segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Aprendendo a olhar o céu


Uma das dúvidas mais recorrentes em iniciantes na astronomia é como reconhecer o que é o quê no céu. Para quem não tem muito conhecimento sobre astronomia, realmente é difícil achar os planetas e diferenciar as constelações - uma vez que tudo que vemos são centenas de asteriscos brilhantes no céu. Felizmente, temos a sorte de viver numa época onde a internet tornou-se uma ferramenta poderosa para nos auxiliar nessa função. Vou mostrar a seguir alguns sites e softwares que nos ajudam bastante a entender melhor o que vemos no céu.

Planetário do Neave
Planetário do Neave.com
http://neave.com/pt/planetario/
O planetário do Neave é ótimo para quem está iniciando na astronomia e quer conhecer os planetas e constelações visíveis no céu a olho nu. Este planetário virtual é uma espécie de Google Map do céu, onde é possível encontrar todos os astros visíveis. Na tela inicial é possível travar a posição geográfica do observador no mapa e o programa atualiza em tempo real a posição dos astros, dando a liberdade para girar a câmera e ver o céu em todas as direções.
Uma dica para quem está começando a identificar as constelações é se guiar por alguma constelação conhecida, como a Constelação de Orion, que possui as 'Três Marias' em seu centro, ou mesmo através da Lua ou dos planetas. Basta localizá-los neste planetário e depois ir procurá-los no céu.


A tela inicial do Sky-Map
Sky-Map
http://www.sky-map.org/
O Sky-Map é um site excelente para visualizar imagens telescópicas do universo em detalhes. Ele é uma espécie telescópio interativo. Basta digitar o nome da constelação ou objeto astronômico (M31, no exemplo da imagem) que ele o exibe imediatamente, seja ele nebulosa, estrela ou supernova. O site disponibiliza ferramentas como zoom, grade de alternância e snapshot para salvar a imagem. O problema deste site é que algumas imagens aparecem remendadas ou fora de foco, podendo confundir - além da lentidão para carregar as imagens.


O Stellarium com as constelações marcadas
Stellarium (programa)
http://www.baixaki.com.br/download/stellarium.htm
Talvez o melhor software gratuito para observar o céu noturno seja o Stellarium. Esse fabuloso programa é similar ao planetário do Neave, só que com muito mais detalhes e sendo ainda mais fácil de utilizar. Esse software simula a vista de uma pessoa que esteja de pé no chão, ao ar livre, com toda a abóbada celeste passando por sua cabeça em tempo real. Aqui é possível ver as constelações traçadas, aplicar um zoom para ver planetas, luas e nebulosas em detalhes e muito mais. É um software obrigatório para quem curte astronomia.


Saturno visto no Celestia
Celestia (programa)
http://www.baixaki.com.br/download/celestia.htm
Outro programa muito interessante para se ver o céu em detalhes é o Celestia. Este programa simula uma nave espacial que percorre o sistema solar e as estrelas mais próximas, permitindo uma visualização detalhada de qualquer ângulo. O problema é que esse software exige o básico de conhecimento sobre astronomia para que seja possível navegar pelos corpos celestes. Além disso, seus menus, apesar de serem em português, não são muito intuitivos, mas a viagem interestelar é bastante interessante.

O Cruzeiro do Sul pode ser encontrado facilmente no céu

Olhando para o céu
Para começar a olhar o céu, basta uma noite com céu limpo numa região pouco iluminada. Depois de reconhecer a posição das estrelas no computador, basta memorizá-las e buscar por elas no céu. A Lua, a Constelação de Órion ou o Cruzeiro do Sul são ótimos pontos de referência por serem facilmente identificáveis no céu, mesmo em regiões metropolitanas onde há poluição luminosa moderada.

A forma real da Via Láctea
Enxergando a Via Láctea
Existe uma faixa tênue de luz parecida com uma nuvem esbranquiçada que corta parte do céu. Esse 'caminho' de luz parecido com uma névoa é o que chamamos de Via Láctea. Só é possível enxergá-la em locais com baixa poluição luminosa, ou seja: longe das luzes das grandes cidades. Como já expliquei no post Você já viu a Via Láctea, é necessário ir para alguma praia, casa de campo ou qualquer outro lugar com pouca luz para que seja possível visualizá-la.
Via Láctea vista da Terra

Essa visão que temos da Via Láctea aqui da Terra é uma visão de perfil do grande disco espiral no qual estamos imersos. O que aparenta ser uma névoa branco-azulada é, na verdade, um conjunto de bilhões de estrelas que formam a nossa galáxia. A ilustração abaixo mostra onde encontrar a faixa central da Via Láctea dentro do mapa estelar.
Mapa das contelações e faixa central onde passa o disco da Via Láctea

domingo, 26 de fevereiro de 2012

A Terra vista do espaço

A Terra vista de uma estação espacial:
A costa da Itália no mar Mediterrâneo


A Terra vista da Lua:


