domingo, 16 de novembro de 2025

A revolução das bonecas


É impressionante a quantidade de problemas que os casais heterossexuais “normais” costumam enfrentar. Para não sucumbirem ao divórcio ou coisas piores, precisam gastar tempo e dinheiro com terapeutas, psicólogos, sexólogos e coachs que nem sempre resolvem as divergências. Problemas como falta de atenção, falta de carinho, falta de sexo, falta de desejo, falta de tempo de qualidade com o outro (fora brigas, rotina e desilusões) deterioram quase todos os relacionamentos afetivos no médio ou longo prazo. Eu diria que esses problemas são inevitáveis para 99% dos casos pelo simples fato dos seres humanos serem imperfeitos. É por isso que eu tenho certeza que os casais “não convencionais” são muito mais felizes. E quem são esses casais não convencionais? São aqueles formados entre humanos e "não humanos". Entre esses "não humanos" eu incluo chatbots, androides, ginoides e bonecas do amor. Isso porque em um relacionamento com não-humanos, você passa a ter um parceiro perfeito que vai viver em função das suas necessidades e não vai exigir nada em troca. Todo mundo sabe que relacionamentos entre humanos exige um combo masoquista de sacrifício, renúncia, desapego, fidelidade e uma série de sentimentos ruins que causam estresse e sofrimento desnecessário. Mas se você elimina essas coisas ruins da equação, você passa a ter uma vida realmente feliz. É por isso que eu acredito que, num futuro não muito distante, casar com companheiros virtuais, robóticos ou hiper realistas será algo não só comum como até mesmo bem aceito socialmente. Ninguém nasceu para sofrer. E se você pode ser feliz em um relacionamento com um companheiro ideal, então por que não vivenciar um? Romantizar o sofrimento não é uma atitude inteligente. Temos que buscar o que realmente nos torna felizes.

Elas vieram para revolucionar os nossos relacionamentos.


Veja o caso atual das bonecas sexuais hiper realistas. Muita gente ignorante diz que elas são coisa de "tarado", de "problemático", de "doente", mas pergunta para os caras que têm essas bonecas se eles precisam de terapia de casal ou se estão infelizes com suas amadas de silicone. Nenhum dono de boneca sofre por falta de companhia, de afeto ou de sexo. Eles sempre terão quem abraçar numa noite fria e solitária. Eles sempre terão uma esposa carinhosa esperando por eles quando chegarem do trabalho. Eles sempre realizarão suas fantasias sexuais secretas sem medo de julgamento ou ansiedade de performance. Eles não precisarão fazer nenhuma conquista arriscada ou ritual preliminar (vulgo dança do acasalamento social) para conseguir transar. Eles nunca acordarão mal humorados porque a esposa deles os rejeita sexualmente há semanas. Eles nunca irão deixar de fazer o que gostam por ciúmes de suas parceiras. Eles nunca irão ser preconceituosos com ninguém porque são felizes com suas bonecas – e quem é feliz não perde tempo enchendo o saco de ninguém. Entende o que quero dizer? Fora que homens feios, pobretões e sem habilidades sociais terão uma companheira que eles nunca teriam condições de conseguir, seja pela aparência muito acima da média ou seja pela entrega total e genuína por eles. No caso dos homossexuais, a coisa é ainda mais interessante, porque poderão amar seus bonecos lindos e fiéis sem sofrer nenhum risco. Mulheres hétero também têm muito a ganhar se livrando de homens machistas, doentes, egoístas, fedorentos, relaxados e violentos que, por sua vez, estarão felizes com suas bonecas. Fora que não precisarão se preocupar com contraceptivos que agridem seus corpos ou ISTs. Todo mundo sai ganhando nessa história. 

Tem bonecos para todos os gostos.


