
Durante praticamente toda a história humana que se sucedeu, há incontáveis indícios de que os nossos antepassados cultuavam algum tipo de deus. As várias pinturas rupestres em cavernas como Altamira, Lascaux e Castilho deixam claro que rituais de cunho místico eram expostos nas paredes das cavernas para desejar sorte na caça. Os homens daquela época possivelmente associavam aquelas pinturas a algum valor transcendental ou mágico.
Além das pinturas rupestres, existem também algumas esculturas famosas, como a escultura de Venus de Willendorf, que possui mais de 20.000 anos e a sua construção foi atribuída por alguns historiadores à deusa da fertilidade ou mesmo à mãe-natureza. Isso seria um indício de que a religião é algo muito mais antigo do que se imagina.
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Vênus de Willendorf |
Na história do livro O Senhor das Moscas, do escritor britânico Willian Golding, um grupo de garotos que se veem sozinhos numa ilha deserta acabam criando relações de poder e rituais em volta de um monstro imaginário escondido numa caverna. Nesse livro (também retratado num filme de mesmo nome) fica claro o papel da religião primitiva criada pelos garotos: manipulação e controle. Tanto no romance de Willian Golding quanto nas grandes religiões contemporâneas, vemos vários fatores em comum: tirania, submissão ao líder, controle pelo medo do desconhecido, criação de regras de convivência, punição para os 'hereges' e ódio aos que pensam diferente.
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Os garotos do filme O Senhor das Moscas |
As primeiras religiões tribais possivelmente foram baseadas no culto de animais, ou de fenômenos da natureza, ou até mesmo de seres mitológicos. O deus trovão e o deus sol são exemplos típicos de deuses que foram adorados numa tentativa desesperada de obter-se conforto e respostas diante do desconhecido e das intempéries. E foi a partir daí que os líderes religosos perceberam que a religião também é uma eficaz ferramenta de controle social. Nasciam aí as religiões organizadas e com conteúdo ético.
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Os antigos deuses sumérios, os anunnaki |
De acordo com a maioria dos livros de história, a civilização suméria (que existiu há mais de 2.000 a.C) foi a primeira civilização a cultuar deuses - deuses esses que vieram das estrelas e criaram os seres humanos como seus servos. Entre os muitos deuses sumérios, o deus An foi o deus do céu gerado pelo abismo Nammu que criou a si mesmo do nada. E do panteão sumério até o Zoroastrismo houve incontáveis deuses: todos criados pela mente humana por razões políticas e sociais. Foi durante esse tempo que surgiram a mitologia egípcia, a mitologia nórdica, a mitologia greco-romana, a mitologia védica: todas criando e adorando os seus próprios deuses.
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Como a religião guia as pessoas |
O que vemos nas crenças atuais é a repetição dos fundamentos das antigas religiões, só que adaptados para os padrões da nossa época. O judaísmo, o cristianismo, o islamismo, o kardecismo, o xintoísmo e o hinduísmo possuem todos o mesmo princípio místico de crer em alegações fantásticas sem provas ou sem qualquer evidência - exatamente como era nas antigas religiões. E todas essas religiões só provam uma coisa: que a nossa espécie evoluiu dando muito mais crédito à mitologia do que à razão. Uma prova gritante disso foi quando Moisés escreveu os dez mandamentos (notavelmente inspirado pelo Código de Hamurabi) no Monte Sinai. Nessa ocasião, Moisés queria manter a unidade entre os israelitas durante a travessia pelo deserto. E nada mais eficiente que ameaçar com castigos divinos a quem ousasse desobedecer aos mandamentos.
As religiões surgem quando algumas pessoas com espírito de liderança e astúcia precisam apelar para o desconhecido como forma de controlar e manipular um grande número de pessoas ignorantes. E poucas coisas funcionam tão bem contra o ser humano quanto o medo do desconhecido e a profunda necessidade de acreditar.
Para saber mais:
O que é divindade
gostei. mas os otari, digo, religiosos vão reclamar!
ResponderExcluirSe reclamarem com argumentos, serão bem-vindos.
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