quinta-feira, 30 de outubro de 2025

Não precisamos de violência para combater o crime


A maior carnificina da história da nossa democracia promovida pelo desgovernador Cláudio Castro para combater algo que simplesmente não existe no Brasil, que é o tal "narcoterrorismo", teve um custo ainda maior que o de vidas humanas. Isso porque o ciclo de violência só se retroalimenta a cada chacina e fortalece ainda mais o crime organizado, afinal, o que não se elimina por completo acaba ficando mais forte. Se duvida, basta ver que os comandantes do tráfico escaparam todos ilesos dessa operação genocida e os cabeças do sistema estão todos impunes. Daí que o medo nas ruas do Rio afetou economicamente a cidade e serviu de mais uma motivação para uma intervenção do Tio Sam na América do Sul num momento bastante delicado envolvendo a Venezuela e a Colômbia. Ou seja: a operação foi um desastre total e absoluto que só piorou as coisas. E é claro que os reaças adoraram, porque eles odeiam bandidos, pobres e pretos. Mas a vida deles também vai ficar pior depois dessa chacina, porque ela aumentará ainda mais a violência. A resposta à violência do Estado vai voltar como um bumerangue e atingi-los, já que o crime tornar-se-á maior e ainda mais difícil de combater. É ação e reação mostrando que o efeito borboleta não é algo meramente teórico. Violência não acaba com a violência. A violência só serve para alimentar ciclos de vingança sem fim. O bandido comum NÃO vai ficar com medinho por causa dos cadáveres eleitorais do governador da extrema-direita. O bandido comum vai ficar ainda mais violento e mais perigoso. Mas, por sorte, ainda há meios mais eficazes e não letais de se combater a criminalidade.



Existem basicamente duas formas de resolver o problema do tráfico e das organizações criminosas no Brasil e nenhuma delas precisa dar um único tiro sequer. A primeira forma é desmontar o braço financeiro das facções com combate à lavagem de dinheiro como aconteceu na Operação Carbono Oculto onde os criminosos estavam envolvidos nos esquemas das findtechs. É preciso também combater o tráfico de combustíveis adulterados que alimentam as organizações criminosas, regulamentar as drogas e a indústria armamentista, combater o contrabando de armas que vem, em sua maioria, das forças de segurança e, por fim, investir em capital humano nas favelas, dando emprego, cultura, lazer, educação, saúde, renda e dignidade. Isso não resolve definitivamente o problema do crime organizado, mas o enfraquece substancialmente.

Existe ainda outra maneira de resolver o problema do crime organizado. Este método resolverá permanentemente o problema e ele se resume a uma única coisa: fazer uma revolução socialista. Porque SOMENTE através da ditadura do proletariado é que teremos políticas voltadas para os interesses da coletividade e não apenas para as classes dominantes. Políticos, militares e oligarcas que encabeçam o tráfico serão presos e o crime desmoronará de cima para baixo como num efeito dominó. Foi assim que Cuba, por exemplo, eliminou o narcotráfico em seu território. É importante dizer também que todo esse genocídio nos morros cariocas é fruto do fascismo que desumaniza a parte mais vulnerável da população. E em sociedades socialistas não existe fascismo. 

Nenhum desses homens que morreram assassinados teriam sequer virado bandidos (isso se fossem todos bandidos) caso vivêssemos em um país que desse o mínimo de dignidade humana para eles. Ou você acha que ser bandido é uma escolha para a maioria deles numa sociedade brutalmente violenta, injusta, desigual e consumista como a nossa? E mesmo que fosse uma escolha, ainda assim estaria errado. Da mesma forma que é errado a polícia entrar matando geral num condomínio de luxo de um bairro de classe média, também é errado fazer o mesmo na favela pelo simples fato de que somos todos iguais perante a lei. Eu não entendo como alguém que se diz cristão e temente ao Deus judaico-cristão não consegue entender isso, como é o caso do próprio governador. Será que Jesus aprovaria uma selvageria dessa contra nossos irmãos?


Já chega de genocídio contra pretos, pobres, favelados e trabalhadores. Precisamos de uma humanidade melhor e de um sistema melhor. Parafraseando o saudoso professor Jacque Fresco: Essa merda tem que acabar!

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