domingo, 29 de outubro de 2017

Os jornalecos de Pernambuco


O estado de Pernambuco é um dos estados brasileiros que tem a pior imprensa do país e do mundo. Dando uma olhada rápida nas manchetes dos três principais jornais pernambucanos já dá para se ter uma ideia do tamanho do desastre. Uma mostra a venda do pré-sal como algo "positivo segundo os especialistas", o outro se omite diante do golpe e dos golpistas e o outro parece ter um caso de amor com o governo do Estado. Mas de todos eles, o pior, de longe, é o Jornal do Commercio, do oligarca José Carlos Paes de Mendonça, que não passa de um panfleto direitista sem maior qualidade editorial, empenhado na defesa dos interesses do capital local subordinado ao grande capital nacional e internacional. Não só o jornal, mas também todo o Sistema JC, que abrange ainda uma emissora de tevê, emissoras de rádio e portais de notícias na web. Cinicamente, promovem as ideias neoliberais e omitem as opiniões contrárias. O Sistema não publica sequer cartas enviadas pelos leitores, se elas expressarem opiniões contrárias aos interesses do proprietário e das classes dominantes em nível nacional. Artigos divergentes da opinião oficial do jornal? Nem pensar! Direito ao contraditório? No jornal, nunca. Às vezes, numa emissora de rádio. Discretamente. É o antijornalismo em seu estado mais cru. Como bem disse Gustavo Conde, os jornais brasileiros viraram especialistas em fantasias, 'declaracionismo' - sic, monofonia, obviedade e repetição.
Todos estes jornais passam por crises tremendas, já demitiram uma batelada de profissionais e o fim deles, pelo menos no meio impresso, é inevitável. Não farão falta alguma.

Um pior que o outro.

O único jornal que se salva de fato em Pernambuco é a edição local do Brasil de Fato. Este, sim, está preocupado em trazer fatos, investigação, liberdade, descoberta, ineditismo, denúncia, interpelação, argumentação, debate, relato, diversidade, consistência narrativa e texto de qualidade. Pena que, por ser uma mídia progressista, é muito pouco conhecido no Estado. Mas isso há de mudar.

Taí um jornal sério.

PS: Este texto foi adaptado da matéria e dos comentários do post sobre a mídia pernambucana do blog O Cafezinho.

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