Na tarde desta sexta-feira, 26 de abril de 2019, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu a sua primeira entrevista aos jornalistas Mônica Bergamo e Florestan Fernandes Júnior após mais de um ano preso na carceragem da PF em Curitiba. E após assistir sua entrevista, ficou muito claro para mim porque a nossa elite do atraso tanto quis manter Lula preso e incomunicável em sua solitária. A quantidade de verdades que o Lula proferiu foi tão devastadora que causou um rebuliço geral até fora do país. Como se isso não bastasse, a figura do mítico Lula tem o poder de amplificar a sua fala além do discurso verbal, sendo capaz de tocar os corações de muitos brasileiros. O ex-presidente soltou a metralhadora giratória do começo ao final da entrevista, não poupando críticas duras a Moro, Dallagnol e ao presidente bufão. Mesmo tendo sua pena reduzida pelo STJ (instância esta cujos ministros carrancudos mais pareciam um plágio tosco dos Vogons, do Guia dos Mochileiros das Galáxias), o ex-presidente mostrou-se totalmente indignado com a condenação, com as mentiras e com a perseguição contra a sua pessoa.
É disso que têm tanto medo? |
Enfim, o fato é que ontem pela noite (no dia da entrevista) resolvi assistir ao JN inteiro para ver se a Globo iria comentar alguma coisa sobre o Lula com aqueles cortes estratégicos em sua entrevista para mostrar uma versão enviesada da fala do ex-presidente. Mas nem para isso tiveram coragem. Lula é tão amedrontador para a Globo que nem sequer tocaram em seu nome. Ao invés disso, resolveram enaltecer a própria emissora com a homenagem no senado feita aos 54 da emissora dos Marinhos. Mas o que me deixou indignado na tal homenagem foi a ênfase em mostrar que a Globo é "democrática" e "imparcial". Aliás, a Globo é justamente o oposto disso, primeiramente, porque nasceu durante a ditadura militar que apoiou com unhas e dentes – fora a campanha escandalosa para o Golpe que derrubou Dilma Rousseff em 2016. A Globo não é, nunca foi e nem jamais será democrática. Se alguém tiver dúvida, assista o documentário Muito Além do Cidadão Kane que, aliás, foi censurado por pressão da "democrática" Globo. Outra piada de mau gosto foi quando disseram que a Vênus Platinada é "imparcial". Não há como existir mídia imparcial, ainda por cima um conglomerado de mídia do porte da Globo que é financiada pelo grande capital. Os interesses da Globo são empresariais e rentistas. Não é à toa que essa emissora defende de maneira explícita essa criminosa reforma da previdência.
Não adianta posar de "democrática", dona Globo. |
Porém, algo que mereceu destaque sobre a tal homenagem à Globo no senado foi a fala do ministro Dias Toffoli, que citou que sem as novelas da emissora seríamos reféns dos "enlatados" estrangeiros. Ora, isso é uma grande bobagem pelo simples fato de que não é só a Globo que produz novelas (a TV Record que o diga). Mas o grande problema aí é que os estúdios produtores de novelas e séries não deviam estar vinculados a uma emissora: eles deveriam ser independentes e suas produções deveriam ser vendidas para as emissoras ou mesmo para serviços de streaming, como ocorre, por exemplo, nos EUA. As novelas serem produzidas por emissoras de televisão é algo aberrante: típico de países de mídia não democratizada e super concentrada nas mãos de uma minoria poderosa. E esse problema não se limita às novelas, indo até os esportes. A Globo hoje praticamente monopoliza os jogos do campeonato brasileiro e da seleção brasileira. Será que é justo homenagear uma emissora que além de monopolizar, manipular e ser antidemocrática ainda está envolvida em uma série de escândalos como o propinão da Globo, o escândalo do Panamá Papers e sonegação fiscal? Aliás, homenagear qualquer emissora no senado federal é um absurdo, a função do senado não é fazer vassalagem à imprensa, e sim de trabalhar em prol do povo.
A Globo nunca foi tão bem resumida em um documentário. |
Pois bem, para terminar, vou deixar um trecho da entrevista do Lula logo abaixo só para por mais um conteúdo na conta das coisas que "a Globo não mostra".