sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Escala 6x1 é a escravidão moderna

Para quem tem memória fraca ou não sabia, a frase estampada com letras garrafais nos portões de entrada de vários campos de concentração nazista afirmava: "Arbeit macht frei" que em alemão significa "o trabalho liberta". E não eram só os nazistas que pensavam assim. Os senhores de engenho do século XIX tinham lema semelhante quando condenavam seus escravos a trabalharem até a morte. Daí eu pergunto: será mesmo que o trabalho é algo tão bom quanto os donos do capital nos fazem pensar?

Estou farto de repetir que o trabalho NÃO é algo sagrado ou uma panaceia contra os males do mundo. Só quem trabalha 8 horas todo santo dia sabe como é terrível, desgastante, deletério, estressante e punitivo ter apenas um mísero dia de descanso na semana. Foi pensando nisso que a deputada Erika Hilton (PSOL) resolveu criar um projeto que prevê o fim dessa escala de semiescravidão de 6x1, fazendo com que o assunto entrasse em discussão em todos os lugares dentro e fora da web. 

É provável que esse projeto não vá muito longe por termos o congresso mais reacionário da história e uma imprensa calhorda que sequer consegue fingir que não é de direita. Contudo, foi importantíssimo que essa semente tenha sido plantada para que num futuro não muito distante exista a possibilidade real de reduzir pelo menos para uma escala de 5x2 e torne o trabalho mais produtivo para os trabalhadores e mais lucrativo para os patrões. Mas como a burguesia do nosso país não pensa com o cérebro e sim com o bolso, então seguirão com o discurso escravista de que a escala 6x1 é para evitar o "colapso da economia" e outras mentiras já refutadas por países que já adotam escalas menos cruéis. A luta será árdua e longa para conquistarmos esse direito no Brasil.

Sendo franco, a escala de trabalho ideal seria de 0x365, onde ninguém precisasse trabalhar. Todo o trabalho deveria ser realizado por máquinas, robôs e IAs enquanto os humanos estariam livres para viverem suas vidas com mais liberdade, conhecimento, saúde, lazer e tempo de qualidade junto com as pessoas que amamos. Fora que ninguém mais passaria fome ou sede. O Projeto Vênus proposto por Jacque Fresco, por exemplo, traz uma ideia de como esse modo de produção poderia ser implementado. 

O mais importante é que a redução da jornada de trabalho SEM reduzir os salários torne-se uma pauta fixa daqui em diante não apenas dentro do campo progressista, mas para toda a classe trabalhadora.

quinta-feira, 31 de outubro de 2024

A importância do trabalho de base na política


Existe uma ala da esquerda que tem feito críticas severas ao atual governo petista por sua "passividade" diante das reformas neoliberais que estão avançando sobre o país. O ministro da fazenda Fernando Haddad tem sido o principal alvo dessas críticas por estar numa espécie de "lua de mel" com o mercado financeiro. A questão é que o temível corte de investimentos não é uma ideia do atual ministro da fazenda – isso trata-se, tão somente, de uma imposição da elite econômica. Essa situação só ocorre porque o presidente Lula tem quatro canhões apontados contra si. O primeiro deles é o canhão do mercado financeiro que exige essa política antipopular para aumentar a transferência de riqueza do capital produtivo para o capital especulativo. O segundo canhão vem do Congresso que é o mais reacionário da história, cheio de bolsonaristas que juntam suas forças com as bancadas BBB (Boi, Bala e Bíblia) para forçar o governo a ceder nas negociações. O terceiro canhão vem do Tio Sam que pressiona o Brasil a se afastar do Brics e a manter o Consenso de Washington. E o último deles vem dos militares que subverteram a Constituição e seguem atuando como poder moderador, impedindo, por exemplo, que um reaça como o atual ministro da defesa seja demitido. Lula é o presidente, mas é um presidente refém dessas forças que ameaçam recolocar o fascismo no poder caso suas exigências não sejam atendidas. E é aí que entra a necessidade de um trabalho de base para colocar o maior dos poderes em jogo que é o poder popular. 