A Terra vista de Marte:
O pontinho mais acima é a Terra, o debaixo, Júpiter


A Terra vista além da órbita de Saturno:
Foto tirada da Voyager 1 após passar por Saturno


A Terra vista do espaço interestelar:
O Sol se confunde com as estrelas ao fundo


A Terra vista de fora da galáxia:
O nosso sistema solar praticamente desaparece entre as bilhões de estrelas


A Terra vista de fora do grupo local de galáxias:
O nosso planeta é insignificante nessa escala


A Terra vista do espaço intergaláctico:
A Terra praticamente inexiste dentro da vasta rede de galáxias que compõe o cosmo


Será que ainda somos o centro do universo? Pense nisso.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Olhar para o universo

A Via Láctea vista de perfil

Olhar para o universo é muito mais que admirar a beleza das estrelas. Olhar para o universo é uma forma de conhecermos as nossas verdadeiras origens e de entendermos o nosso papel no cosmo. Quando olhamos para o universo, estamos, na verdade, fazendo uma viagem ao passado. O que vemos no firmamento é uma máquina do tempo. O brilho das estrelas e das galáxias que vemos no céu percorreu por milhões de anos pelo espaço interestelar até chegar aos nossos olhos aqui na Terra. E quanto mais longe olhamos, mais longe no passado podemos enxergar. Assim, podemos compreender como tudo começou, de onde viemos e para onde vamos.

Olhar para o universo é a melhor maneira de compreendermos a nós mesmos e a nossa existência. É um verdadeiro exercício de filosofia perceber o quão grande e poderoso é o cosmo. Isso porque a vastidão do universo evidencia as respostas que antes eram manipuladas por histórias mitológicas. Não precisamos mais nos enganar, porque o cosmo tem todas as respostas. E nada e nem ninguém pode censurar o cosmo que se revela a nós.

Enquanto o mito de um deus bondoso e criador se esconde por trás de livros cheios de atrocidades, o universo não se esconde e nem nos esconde a nossa real origem. Se realmente houver um deus que nos criou, esse deus é o próprio universo, afinal, somos poeira das estrelas.

Legalização do Aborto - Adendo


Quando eu escrevi o post sobre a Legalização do Aborto, eu tinha plena consciência que estava andando num terreno minado, onde as pessoas normalmente se exaltam por se tratar de um assunto bastante polêmico. Quero deixar claro que em momento algum eu disse que o aborto era bonito, que o aborto era correto ou que o aborto era a melhor forma de evitar filhos. O que eu fiz questão de mostrar naquele post foi a minha opinião pessoal sobre o tema. Eu não sou contra e nem a favor do aborto: eu sou a favor de haver uma legislação que respeite os valores individuais divergentes das pessoas. Ou seja: eu sou a favor do direito de cada mulher ter autonomia sobre o seu próprio corpo sem valores morais de terceiros para coibi-las.
Se alguém não concorda com o aborto, não o faça: é um direito seu ser contra. Mas não é porque você não concorda, que você tem o direito de proibir a escolha daqueles que discordam de você. Se opor a isso é querer impor uma ditadura baseada em seus valores morais individuais, o que é antiético e antidemocrático.
Nesse aspecto da moral individual, muitas pessoas dizem que se a moral é individual e cada um pode fazer o que quer, então eu poderia sair por matando as pessoas na rua e ninguém iria me prender porque a minha moral, por exemplo, diz que matar é certo. E isso realmente acontece, veja o caso dos terroristas radicais islâmicos, por exemplo: eles acreditam que matar os inimigos é moralmente correto. É por isso que existe a ética, para que a lei regule essas morais conflitantes e use a ética da reciprocidade para resolver esses conflitos.

Destino comum de uma criança não desejada

Sobre a questão social
É bom que se diga que o aborto é violento, é invasivo, é traumatizante e é uma decisão extremamente difícil para mulher. Nenhuma mulher vai preferir ir para uma mesa de cirurgia fazer um aborto cada vez que tiver uma relação sexual. O aborto é sempre o último recurso.
Se o Estado e as instituições religiosas se comprometessem a cuidar das crianças indesejadas ou que foram concebidas em estupros, eu estaria de acordo com a proibição do aborto. Mas ter mais crianças na miséria, abandonadas e figurando nas estatísticas de mortalidade infantil é que não pode ser tolerado. Das duas, uma: ou o Estado se compromete a criar, cuidar e educar as crianças que seriam abortadas; ou deve regulamentar o aborto.