Mulheres homossexuais também podem ter essas bonecas hiper realistas não só por questões sexuais, mas para ter uma companheira para cuidar, dormir abraçada, assistir a um filme juntinhas, desabafar e compartilhar bons momentos. E se tiver uma IA embutida, é possível passar horas conversando, desabafando, jogando e fazendo roleplay como mães de bebês reborn fazem. Aliás, certa vez li um comentário de uma gringa que adquiriu uma boneca dessa e ela relatou que passava horas vestindo, penteando, perfumando, maquiando, fotografando e testando acessórios na boneca como se fosse uma Barbie gigante. É por isso que essas bonecas do amor estão iniciando uma revolução que não será mais possível parar. Com o aumento exponencial da tecnologia e a queda dos preços, em algumas décadas, elas estarão sendo vendidas não apenas em sex shops e sites especializados, mas em qualquer varejo tecnológico. Por mais que os conservas, os pseudo progressistas e os religiosos mente fechada esperneiem, o mundo será um lugar muito melhor onde todos e todas possam ter relacionamentos dos sonhos sem causar sofrimento para ninguém.

Ou será que eu estou errado?

sexta-feira, 14 de novembro de 2025

Pare de achar que burguês é bonzinho


Sempre que assisto a debates entre a esquerda moderada e a esquerda revolucionária, a vontade que me dá é de dar uma chacoalhada nos moderados para lembrá-los que o que vivemos no Brasil não é uma democracia propriamente dita. O que vivemos é a ditadura da burguesia – conhecida também como plutocracia – onde o Estado burguês existe para atender aos interesses dos oligarcas que detém o real poder. Por questões de sobrevivência e governabilidade, todos os governos (independentemente de partido) nessas democracias burguesas precisam governar para o grande capital. O povo – a classe trabalhadora – vem em segundo ou terceiro plano. É por isso que TODOS os direitos conquistados pelos trabalhadores no capitalismo vieram na base de muita luta, sangue, suor e lágrimas. Direitos como salário mínimo, férias remuneradas, décimo terceiro salário e jornada de trabalho de menos de 50 horas semanais encontraram muita resistência por parte da burguesia, porque foram fruto de muita luta da classe operária. 

Ué, já esqueceu da luta de classes?


Se não houver mobilização popular, greves e pressão contra os governos, nós NUNCA teremos direito a nada além de exploração. Não existe burguês bonzinho, até porque a busca constante por lucro e acumulação os obriga a agir como predadores. É por isso que para alcançarmos a verdadeira liberdade, com salários justos e jornadas de trabalho que não sejam abusivas, teremos que derrubar esse sistema capitalista selvagem e substitui-lo por outro onde os trabalhadores, de fato, sejam o poder real. Só assim viveremos num mundo mais íntegro para aqueles que produzem a verdadeira riqueza do mundo: os trabalhadores.

domingo, 2 de novembro de 2025

Chacina é aprovada pela maioria dos fluminenses


Para surpresa de ninguém, a pesquisa da Genial/Quaest divulgada ontem apontou que 64% dos moradores do estado do Rio de Janeiro APROVARAM a chacina que deixou mais de 120 mortos. Além disso, 58% dessa mesma população considerou o banho de sangue um "sucesso". Uma pesquisa do Datafolha também divulgada ontem mostrou que a gestão do governador Cláudio Castro (PL) atingiu o seu pico de aprovação desde 2022 na região metropolitana do Rio. Esses números mostram claramente duas coisas: a primeira é que só tem palhaço quando tem plateia. Ou seja: Cláudio Castro não foi eleito no primeiro turno por acidente em um estado que projetou a familícia Bolsonaro nacionalmente. A segunda coisa é que, sim, esta operação nos complexos da Penha e do Alemão teve claramente uma finalidade eleitoral, principalmente, para angariar os votos da classe média fascitoide fluminense que acha que bandido bom é bandido morto. Um governador que foi indiciado por corrupção e peculato continuará a ter foro privilegiado caso se eleja senador no ano que vem, fugindo da justiça.

