segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Ele não é a melhor opção para o Brasil


Ao conversar com várias pessoas mais escoladas que eu em análise política, cheguei a uma conclusão preocupante sobre o futuro do nosso país. A conclusão é que, numa linguagem mais metafórica, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. O Brasil provavelmente elegerá pela primeira vez em sua história um tirano fascista que não gosta nem de democracia e nem de minorias. Por outro lado, se Fernando Haddad conseguir a façanha de vencer essas eleições, certamente tomará um Golpe bem no início do seu mandato. Há quem preveja que se o governo Haddad durar dois meses é muito. Haddad não tem apoio do congresso mais reacionário da história, não tem apoio da plutocracia, não tem apoio da imprensa golpista e muito menos das neopentecostais. E depois da criação da Comissão da Verdade, a parte mais reacionária das Forças Armadas se enfezou de vez contra Lula e contra o PT. Seria muito ingênuo acreditar que após depor a presidenta Dilma e depois de prender o Lula, a burguesia deixaria Haddad ser presidente para reverter todas as reformas neoliberais.
O que vai acontecer em qualquer situação é que o Brasil continuará a ser governado por uma junta militar encabeçada pela cúpula de oficiais das Forças Armadas. O atual presidente Michel Temer só continua no cargo porque deve ter feito algum grande acordo nacional com Supremo com tudo para não ser deposto da presidência à força. E o preço a pagar foi realocar os militares no governo. Enfim, o fato é que estamos caminhando a passos largos rumo a um novo autoritarismo controlado pela elite direitista e pelo generalato.

Será que um candidato apoiado pela KKK merece respeito?

É claro que – independentemente do futuro resultado das eleições – qualquer pessoa minimamente comprometida com a democracia e com o povo tem a obrigação cívica de votar no Fernando Haddad, afinal, nada justifica anular o voto ou votar em branco em um cenário de extrema ameaça às conquistas sociais como a qual estamos vivendo. E mesmo que exista uma grande chance de Haddad ser deposto em caso de vitória, é importante não dar qualquer chance ao fascismo, porque isso legitimaria uma verdadeira selvageria nas ruas contra minorias e grupos opositores. A derrota de Bolsonaro seria uma derrota moral para a intolerância, para o ódio e para a violência.
Só que para haver alguma chance do Coiso não vencer as eleições será preciso uma grande mobilização popular e também reverter uma grande quantidade de votos das pessoas mais pobres (dos evangélicos sobretudo) para o PT. A maioria das pessoas que votam no Bolsonaro não é fascista, porque muitos foram enganados pelas fake news de Whatsapp e ainda não descobriram que tudo aquilo que compartilharam é mentira. Desmentir essa história de mamadeiras eróticas, de kit gay e do Brasil virar uma Venezuela é obrigatório. E o melhor jeito de desmentir tudo isso é justamente explicando que a campanha do Bolsonaro usou dinheiro irregular não declarado (o tal Caixa 2) para disseminar fake news em massa contra o Haddad através de empresas especializadas em criação e propagação de boatos. As pessoas precisam saber que elas foram enganadas por um sujeito que tem medo de debates e cujo plano de governo é todo fundamentado em tudo que Temer fez só que piorado por trazer ingredientes perigosos de autoritarismo. As pessoas precisam entender que esta não é uma eleição normal como as outras. A escolha que temos agora é entre a civilização e a barbárie: entre a democracia e a ditadura. Eu sei que é difícil para muita gente votar no PT, mas quase ninguém vota no segundo turno por afinidades a um partido ou candidato: votamos geralmente no menos pior. E essa é a única maneira de se evitar um governo que vai governar exclusivamente para os ricos e que vai tirar todos os nossos direitos.


O risco de uma nova ditadura está se tornando cada vez maior com toda essa conjuntura – e colocar um aspirante a Mussolini no Palácio do Planalto através do voto é retornar aos anos mais sombrios da nossa história. O General Mourão já falou em "autogolpe" e até numa nova Constituinte SEM participação popular. A imprensa internacional está denunciando em peso o risco de termos um psicopata no cargo mais alto de poder do país. Para se ter uma ideia da gravidade do que estamos vivendo, estamos correndo o risco até mesmo de declarar guerra contra a Venezuela caso Bolsonaro seja eleito. Será que você que tem até 29 anos de idade está interessado em arriscar sua vida para matar venezuelanos que vivem numa sinuca de bico entre o governo nacionalista de Maduro e o neoliberalismo imperialista da oposição? Acorde enquanto há tempo.


2 comentários:

  1. Amigo, sério isso?!? Você ainda insiste em escrever sobre isso? Tem a pretensão de ser a resistência, a voz da lógica de da razão, o bastião da moralidade e do bom senso?

    O mundo não liga para isso, as pessoas não ligam para isso, a sociedade não se importa. Soluções mágicas, simples e fáceis, em suma panacéias, é isso o que querem.

    Uma boa luta entre o bem e o mau. Encontrar um culpado para todos os problemas reais ou imaginários.

    As pessoas querem o direito de serem preconceituosas, querem o direito de se sentirem superiores e melhores que as outras, querem que o mundo exista para atender as suas, e somente as suas, necessidades e vontades. Efim esse é o mundo em que vivemos, essa a mentalidade da maioria esmagadora da população mundial não importando a raça, credo, orientação política ou estrato social. Nesse mundo um apelo à reflexão são palavras sopradas ao vento. Suas palavras só alcançaram e ecoaram em pessoas já pesam como você e (olha que ironia) querem reafirmar suas próprias convicções.

    Se você quer realmente fazer a diferença e aumentar o alcance de suas idéias é preciso mudar de estratégia. Apoie o outro lado, conheça o outro lado, ganhe sua confiança. É preciso que eles te conheçam e te aceitem para que, só após isso, te ouçam...

    Bem é isso. Sua iniciativa é louvável, porém inócua. No fringir dos ovos sua participação no grande plano das coisas não será nem mesmo uma letra em uma nota de rodapé da história.

    ... mas por mais contraditório que possa parecer ainda acho que o mundo precise da mais pessoas como você, nem que seja para lembrar ao mundo que a pessoas que pesam de forma diferente da maioria.

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    1. Pois é, esse é o problema. As pessoas só pensam em si mesmas e só escutam o que querem escutar. Eu mesmo já estou farto de falar sobre política e lidar com os mesmos argumentos de sempre do lado opositor. É por isso que estou pensando seriamente em deixar a militância política de lado por um tempo e me dedicar a outros temas importantes que negligenciei nos últimos anos.

      Obrigado por sua participação, abraço.

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