Optar em interromper a gravidez é uma decisão que precisa ser consciente

O lado tenebroso do aborto 
Independentemente do aborto ser legalizado ou não, a mulher que vai abortar precisa ter consciência do que significa o aborto e do que acontece dentro do seu útero. O aborto é violento, é brutal, é monstruoso e é a interrupção de uma vida humana que iria se formar. Não vou colocar aqui imagens de abortos porque é desnecessário, chocante e um apelo inútil à emoção. Mas o que uma pessoa que decidir pelo aborto deve saber é que o filho dela vai morrer. Essas mulheres precisam entender que o seu filho vai tentar lutar pela vida mesmo dentro útero para tentar não ser abortado. Tendo consciência da violência que o aborto representa é que a mulher poderá recorrer à prática se ela assim quiser.
A questão que todos devem olhar é que abortos acontecem todos os dias, seja ele legal ou ilegal. Isso é um fato. E quem faz o aborto ilegalmente terá de realizá-lo em clínicas clandestinas de péssima qualidade, com profissionais despreparados, sem condições de higiene e sem apoio psicológico. E a mulher que aborta ainda é excomungada pela igreja, tratada como uma bandida e ainda precisa suportar todo o trauma de ter feito um aborto.
As mulheres ricas que querem abortar nem precisam passar por isso, basta viajarem para um país onde o aborto é permitido e lá mesmo poderão realizá-lo sem problemas. Mas as mulheres pobres e que não podem viajar é que acabam morrendo e ficando com sequelas graves. É por isso que eu sou a favor do direito de escolha da mulher.

A saúde da mulher em primeiro lugar

Conclusão
Concordo que em um mundo ideal as mulheres não abortariam, num mundo ideal não haveria estupros, num mundo ideal ninguém usaria drogas: mas nós não vivemos num mundo ideal. Não podemos fechar os olhos para a dura e cruel realidade que o aborto acontece, seja ele proibido ou não.

A melhor medida ainda é a prevenção. Os métodos contraceptivos, a educação sexual e o planejamento familiar ainda são as melhores medidas. Na minha opinião, as mulheres não deveriam abortar, mas se isso se fizer necessário, elas devem ter assistência médica adequada para isso.

O aborto é feio, lamentável e indesejável, mas o que eu estou colocando como centro desse debate é a questão da saúde pública. Se o aborto puder ser evitado, ótimo, mas se houver a necessidade de realizá-lo, que pelo menos as mulheres não corram o risco de morte e de terem a sua saúde e as suas vidas destruídas por isso.

Post anterior:
Legalização do Aborto
 
Ligações externas:
Bule Voador - aborto: saúde pública
Liberdade das Mulheres sobre os seus corpos
Diga NÃO ao aborto clandestino

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

As 20 melhores músicas de rock


Após passar um carnaval inteiro trancado em casa escutando todo o rock do mundo, aproveitei o sucesso das toplists e resolvi unir o útil ao agradável: decidi fazer um Top 20 com as melhores músicas de rock internacional. Claro que muita gente vai discordar dessa lista e até mesmo das colocações das músicas, mas é bom que fique claro que essa é uma lista pessoal. Se não curtir, experimente criar a sua própria lista.

20º - Saturday Night's Alright (For Fighting) - Elton John

19º - I Dont Want to Miss a Thing - Aerosmith

18º - Dancing With Myself - Billy Idol

17º - Anarchy in the UK - Sex Pistols

16º - Are You Gonna be my Girl - Jet

15º - Burn - Deep Purple

14º - La Bamba - Richie Valens

13º - Hey Jude - Beatles

12º - Tutti Frutti - Little Richard

11º - Lets Twist Again - Jive Bunny mix

10º - Hallowed be Thy Name - Cradle of Filth

9º - One - Metallica

8º - Born To Be Wild - Steppenwolf

7º -  Satisfaction - Rolling Stones

6º - Shoot To Thrill - AC/DC

5º -  Smells Like Teen Spirit - Nirvana

4º - Sweet Child O'Mine  - Guns n Roses

 3º - Bohemian Rhapsody - Queen

2º - Free Bird - Lynyrd Skynyrd

1º - Stairway to Heaven  - Led Zeppelin

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Heróis da Ciência



Da esquerda para direita e de cima para baixo:

Isaac Newton - Albert Einstein - Stephen Hawking
Karl Popper - Galileu Galilei - Champollion
Hipátia - Leonardo da Vinci - Johannes Kepler
Edwin Hubble - Marie Curie - Richard Dawkings
Charles Darwin - Carl Sagan - Lise Meitner
Alan Turing - Alexander Fleming - Neil Armstrong
Santos Dumont - Ralph Baer - Lynn Margulis
Thomas Edison - Steven Weinberg - Arthur C. Clarke

O mundo hoje agradece a esses heróis!

domingo, 19 de fevereiro de 2012

O paraíso bíblico existe?