Somente um povo politizado pode contrabalancear essa situação. É preciso um trabalho que mostre para a classe trabalhadora que ela é que tem o mais temível dos poderes e que os direitos dela estão sendo destruídos por uma classe de exploradores super ricos. Se querem cortar gastos, então que taxem os ricos e as grandes fortunas ao invés de cortar garantias institucionais da população. Sem entender quem é, qual o seu real poder e os seus reais interesses, a classe trabalhadora irá continuar elegendo os mesmos reaças de sempre seja para conselhos tutelares ou para a Câmara dos Deputados. Infelizmente, enquanto os donos do real poder não sentirem medo, o chicote vai continuar a estalar no lombo do povo.

domingo, 20 de outubro de 2024

A ignorância NÃO é uma benção


Dizem por aí que a ignorância é uma benção, porque o ignorante vive preso na feliz ilusão de uma falsa esperança. Pois bem, eu até sou fã do estilo Hakuna Matata que prega que devemos ignorar os nossos problemas para sermos mais felizes no presente. Contudo, ser ignorante dá as pessoas o risco de ostentar algo muito perigoso que é a ilusão do conhecimento, também conhecido como Efeito Danny Kruger. A ilusão de sabedoria é mais perigosa que a própria ignorância, porque ela faz os indivíduos acreditarem convictamente nas próprias mentiras, fazendo elas chafurdarem no poço sem fundo do sofrimento sem entender o porquê. Assim é o caso do trabalhador assalariado que defende a propriedade privada dos meios de produção. É bizarro e lamentável ao mesmo tempo ver um capitalista sem capital defendendo a própria exploração e batendo no peito para dizer que é de direita. Daí que governos de extrema direita estão sempre indo e voltando ao poder graças a essa ignorância quanto à consciência de classe. 

Mas não é só o trabalhador pobre e a classe média fascistoide que são ignorantes. A própria elite econômica também é. Somente uma classe dominante burra, arrogante e imediatista que não percebe que ao acelerar o processo de exploração capitalista, aumenta com isso as chances de ruptura do tecido social, criando o risco precoce de convulsão social antes do fim inevitável do capitalismo. Se é que ninguém percebeu ainda, só existem três formas naturais do capitalismo terminar: ou em guerra nuclear, ou em apocalipse climático, ou em revolução socialista. E ao aumentar a desigualdade em nome do lucro imediato, as elites tornam o risco de colapsar o sistema ainda mais cedo, causando explosão de violência, desabastecimento e prejuízos às classes dominantes.

Então até para ser ignorante é preciso ter um mínimo de sabedoria.

segunda-feira, 30 de setembro de 2024

O monstro fascista ressurge no Oriente Médio


Existe uma frase não sei de qual autor que diz que "se você age igual ao seu inimigo, você NÃO é diferente dele." Essa frase pode até soar como um provérbio do Capitão Óbvio, mas ela serve para desmascarar a hipocrisia de pessoas que confundem justiça com vingança. Logicamente, estou a me referir mais uma vez a respeito das atitudes belicosas do governo de extrema-direita israelense. Perceba que não estou criticando judeus ou mesmo o Estado de Israel. Não há qualquer antissemitismo ou antissionismo aqui, antes que alguém confunda as coisas. Minha crítica é contra a choldra de genocidas lideradas pelo atual primeiro ministro israelense cujo nome recuso-me a digitar tamanha repugnância que tenho do mesmo. É evidente que os atos terroristas do Hamas são duramente reprováveis, mas a resposta israelense é errada e desproporcional. A prioridade tinha que ser a negociação pelo resgate dos reféns, mas, ao invés disso, algum "gênio" achou que seria melhor bombardear alvos civis, incluindo aí escolas, hospitais e maternidades. Tsc, tsc, tsc... Além de não salvarem os reféns, ainda matam civis inocentes com essa atitude de vingança sanguinária, realimentando ainda mais o ódio palestino por Israel dentro e fora da Faixa de Gaza. 

