu Galilei disse que "a Matemática é o alfabeto que Deus usou para escrever o Universo". Isso porque a matemática funciona muito bem para resolver a maioria dos nossos problemas quotidianos, dando a impressão que foi um grande matemático que projetou o universo. Mas, na realidade, não é bem assim que as coisas são. A matemática é um tipo de linguagem criada pelo ser humano para simplificar a natureza e torná-la acessível a nossas mentes primatas. A matemática é como um mapa de um planeta, porque serve muito bem para nos guiar e para usarmos como referência. Mas o mapa em si não foi descoberto, ele foi inventado por nós, pois se trata de uma aproximação distorcida da realidade. 

Sim, é tudo invenção da nossa mente.


A maior prova de que a matemática foi inventada é que todas as constantes físicas são números "quebrados", números irracionais ou dízimas periódicas compostas. Mesmo usando outras bases numéricas além da decimal, fica muito claro que a natureza não é perfeitamente matemática. O que quero dizer com isso é que se houver vida inteligente em outros planetas, certamente os seres de lá usarão algo parecido com a matemática, mas que não será necessariamente igual a que usamos. O pensamento humano é muito abstrato e isso às vezes pode nos iludir. Se eu falar, por exemplo, que "vi quinze", ninguém vai entender, porque o número quinze sozinho não significa nada. Posso dizer que vi quinze pessoas, quinze pássaros, quinze automóveis, mas falar que viu apenas quinze não faz sentido. Se você parar para pensar, quinze (ou qualquer outro número) não existe objetivamente, trata-se apenas de uma forma simbólica de medir quantidades.

sábado, 30 de março de 2024

Superar o capitalismo não basta


É um erro pueril de alguns companheiros achar que chagas sociais como racismo, sexismo e LGBTfobia irão desaparecer magicamente com o fim do sistema capitalista. É verdade que esses males são agravados pelo sistema de hierarquização social naturalizado pelo capitalismo, mas o preconceito foi algo que sempre existiu desde que os primeiros seres humanos andaram sobre este planeta. Se o foco da luta das esquerdas for apenas combater o capitalismo, cairemos na mesma armadilha que Cuba e União Soviética caíram. Na antiga URSS, a homofobia e o machismo ajudaram a enfraquecer o regime. Já em Cuba, a transfobia até hoje é uma das maiores cicatrizes sociais do passado. Como classe trabalhadora, temos, sim, que incluir as tais pautas identitárias na luta contra o sistema vigente. Afinal de contas, de que adianta viver em um mundo livre da exploração que, em contrapartida, nega direitos e liberdades a grande parte da população? Isso não é um papinho chato de grupos "pós-modernxs". Isso é um alerta de que a luta pela justiça social não acaba com o início de um novo modo de produção. Um mundo sem respeito às diferenças é um mundo muito perigoso e infeliz para se viver. Além disso, se abandonarmos essas causas, estaremos deixando que a ideologia liberal da direita se aproprie delas. A luta de classes não vai triunfar caso não se torne inclusiva. 

Superar o capitalismo não basta. Temos que superar tudo aquilo que nos coloca em guerra contra nós mesmos.

segunda-feira, 25 de março de 2024

A justiça tarda, mas não falha


Finalmente, após longos seis anos, a Polícia Federal prendeu de forma preventiva os principais suspeitos de serem os mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Três homens brancos, cis e hétero infiltrados no Estado Brasileiro que acharam que suas posições políticas e sociais seriam garantia de impunidade – e realmente seriam se o governo federal ainda fosse apoiador de armas, violência, milícias e garimpeiros. Os irmãos Brazão tinham fortes divergências com a vereadora assassinada, porque ela atrapalhava a grilagem de terras em áreas de milícias que formavam a base eleitoral deles. Já o delegado Rivaldo Barbosa deu cobertura e ajudou a proteger os criminosos. 

Todo esse contexto mostra o esquema estrutural de corrupção do Estado e a banalização da violência contra as mulheres, em especial as negras e homossexuais. Espero que os brasileiros das gerações futuras olhem com pena e repúdio para essa falta de humanidade da nossa época. Se o progresso é algo que melhora com o decorrer do tempo, tomara que em um futuro mais próximo do que imaginemos, nenhuma mulher, negra ou lésbica sofra qualquer tipo de violência. E que muito mais espaço de poder dentro das elites seja destinado a todos. Só assim a humanidade terá alguma chance de dar certo.

sábado, 9 de março de 2024

Descanse em paz, Akira Toriyama


Ontem foi um dia muito triste para a cultura pop mundial. Como todos já devem saber, foi anunciada a morte do grande mestre Akira Toriyama, criador da lendária série Dragon Ball. Não foi só o Japão e a cultura pop que perderam um grande gênio, mas o mundo inteiro perdeu uma das mais fantásticas mentes criativas. Só o anime Dragon Ball foi um sucesso absoluto em mais de 80 países, isso sem falar de outros mangás e jogos produzidos pelo Toriyama. O choque com a morte dele foi tão grande que chegou a ser anunciada até no Jornal Nacional. O mais louco é que eu voltei a assistir a série Dragon Ball Z no início deste mês após quase quinze anos sem assistir nenhum anime e, olhando com um olhar mais crítico, concluí que Dragon Ball foi o melhor anime que já assisti tecnicamente falando. As histórias criadas pelo Akira Toriyama eram muito criativas, imprevisíveis e cheias de expectativa. Sem falar dos personagens extremamente carismáticos que influenciaram gerações. Para se ter uma ideia, os criadores de Naruto, One Piece e até Sonic se basearam no Dragon Ball. Até eu me inspirei nos poderes do Goku para escrever uma das letras de uma das minhas músicas favoritas. Meu primeiro mangá foi um mangá do Dragon Ball, eu gastei incontáveis horas assistindo Dragon Ball no SBT e depois Dragon Ball Z na Band, no Cartoon Network e na Globo. Até o banner deste bloguinho tem uma referência ao meme da Igreja Universal do Reino de Goku. Isso sem falar dos inúmeros desenhos que fiz dos personagens do Dragon Ball durante a minha adolescência e dos jogos do anime que joguei no Playstation e no Super Nintendo. Enfim, não há como deixar passar algo que foi tão importante para minha vida e para a vida de milhões de outras pessoas.

Todo respeito e gratidão ao mestre. Descanse em paz, Akira Toriyama.