Acredito, honestamente, que a maioria dos cristãos nunca se indagou a respeito da coerência de haver um paraíso extrafísico após a morte. Não estou discutindo a possibilidade de haver vida após a morte, mas sim a de haver um paraíso específico: um lugar perfeito e harmonioso onde reina a paz e a justiça para os justos.

Para começo de história, assumir a existência um paraíso para os cristãos é negá-lo para os muçulmanos, judeus, hindus, espíritas, xintoístas, etc, isso porque cada uma dessas religiões tem o seu próprio paraíso. E quem vai para o paraíso de uma, consequentemente vai para o inferno das outras. Mas esse nem é o ponto central da discussão.

Eu vou abordar a seguir três itens distintos que colocam em xeque a existência de um paraíso.

1 - Superpopulação
Será que cabe tanta gente assim no céu?
Vamos supor que o paraíso bíblico realmente exista. Isso instantaneamente já nos traz um problema de ordem prática: a superpopulação. Imagine todas as pessoas que existem, que já existiram e que ainda irão existir. Como vai caber tanta gente assim no céu? E será que nesse paraíso vai ter comida para todos? Sempre me perguntei o quão grande pode ser o céu e também o inferno para suportarem tantos mortos.


2 - Dualismo e livre arbítrio
Amor e ódio podem existir sozinhos?
Essa é uma questão bastante intrigante, porque antes de tudo, o ser humano é conhecedor do bem e do mal, ou seja: nós somos dualistas. Se sentimos amor, também podemos sentir ódio. Se sentimos compaixão, também podemos sentir rancor. Se sentimos alegria, também podemos sentir tristeza. É humanamente impossível separar esses sentimentos, porque eles são complementares, logo, um precisa do outro para existir. Se o céu é um lugar realmente perfeito, não poderia haver nenhum sentimento. Mas sem sentimentos, nós não seremos humanos. Além disso, a perfeição divina é inatingível. Das duas, uma: ou não há paraíso algum, ou não pode haver livre arbítrio no céu.


3 - Infelicidade
Imagine como seria encontrar seu maior inimigo no Céu
Para entender melhor esse item, vou resumir uma história que um amigo me contou na internet.
Imagine um sujeito chamado Senhor Fulano. Esse Sr. Fulano é um cristão fervoroso e fiel, porém, ele tem duas filhas de 14 e 15 anos que não acreditam em Deus e se revoltam contra o pai e a sua educação religiosa. As filhas do Sr. Fulano caem no mundo, vivem uma vida prazeres mundanos e ignoram os preceitos religiosos. Depois de 2 anos, essas garotas estão pervertidas pelo mundo e um dia encontram um homem que as conduz para um local ermo, as estupra e as mata com várias facadas.
Supondo que esse pai vá para o Paraíso, pois mesmo depois disso, ainda continuou fiel ao bom deus judaico-cristão, ele encontra lá um outro homem que conta a sua incrível história. O tal homem havia matado e estuprado várias pessoas, entre elas as filhas desse pai; quando depois de ter sido preso, se converteu a Jesus na cadeia, pediu perdão do fundo da sua alma e foi salvo. O Sr. Fulano deve ficar muito contente, ou seja, deve ter a obrigação de amá-lo, pois aquele homem, outrora maldito e sanguinário, se tornara um perfeito homem, aprumado, amoroso e consciente, podendo assim curtir a eternidade na Paz do Senhor.
As questões que essa história levanta são:

1 - Se o assassino das meninas pode ter recuperação e se redimir a ponto de se salvar, por que elas foram apartadas dessa chance e morreram ímpias e pecadoras, quando poderiam sim ter a chance de serem perdoadas por terem feito muito menos do que o seu algoz? Pois se o assassino não tivesse as matado, talvez elas pudessem ter se arrependido um dia e ido para o paraíso.
2 - Como esse pai conseguirá viver feliz eternamente ao lado do assassino das suas filhas?
3 - Como esse pai conseguirá viver eternamente feliz no paraíso sabendo que as suas filhas foram para o inferno?

Espero que os cristãos reflitam a respeito desses questionamentos.

O perigo da castidade

Cinto de castidade medieval

Se existe uma coisa que me incomoda seriamente é a ideia de castidade defendida pelas igrejas de denominação cristã. Isso porque eu acho inconcebível e inaceitável que alguma entidade, seja ela qual for, queira controlar a vida íntima das pessoas. Vida íntima é algo totalmente particular e pessoal e não compete a nenhum órgão público, instituição ou estado querer manipulá-la, principalmente se utilizando do medo. O máximo que uma entidade pode fazer é aconselhar, mas jamais impor.

