quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Considerações sobre o primeiro turno de 2018


Apesar do meu pouco tempo, vou tentar fazer uma avaliação geral das eleições nesta postagem e deixar a minha opinião sobre a atual conjuntura política. Primeiramente, é preciso ficar alerta, porque o novo congresso eleito ficou mais reacionário do que já estava. Os partidos progressistas diminuíram o número de cadeiras no legislativo e nomes importantes como Dilma, Eduardo Suplicy, Lindemberg Farias, Jorge Viana e Roberto Requião ficaram de fora. A bancada do PT, apesar de ainda ser a maior da câmara, teve o número de deputados reduzido. O pequeno PSL se agigantou devido ao efeito manada de Bolsonaro e junto com ele veio uma onda reacionária que trouxe nomes infames da direita como Janaína Paschoal, Joice Hasselmann, Alexandre Frota, os moleques do MBL e até Tiririca. Uma das poucas coisas boas foi que nomes como Magno Malta, Eunício Oliveira, Romero Jucá e Ronaldo Caiado caíram fora do Senado e vários outros golpistas não conseguiram se reeleger. Mas o lado bom da história para por aí.

Líderes da Ursal reunidos pela democracia

Antes de fazer uma análise sobre a disputa presidencial, gostaria de esclarecer que decidi votar no candidato Ciro Gomes aos 45 do segundo tempo. Meu voto inicialmente seria do Fernando Haddad, mas como terei que votar nele no segundo turno de todo jeito, resolvi dar uma chance para o Ciro no primeiro. O Brasil merecia ter um presidente como o Ciro, porque ele é um cidadão absolutamente correto, competente, preparado, experiente, íntegro e tinha propostas muito realistas e adequadas para o nosso atual momento. Fora que eu conheço Ciro pessoalmente há quase 20 anos e sou testemunha ocular da invejável capacidade intelectual e política que ele possui.
Dito isso, eu não cheguei a me surpreender com a expressiva votação que Jair Bolsonaro teve, isso porque, na reta final, os eleitores indecisos e preguiçosos tentem a votar em quem está na frente para que as eleições sejam decididas já no primeiro turno (efeito manada). Para nossa sorte, o aspirante a Mussolini tupinambá não conseguiu se eleger sem participar de debates decisivos. Isso ocorreu graças à forte resistência lulista no nordeste e aos valentes eleitores de Ciro e Haddad nas regiões do Brasil dominadas pelos bolsominions. Apesar da expressiva votação e do oba-oba verde e amarelo, não está garantida a vitória do candidato do PSL no segundo turno, porque, como todos sabem, o segundo turno é uma outra eleição.

Nordeste, seu lindo!

Para que haja uma virada no segundo turno, será necessária uma estratégia muito bem planejada por parte das forças progressistas. Serão necessárias diversas alianças do PT com outros partidos para formar uma coalizão mais forte; será necessário um combate incansável contra às fake news; será indispensável uma militância obstinada nas redes sociais e sobretudo no Whatsapp; será necessário confrontar diretamente com as propostas mais populistas do Coiso que envolvem principalmente segurança e valores morais e, não menos importante, teremos que cativar o eleitor pelo coração, pela emoção. Haddad dificilmente vencerá se não puxar muitos votos dos nulos, brancos, de outros candidatos e até mesmo votos do próprio Bolsonaro. Afinal, se Bolsonaro conseguir parte dos votos do Amoedo e do Alckmin, já será suficiente para se eleger, pois basta ele somar mais 4% que estará matematicamente eleito.

A direita de hoje é uma piada de mau gosto

Sei que viradas no segundo turno são pouco comuns, mas não são impossíveis. Para isso é preciso muita luta da militância progressista. Infelizmente, argumentos racionais à essa altura do campeonato não surtem praticamente mais efeito nas pessoas. A repercussão do ocorre no exterior também não afeta os brasileiros, já que muitos não ligam para a ONU, para o prêmio Nobel ou para a imprensa internacional. Por isso é preciso mexer com o coração do eleitor, mostrar a ele tudo que ele tem a perder com o governo do Coiso, desde o 13º salário até a estabilidade econômica devido à incompetência e ao despreparo do "mito".
E é preciso ter em mente também que a maior parte dos eleitores do Bolsonaro NÃO é fascista. De acordo com o meu chutômetro, há cerca de 20% a 40% dos eleitores do inominável que são, sim, racistas, misóginos, homofóbicos que odeiam pobres e minorias em geral. Mas a maioria que votou no Coiso o fez por medo, por antipetismo, por indicação do pastor, pelo efeito manada e por manipulação ou lavagem cerebral feita através de fake news do Whatsapp. É preciso trazer parte do eleitorado do Coiso que está magoada com o PT, que tem bom coração e que foi enganada por notícias falsas para o nosso lado. Cada voto que o Bolsonaro perde, são dois votos ganhos para Haddad, ou melhor, para a democracia. É preciso ter paciência, tato e tolerância ao conversar com eleitores iludidos pelo canto da sereia reacionária. Você não pode mudar a opinião de uma pessoa se não a respeitar. Outro ponto fundamental é que muitos negros, mulheres, gays e pobres votaram no Bolsonaro sem perceber o perigo que isso representa para eles. Se essas pessoas tomarem consciência do risco que será para elas mesmas votarem no fascista tupiniquim, dificilmente deixarão de mudar o voto.


Não sei se Haddad vencerá o segundo turno, porque ele não possui o carisma de Lula e nem a oratória de Ciro – o que o tornará muito dependente da militância de seus eleitores nesta reta final das eleições. Mas o que mais me assusta mesmo é que o fascismo sairá vitorioso independentemente de quem ganhe as eleições. Bolsonaristas revoltados não aceitarão uma derrota nas urnas e irão partir para o terrorismo em retaliação. E em caso de vitória do inominável, será um verdadeiro cheque em branco para o massacre total de minorias.

Em outra postagem, eu pretendo abordar melhor sobre os riscos gravíssimos que a nossa democracia está correndo e o que poderá ser tanto de um governo Haddad quanto de um governo Bolsonaro.

4 comentários:

  1. E agora vendo o Ciro se mandando para Europa, eu continuo achando que o ele mais queria era ser PRESIDENTE. ..Tanto é que parece que o que acontecer agora nem é com ele né!

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    1. Pelo que vi por ai, ele tá cuidando da saúde, vamos lembrar que ele fez uma cirurgia recentemente e até foi pro debate usando uma sonda. Além do mais, o que ele poderia fazer?

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  2. Eu tenho medo, por isso já estou planejando meu intercâmbio para a Suécia(que eu sei que a situação politica também não está bem, mas ainda assim está melhor que aqui) e espero que isso abra portas para eu conseguir sair do país. Eu estou tentando ter diálogo com os bolsominions que eu conheço, pelo facebook, ou pessoalmente(consegui mudar o voto do meu pai na última hora!!), mas ainda tenho muito medo, porque em terra que Trump é presidente, não duvido que um povo possa colocar o Bolsonaro na presidência. E meu medo nem é só por eu ser gay, negro e classe média, mas me preocupo com que futuro eu posso alcançar com esse novo governo fascista e ignorante. #EleNão

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  3. Infelizmente o Ciro Gomes começou a ter alguma visibilidade muito tarde nessa eleição. Mas sinceramente, o Ciro é bom de mais pra esse país. E os brasileiros demorariam tempo demais pra perceberem o bom candidato que ele estariam perdendo.

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