Se daqui a uns 30 anos os jovens que não viveram nesta época me perguntarem como foi esse ano fatídico de 2020, eu vou ser franco: 2020 foi um ano para ser esquecido. Foi ameaça de guerra nuclear, incêndios florestais, explosão no porto de Beirute, vulcões adormecidos acordando, chacina de negros causando revoltas, feminicídio batendo recorde, muitas mortes, olimpíada adiada e a terrível pandemia da Covid-19. Tudo isso porque eu nem considerei que tivemos neste ano o pior governo da história, com um mentecapto negacionista na presidência que contribuiu para a morte de milhares de brasileiros com suas declarações irresponsáveis e atitudes psicopatas. Se bem que nem dá para se animar muito para 2021, porque o desastre continua para os brasileiros. É nessas horas que eu tenho inveja dos otimistas, porque o futuro não me parece nem um pouco animador.
quarta-feira, 30 de dezembro de 2020
2020 nunca mais
terça-feira, 29 de dezembro de 2020
A tal direita anticapitalista
Sim, eu sei que parece uma contradição muito grande você ler as palavras "direita" e "anticapitalista" formando uma única expressão. Isso porque a direita, tradicionalmente, está ligada ao capital, ao status quo, à hegemonia das classes dominantes e à exploração da classe trabalhadora. Acontece que, de uns tempos para cá, tenho observado várias pessoas autodeclaradas de direita em fóruns e redes sociais que perceberam que o capitalismo não é perfeito e que elas têm muito a perder com este modo de produção. Daí você pode se perguntar por que essas pessoas não se tornam de esquerda. Mas é aí que está o ponto interessante. As pessoas que se consideram de direita, no geral, possuem aversão à esquerda, ou pelo menos ao que elas reconhecem como sendo de esquerda. Para muita gente, a esquerda nada mais é que uma mistura rocambolesca de coisas ruins envolvendo lacração (politicamente correto), corrupção, cristofobia, stalinismo, ditadura, perda de liberdade, defesa de bandidos, Estado máximo, fome, igualdade forçada e outras coisas mais. Agora imagine que uma pessoa que é tradicionalista, cristã, conservadora, pró-meritocracia, a favor da propriedade privada e da desburocratização estatal percebendo que o capitalismo destrói o meio ambiente, promove guerras, causas crises frequentes, privilegia oligarquias, causa miséria e favorece o capital especulativo. Pronto, nasce aí a direita anticapitalista. Essa galera percebeu que há também uma falsa dicotomia entre socialismo e capitalismo, tendo em vista que outros sistemas surgiram ao longo da história, como os modos de produção primitivo, asiático, feudal e escravista. E olhando para o futuro, há possibilidades diversas além do socialismo e do capitalismo, como o cooperativismo, a economia baseada em recursos, a automação total da mão de obra, o anarquismo e outros sistemas que podem ser teorizados.
O que eu quero chamar atenção para essa direita anticapitalista é que ela precisa ser orientada de forma cautelosa para não cair nos fascismos da vida, porque ser contra "tudo que está aí" é uma ideia despolitizante. É preciso também acolher – ou pelo menos criar um diálogo – com essas pessoas, porque queira ou não, elas também são, de certa forma, antissistema. Elas não estão satisfeitas com essa desgraça toda que está aí. Isso só mostra a necessidade urgente de mudarmos o mundo para melhor de forma que atenda aos interesses da maioria dos seres humanos, e não de grupos minoritários poderosos que controlam o Estado e a economia contra os nossos interesses.
domingo, 27 de dezembro de 2020
Salve-se quem puder
2020 foi um ano terrível. Isso é um fato. Mas o pior mesmo está reservado para o início de 2021. Nos primeiros meses de 2021 teremos um agravamento ainda maior da segunda onda da pandemia, não teremos vacinas, não teremos o auxílio emergencial e o psicopata negacionista que brinca de presidir o Brasil não está nem aí. Isso porque eu nem mencionei o desemprego e a inflação. Pois é, meus amigos, agora é que teremos que ser fortes. Desejo força e sorte a todos.
Papo reto: porque não casei e nem casarei
Para começo de conversa, o amor romântico não existe: ele é uma ilusão idealizada pelo patriarcado. Esse "amor" romântico presente na cultura ocidental é um sentimento invariavelmente egoísta, imediatista e possessivo – exatamente o oposto do amor ágape que envolve doação, desapego, entrega e sacrifício. Já o casamento monogâmico é um contrato oficializado pelo Estado burguês patriarcal que recebe a bênção de outra instituição patriarcal: a igreja. Ora, duas pessoas se apaixonam, resolvem morar juntas, acreditam que serão felizes para sempre e acham que isso é amor. Por favor... tenha paciência. Se eu tivesse me casado, seria um sujeito infeliz, desiludido, chifrado, abandonado e tendo que pagar pensão para filhos que nem sequer teria o direito de ver. E quando um casamento não dá certo o que as pessoas fazem? Casam-se novamente. Que desperdício. Aí têm que aturar novamente brigas, abusos, perda de liberdade, intimidade invasiva, rotina desgastante, inferno com a família, burocracia com o divórcio... E no meu caso, que sou um sujeito que ama a solitude, a minha própria companhia, é inconcebível viver ao lado de alguém. Não me entendam mal, eu gosto das pessoas, só detesto relacionamentos. Liberdade, autonomia, privacidade e paz só existem para mim quando estou sozinho.
Essa conversa de que precisamos de uma cara-metade para sermos felizes é tudo balela. Só gente que não se ama ou que tem baixa autoestima é que acredita nos romances idealizados de novelas, filmes e músicas da cultura patriarcal. Durante as sociedades matriarcais primitivas, ninguém era de ninguém e todos eram livres para amar e estar com quem quisesse sem a necessidade de compromisso ou de dividir o mesmo teto. É óbvio que a dinâmica da sociedade mudou do mesolítico para cá, mas ninguém precisa casar mediante contrato e achar que será um conto de fadas. A dica que eu dou é que as pessoas procurem curtir um pouco a solitude, a própria companhia. Temos necessidade gregárias básicas típicas da nossa espécie, mas elas podem ser supridas por amigos, familiares, animais de estimação, inteligências artificiais e até mesmo profissionais da área da psicologia. Estar só traz autoconhecimento, bem-estar e sabedoria.
Enfim, estar só não é condenação: é libertação. Se dê uma chance, vai por mim, você vai gostar de se amar. Namastê.
terça-feira, 15 de dezembro de 2020
Coisas de um mundo capitalista
Ao dar uma olhada no mapa global de vacinação contra a Covid-19 (acima), dois pontos ficam bem claros. O primeiro é que os países ricos, os tais países de "primeiro mundo", lideram uma hierarquia hegemônica em relação ao resto do planeta. Essa hierarquia é um dos problemas estruturais do capitalismo, porque nesse sistema sempre haverá a falsa ideia de superioridade de pessoas e países supostamente mais "desenvolvidos". A hegemonia sistêmica leva, na prática, a privilégios injustos de certas populações, enquanto que o resto do mundo fica em segundo plano. O segundo ponto a ser observado é que países de moral conservadora, teocráticos, autoritários e politicamente instáveis (repúblicas bananeiras) possuem graves problemas na organização da estrutura básica da sua saúde pública. Não é por acaso que o aborto, por exemplo, é ilegal praticamente nos mesmos países em que não há calendário de vacinação contra o coronavírus. Inclusive, aproveito a oportunidade para deixar um mapa sobre o aborto no mundo logo abaixo, onde os países em azul possuem o aborto legalizado e as demais cores mostram países em variados graus de ilegalidade para a interrupção da gravidez.