Por que diabos inventaram a castidade?
A ideia central da castidade é baseada em dois argumentos. O primeiro é o de prevenção contra doenças sexualmente transmissíveis e o segundo é a prevenção contra gravidez indesejada. Se você se mantém casto, não pegará DSTs por vias sexuais e nem terá filhos. Filhos só seriam possíveis nesse cenário após o casamento, quando o sexo é permitido pela igreja. O apelo social da castidade está no fato de que ela evita mães solteiras, filhos bastardos e desestruturação familiar.
Bom, até aí tudo bem. O problema é que por mais que a igreja proíba ou ameace as pessoas, elas continuam fazendo sexo antes do casamento. Nem mesmo a ameaça do fogo eterno conseguiu controlar os hormônios das pessoas. Além de ser falha nesse aspecto, a castidade também ganhou uma concorrência muito mais forte, que foram os métodos contraceptivos. Ao usar o preservativo, você elimina numa tacada só o risco de contrair DSTs e de uma gravidez indesejada, isso, claro, sem precisar abrir mão do sexo! Uau!
Ora, se as pessoas, podem transar à vontade e livre de riscos usando preservativos, então pra que a castidade?
É justamente aí que entra a parte que eu discordo e combato veementemente, que é a questão da imoralidade.

Seria correto dar esse tratamento às crianças por elas se tocarem?

Terrorismo psicológico
Responda-me uma coisa: como é que algo natural - feito livremente por todos os animais sexuados da natureza - pode ser considerado imoral? Por que as pessoas tocarem o próprio corpo em busca de prazer seguro é imoral?
Não existe explicação plausível para proibir as pessoas de vivenciarem sua vida sexual por questões subjetivamente morais. Essa história de luxúria, de pecado da carne e de fornicação é algo inerente apenas a algumas religiões. O budismo, por exemplo, vê o prazer sexual como algo sagrado (ver no vídeo do Gaiarsa lá no final do post). Por que os cristãos seriam obrigados a renunciar o prazer de algo que pertence a todos nós naturalmente?

O pior da castidade é que até mesmo crianças que tocam nos próprios genitais por uma questão de auto-reconhecimento são repreendidas por isso. E quando essas crianças ficam mais velhas, elas crescem com traumas sexuais e culpas. Onde é que isso é saudável para alguém? E em níveis altos de culpa, já vi vários relatos de pessoas pensarem em suicídio e até mesmo de chegarem ao ponto de se mutilarem fisicamente para se manterem "castos". (Tire a prova nos links lá no final desse post)

Mas terrorismo de assustar mesmo foi quando o Papa Bento XVI, em sua viagem ao continente africano em 2009, condenou o uso de preservativos em países onde a epidemia da AIDS afeta mais da metade da população. Segundo ele, o uso de preservativos agravava a epidemia (link no final da página). Isso é um tremendo absurdo, porque uma autoridade religiosa se opor ao uso de preservativos num país tomado pela AIDS é um CRIME CONTRA A HUMANIDADE. O índice de mortes por causa da AIDS é altíssimo em alguns desses países e, por essa razão, todas as armas que estiverem ao nosso alcance para combater essa epidemia devem ser usadas, inclusive o preservativo. Claro que a desculpa dos religiosos é a mesma: 'ah, mesmo com camisinha o número de mortes continua alto'. Mas é claro: se as pessoas não usam o preservativo, é lógico que elas continuarão a se contaminar.
O que o Papa teria que fazer é encorajar a castidade como uma das formas de prevenção à AIDS, mas JAMAIS condenar o uso de preservativos. As pessoas precisam ter o direito de escolha sobre o que elas querem fazer com a sua vida sexual, desde que seja feito com responsabilidade.

Alguém pode me explicar pra que isso??

A castidade faz sentido?
Um dos motivos pelos quais eu comecei a contestar a religião que eu seguia, a cristã, no caso, foi justamente a condenação que ela dirigia à sexualidade. Veja abaixo algumas questões que eu levantei quando eu comecei a refletir sobre sexo e religião:

1 - Por que todos os animais sexuados da natureza fazem sexo livremente e apenas o ser humano precisa casar para fazê-lo?
2 - Se um deus perfeito e onisciente criou o sexo, então como o sexo criado por ele pode ser pecado? Não seria mais simples deus nos ter feito assexuados? Assim não haveria estupro, pedofilia, incesto, luxúria, etc.
3 - Se a masturbação é pecado, então para que serve o clitóris? Ele está lá só para enfeitar? E por que apenas a masturbação humana é pecaminosa? Uma infinidade de espécies de animais também se masturba, como mostrado na reportagem do Hypescience.
4 - Se as pessoas já nascem homossexuais, então por que condená-las por algo que elas não escolheram ser?

Essas quatro questões mostram claramente as contradições das ideias cristãs sobre a 'pecaminosidade' do sexo. O que fica evidente para mim é que a religião usa métodos extremamente toscos, como o medo e a culpa, para manipular a sexualidade das pessoas.

