quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Picolé de Chuchu de vice vai dar certo?


O presidencialismo de coalizão é realmente irônico. Quem diria que os dois maiores adversários nas eleições de 2006 estariam, quinze anos mais tarde, cogitando a possibilidade de unirem suas forças? Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin são tão heterogêneos quanto água e tijolo e sempre tiveram projetos de país completamente diferentes um do outro. Mas após o Golpe de 2016 (apoiado por Alckmin, diga-se de passagem) e da chegada do negacionista-mor à presidência da república, parece que as coisas ficaram um pouco mais estranhas que o previsto.

A verdade é que tanto o PT quanto o Alckmin (Picolé de Chuchu para os íntimos) estão dispostos a dar um passo para trás para que seus interesses pessoais sejam atendidos. A desculpa é aquela de sempre de "buscar o melhor para o país sair da crise", mas quem é mais tarimbado no mundo da política sabe que isso não passa de fachada para justificar outros interesses. Com essa aliança, o PT pretende lançar Fernando Haddad para o governo de São Paulo, diminuir as chances de cassação da chapa pelo TSE, acalmar setores antipetistas da burguesia e eliminar aquela ideia absurda de que Lula é um extremista. Quanto ao ex-governador Geraldo Alckmin, tal aliança promove a possibilidade dele assumir o governo num eventual impeachment contra Lula, o crescimento político dentro do PSB que vem em ascensão e uma forma de se manter em evidência no segundo cargo mais importante do país, além, lógico, de se aproximar das bases eleitorais petistas.

Honestamente, na minha humilde e sincera opinião, coisa boa não vai sair daí. Ora, o PT não aprendeu com o Vampirão Golpista do Temer? O Picolé de Chuchu é um dos cofundadores do PSDB, é tucano de corpo e alma, estava envolvido com o escândalo da merenda em SP, fazia vista grossa ao espancamento de professores pela PM, seu ex-governo esteve envolvido nas irregularidades do Rodoanel, ele fez parte de uma divisão reacionária da Igreja (Opus Dei) e o cara se firmou politicamente em meio aos neoliberais mais cascas-grossas do país. Eu acho que o PT está arriscando demais nessa aliança, mas a decisão do que fazer não é minha. Quem vai bater o martelo é a cúpula do partido que tem muito mais cacife que esse mero palpiteiro aqui para decidir qual será o futuro desta terra arrasada do pós-bolsonarismo. A única coisa que me resta é (tentar) ser otimista.

0 comentários:

Postar um comentário