Mapa do aborto |
No caso do Brasil, fica claro que um país que não respeita a laicidade do Estado, que possui um negacionista irresponsável na presidência da república e que é malogrado pelo imperialismo não tem a menor condição de ingressar no primeiro mundo. Mas saiba que você não é azarado por ter nascido no Brasil. Não é questão de sorte. Você e todas as pessoas desprivilegiadas do mundo foram condenadas propositalmente a viver sob um sistema que mantém privilegiados às custas dos excluídos. É por isso que insisto que o melhor jeito de resolver os problemas do mundo é mudando para um sistema melhor e mais justo que essa porcaria desigual baseada no acúmulo de capital. Ninguém deve depender de localização geográfica para ter acesso à saúde básica. Ou o mundo se torna mais justo através da nossa luta, ou seremos todos "azarados" para sempre.
sábado, 12 de dezembro de 2020
A solidariedade sozinha não muda o mundo
Todo natal é a mesma coisa: chovem campanhas solidárias de doação de cestas básicas, de brinquedos, de roupas... Gestos de altruísmo, de compaixão, de carinho, de empatia são indispensáveis em um mundo cruel, individualista e desigual como o nosso. O problema é que a solidariedade sozinha jamais irá mudar de modo permanente a vida das pessoas mais carentes. Depois que o natal passar, as pessoas menos favorecidas voltarão a sentir frio, fome e angústia. E mesmo que fosse possível ajudar essas pessoas durante o ano inteiro, isso não mudaria a realidade delas. As injustiças sociais continuam seguindo implacáveis e dar o peixe é muito menos eficiente do que ensinar as pessoas a pescarem. Temos que entender que a solução para resolver os problemas da pobreza, da desigualdade e das injustiças sociais passa, invariavelmente, pela política. Somente através de um sistema focado no social e na igualdade é que vamos tornar desnecessária essa "bondade" de fim de ano. Aliás, muita gente usa essa "bondade" ocasional como marketing pessoal para mostrar que é boa cristã. Se quisermos uma mudança real, ela tem que ser estrutural, a começar pela mudança na mentalidade das pessoas que preferem ficar ricas ao invés de ver um mundo mais justo para todos. Não temos que lutar por um mundo mais solidário; temos que lutar por um mundo mais justo. O bem-estar da coletividade deve estar acima de ações filantrópicas individuais.
CyberFlop 2077
Gráficos do PS4 no lançamento do game. |
Quem jogou The Witcher 3 (último jogo produzido pela CD Projekt, em 2015) no lançamento teve que encarar muitos bugs e problemas também. Mas o caso do Cyberpunk foi muito pior, porque o game não dura nem 10 segundos sequer sem aparecer um bug ou problema técnico nos consoles base. A ambição da CD Projekt foi grande demais em produzir um game tão grande e complexo para tantas plataformas diferentes ao memo tempo. Esse game tinha que ter saído apenas para PC e para as gerações atuais, mas na ganância de vender mais jogos, tentaram produzir também para a geração passada um jogo que claramente não tinha condições de rodar direito nela. E com o tempo apertado para lançar o game, aí que as coisas saíram mais feias ainda. Eu acredito que pelo profissionalismo e pelo histórico da empresa, nós teremos, sim, um jogo melhor daqui a uns seis meses após vários patches de correção. Mas por hora, está praticamente impossível desfrutar de uma experiência bacana com um jogo tão mal acabado.
É rir para não chorar. |
A minha experiência com o game não foi nada boa. Eu tentei jogar no PC, mas como eu uso o Windows 7, o jogo fechou sozinho dezenas e dezenas de vezes. A CD Projekt esqueceu de colocar nos requisitos para PC que o game necessita do Directx 12 para rodar. E o Directx 12 é nativo apenas do Windows 10. Ele só funciona no Windows 7 na base da gambiarra que eu até tentei fazer, mas que não resolveu o problema dos crashes. Fora que mesmo rodando com os drivers de vídeo mais recentes, a 720p e com tudo no low, o game ficava a maior parte do tempo abaixo dos 30 fps. Sem mencionar, claro, os bugs de tudo quanto é tipo que eu vi e que atrapalhavam a imersão. Joguei uma vez só, por cerca de 2 horas como Street Kid, e apesar de ter gostado do prólogo e da dublagem em português brasileiro, não achei a jogabilidade muito intuitiva e os menus do inventário me pareceram confusos. Como o jogo continuou dando problemas e crashando, achei melhor desinstalá-lo e só voltar a jogá-lo depois que ele tiver recebido vários patches e updates de correção que tornem o game estável.
sexta-feira, 11 de dezembro de 2020
Politizar as massas não é tão fácil quanto parece
É engraçado ver como muitos intelectuais encaram com um romantismo ingênuo a possibilidade de se criar revoluções a partir da periferia. Causar uma modificação profunda e radical no sistema através do trabalho de base não é algo fácil como muitos teorizam por aí. A luta da esquerda não é apenas contra o sistema capitalista, mas também contra as estruturas locais de poder que ajudam a sustentar esse mesmo capitalismo. Boa parte das periferias é controlada por mandachuvas do poder paralelo, tais como coronéis, traficantes, milicianos, líderes de seitas religiosas, organizações criminosas, torcidas organizadas... É muito wishful thinking achar que basta a esquerda fazer um trabalho de base nas periferias para iniciar a mudança rumo ao socialismo ou outro sistema que o valha. Mas não é bem assim que as coisas funcionam na prática. Será necessário lidar antes com esses grupos de poder local. Não dá para ficar pagando "pedágio" para traficante sempre que entrar numa favela para "politizar" a população. Fora que a própria população, no geral, tem enraizado um pensamento muito nocivo, que é a de se tornar opressora. É muito comum ver gente pobre se inspirando nos magnatas, nos ricos, nos coronéis e até nos traficantes. Aliado a isso, tem o pensamento consumista, de ostentação, que é natural do ser humano. Enfim, para combater as grandes estruturas de poder da burguesia, temos que pensar antes em como lidar com as pequenas estruturas de poder local. Talvez a educação, as artes, o trabalho voluntário, os esportes ou até mesmo as igrejas possam ser nossos aliados nesse sentido. É preciso furar esse bloqueio que impede que as pessoas tenham o pensamento certo para mudar a vida delas e a história do país.
terça-feira, 8 de dezembro de 2020
A pandemia ainda não acabou
Aquela cena icônica da idosa britânica sendo a primeira pessoa do ocidente a receber a vacina contra a Covid-19 realmente nos encheu de esperança. Apesar de todo negacionismo científico e das teorias conspiratórias antivacina, as vacinas são uma realidade e salvarão milhões de vidas. O problema é que a vacinação ainda está longe de chegar ao Brasil. Com um desgoverno assassino que politizou a vacina, que aparelhou a Anvisa e que agiu de forma irresponsável durante toda a pandemia, as nossas expectativas não são nada boas. E para piorar, a população em geral também parece ter se cansado do isolamento social e das medidas preventivas. Isso coincide também com o início da segunda onda da pandemia. Temo que as coisas sejam ainda mais terríveis agora. Além de não termos a vacina, temos desemprego, descuido, descaso e até mesmo o auxílio emergencial chegou ao fim. Não acredito em milagres, mas parece que terei que rever meus conceitos se quiser ter um pingo de otimismo daqui para frente.
domingo, 6 de dezembro de 2020
Cyberpunk 2077 vem aí
No dia 10 de dezembro de 2020, após vários adiamentos, será finalmente lançado o esperadíssimo game Cyberpunk 2077 para diversas plataformas. A empresa que desenvolveu o game, a maravilhosa produtora polonesa CD Projekt Red, a mesma da série The Witcher, prometeu que este RPG de mundo aberto em primeira pessoa irá superar em qualidade e complexidade o game anterior da empresa, o premiadíssimo The Witcher 3. O jogo que está em produção há cerca de sete anos será mais orgânico, mais complexo, mais vivo e mais imersivo que o Witcher 3. Aliás, a empresa alegou que The Witcher 3 foi um mero "aquecimento" para este game futurista que teve mais dinheiro investido e uma maior equipe em sua produção, contando com a participação ilustre do criador original do Cyberpunk 2020, o Michael Pondsmith, e também do astro Keanu Reeves interpretando o rockerboy Johnny Silverhand.