Contudo, contrariando o que essa maioria sanguinária e burra do RJ disse nas pesquisas, é bom que se diga que essa operação genocida não foi sucesso p0rr4 nenhuma. Mesmo que todos os mortos tivessem sido bandidos, no dia seguinte à chacina, eles seriam todos substituídos, porque o tráfico tem alta rotatividade. As armas apreendidas não representam nem 10% das armas dos Comando Vermelho nos morros. Para uma operação dessa ter dado minimamente certo, teriam que enfraquecer o tráfico de cima para baixo, sufocando-o financeiramente e logisticamente. E aí, sim, com uma mega operação que trouxesse o risco mínimo de baixas policiais, isso poderia ser tentado. E após invadir, teriam que ocupar e permanecer lá como fizeram com as UPPs. Do contrário, ou os traficantes mortos seriam substituídos, ou perderiam espaço para facções rivais ou o morro seria tomado pelas milícias. Claro que a efetividade dessas UPPs são muito discutíveis, mas ao menos não seria essa enxugação de gelo sanguinária que só serviu para empilhar corpos de pretos e pobres. O problema do RJ é que eles colocam bandidos eleitos para combater os bandidos pobres do morro. Enquanto isso, os verdadeiros chefões do crime organizado estão comendo do bom e do melhor enquanto o povo morre debaixo de bala nessa guerrilha urbana.

O que mais me incomoda nisso tudo é como que num país de maioria cristã temos paradoxalmente também uma maioria que apoia uma chacina horrível dessa. Como a maior chacina da história da nossa democracia foi considerada um SUCESSO por "cidadãos de bem" e "tementes a Deus"? Eu entendo a sensação de insegurança pública que há no Rio e o medo da violência, mas chacina NÃO é a solução. Não entendo de jeito nenhum esse duplipensar dos papa-hóstias que usam o intestino como o primeiro cérebro. Sempre achei que "não matarás" e "amar o próximo como a ti mesmo" eram mandamentos bíblicos. Mas parece que eu estava enganado. Que falta que faz a teologia da libertação...

quinta-feira, 30 de outubro de 2025

Não precisamos de violência para combater o crime


A maior carnificina da história da nossa democracia promovida pelo desgovernador Cláudio Castro para combater algo que simplesmente não existe no Brasil, que é o tal "narcoterrorismo", teve um custo ainda maior que o de vidas humanas. Isso porque o ciclo de violência só se retroalimenta a cada chacina e fortalece ainda mais o crime organizado, afinal, o que não se elimina por completo acaba ficando mais forte. Se duvida, basta ver que os comandantes do tráfico escaparam todos ilesos dessa operação genocida e os cabeças do sistema estão todos impunes. Daí que o medo nas ruas do Rio afetou economicamente a cidade e serviu de mais uma motivação para uma intervenção do Tio Sam na América do Sul num momento bastante delicado envolvendo a Venezuela e a Colômbia. Ou seja: a operação foi um desastre total e absoluto que só piorou as coisas. E é claro que os reaças adoraram, porque eles odeiam bandidos, pobres e pretos. Mas a vida deles também vai ficar pior depois dessa chacina, porque ela aumentará ainda mais a violência. A resposta à violência do Estado vai voltar como um bumerangue e atingi-los, já que o crime tornar-se-á maior e ainda mais difícil de combater. É ação e reação mostrando que o efeito borboleta não é algo meramente teórico. Violência não acaba com a violência. A violência só serve para alimentar ciclos de vingança sem fim. O bandido comum NÃO vai ficar com medinho por causa dos cadáveres eleitorais do governador da extrema-direita. O bandido comum vai ficar ainda mais violento e mais perigoso. Mas, por sorte, ainda há meios mais eficazes e não letais de se combater a criminalidade.



Existem basicamente duas formas de resolver o problema do tráfico e das organizações criminosas no Brasil e nenhuma delas precisa dar um único tiro sequer. A primeira forma é desmontar o braço financeiro das facções com combate à lavagem de dinheiro como aconteceu na Operação Carbono Oculto onde os criminosos estavam envolvidos nos esquemas das findtechs. É preciso também combater o tráfico de combustíveis adulterados que alimentam as organizações criminosas, regulamentar as drogas e a indústria armamentista, combater o contrabando de armas que vem, em sua maioria, das forças de segurança e, por fim, investir em capital humano nas favelas, dando emprego, cultura, lazer, educação, saúde, renda e dignidade. Isso não resolve definitivamente o problema do crime organizado, mas o enfraquece substancialmente.