O destino absurdo para quem não aceita a castidade

Consequências da castidade
Além da frustração, do sentimento de culpa, da vergonha e de toda a autoflagelação provocada contra as pessoas que sentem prazer sexual fora dos moldes permitidos pela Igreja, a castidade traz outros problemas muito sérios.

Vou citar quatro problemas muito comuns que afligem as pessoas que se casam virgens:

1 - Péssima vida sexual para as mulheres
Segundo muitas igrejas, a única forma correta de se fazer sexo, mesmo no casamento, é visando a reprodução. Ou seja: o sexo é limitado à penetração vaginal. As preliminares, o sexo oral e outras sensações gostosas são vistas como abominações, imorais e pecaminosas. Além da mulher ser inexperiente ao casar, ela só poderá experimentar a penetração - isso sem estimulação para que ela lubrifique - e, ainda assim, visando apenas a reprodução. Isso sempre me soou estupidamente machista, mas é a verdade divina para muitos crentes. Aí eu me pergunto: como uma mulher pode ser feliz com um sexo desses?

2 - Casamentos apressados
Já que o sexo é proibido antes do casamento, então o jeito é casar o mais cedo possível para experimentar logo os prazeres sexuais. Isso é terrível, porque causa casamentos apressados onde muitas pessoas só se casam para se aliviar sexualmente. Isso gera casamentos ruins com pessoas erradas e leva a outro problema muito comum descrito no item seguinte:

3 - Problemas sexuais femininos
Cistite é coisa séria
Você já ouviu falar em cistite de lua-de-mel? Saiba que esse problema é muito comum e que ainda hoje afeta muitas mulheres. A cistite de lua-de-mel é uma inflamação provocada na uretra feminina como consequência de um número muito grande de relações sexuais feita em pouco tempo e/ou de forma abrupta. Ela tem esse nome porque ocorria geralmente durante a lua-de-mel, especialmente entre mulheres que casavam virgens.
Outro problema muito sério é a atrofia dos músculos pubococcígeos e circunvaginais devido à falta de uso dos mesmos durante todos os anos que antecederam o casamento.
Agora imagine o conjunto desse cenário: o casamento é feito às pressas, o sexo é ruim, a mulher sente culpa por ter prazer, a mulher tem cistite e ainda por cima tem os seus músculos sexuais atrofiados. Isso é o que eu chamo de castração psicológica.

Virgindade no casamento dá nisso
4 - Problemas sexuais masculinos
Já para os homens temos a famigerada ejaculação precoce. Imagine um cara inexperiente, que absorveu inconscientemente que o sexo é pecado e que está ansioso para começar a transar. Felizes são aqueles que nessa fase conseguem transar por mais de 15 segundos seguidos.

Conclusão
Eu acho que essa ideia sadomasoquista da castidade deveria ou ser abolida, ou então ser opcional. Penso que a educação sexual e o planejamento familiar são muito mais saudáveis e eficazes que essa ideia medieval de proibir, culpar e castigar.

Seja livre!

Curta a seguir um vídeo do psiquiatra José Ângelo Gaiarsa, que diz sem papas na língua algumas verdades sobre sexo.


Só vendo para crer:
Posições proibidas pela igreja
Papa Bento XVI diz que preservativos agravam a epidemia da AIDS
Homem decepa mão e pênis a mando de Deus
Homem corta o próprio falo por causa de religião
10 animais que se masturbam

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Legalização do aborto


m dos maiores problemas com relação às discussões envolvendo a legalização do aborto é a forma simplista e unilateral de debater sobre esse assunto. O aborto não pode ser visto apenas sob questões morais ou religiosas: o aborto precisa ser visto como uma questão de saúde pública e também como uma questão social.

Contexto histórico
Desde o início da existência do homo sapiens sobre a face da Terra que o aborto ocorre naturalmente. A questão de ser legal ou não veio da época que o pai da medicina, o Hipócrates, por volta de 377 a.C, considerou que a chance de uma mulher morrer realizando o aborto era maior do que durante a gestação ou o parto. Como a função da medicina é de diminuir o sofrimento das pessoas e salvar vidas, os remédios abortivos foram proibidos desde aquela época. Só que hoje a situação é inversa. Se o aborto for provocado por técnicas adequadas antes das 12 semanas de gestação, o risco de vida é nove vezes menor do que o enfrentado no parto. 
O direito de ter ou não um bebê é uma decisão pessoal
Ilegal, porém necessário
Aqui no Brasil, apesar da proibição legal, uma em cada sete mulheres pratica o aborto. O aborto acontece sendo proibido ou não. Não importa o que os médicos, religiosos ou a sociedade pense a respeito e não há campanha que possa evitá-lo. Mesmo em países desenvolvidos, com mulheres bem informadas e com políticas de planejamento familiar eficientes, o aborto acontece de um jeito ou de outro. E se o aborto é proibido por lei, não há outra escolha para quem opte por realizá-lo a não ser em clínicas clandestinas de péssima qualidade, sem condições de higiene adequadas e sem o devido acompanhamento médico ou psicológico.