Possivelmente, Cyberpunk 2077 irá superar The Witcher 3 em tudo e não é apenas por ter melhores gráficos, mas pela complexidade das interações, pelos NPCs individualmente trabalhados, pela qualidade das missões secundárias, pelos diálogos, pela imersão, pelas novas tecnologias utilizadas, pelas DLCs gigantes e pelo multiplayer que promete ser inovador. Para os brasileiros, teremos algumas coisas extras interessantes no game que irão além da dublagem no português brasileiro com Lip Sync (sincronia labial), tais como a participação do Ozob (personagem do Azaghal, do jovem Nerd, dublado por ele mesmo) e da banda brasileira Deafkids com a canção Selva Pulsátil.
Em toda a minha vida, eu nunca vi um jogo de videogame tão cheio de hype. Nem mesmo o GTA 5 criou tantas expectativas e falação quanto o Cyberpunk 2077. A coisa foi tão surreal que os produtores do game chegaram a ser ameaçados de morte depois do último adiamento. Eu fiz a minha pré-compra na Steam há um mês (primeira vez que comprei um game na pré-venda) e pelo que vi em incontáveis análises de trailers, certamente o jogo será incrível.
Outro ponto que eu não poderia deixar de citar são as criticas sociais existentes no game envolvendo os oligopólios das megacorporações, as críticas ao Estado mínimo, a superficialidade de uma sociedade consumista e o uso abusivo da tecnologia em uma realidade brutal e decadente. Certamente, Cyberpunk 2077 será um divisor de águas na indústria dos games por suas inovações e por sua proposta ousada. Quem viver, verá.
quinta-feira, 3 de dezembro de 2020
A esquerda sempre irá perder em um sistema burguês
As eleições burguesas, como bem citou o professor Humberto Matos, do didático canal Saia da Matrix, foram idealizadas e realizadas para a esquerda perder sempre. Isso ficou visível não apenas no resultado das eleições municipais de 2020, mas durante praticamente toda a história republicana do Brasil. Qualquer ideia minimamente à esquerda sempre foi censurada, golpeada ou tratada como um "comunismo terrorista". É verdade que o PT esteve no controle do poder executivo durante mais de dez anos, mas as propostas petistas nunca foram de esquerda propriamente dita quando o partido decidiu levar a sério as eleições. O PT apenas realizou uma "conciliação" de classes sem modificar a estrutura hierárquica do capitalismo financeiro. O PT nunca foi reformista e muito menos revolucionário, porque jamais chegaria ao poder com essas intenções. Apesar dos programas sociais, da redução da desigualdade e do aumento do consumo entre os mais pobres, o PT não é, do ponto vista acadêmico, um partido de esquerda. Aliás, eu afirmo com convicção que não há partidos de esquerda no Brasil que tenham chances eleitorais relevantes. O que temos são partidos de centro (PT, Psol, PC do B), partidos de centro-direita (PDT e PSB) e partidos de direita tradicional (todos os outros). O tal "centrão" que tanto é falado por aí nunca foi de centro: ele sempre foi um arranjo de partidos de direita que defendem os interesses corporativos de bancos, latifundiários, pastores evangélicos e empresas privadas.
O que os meios de comunicação tradicionais da burguesia estão fazendo é aproveitando a conjuntura para tentar ressignificar a palavra "centro". Tratam o PT e Psol como "esquerda", Bolsonaro como "direita" e todo o resto como "centro". Essa confusão só serve para favorecer políticos de direita que querem descolar do Bolsonarismo, como, por exemplo, as principais figuras do DEM e PSDB. Outra conversa que também tem aparecido com certa frequência é a ideia despolitizante de que não existe mais esquerda ou direita. Isso é uma falácia, porque ela só serve para esconder dos incautos a real luta que é a luta de classes. Dentro do capitalismo existe sempre uma classe exploradora (burguesia) e uma classe explorada (proletariado). A esquerda é o único lado que defende os trabalhadores, porque tanto a direita quanto o centro trabalham para manter o status quo. Como no Brasil praticamente só o PT defende os trabalhadores, até por sua base sindical e sua história junto aos movimentos sociais, o que resta para esquerda eleitoral é se reinventar e seguir "enxugando gelo" ao lado do PT, traçando novas estratégias para se eleger e amenizar um pouco as grandes injustiças sociais do capitalismo.
A solução para superar esse círculo vicioso onde a burguesia sempre vence é entender que continuar jogando esse jogo é inútil. É preciso que surjam novas lideranças, novas premissas, novas abordagens e uma mudança real na estrutura do sistema. Somente movendo mentes e corações vamos conseguir por fim a esse ciclo maldito que só será possível quando o capitalismo for, de fato, superado. Temos que seguir fazendo o mínimo que é participando das eleições, mas sem perder de vista o objetivo final que é a criação de um novo modo de produção onde as injustiças sociais sejam eliminadas e onde não existam mais exploradores e explorados.
domingo, 29 de novembro de 2020
Votar é o mínimo que podemos fazer
Conheço muita gente de esquerda que diz que votar é uma perda de tempo, porque estamos apenas trocando as peças superficiais de um sistema que precisa ser modificado desde a sua base. Eu concordo que o sistema burguês-capitalista-oligarca precisa ser destruído para ocorrer uma mudança real, mas isso não irá acontecer a curto ou médio prazo. Para ocorrer uma revolução popular, muita coisa precisa ser feita tanto a nível nacional quanto internacional. Enquanto isso não acontece, temos que fazer a nossa parte jogando com as regras da institucionalidade burguesa, participando das eleições, porque queira ou não, o voto universal não foi algo que sempre existiu, ele foi uma conquista: é um direito que eu faço questão de ter. Mesmo que não ocorram mudanças profundas no sistema pela via eleitoral, temos que fazer o mínimo que é escolher políticos que atendam minimamente a nossa causa. Mesmo que para você não exista partido ideal ou partidos de esquerda no Brasil, abster-se de votar é entregar de bandeja o poder aos neoliberais, fascistas e irresponsáveis.
quarta-feira, 25 de novembro de 2020
O machismo precisa ser destruído
25 de novembro é uma data emblemática para uma das maiores bandas que jamais existiu, a Unno. Isso porque esta data refere-se tanto ao Dia do Doador, quanto ao Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres. Tanto a doação quanto o combate contra a violência, especialmente a violência contra a mulher, foram duas bandeiras muito fortes da banda fictícia Unno. O primeiro e mais popular álbum dessa banda, a Reinvenção do Amor, enfatizava em quase todas as faixas a importância da doação para salvar vidas. Já o segundo disco, o furioso Ideias Profanas, foi nitroglicerina pura, com muito protesto, rebeldia, power chords e revolta contra o status quo. Entre as canções históricas do segundo disco, eu destacaria O Sonho de Mary e Feminística. A primeira música, O Sonho de Mary, foi considerada um verdadeiro hino na luta contra a violência doméstica, especialmente sobre a violência contra as mulheres. Já o a segunda música, a Feminística, trata da violência contra a mulher de uma forma geral, atacando visceralmente o sistema patriarcal e o sexismo. Claro que há cantores e bandas no mundo real que também protestam a respeito da violência contra a mulher, mas são poucas canções e a maioria parece ser muito poética ou pouco contundente. Essas duas canções da Unno, como escrevi, são verdadeiros hinos: uma porrada muito forte no ouvido e na mente das pessoas. São canções difíceis de esquecer e feitas para incomodar e fazer estremecer as bases de algo que precisa ser destruído: o patriarcado. Mas enfim, o post não é sobre a Unno ou sobre música. Este post é um chamado para rebelião contra uma das forças opressoras mais antigas e arraigadas da humanidade: o machismo.
