quinta-feira, 31 de outubro de 2024

A importância do trabalho de base na política


Existe uma ala da esquerda que tem feito críticas severas ao atual governo petista por sua "passividade" diante das reformas neoliberais que estão avançando sobre o país. O ministro da fazenda Fernando Haddad tem sido o principal alvo dessas críticas por estar numa espécie de "lua de mel" com o mercado financeiro. A questão é que o temível corte de investimentos não é uma ideia do atual ministro da fazenda – isso trata-se, tão somente, de uma imposição da elite econômica. Essa situação só ocorre porque o presidente Lula tem quatro canhões apontados contra si. O primeiro deles é o canhão do mercado financeiro que exige essa política antipopular para aumentar a transferência de riqueza do capital produtivo para o capital especulativo. O segundo canhão vem do Congresso que é o mais reacionário da história, cheio de bolsonaristas que juntam suas forças com as bancadas BBB (Boi, Bala e Bíblia) para forçar o governo a ceder nas negociações. O terceiro canhão vem do Tio Sam que pressiona o Brasil a se afastar do Brics e a manter o Consenso de Washington. E o último deles vem dos militares que subverteram a Constituição e seguem atuando como poder moderador, impedindo, por exemplo, que um reaça como o atual ministro da defesa seja demitido. Lula é o presidente, mas é um presidente refém dessas forças que ameaçam recolocar o fascismo no poder caso suas exigências não sejam atendidas. E é aí que entra a necessidade de um trabalho de base para colocar o maior dos poderes em jogo que é o poder popular. 

Somente um povo politizado pode contrabalancear essa situação. É preciso um trabalho que mostre para a classe trabalhadora que ela é que tem o mais temível dos poderes e que os direitos dela estão sendo destruídos por uma classe de exploradores super ricos. Se querem cortar gastos, então que taxem os ricos e as grandes fortunas ao invés de cortar garantias institucionais da população. Sem entender quem é, qual o seu real poder e os seus reais interesses, a classe trabalhadora irá continuar elegendo os mesmos reaças de sempre seja para conselhos tutelares ou para a Câmara dos Deputados. Infelizmente, enquanto os donos do real poder não sentirem medo, o chicote vai continuar a estalar no lombo do povo.

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