sábado, 29 de fevereiro de 2020

Bolsonaro é só a ponta do iceberg


Jair Messias Bolsonaro teve apoio estratégico e econômico da burguesia para, após eleito, seguir adiante com as reformas neoliberais e favorecer os investimentos da casta rentista. Porém, mesmo tendo boa parte do congresso ao seu favor no início do mandato (especialmente das bancadas BBB, Boi, Bala e Bíblia), ele tem se mostrado incapaz até o momento de seguir os planos da burguesia na velocidade que se esperava. O último ataque ao congresso e ao STF só explicitou a inaptidão de Bolsonaro e de seus ministros para negociar com o parlamento e dar sequência às reformas burguesas. Isso, aliado à sua recorrente grosseria contra a imprensa e a suas falas pouco polidas, tem levado a um desgaste muito grande da aliança com a burguesia. O resultado disso é que a imprensa oligárquica, que é a voz da elite econômica, tem mandado recados duros ao presidente e o ameaçado caso ele continue insistindo nessa loucura que querer transformar o Brasil numa espécie de "Venezuela de direita". Não há mais unanimidade de opinião entre a burguesia com relação ao fascista tupiniquim que brinca de presidir o país. Se Bolsonaro não parar de fazer graça e entrar logo nos eixos, será descartado sem qualquer remorso. Caso o presidente das milícias saia, teremos que lidar com o seu vice, que é muito menos troglodita do que ele e certamente será mais competente para prosseguir com as reformas burguesas.

Já para nós, pessoas comuns, não há notícias animadoras. Sairemos perdendo independentemente do bronco fascista permanecer ou ser impedido. Estamos num momento muito difícil da história do capitalismo devido a uma crise que se arrasta desde 2008. E essa crise exige um ajuste político e econômico profundo para os países em desenvolvimento, o que inclui, obviamente, o Brasil. Enquanto essa crise não passar, não há qualquer possibilidade de haver governos progressistas ou de social democracia. Isso significa que a saída de Bolsonaro, apesar de necessária, não vai mudar muita coisa no curto/médio prazo. Com um Brasil idiotizado e um mundo fascistoide, só nos resta resistir ou se mudar de país. É o velho lema da ditadura: Brasil, ame-o ou deixe-o.

2 comentários:

  1. Cara, você ainda está nessa depois de tanto tempo? Já faz tantos anos... Você não se cansa de repetir as mesmas coisas, de ser um papagaio da esquerda moderna? Há muita gente que faz isso melhor do que você através de vlogs: não só eles atingem um público maior como tem a espontaneidade na fala que você não possui na escrita. Um rapaz bobo de 14 anos poderia escrever os mesmos jargões e mesma fala truncada, com maior impacto, num post de Facebook. Isso tudo que você regurgita diariamente em letras é o produto da coação dos grupos que lhe circundam. Por que você precisa fingir tanto que os direitos, as pessoas e o Estado importam? Você sabe muito bem que a vida é destituída de sentido, que tudo é gosto pessoal. Bolsonaro, Castro, Tsé-Tung, Hitler, Lênin: qual a diferença? Pare de fingir que sua vida importa, que o que você considera virtude importa, aceite o vazio e goze o que você tem para gozar enquanto vive. Não aguento mais esses ateus com moral pseudocristã. "Respeite os outros, não ofendam, defenda seu grupelho." Desde Nietzsche nós sabemos que não é bem assim.
    Ah, como é bom respirar, sentir o ar puro.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Amigo, permita-me discordar de ti em alguns pontos. Eu não sei em que mundo você vive, mas eu vivo em um mundo onde as pessoas que não se importam com política são governadas pelas que se importam. Estamos sendo dizimados por um governo neofascista e acha que eu teria que "aceitar o vazio e gozar?" Não posso viver entrincheirado em minhas abstrações pessoais quando o mundo lá fora me exige uma postura diante de acontecimentos que influenciam direta e indiretamente tanto a minha vida quanto a dos que eu amo. Respeito o seu ponto de vista, mas não compartilho a sua visão de mundo.
      O único aspecto que concordo contigo é que eu tenho me tornado prolixo e repetitivo quando abordo política. Eu pretendo me focar em abordar o tema sob uma ótica um pouco diferente para não parecer que estou simplesmente copiando e colando discursos dos meus colegas.
      Abraço.

      Excluir