A questão da saúde
O aborto, na verdade, se limita a uma escolha simples: ou deixamos que as mulheres morram ou fiquem com sequelas graves em abortos clandestinos; ou interrompemos a gravidez de forma segura, com profissionais competentes realizando o procedimento e com o devido acompanhamento psicológico. Legalizar o aborto é uma questão de saúde pública. Embora muitas pessoas, principalmente homens, acreditem que a legalização do aborto traga uma grande onda de abortos, antes de mais nada é bom que se diga que o aborto é uma decisão difícil para a mulher. Fazer um aborto não é como arrancar um dente. O aborto envolve uma questão existencial profunda e provoca sofrimento na mulher. A interrupção da gravidez é o último recurso a se recorrer quando todos os outros métodos contraceptivos falham.

"É inaceitável que as pessoas que não admitem o aborto por convicções morais e religiosas destruam o direito daquelas que desejam optar pelo procedimento".  
(Antônio Celso K. Ayub, médico e professor universitário)

As mulheres devem ter todo o direito sobre os seus corpos

Moral versus ética
O maior óbice à legalização do aborto são as questões morais e religiosas. E antes de entrar nessa discussão é preciso antes estabelecer a diferença entre valores morais e éticos. Como exemplifiquei no post sobre de onde vem a moral dos descrentes, a moral é algo totalmente individual e que varia de pessoa para pessoa. A moral é o conjunto de normas que regulam a conduta individual. Já a ética é o conjunto de regras ou de leis que administram e regulam as diversas morais conflitantes, dentro de uma sociedade pluralista. É antiético que pessoas que não concordem com o aborto por suas convicções morais ou religiosas proíbam o direito de quem deseja optar por esse procedimento com condições médicas, higiênicas e psicológicas adequadas.

Embrião humano com 6 semanas de gestação

Sobre a violência do aborto
O aborto é uma violência contra a mulher, tanto física quanto psicológica. Por essa razão, não é racional afirmar que as mulheres optam por esse procedimento por o acharem mais prático.
Quanto àquelas imagens chocantes que mostram fetos abortados de gestações avançadas, elas realmente são duras de se ver, mas elas são um motivo a mais para optar pela legalização do aborto. Com o aborto regulamentado, o procedimento é realizado bem antes do embrião virar um feto, evitando, assim, a morte de fetos já formados. A proibição do aborto é que propicia a realização do mesmo em gestações avançadas, porque há demora e hesitação em recorrer ao procedimento e também para encontrar clínicas clandestinas que façam o aborto.

Legislação do aborto no mundo (clique para ampliar)

Em um aborto realizado em até 3 semanas de gestação, não se veem imagens de fetos mutilados exatamente porque uma gástrula não possui nenhuma forma reconhecível como humana. O encéfalo nesse período sequer está formado e não existe qualquer sofrimento por parte do embrião. O embrião de um ser humano não é um ser humano, assim como uma mórula também não é um ser humano, apesar de possuir o DNA em suas células. Muito pior seria o nascimento de uma criança indesejada, abandonada e que seria criada sem estrutura alguma pelos pais.



Consequência a longo prazo para uma criança não desejada
- Doença e morte prematura
- Pobreza
- Problemas de desenvolvimento
- Abandono escolar
- Delinquência juvenil
- Abuso de menores
- Instabilidade familiar e divórcio
- Necessidade de apoio psiquiátrico
- Falta de auto estima
- Aumento da criminalidade

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o aborto é, sim, natural. Os mamíferos abortam espontaneamente em situações extremas, logo, não é antinatural. Sem falar nas espécies de animais que comem os próprios filhotes, o que torna a discussão a respeito do aborto algo limitado à esfera da ética humana.

Resumo do desenvolvimento do embrião humano

Desenvolvimento embrionário (clique para ampliar)

Onde a vida começa?
Para determinar onde a vida começa, precisamos primeiro tomar como parâmetro onde ela termina. A vida termina quando não há mais atividade cerebral. Então, se não há mais atividade cerebral (morte cerebral), a pessoa não está mais viva. Tanto é que pessoas com morte cerebral doam os seus órgãos por estarem tecnicamente mortas. Partindo desse princípio, então a atividade cerebral é o início da vida - o que ocorreria somente após a 8ª semana de gestação. Se a gravidez é interrompida antes da 8ª semana, não pode ser caracterizado um infanticídio porque ainda não existe vida.
E quando falamos em legalização do aborto, falamos em toda uma legislação a cerca desse procedimento, regulamentando em quais situações o aborto é ou não recomendável e em até quantas semanas de gravidez ele pode ser realizado.