Quem é mulher sabe o inferno que é este mundo. É assustador ser mulher em um mundo machista. Só quem é mulher sabe como é viver com medo, sendo censurada, ameaçada, cerceada, controlada, violentada, diminuída, desrespeitada com todo tipo de violência todos os dias. É violência verbal, violência simbólica, violência sexual, violência doméstica, violência de classe, violência econômica, violência médica... E parece que isso não acaba nunca. Quem tenta negar ou justificar esta violência é cúmplice dela. Não existe justificativa para violência, muito menos contra grupos estigmatizados e de vulnerabilidade social. O sistema inteiro violenta as mulheres, seja através das leis (a criminalização do aborto é um bom exemplo), seja através da (in)justiça (veja o caso do "estupro culposo" praticado contra Mariana Ferrer, por exemplo), seja através das artes, seja através da cultura, seja através da linguagem, seja através dos sistemas de exclusão que afastam as mulheres do real poder (poderes econômico, militar, religioso e político). Não tem como ser um igualitarista e não se indignar contra esse sistema. Foi por isso que comecei este post me lembrando das canções da Unno, porque a arte é uma porta de comunicação entre os corações revolucionários. A música pode e deve ser usada para abalar os alicerces do sistema opressor. E não estou me referindo apenas ao capitalismo, porque não adianta derrubar o capitalismo e o machismo estrutural continuar dentro do socialismo. Não existe revolução possível sem o feminismo e sem as mulheres.
Nunca devemos deixar de lutar. Porque essa merda toda tem que acabar.
Descanse em paz, Don Diego
Morreu hoje, de parada cardiorrespiratória, um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos, o eterno Don Dieguito Maradona. Obviamente, fiquei muito triste com a notícia, porque além de ser uma lenda viva, sendo o maior jogador de futebol que vi jogar na minha vida, Maradona também estava do mesmo lado que eu no espectro político. Apesar de todas as polêmicas e confusões que ele se meteu ao longo da vida, não há como deixar de venerar o gigante que este homem foi dentro e fora dos campos.
Descanse em paz, Dieguito.
quinta-feira, 19 de novembro de 2020
Bozo não se reelegerá
Qualquer pessoa com o mínimo de expertise já deve ter percebido que a situação do excrementíssimo presidente da república vai de mal a pior. Primeiro, Joe Biden derrotou seu ídolo Donald Trump nas eleições norte-americanas; fato que o desmoralizou. Segundo que, nessas eleições municipais de 2020, a grande maioria dos candidatos apoiados pelo inominável se deram muito mal. Terceiro, os escândalos de corrupção surgindo aos montes envolvendo o 'filho 01' justamente do cara que disse "me chama de corrupto, porra" para tentar blefar com pseudo honestidade. E para fechar a tampa do caixão, vem ocorrendo um desgaste geral do desgoverno federal envolvendo as imbecilidades proferidas pelo ex-capitão, o descaso com o meio ambiente, a irresponsabilidade assassina durante a pandemia do coronavírus, o fim do auxílio emergencial e a volta da inflação e do desemprego. Mesmo o gado bolsonarista não me parece muito otimista com tantas adversidades. Até o vice-presidente Mourão já deixa transparecer uma certa exasperação de ter que atenuar ou consertar constantemente as falas mentecaptas do inominável. A coisa não está fácil.
Quando a burguesia tiver composto uma chapa civilizada de direita envolvendo velhos partidos (PSDB/DEM/MDB), aí que o Bozo será mesmo descartado. Em 2022 teremos provavelmente a volta da velha polarização envolvendo a centro-esquerda petista com a direita (neo)liberal tucana. Acho muito difícil que um presidente desmoralizado e sem partido consiga ter a mesma relevância do tempo das fake news, da fakeada e do lawfare sem controle que houve em 2018 para impulsionar sua candidatura. Provavelmente, Bozo não se reelegerá. Ainda bem.
quinta-feira, 12 de novembro de 2020
Bostanaro continua o mesmo mentecapto de sempre
Sempre que meu falecido pai contava piadas, tinha aquela seção de piadas políticas que, invariavelmente, envolviam dois dos presidentes mais trapalhões da história: o general Eurico Gaspar Dutra e o general Costa e Silva. Eram tantas histórias rocambolescas envolvendo esses dois ex-presidentes que ficávamos em dúvida se as piadas eram histórias inventadas ou se eram fatos verídicos. Se meu pai estivesse vivo, provavelmente ele iria incluir as bravatas de Jair Bolsonaro nas anedotas políticas, porque eu nunca vi um presidente da república falar tantas jumentices com tanta frequência. E olha que o inominável ainda nem chegou na metade de seu mandato. As últimas do presidente, como todos já sabem, foi insinuar que o Brasil é um 'país de maricas' devido à prudência necessária diante da pandemia do coronavírus e depois ameaçou 'usar a pólvora' contra os norte-americanos por não aceitar as sanções de Joe Biden devido aos incêndios na Amazônia. Logicamente, essas declarações delirantes e irresponsáveis foram feitas com o intuito de criar uma distração sobre as denúncias do MP-RJ a respeito dos esquemas de corrupção do seu filho Flávio Bolsonaro. E assim a canção segue, com os militares e a burguesia aturando as sandices do presidente para que o projeto neoliberal de Paulo Guedes seja levado adiante. Enquanto isso, nós, o povo, somos feitos de palhaços, nos restando fazer piadas nas redes sociais com o exército em sua incursão suicida contra os donos do mundo. Tenho pena de quem votou nesse ser abjeto em 2018 achando que o PT era pior.
É rir para não chorar... |
sábado, 7 de novembro de 2020
Biden venceu, mas a canção continua a mesma
Já expliquei em outras oportunidades que a eleição americana é apenas um arranjo da burguesia para continuar a fazer valer os interesses dos bancos e das grandes corporações. É a direita fascistoide representada pelos republicanos contra a direita liberal representada pelos democratas. Não há espaço para nada minimamente de centro e menos ainda de esquerda. Bernie Sanders foi eliminado logo no início das prévias do partido democrata por ousar por em campanha um discurso social-democrata. Socialismo então, nem pensar. E assim segue a farsa eleitoral norte-americana onde pouco importa que lado vence, porque a plutocracia e o establishment continuam intocados em seu domínio tanto local quanto internacional. E falando em cenário internacional, as bombas estadunidenses – sejam elas republicanas ou democratas – continuarão a cair em países de interesse estratégico que não possuam arsenal nuclear para autodefesa.
Mas nem tudo é tão ruim assim. A vitória de Joe Biden marca o início da decadência da onda de extrema-direita internacional. Trump, Bannon, Johnson, Bolsonaro: toda essa gente sai enfraquecida com a vitória da direita liberal norte-americana. Aqui no Brasil também haverá mudanças, já que o atual governo vai ter que se comportar de maneira aceitável tanto com relação ao meio ambiente quanto com relação à política externa. A derrota da direita fascistoide lá nos EUA indica que as coisas não serão tão simples para Bolsonaro e seus filhos em 2022. Ou pelo menos assim espero.
sábado, 31 de outubro de 2020
Ainda vale a pena morar no Rio?
"Quando estou na cidade do Rio de Janeiro, eu me sinto dentro de um jogo de videogame tipo GTA ou de um filme como Tropa de Elite. A violência no Rio está tão fora de controle que eu sempre ando paranoico pela cidade."
Essa frase entre aspas foi dita por um ex-colega meu de faculdade que tinha voltado recentemente de viagem do Rio de Janeiro. Ele falou os pontos positivos e negativos da cidade, mas essa frase que destaquei me chamou atenção. O Rio de Janeiro, dos últimos vinte anos para cá, ganhou a imagem de uma cidade decadente, distópica e sangrenta. Engraçado que quando eu era criança, a minha visão do Rio era completamente diferente. Era de um lugar bacana, cheio de cartões postais e de coisas legais pra fazer. Para se ter uma ideia, o Rio era o terceiro lugar que eu mais queria conhecer depois da Disneylândia e do Beto Carrero World. A coisa que eu mais queria fazer no Rio quando criança era ir ao Show da Xuxa, coisa que acabei não fazendo quando morei por lá no fim dos anos 1980. A televisão era uma coisa mais imponente naquela época e as imagens que eram vendidas do Rio na tevê, especialmente nas novelas, era de uma cidade idealizada que vivia em carnaval o ano inteiro com praia, futebol, samba, gente bonita, turistas, calorzão. Era a tal "Cidade Maravilhosa". Quase todo mundo de fora queria conhecer os encantos das terras cariocas. Mas aí quando conheci o Rio pela primeira vez, me deparei com chuva, neblina, enchentes, trânsito, bala perdida, desigualdade social, preços altos... O Rio não era um paraíso, tá ok, mas ainda tinha seu encanto.
