domingo, 21 de março de 2021

Afinal, é genocídio ou não é?


Existem muitos puristas que não concordam que o adjetivo "genocida" seja atribuído ao atual presidente da república. Isso porque estaria ocorrendo a banalização de uma palavra usada para se referir a massacres históricos como o holocausto ou a morte em massa de índios durante a colonização. Ok, isso pode ser considerado numa discussão mais acadêmica. Mas a nível prático, as centenas de milhares de mortes causadas pelo coronavírus no Brasil ganharam muito mais projeção depois que o governo federal resolveu subestimar a pandemia e tratá-la com desdém, cloroquina e ozônio na cavidade anal. Quem está, de fato, combatendo a pandemia são os governadores, prefeitos e os nossos heroicos profissionais de saúde. 

Eu tenho uma tese de que Bolsonaro e seus asseclas não são burros como muitos defendem por aí. Essa história de ser contra a quarentena e o lockdown pelo fato deles supostamente "prejudicarem" a economia é uma atitude burra demais até para seres ignorantes como o presidente. Também discordo que o presidente e seus ministros sejam simplesmente preguiçosos e irresponsáveis. A minha interpretação da realidade é que Bolsonaro é um psicopata mesmo. Ora, um sujeito que é o exemplo perfeito de fundo de poço moral para um ser humano tem todos os motivos do mundo para causar o caos. Pegue o passado dele e veja seu fetiche por ditaduras, por torturadores, por mortes e por guerra civil que fica claro do que tudo se trata. Um sujeito que disse que só não estupraria uma deputada porque ela "não merecia" e que elogiou o ditador pedófilo Alfredo Stroessner não é capaz de sentir empatia.

As ações de negligência do governo Bolsonaro são propositais. E para ser genocida, basta você causar muitas mortes por ação ou omissão. No caso do presidente brasileiro, ainda há um agravante por haver traços de eugenia nesse comportamento omisso durante a pandemia. Se acha exagero alegar eugenia, observe que as maiores vítimas da Covid-19 são pobres, negros, trabalhadores, idosos e pessoas com comorbidades. É como se fosse uma ação deliberada de limpeza étnica para eliminar os mais "fracos" e criar uma imunidade de rebanho entre os sobreviventes que seriam supostamente "mais fortes". Pelo menos essa é a minha leitura dos fatos. É por isso que não acho exagero comparar o Bolsomorte com nomes como Pol Pot, Stalin, Hitler e Pinochet. Não importa como se mata, mas, sim, o fato de matar deliberadamente cidadãos em nome de uma ideologia, seja ela a do dinheiro ou da eugenia.

Se o que ocorre hoje no Brasil não é um genocídio, então precisa de um substantivo à altura para ser definido. Porque em nenhum país do mundo, mesmo nos mais autoritários, os seus governantes estimulam atitudes que levam à morte de seus compatriotas.

Um comentário:

  1. Grande blog. A seção ao lado "Blogosfera" poderia ser atualizada pois tem blog ali que já faz 7 anos que não posta mais nada.

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