Existe ainda outra maneira de resolver o problema do crime organizado. Este método resolverá permanentemente o problema e ele se resume a uma única coisa: fazer uma revolução socialista. Porque SOMENTE através da ditadura do proletariado é que teremos políticas voltadas para os interesses da coletividade e não apenas para as classes dominantes. Políticos, militares e oligarcas que encabeçam o tráfico serão presos e o crime desmoronará de cima para baixo como num efeito dominó. Foi assim que Cuba, por exemplo, eliminou o narcotráfico em seu território. É importante dizer também que todo esse genocídio nos morros cariocas é fruto do fascismo que desumaniza a parte mais vulnerável da população. E em sociedades socialistas não existe fascismo. 

Nenhum desses homens que morreram assassinados teriam sequer virado bandidos (isso se fossem todos bandidos) caso vivêssemos em um país que desse o mínimo de dignidade humana para eles. Ou você acha que ser bandido é uma escolha para a maioria deles numa sociedade brutalmente violenta, injusta, desigual e consumista como a nossa? E mesmo que fosse uma escolha, ainda assim estaria errado. Da mesma forma que é errado a polícia entrar matando geral num condomínio de luxo de um bairro de classe média, também é errado fazer o mesmo na favela pelo simples fato de que somos todos iguais perante a lei. Eu não entendo como alguém que se diz cristão e temente ao Deus judaico-cristão não consegue entender isso, como é o caso do próprio governador. Será que Jesus aprovaria uma selvageria dessa contra nossos irmãos?


Já chega de genocídio contra pretos, pobres, favelados e trabalhadores. Precisamos de uma humanidade melhor e de um sistema melhor. Parafraseando o saudoso professor Jacque Fresco: Essa merda tem que acabar!

quarta-feira, 29 de outubro de 2025

A necropolítica precisa ser extinta


A maior chacina da história do RJ – que colocou em pânico a população carioca ontem – joga na cara de toda a humanidade coisas que não apenas eu, mas que todas as pessoas com o mínimo de coerência já dizem há décadas. Essa política fascista, genocida e fracassada de combate às drogas e às facções criminosas só serve para matar pretos e pobres com a intenção de reeleger sociopatas que estão parasitando o Estado. O governo do RJ usou essa operação como terrorismo de Estado para tentar desestabilizar o governo federal e mostrar o controle pelo terror para fins eleitoreiros. Aliás, não por acaso é a mesma estratégia adotada por fascistoides como Donald Trump que usam o combate ao narcotráfico como mote para cercear politicamente a América Latina. Isso é absolutamente inaceitável.

É bom que se diga que 99% das pessoas que vivem nos morros, favelas e periferias são pessoas honestas, trabalhadoras e que jamais cometeram ou cometerão qualquer crime na vida. São exatamente essas pessoas que são expostas aos tiroteios, balas perdidas, bombas e pânico generalizado na guerra ao crime. Infelizmente, essa população inocente, olhando do ponto de vista do Estado fascista, existe basicamente para virar bucha de canhão para atingir seus objetivos. E mesmo que esse “combate ao crime” não matasse ninguém, ele só prenderia os traficantes varejistas do morro que, diga-se de passagem, formam elo mais fraco do tráfico. Os verdadeiros chefões do crime e do narcotráfico NÃO estão nas periferias. Eles estão usando terno e gravata, fazendo demagogia para eleitores despolitizados, morando em condomínios de luxo, vivendo fora do Brasil... Só que esses caras NUNCA são alvo da nossa justiça ou das nossas forças de segurança. E são justamente eles que precisam ser presos para cortar o mal pela raiz. Só que neste mundão capitalista onde a injustiça reina são sempre os pobres – e SEMPRE os pobres (sem falar dos policiais mortos) – que sofrem essa limpeza ética. 

Basta de necropolítica.