Mas enfim, eu gosto muito do Rio de Janeiro pelos amigos que fiz por lá, pela aura tropical da cidade, pelas praias, por ser o coração turístico do Brasil, pelos eventos, pelas oportunidades e pelos bons tempos que tive na infância quando estive lá. Mas morar hoje na capital fluminense é um tiro no pé. Só vale a pena morar no Rio se você tiver muito dinheiro. Porque quem for de classe média baixa ou pobre vai se ferrar bonito por lá. A cidade é violenta, desigual, cheia de desempregados, o custo de vida é elevado, passar em concursos públicos por lá é mais difícil, o governo é corrupto, a saúde pública é precária, a educação pública deixa muito a desejar, a segurança pública nem se fala e a cidade parece estar muito saturada de gente querendo reconstruir a vida. Mesmo em outros municípios fluminenses a coisa também não está fácil.
Por tudo que vi e ouvi nos últimos anos, conclui que tentar ganhar a vida fácil no Rio é coisa de novela. Claro que a cidade é linda, mas isso justifica, no máximo, um passeio por lá nas férias. E eu não digo isso por não gostar da cidade, até porque eu tenho uma ligação afetiva e nostálgica com a cidade dos meus tempos de criança, mas é que a realidade é muito mais dura do que parece. E com o crescimento das milícias, da politicalha e do descaso do Estado, até mesmo cariocas da gema têm deixado a cidade. É preciso que muita coisa mude para que o Rio de Janeiro volte a ser (se é que já foi um dia) uma cidade digna para se viver.
segunda-feira, 26 de outubro de 2020
Não é hora de uma nova Constituinte no Brasil
Tanto pessoas de direita quanto pessoas de esquerda aqui no Brasil estão se espelhando no plebiscito chileno que enterrou a constituição de Pinochet para exigir uma nova assembleia nacional constituinte por aqui. Mas vamos com calma. A situação do Chile é um pouco diferente do Brasil. Lá eles estão saindo de uma Constituição que marcou uma página sangrenta na história do país. Nós já tivemos a nossa em 1988 para atender a essa função de transição. O problema da nossa Constituição de 1988 é que ela é uma constituição inteiramente burguesa, que mantém brechas para intervenções militares e que perdoou nomes como o do coronel Ustra. Precisamos de uma nova Constituição, sim. Mas ela precisa ser feita pelos trabalhadores, para os trabalhadores e após uma revolução popular. É impossível criar uma constituição que atenda aos trabalhadores no momento, porque o atual congresso é dominado pela direita tradicional e o poder executivo está repleto de militares que tratam a ditadura de 1964 como tendo sido algo bom e necessário. Uma nova constituinte agora só serviria para atender aos interesses dessa gente que está no poder e aos plutocratas. Ou será que as pessoas se esqueceram da "constituição sem povo" citada pelo general Mourão lá em 2018?
Vamos primeiro pensar em mudar a estrutura de poder do sistema político antes de pensarmos em um nova constituinte. Não adianta uma nova constituição se os generais e os super ricos não a respeitarem. Mudanças reais não se fazem com remendos, mas sim com rupturas com o que havia antes.
quinta-feira, 22 de outubro de 2020
Não se pode esperar revoluções de uma geração Perdida
A partir de 1985, o Brasil e o mundo entraram em uma nova fase. Assistimos desde então o fim da ditadura militar, a volta das eleições diretas, a queda do Muro de Berlim, o fim da União Soviética, o fim da Guerra Fria, a estabilidade na moeda, a popularização dos videogames domésticos, a chegada da internet... A humanidade entrou num raro e longo momento de estabilidade que teve como auge o período de 1992 até 2008. O fato foi que desde 1994 até 2012 o Brasil esteve em um período onde os jovens brasileiros não tiveram maiores preocupações políticas, porque não tivemos guerras, regimes autoritários ou instabilidade monetária. A geração Y, que engloba pessoas nascidas entre 1980 e 2000, acabou crescendo em um ambiente de pouca turbulência geopolítica e onde não era preciso lutar contra quase nada. A geração Z, que inclui as pessoas nascidas desde 2001, também pegou boa parte desse período de "sossego" e uniu-se à geração Y, formando uma única geração que eu vou nomear de Geração Perdida. Por que esse nome "Geração Perdida"? Porque parece que não sabemos de onde viemos, nem quem somos e nem para onde vamos. Eu, por exemplo, nasci em 1983 e faço parte dessa geração que praticamente só brigou por algo dentro dos videogames ou nas caixas de diálogo do Facebook.
Mas o mundo mudou. Foi quando veio a crise global de 2008 que a geração Y mundial começou a ficar desnorteada. Afinal, nunca tinham visto uma crise daquelas proporções ameaçando sua estabilidade que até então era algo natural, praticamente consuetudinária. No caso do Brasil, desde os protestos de 2013 que a coisa começou a desandar. As pessoas estavam reclamando de tudo e ao mesmo tempo de nada naquelas micaretas "antitudo". Devido à despolitização, os jovens então foram feitos de massa de manobra pela imprensa e pelos think tanks na condução das ideologias dominantes presente no imperialismo Euroamericano. O resultado disso culminou com o Golpe Parlamentar de 2016, na eleição de uma criatura fascitoide em 2018 e uma necropolítica piorada graças à pandemia do Coronavírus que explodiu em 2020.
O momento que estamos vivendo é muito preocupante, porque as gerações anteriores que pegaram um mundo dividido pela Guerra Fria e que lutaram contra a ditadura já estão na casa dos 60-70 anos e não possuem mais a juventude e o espírito de mudança necessário para lutar. E as gerações atuais (a tal Geração Perdida) não sabem lutar e nem pelo que lutar. Parecemos espectadores de um mundo à beira do caos onde as redes sociais viraram palco de vaidades e memes que mais parece um Fla-Flu ideológico que não leva a nada. Estamos sem referências, sem armas e esperando uma solução mágica cair do céu. Infelizmente, quem ganha com isso são aqueles que realmente detém o poder, que possuem as armas e que sabem muito bem pelo que lutar. E assim as coisas irão continuar até que o mundo nos mostre que a realidade em que crescemos não passou de um castelo de cartas.
A direita capitalista é assassina
Uma das coisas que mais estou farto de ver na internet é gente que se declara como sendo de direita enchendo a boca para falar que a esquerda é assassina porque "o comunismo matou milhões", porque Mao Tse Tung era isso, porque Stalin era aquilo, porque Fidel e Che eram mais não-sei-o-quê... Isso nós já estamos exaustos de ouvir e ler. O que (quase) ninguém conta é que o capitalismo matou e mata muito mais que todos os regimes socialistas/comunistas que já existiram. E isso acontece sem que as pessoas percebam. Um exemplo claro disso está acontecendo hoje no Brasil. Esse número de mais 150 mil mortos pelo coronavírus no Brasil não veio por acaso. É claro que temos um delinquente irresponsável na presidência, mas culpa não foi só dele. A culpa é também do congresso formado, em sua maioria pelo "centrão", que nada mais é que a direita tradicional composta pela bancada BBB (Boi, Bala e Bíblia). Isso sem citar os parlamentares representantes dos bancos, planos de saúde, corporações, especuladores, etc. O nosso poder legislativo é muito reacionário e muito ligado aos interesses do capital especulativo. Foi por isso que a PEC do Teto de Gastos (PEC da Morte) foi aprovada. E a discussão que há hoje para o governo está em como não estourar esse teto imposto pelo legislativo, mantendo os investimentos em saúde e educação congelados mesmo diante da pandemia. A PEC do Teto de gastos é uma PEC assassina criada por essa direita tradicional que prefere ver o povo morrer nos hospitais do que faltar dinheiro para pagar juros para a casta rentista.
