domingo, 14 de outubro de 2018

Bolsonaro e o futuro


A intenção da burguesia para 2019 era fazer do Brasil um laboratório neoliberal semelhante ao que foi feito no Chile dos anos 1970. O encarregado desta missão era o tucano Geraldo Alckmin que dançou já no primeiro turno por não ter aderido ao antipetismo de forma mais radical e por ter se aliado ao que há de mais fisiológico na nossa política. E, diante dessa falha estratégica, o que restou agora para a burguesia foi apoiar um candidato instável, imprevisível e intolerante. Entre a social democracia do PT e o neofascismo do Bolsonaro, a única candidatura que sinalizou para prosseguir com o entreguismo e com as reformas pró-mercado foi a segunda. Só que mesmo para a burguesia mais conservadora é complicado apoiar um elemento que sabidamente não tem preparo para ocupar qualquer cargo do executivo e que tem uma rejeição extremamente alta dentro e fora do Brasil. E aí que se a vitória de Jair Bolsonaro for confirmada, possivelmente veremos um governo tutelado tanto pelas forças plutocratas do mercado quanto pelas forças armadas. Se Bolsonaro resolver governar contrariando os interesses da burguesia ou tentar um golpe (como ele mesmo disse que faria há 19 anos), pode ter certeza que ele será extirpado do cargo sem qualquer cerimônia. O resumo da ópera é que um governo do Bolsonaro será uma espécie de governo Temer piorado e tomado por ideias extremistas.

Se uma pessoa com mais sensibilidade observar com um olhar mais crítico, vai perceber que Bolsonaro é uma versão bestializada de Plínio Salgado, pegando o que tinha de pior na UDN e na TFP para ressuscitar uma espécie de Arena em pleno século XXI. O candidato do PSL é um despreparado total: um bufão demagogo que diz coisas que seriam obsoletas até para o século XIX, tornando-o um bronco pior que Donald Trump e Marine Le Pen juntos. O que as pessoas precisam entender é que devemos votar por propostas, por ideias, por planos de governos – e não por ressentimento, por ódio, por vingança ou por medo. A esperança precisa vencer o medo, só que, infelizmente, as pessoas não estão decidindo seus votos pela razão. As pessoas estão decidindo o futuro do país baseadas em paixão ou repulsa sem olhar direito para o que cada candidato está propondo.
A ascensão do "mito" fascistoide ocorre essencialmente pelo antipetismo tão bem cultivado pela imprensa, pelas mentiras do Whatsapp, pela rede de think tanks, pelo judiciário partidarizado, pelo medo da perda de privilégios da classe média, pela implicância com o "politicamente correto", pela influência de neopentecostais baseadas na teologia da prosperidade, pela falta de candidatos conservadores moderados, pela negação da política e pela ignorância geral em história, sociologia, antropologia e ciências políticas que assola o nosso povo. Diante de toda essa onda fascistoide, acho que só há possibilidade do Bolsonaro não vencer se houver um fato novo durante esse segundo turno.


Mas enfim, essa onda reacionária mostra apenas o fechamento de um ciclo dentro da história política do nosso país. Como bem disse Lula: "O tsunami vai e volta". A disputa política não se encerra numa eleição, porque a roda da democracia sempre está em movimento. Assim como ocorre no resto do mundo, a extrema-direita tem crescido devido às crises cíclicas do capitalismo. Quando as pessoas aprenderem que o fascismo não é solução para coisa alguma e perceberem suas consequências nefastas, irão aderir ao ciclo seguinte, onde teremos que repensar num meio de reduzir as desigualdades e criar mais inclusão social para ter um sistema mais estável, justo e pacífico.



Para terminar, fica um vídeo reflexivo com algumas declarações que mostram sem censura quem é o candidato que tantos chamam de "mito".

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