Há atitudes que são passíveis de críticas |
Muita gente acha que criticar algo significa diminuir, hostilizar ou ridicularizar. Triste engano. Pode ser até que críticas destrutivas tenham esse fim, mas no meu caso, todas as minhas criticas, ao que quer que seja, são sempre críticas construtivas - especialmente aos movimentos que eu apoio. As minhas críticas são para que os movimentos que eu defendo se fortaleçam - e nunca para destruí-los ou minimizá-los. Quando critico grupos stalinistas, por exemplo, não é porque eu odeio a esquerda política - é porque, como esquerdista, eu detesto que usem o autoritarismo e o maniqueísmo para defender ideais de esquerda. Quando eu critico ateus que debocham da crença alheia de forma totalmente desrespeitosa, não é porque eu sou antiateu, é porque eu, como descrente, acho que devemos usar sempre o bom senso e a diplomacia. E o mesmo se aplica ao feminismo, pois mesmo eu sendo um igualitarista ferrenho, não concordo com contradições e extremismos vindos de algumas feministas. Sabe, há momentos que precisamos saber fechar a boca e abrir os nossos ouvidos. Críticas são uma forma de fazer a gente refletir melhor sobre a nossa postura.
Mais uma atitude passível de críticas |
Enfim, posto isso, vamos focar agora na questão do feminismo. O grande problema do feminismo é que ele tende a ser adotado como um movimento unigênero e cissexista, onde somente mulheres cis podem opinar ou criticá-lo - diferentemente de outros movimentos, como a esquerda política, o ateísmo ou o veganismo, por exemplo, onde TODOS podem criticar. Se um homem critica o feminismo, logo ouvimos coisas como "male tears", "cagação de regra", "iuzomismo" e mais meio mundo de neologismos adolescentes. Isso ocorre porque há feministas que enxergam os homens (todos uns machistas opressores, segundo elas) como inimigos ideológicos. Esse maniqueísmo de gênero joga para as feministas - e tão somente para AS feministas - a responsabilidade de serem as únicas juízas por seus atos e opiniões, mesmo quando eles são claramente equivocados e contraditórios entre si. É aí onde está o problema e é por isso que eu critico o feminismo. Não se pode querer impor mudanças sociais levando em consideração apenas a opinião de 50% da população. Movimentos sociais precisam ter o apoio de ampla maioria da população para serem colocados em prática. Enquanto o maniqueísmo fizer parte do fanatismo ideológico de muitas militantes feministas, as minhas críticas nunca vão deixar de existir. Não concordar em 100% com o que uma feminista leitora de Sheila Jeffreys diz não me torna um machista opressor, me torna apenas alguém que quer debater, trocar opiniões e mostrar que existe o outro lado da moeda.
E depois dizem que a misandria não existe... |
Usando as feministas contra as próprias feministas
Uma das coisas que mais me deixa apreensivo é ver contradições entre as próprias feministas. Se por um lado, por exemplo, um grupo é a favor das mulheres terem a liberdade de vestirem como quiser, por outro lado há aquelas que acham que pouca roupa é sinal de hipersexualização ou objetificação, sendo contra esse tipo de roupa. Isso é uma contradição clara e, por isso, eu, muitas vezes, fundamento minhas críticas baseado em argumentos usados pelas próprias feministas, do tipo: "Ora, se as mulheres devem ser livres para usar roupa sensual, então por que outras feministas estão a criticando por ela estar usando uma roupa sensual?". Sempre que eu vejo comentários insanos, tresloucados e contraditórios vindo de feministas, eu procuro recomendar que quem os fez tire um minuto para conversar com outras feministas, porque não se pode servir a dois mestres. Ou você integra um movimento ou você cria rachas internos dentro do mesmo, como já previ neste post. E rachas internos não me parecem boa coisa para um movimento que já é tão hostilizado.
Outra coisa muito curiosa é a ausência de senso crítico de algumas feministas ao abordarem temas envolvendo a sexualidade. É preocupante ver um número cada vez mais crescente de feministas patrulhando a vida sexual de outras mulheres, dizendo o que elas podem ou não fazer. Um exemplo clássico disso é o sadomasoquismo. Enquanto os machistas dizem que mulher não pode praticar sadomasoquismo porque isso é "coisa de vagabunda", as (pseudo)feministas alegam que o sadomasoquismo não pode existir porque ele é "uma violência contra a mulher" e mais meio mundo de argumentos conservadores copiados na cara de pau de sites de apologética cristã. Não se iluda, pois sempre que você ver argumentos religiosos atrelados a discursos supostamente feministas, saiba que, das duas, uma: ou a feminista que usa esses argumentos não se libertou das amarras morais impostas pelo cristianismo e pelo patriarcado, ou então ela é uma feminista cristã. E feminista cristã, na minha opinião, é como uma freira travesti: não tem sentido, uma vez que o cristianismo se baseia num livro terrivelmente machista. E o mesmo tipo de crítica se aplica a outras coisas indo desde a apologia à obesidade até a luta pelo fim do cavalheirismo e do romantismo. Sem falar em toda essa papagaiada envolvendo outros aspectos da sexualidade, até porque, o pecado da luxúria precisa ser combatido até mesmo dentro do feminismo, não é mesmo, santas? Mas o pior de tudo mesmo é ter que aturar feminista homofóbica. Sim, eu já vi uma feminista homofóbica nos tempos de Orkut e achei aquilo tão bizarro que me deu até náuseas. A carteira de feminista daquela cidadã deveria ser cassada pelo Ibama para ela cantar de perua espalhafatosa lá no galinheiro das perdições (vulgo quengódromo).
Ui, que meda! |
Enfim, não tenho mais paciência para esse assunto e nem estômago para discutir com essas carolas papa-hóstias que se fingem de feministas, colocando as mulheres livres sexualmente como vítimas da "opressão e da violência machista". Nesse sentido, a única coisa que tenho a dizer é Carpe Diem, honey! E quanto às bobonas invejosas que foram castradas pelo patriarcado e acham que ser feminista é castrar as outras e calar os homens, só digo uma coisa...
Namastê!
Leitura recomendada:
ISTOÉ - O movimento das antifeministas