Mas a tragédia não para por aí. Algumas medidas populistas da nossa direita também são assassinas. Dois exemplos disso são as mudanças nas leis de trânsito que dobrou a quantidade de pontos para perder a CNH e o período para sua renovação; e também a flexibilização no acesso a armas de fogo. Com essas duas mudanças teremos mais acidentes de trânsito e mais acidentes com armas de fogo. O número de mortes vai aumentar sem ninguém nem sentir e ninguém vai se lembrar de incluir essas mortes na conta do capitalismo. E com o fim do auxílio emergencial mesmo antes do fim da pandemia, teremos mais pessoas morrendo por consequência do desemprego, da desnutrição e da falta de cuidados médicos e remédios.
E depois é a esquerda que é assassina...
PS: Esqueci de incluir também a aprovação de agrotóxicos banidos na Europa pelo governo Bolsonaro. Isso, a médio e longo prazo, também vai matar muita gente, porque esses pesticidas possuem substâncias nocivas à saúde. É a necropolítica tomando conta do Brasil.
quarta-feira, 14 de outubro de 2020
Eleição americana nem devia se chamar eleição
Joe Biden ou Donald Trump. Sabe quem eu prefiro? Nenhum. Ambos estão ali defendendo os interesses das oligarquias estadunidenses. A diferença fica apenas na máscara que usam. Enquanto um é um lobo em pele de cordeiro, o outro é um lobo em pele de lobo. Joe Biden representa a volta do imperialismo humanitário, enquanto Donald Trump representa o imperialismo predatório E para o povo americano não muda muita coisa. Tanto republicanos quanto democratas servem aos interesses do establishment. É por isso que o bipartidarismo americano é fictício. Aliás, as eleições de lá nem são eleições de verdade, porque as eleições americanas são semidiretas, tendo que passar pela arbitrariedade dos delegados dos colégios eleitorais. E depois vem gente criticar Rússia, China, Cuba e Venezuela, como se as eleições dos EUA fosse exemplo a ser seguido.
Coloquem uma coisa na cabeça: democracia só é possível, de fato, no socialismo. Porque somente no socialismo os trabalhadores estão realmente exercendo o verdadeiro poder. No capitalismo é a alta burguesia que controla o sistema político, eleitoral e econômico. Quem realmente manda nos países capitalistas é o sistema financeiro encabeçado pelos grandes bancos privados. Em outras palavras: é o dinheiro quem manda. Então tanto faz quem ganha as eleições americanas, vamos continuar sendo explorados e ludibriados pelos donos do mundo.
sexta-feira, 9 de outubro de 2020
Bozo é um desastre, mas o capitalismo é pior
Sim, o governo Bolsonaro é um desastre, mas o sistema que permitiu sua eleição é ainda pior. Na verdade, quem venceu a eleição presidencial de 2018 nem foi o Bolsonaro, mas sim as fake news. Estamos sendo governados, na prática, por um néscio fascistoide que sonha em ser ditador e que não tem e nem nunca teve condições nem para ser síndico. E isso só ocorreu porque houve toda uma grande logística por trás da eleição dele financiada tanto pela burguesia nacional quanto pela internacional. Portanto, o problema não é nem o Bolsonaro em si, mas sim o sistema econômico que permite que uma criatura bestial como ele tenha se tornado chefe do executivo: sistema esse chamado de capitalismo financeiro.
Quem acompanha este blog há mais tempo sabe que já abordei várias vezes as razões pelas quais o capitalismo só deu certo para uma minoria, isso porque o capitalismo tem como objetivo maximizar o lucro a qualquer custo. Diferentemente do socialismo, que tem como objetivo cuidar primeiro das pessoas, o capitalismo não respeita o meio ambiente, tem foco no consumismo, usa a coerção para impor a propriedade privada e precisa da escassez para que possa continuar existindo. É por isso que precisamos de um novo sistema, de uma economia baseada em recursos, de governos que não sejam chantageados pelo lobby do capital e que nem precise de crescimento infinito para se sustentar. Os únicos sistemas que conheço até o momento que atendem a esses requisitos são o ecossocialismo e o Projeto Vênus.
Portanto, se você não concorda com o governo Bozo, ainda que não saiba, muito provavelmente você não concorda também com o capitalismo, porque é justamente este o sistema culpado por toda essa tragédia ecológica, social, sanitária e econômica que estamos vivendo no Brasil. Jair Bolsonaro é apenas o sintoma de algo muito pior.
terça-feira, 29 de setembro de 2020
1 milhão de mortos pela Covid
Hoje, dia 29 de setembro de 2020, atingimos oficialmente a trágica marca de 1 milhão de seres humanos mortos pelo coronavírus em todo o planeta. Perdemos amigos, parentes, entes queridos e conhecidos que estariam vivos se não fosse por esse vírus letal tão subestimado por tantas pessoas. Ainda que o número total de mortes tenha sido bastante atenuado devido às medidas preventivas, um milhão é um número muito grande (isso sem contar com a subnotificação). Só quem perdeu alguém importante por causa dessa doença sabe o quão difícil e doloroso é seguir em frente em meio a uma crise global sem as pessoas que amamos. Tantas histórias, tantos talentos, tantos sonhos desperdiçados... A única coisa que posso fazer nesse momento é deixar minha solidariedade a todos que estão sofrendo com a angústia da perda. A vacina contra a Covid pode sair ainda este ano e até lá não podemos nos permitir baixar a guarda. Temos que seguir as medidas de proteção e isolamento social até que este terrível inimigo seja vencido.
Força a todos.
domingo, 20 de setembro de 2020
Não há mais espaço para conciliação de classes
Meu povo, não se iluda. Nem Lula, nem Ciro, nem Boulos, nem Manuela, nem Haddad, nem Dino, nem ninguém nos próximos anos terá condições de governar o Brasil com a mesma tranquilidade que ocorreu entre 2003 e 2012. Naquela época de ouro do petismo – onde tivemos inúmeras melhorias e avanços sociais na renda, na qualidade de vida e no acesso ao ensino superior – estávamos navegando em outros mares. O capitalismo financeiro estava em um raro momento de estabilidade. Mas desde 2008 que a conjuntura vem mudando até ter sofrido o golpe de misericórdia com a pandemia do Coronavírus em 2020. Olhe no caso do Brasil: sofremos um Golpe de Estado, os militares estão no poder novamente, Lula continua sendo perseguido pela Lava Jato, o fascismo está em alta, estamos numa época de pós-verdade, há aumento histórico do desemprego, dólar nas alturas... A burguesia não quer saber de conciliação neste momento: ela quer aumentar a exploração e as desigualdades através do neoliberalismo para poder se manter por cima. Se alguma força progressista se eleger em 2022, ou ela será controlada por rédeas curtas pela elite econômica, ou então será novamente golpeada.
O momento que estamos vivendo agora é de luta, é de politização, é de construir consciência social nas pessoas. Temos que nos organizar para futuramente combater esse sistema e substitui-lo por outro menos injusto, seja socialismo, cooperativismo, projeto Vênus, anarquismo... Insistir na manutenção status quo vai apenas nos tornar reféns por mais tempo ainda de todas as mazelas do capitalismo bancário. E não se precipitem: ainda não há como fazer revoluções neste momento. Precisamos começar com um primeiro passo, que é esquecer essa ideia perecível de conciliar burguesia com proletariado e capital especulativo com capital produtivo. O momento é de pensarmos em uma forma de destruir o capitalismo lá na frente.