Razões para legalizar o aborto:
1 - Assistência médica e psicológica para as mulheres que queiram optar pelo procedimento.
2 - Redução de mulheres atendidas no SUS com sequelas de abortos mal realizados.
3 - Menor número de mortes de mulheres por consequência de abortos mal realizados.
4 - Menor número de mortes de mulheres ao realizarem partos de alto risco.
5 - O aborto só será permitido até 'x' semanas de gestação antes de formar o feto (até 8 semanas de gestação, por exemplo), evitando o aborto em gestações avançadas e eliminando a hipótese de infanticídio.
6 - Redução do nascimento de crianças indesejadas.
7 - Descriminalização das mulheres que abortarem.

Consequência de crianças indesejadas

Conclusão
Eu sou a favor de uma legislação com valores éticos e laicos (baseado nos direitos humanos) para regular a prática do aborto e que dê às mulheres a assistência médica e psicológica necessária.
A descriminalização do aborto é apenas um passo que deve ser tomado para evitar mais sofrimento e mais mortes desnecessárias. Juntamente com a legalização do aborto também é necessário um grande investimento em planejamento familiar para que o aborto seja usado apenas em último caso.

Post seguinte:
Legalização do Aborto - Adendo

Ligações externas:
O direito ao aborto
Estatísticas sobre o aborto no mundo
Estatísticas sobre o aborto nos EUA
Aborto de gravidez
Legislação sobre o aborto
Quando começa a vida
Desenvolvimento embrionário humano

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Nebulosas

A Nebulosa Trífida, na constelação de Sagitário

Um dos objetos astronômicos mais fantásticos e fascinantes que há na galáxia são as nebulosas. Nebulosas são, por definição, grandes regiões no espaço formadas por poeira cósmica, gás e plasma. As nebulosas são restos de estrelas que morreram. Quando as estrelas morrem, elas liberam de volta para o espaço interestelar todos os materiais (átomos, no caso) que foram fabricados em seu interior. Isso ocorre geralmente de duas formas: ou a estrela libera as suas camadas mais externas quando morre - o que caracteriza uma nebulosa planetária. Ou então, quando uma estrela muito massiva ejeta violentamente suas camadas exteriores numa poderosa explosão conhecida por supernova.
Abaixo, dois vídeos mostram como se forma o material que compõe as nebulosas.

Como ocorre uma nebulosa planetária:


Explosão de uma supernova e a formação da Nebulosa do Caranguejo:


A matéria que forma as nebulosas é reagrupada pela gravidade para formar novas gerações de estrelas e de planetas. O nosso sistema solar, por exemplo, também se originou numa nebulosa. E devido à presença de metais pesados como o ouro, a platina e o chumbo no nosso planeta, concluímos que a nebulosa que gerou o nosso sistema solar teve partículas geradas na explosão de uma supernova. Somente as explosões de supernovas geram átomos pesados. É por isso que é correto afirmar que somos poeira das estrelas, literalmente.

Nebulosa de Eta Carinae

Através dos chamados filtros de banda estreita é possível determinar os tipos de átomos de uma nebulosa pelo seu espectro. Cada cor que aparece nas fotos das nebulosas representa um tipo de átomo diferente, como no exemplo abaixo:

hidrogênio
cor original: vermelho
cor visível na fotografia: verde

oxigênio
cor original: verde-azulado
cor visível na fotografia: azul

enxofre
cor original: vermelho escuro
cor visível na fotografia: vermelho

Como as cores originais nem sempre possuem boa visibilidade, normalmente as fotografias recebem tratamento digital para resplandecerem cores mais vivas no espectro da luz visível, como ocorre no exemplo abaixo com os Pilares da Criação da Nebulosa da Águia:

Cor original da nebulosa à esquerda e a foto com as cores realçadas à direita

Conversão das cores

A Paleta do Hubble (Hubble Pallete) serve justamente para dar destaque aos elementos químicos que aparecem na imagem; dessa forma, nós podemos distingui-los com mais clareza. É a chamada cor representativa, que traduz a impressão espectral dos elementos em luz visível.

A seguir, algumas nebulosas famosas:

Nebulosa do Esquimó
Nebulosa da Formiga
Nebulosa do Caranguejo
Nebulosa da Águia
Nebulosa da Chama, na Constelação de Orion
Nebulosa Cabeça de Cavalo, também na Constelação de Orion
Nebulosa do Anel
A famigerada Nebulosa de Orion, na Contelação de mesmo nome
Nebulosa Cabeça de Bruxa, na Constelação de Orion
Nebulosa Olho de Gato

Para saber mais:
Nebulosa de emissão
Paleta espacial
History Channel: O Universo - Nebulosas