Parece que não estamos sós no universo
Qualquer pessoa que não viva em outro planeta já está sabendo a essa altura que o planeta Vênus tornou-se um forte candidato a abrigar vida alienígena depois da descoberta da bioassinatura de fosfina em sua atmosfera superior. Apesar das temperaturas infernais e da pressão atmosférica brutal, o planeta Vênus pode, veja bem: PODE conter formas simples de vida que estejam produzindo a tal fosfina. Ainda não são conhecidas todas as formas possíveis de produção de fosfina que podem existir, podendo a sua fonte vir de um fenômeno não biológico que indicaria um alarme falso de vida no planeta conhecido como estrela D'alva.
Ok, essa parte da notícia já foi reverberada à exaustão por aí. Mas o ponto que eu gostaria de chamar atenção é que o nosso sistema solar possui dois planetas telúricos (rochosos) na sua zona habitável: Terra e Marte. Apesar de haver algumas discordâncias, conceitualmente, se considera que Vênus está fora da zona habitável por estar perto demais do Sol. Ora, se em um planeta FORA da zona habitável temos a possibilidade real de ter vida ainda que muito simples, o que poderíamos dizer então do resto do universo? Já foram descobertos vários planetas extrassolares na nossa vizinhança galáctica que estão na zona habitável. E em todo o universo há um número incalculável de planetas semelhantes ao nosso na zona habitável de seus sistemas solares. Se você saca um pouquinho só de probabilidade e sabe que há mais estrelas no céu do que grãos de areia na Terra, deve chegar na mesma conclusão que eu: certamente NÃO estamos sozinhos no universo. Ainda mais porque há sistemas solares bem mais antigos que o nosso orbitando estrelas que possuem um tempo de vida muito maior que o nosso Sol.
Zonas habitáveis dos planetas. Note que Vênus está fora. |
Só que essa coisa toda de vida fora da Terra não tem nada a ver com esses avistamentos de OVNIS e desenhos gabaritados nas plantações de trigo da Inglaterra. Vida complexa, inteligente e capaz de desenvolver tecnologia demora muito tempo para surgir e depende de muitos fatores aleatórios ocorrendo em momentos certos da evolução. Aqui na Terra, por exemplo, se o asteroide que matou os dinossauros não tivesse caído há exatamente 65 milhões de anos, muito provavelmente eu e você não existiríamos. A árvore da vida poderia ter seguido outra ramificação e os répteis ou as aves talvez tivessem dominado o mundo. Uma espécie com um cérebro que consome 20% da energia corporal, com um polegar opositor perfeitamente assimétrico e perfeitamente adaptada ao ambiente só existiu uma vez no nosso planeta em 4,5 bilhões de anos. E olha que já tivemos um número gigantescos de espécies na história do nosso planeta. A chance de nós, humanos, termos existido é extremamente baixa. Somos um verdadeiro milagre cósmico.
O que eu quero dizer com essa conversa toda é que é quase certo que há vida lá fora, mas vida capaz de desenvolver uma civilização tecnológica é quase impossível. Então o único jeito que temos de saber se estamos sós ou não no universo é indo para outros mundos para fazer contato imediato de terceiro grau com micróbios alienígenas.
Fall Guys mostra o que há de pior em nós
Uma das razões pelas quais tenho postado com baixa frequência neste bloguinho se chama Fall Guys. Para quem não conhece, Fall Guys é um game online da Mediatronic onde dezenas de jogadores disputam vários turnos eliminatórios no estilo Olimpíadas do Faustão na busca do prêmio máximo (coroa) para o vencedor. Em outras palavras, é um battle royale divertidíssimo de criaturinhas fofinhas com suas skins coloridas e caricaturadas. Apesar de repetitivo, o jogo é bastante viciante e nos proporciona momentos únicos de alegria, entretenimento e RANCOR. Sim, RANCOR!
Eu cansei de ver muitos jogadores que colocam a própria classificação em risco só para atrapalhar e prejudicar outros jogadores na partida, especialmente os que estão disputando as últimas vagas. Nos jogos em equipe de três times, os dois times com melhor pontuação tendem a se unir para massacrar e assim eliminar o mais fraco. No mapa mais difícil do jogo, o Escalada Suja, vemos pelotões de jogadores veteranos agarrando e empurrando os adversários iniciantes na lama. Sadismo, egoísmo, vingança e crueldade: marcas registradas de muitos jogadores desse game. Um jogo tão fofinho, colorido e divertido, mas com um potencial para mostrar toda a desgraça da qual o ser humano é capaz. Isso sem falar nos hackers e cheaters que mesmo com um sistema antitrapaça, estragam a diversão dos outros de maneira covarde e revoltante.
Enfim, apesar disso, eu amo esse joguinho maldito. Se estivesse na época da minha graduação, poderia usá-lo como análise sociológica dentro dos videogames. Daria muito pano pra manga.
sábado, 5 de setembro de 2020
Coisas da democracia
O povo brasileiro tem uma coisa muito particular que é a esperança na desesperança. É um paradoxo difícil de assimilar, mas fácil de explicar. Parece que quanto menos esperança, mais as pessoas acreditam que tudo vai dar certo. Veio a Covid-19, a recessão, a queda do PIB, o aumento do dólar, o desemprego em massa e o povão parece satisfeito e confiante com o atual governo. Mas o mais trágico mesmo é esse nivelamento bizarro entre Lula e Bolsonaro nas camadas populares da população. Ora, diferentemente de Lula e Dilma, Bolsonaro é uma besta irracional que nunca deu ou dará a mínima para o pobre. O auxílio emergencial não foi ideia dele e toda essa catástrofe pandêmica foi piorada devido a esse governo irresponsável e elitista que vive em constante estado de protoditadura. Dar esperança para o "mito" é dar esperança para a desesperança. Aumento real no salário mínimo, programas de inclusão social, direitos trabalhistas e planejamento econômico responsável foram marcas de uma época que jamais voltará enquanto as pessoas continuarem colocando o moralismo acima da razão. Não foi à toa que uma mamadeira fálica e um kit gay (ambos mentiras deslavadas) e um pseudo combate à mamata deram ao ser abjeto que ocupa a presidência a única chance de vitória nas urnas em 2018.
Acorda, meu povo!
sexta-feira, 28 de agosto de 2020
Precisamos superar o capitalismo urgentemente
Uma notícia inusitada apareceu nas minhas redes sociais ontem: uma guilhotina foi colocada na frente da casa do homem mais rico do mundo. Esse homem mais rico do mundo é o bilionário Jeff Bezos, dono da Amazon e que teve a sua fortuna aumentada durante a pandemia. A guilhotina em frente a sua casa nos EUA foi um protesto contra as práticas trabalhistas da Amazon.
Vamos analisar melhor os fatos a respeito dessa notícia.
Qualquer um que já tenha estudado história sabe o significado que a guilhotina teve na época do Terror Jacobino. O dono da Amazon e todos os bilionários do mundo também sabem o significado disso. Mas esses protestos isolados são absolutamente inócuos por não ameaçarem nem de longe os lucros desses super ricos. O que o compartilhamento massivo dessa notícia da guilhotina pela web demonstra é que muita gente anda insatisfeita com o atual sistema capitalista.
Ora, estamos trabalhando cada vez mais e recebendo cada vez menos em troca. Nossas rotinas têm sido repetitivas e exaustivas, e estamos vivendo nossas vidas medíocres praticamente só para consumir porcarias e pagar contas. Estamos sentindo na pele as mazelas do capitalismo financeiro que sobrevive da exploração de todos os trabalhadores para enriquecer uma
casta especuladora que nada produz. Somente uma pequena fração dos
ricos, os tais plutocratas, é que realmente leva a melhor. Eles pagam
menos impostos, eles ganham cada vez mais fazendo cada vez menos e são
eles que decidem, através do poder do dinheiro, como os políticos e as
forças de repressão do Estado burguês irão agir contra nós.
Mas os problemas do capitalismo não param por aí: metade da população mundial vive em situação de insegurança alimentar. Contrastando com isso, a humanidade produz alimentos para suprir mais de 10 bilhões de pessoas diariamente graças à revolução agrícola amparada pela inovação tecnológica. Mas no capitalismo é a lei do lucro que manda. Se você não puder pagar pelo alimento, terá que passar fome. É um paradoxo viver em um mundo onde é proibido roubar comida, mas não é proibido morrer de fome.
É muito cômodo defender o capitalismo quando VOCÊ está de barriga cheia, quando VOCÊ tem um teto para morar, quando VOCÊ tem um bom plano de saúde e quando VOCÊ tem acesso ao capital cultural. E acredite: nada disso é por puro mérito seu. E mesmo que assim fosse, a vida não pode ser um jogo onde há vencedores e perdedores, e os perdedores são condenados a morrer por inanição. Não é esse o mundo que eu quero viver. De que adianta eu ter tudo, se o meu vizinho não tem nem o que comer?
Divagando um pouco mais sobre esse assunto, o tal Grande Filtro do Paradoxo de Fermi que tantos falam na astronomia e que destrói todas as civilizações inteligentes pelo universo talvez seja justamente a incapacidade das formas de vida mais avançadas de lidarem com suas ambições e seus egoísmos. Superar o capitalismo e suas políticas individualistas de injustiça, devastação e escassez é algo que teremos que fazer se quisermos sobreviver como espécie. Não temos como sobreviver a longo prazo devastando o meio ambiente, causando guerras inúteis para financiar reconstruções de cidades destruídas e matando metade da nossa espécie por inanição. Nós somos melhores do que isso.
terça-feira, 18 de agosto de 2020
Os pró-vida são pró-morte e pró-pedofilia
Os reaças têm todos os mesmo problema: eles querem cagar suas regras anedóticas para toda a sociedade e controlar a vida dos outros. Mas isso não é tudo. Os reaças são incapazes de demonstrar empatia, porque estão cegos por suas ideologias dogmáticas. As provas disso estão aí sendo mostradas para o mundo inteiro ver com intolerância religiosa, preconceito contra homossexuais e indiferença contra crianças estupradas. E nesse último caso, a hipocrisia e a burrice ficam escancaradas.
Reaças são antiaborto sem nem sequer pensar sobre porque são. O aborto feito no início da gestação é, diga-se de passagem, nada mais que a retirada de uma gástrula amorfa de um útero. Não há nenhum "infanticídio" em um aborto nessas condições. Um amontoado de células sem sistema nervoso não é um ser humano. Essa defesa bizarra da vida é uma falácia. Se consideram que o embrião tem vida, esses pró-vida deveriam estar nas portas das clínicas de reprodução humana que descartam milhares de embriões.
A necessidade de interrupção da gravidez no recente caso de uma menina de dez anos estuprada no Espírito Santo não devia nem ser contestada, porque a lei dá direito à criança que sofreu essa violência a recorrer a esse procedimento. Mas o fanatismo dos reaças não tem limites. Há pessoas criminosas divulgando a identidade da menina violentada e linchando-a moralmente por ela precisar interromper a gravidez forçada. Enquanto isso, esses pró-vida não estão nem aí para o estuprador. Pobre estuprador, né? O cara abusava da menina há quatro anos e ainda há quem justifique, acusando uma menina de seis anos de "seduzir" o criminoso.
Reaça é um bicho escroto mesmo. Eles não querem falar sobre estupro, não querem que as mulheres tenham autonomia sobre os próprios corpos, não querem educação sexual nas escolas (que ensinaria crianças a reconhecerem um abuso), não querem acreditar que seus próprios filhos podem estar sofrendo abuso sexual... Mas se a criança aparecer grávida, ah! Aí a culpa vai ser dela, somente dela; e ainda terá que levar uma gravidez de risco adiante. É por isso que eu digo sem hesitar que esses pró-vida são todos uns hipócritas safados que zelam pela "moral e bons costumes", mas acobertam maníacos sexuais e não se importam com a vida de um ser humano violentado, humilhado e incapaz de se defender. Não sinto mais pena de gente assim, para mim, são todos pró-morte.
quinta-feira, 13 de agosto de 2020
O que uma mensagem extraterrestre nos diria?
Ao tirar um cochilo na manhã de hoje, eu tive um sonho muito curioso. Eu havia sonhado que a humanidade, finalmente, havia captado uma evidência da existência da vida inteligente fora da Terra. Essa evidência veio da maneira mais óbvia e esperada possível: através de ondas de rádio com pulsos sequenciais que formavam um código binário. A mensagem foi recebida com cautela pelos cientistas, porque, ao montar a mensagem, ela parecia ser algo feito por um estudante do ensino médio. A mensagem alienígena consistia em algo como um plano cartesiano com uma curva parabólica com a concavidade para baixo onde ela terminava em vários círculos concêntricos, como se fosse uma espécie de explosão. No primeiro momento, os cientistas debateram se não seria algum "alfabeto alienígena" ou alguma mensagem enigmática com algum sentido oculto. Mas o que se concluiu é que esta mensagem estava fora de contexto, ou seja: foi apenas uma parte de alguma mensagem maior mandada por pedaços. Outras mensagens com saudações ou orientações possivelmente já tinham sido enviadas antes para nós, mas não tínhamos tecnologia para poder recebê-las quando chegaram aqui há 200 ou mais anos atrás. Foi aí então que eu acordei desse sonho.
Gráfico da mensagem recebida pelos radiotelescópios |
Depois de acordar, eu fiquei pensando a respeito da mensagem alienígena do sonho e notei uma coisa interessante nela: a sua semelhança com os gráficos sobre a expansão do universo. Logo abaixo segue um gráfico tirado da Wikipedia a respeito da taxa de expansão cósmica que se assemelha com o início do gráfico que vi no meu sonho.
A minha conclusão foi que a suposta civilização alienígena que entrou em contato com a humanidade no meu sonho estava nos enviando uma espécie de spoiler sobre o fim do universo. Neste gráfico enviado pelos extraterrestres estava a descrição de como a energia escura vai se comportar ao longo da existência do universo até o seu fim. O gráfico dizia que a expansão do cosmos vai parar de acelerar e depois regredir até tudo terminar num Big Crunch (universo fechado). Os ETs estariam nos dando uma resposta sobre o que a ciência avançada deles havia concluído sobre um dos maiores mistérios da cosmologia moderna.
Se a mensagem alienígena onírica fosse verdadeira, isso significaria basicamente duas coisas. A primeira é que aquele famoso vídeo do destino do universo (que causou crise existencial em muita gente) estaria errado, já que ele trata do fim do universo no caso da inflação cósmica continuar para sempre. A segunda coisa é que os alienígenas de verdade, se é que eles existem, ao invés de fazer desenhos engraçados em plantações, abduzir vacas e se esconder em moitas dizendo "busque conhecimento" iriam nos contactar de maneira séria para enviar mensagens importantes de interesse para todas as civilizações do cosmos.
Por fim, é claro que essa foi a minha interpretação da mensagem/gráfico que podia estar se referindo, claro, a outras coisas muito mais complexas sobre elementos do cosmos que ainda nem descobrimos. Ou podia ter sido, talvez, o alerta para uma supernova perigosa próxima ao nosso sistema solar. Ou, quem sabe ainda, instruções para construir algum equipamento ou até mesmo a localização do planeta dos nossos irmãos cósmicos na Via Láctea. Essas suposições todas só mostram como seria difícil manter contato com uma civilização extraterrestre e compreender as suas mensagens.
É por tudo isso que acho que jamais faremos contato com civilizações alienígenas, porque, se elas existirem, ou terão receio de se comunicar conosco, ou nos acharão inferiores demais para compreender sua linguagem e tecnologia. Sem falar nas distâncias colossais entre os mundos que praticamente inviabilizaria qualquer contato.