Mas a catástrofe não parou por aí. Agora foi a vez de Israel atacar o Líbano também com a desculpa debiloide de enfraquecer o Hezbollah. Essa loucura bélica toda só vai servir para aumentar a crise de refugiados, tornando a Europa ainda mais xenófoba. Tanto EUA quanto Europa fingem ser contra a guerra por questões meramente eleitoreiras, mas por baixo dos panos, apoiam Israel logisticamente. Mas até aí tudo ok. Nada que me surpreenda. O que me deixa realmente triste e assustado é ver inúmeros judeus pelo mundo apoiando o genocídio e a guerra contra os muçulmanos como se eles não tivessem qualquer humanidade, como se TODOS fossem terroristas. Como um povo massacrado e ferido pelo holocausto pode apoiar uma coisa tão aterrorizante e desprezível como o genocídio de muçulmanos civis inocentes? É por isso que Lula não estava errado quando comparou certos israelenses com o Führer. Seriam eles os nazijudeus?

segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Estamos vivendo a era dos vícios


Desde 1960 para cá que cada década correspondeu a um período triunfal de algum entretenimento da cultura humana. A década de 1960, por exemplo, foi a década de ouro do rádio. Os anos 1970 foram os anos de ouro da música. Já os anos 1980 corresponderam à década de ouro do cinema. 1990 foi a década de ouro da televisão. A década de 2000, por sua vez, foi a década de ouro dos games. E a década de 2010 foi a década de ouro da internet. Quanto à década atual, de 2020, pelo andar da carruagem, está sendo a década de ouro das apostas online. Ou sendo mais específico: a década de ouro dos jogos de azar via smartphones. Só que diferentemente das outras formas de entretenimento, as apostas são um tipo de entretenimento que é quase um golpe, porque elas não entregam de fato o que prometem, porque tudo depende de uma sorte que estatisticamente está voltada contra você. É preciso deixar claro que essas empresas de apostas (as tais bets), como qualquer grande porcaria do capitalismo, não existem para fazer seus clientes felizes. Elas existem simplesmente para lucrar na base do vício que esse tipo de jogo gera. Para piorar, as pessoas mais afetadas são justamente as que têm menor renda. Pessoas essas que chegam ao ponto de se endividarem só para manter o vício. E como se isso não fosse o suficiente, ainda temos outros vícios "legais" que têm afetado especialmente os mais jovens que vão desde as redes sociais até o perigoso cigarro eletrônico.

Estamos vivendo a década dos vícios porque usamos esses vícios como escapismo para nossas angústias, dores e frustrações com nossas vidas. Mas a solução para nossas inquietações existenciais não está nos vícios, nem na música, nem nos games, nem nos filmes e em nenhuma forma de entretenimento. A solução para isso, individualmente falando, está em buscar uma vida saudável, em parar de se comparar com os outros, em parar de procurar soluções fáceis para problemas complexos. Se estamos com angústia, depressão ou sofrimento, precisamos buscar ajuda profissional. Seja psicológica ou psiquiátrica. Os profissionais dessas áreas são os anjos da guarda que nos darão as ferramentas necessárias para vencer as nossas crises existenciais sem recorrer a mentiras ou prazeres momentâneos que não nos darão nada além de mais sofrimento. Já a solução a nível político está na regulamentação. Não podemos deixar que da década de 2020 para frente tenhamos décadas e mais décadas de vícios disfarçados de entretenimento.

segunda-feira, 19 de agosto de 2024

O fim de uma era da TV brasileira


Acho engraçado quando as pessoas me perguntam o que eu achei da morte do Silvio Santos no último sábado, 17 de agosto. Eu não tenho o que achar nada da morte de ninguém, porque a morte faz parte da vida. É o fim inevitável de todos. O melhor que eu posso fazer sobre a morte é deixar minhas condolências à família e aos amigos do ex-apresentador. O que eu posso opinar a respeito de alguém é apenas sobre sua trajetória de vida. Ou melhor: sobre suas atitudes em vida. 

Quando falamos de Silvio Santos, porém, é preciso diferenciar a figura pública Silvio Santos do empresário, banqueiro e bilionário Senor Abravanel. Silvio Santos era carismático, visionário, divertido, querido, empático: praticamente um membro da família de milhões de brasileiros por ter passado décadas à frente dos programas de auditório dos domingos. Já o empresário Senor Abravanel era um burguês que estava atrás de mais e mais acúmulo de capital que se multiplicou graças à venda de ilusões com o Baú da Felicidade e da Tele Sena. Algo absolutamente normal e esperado dentro do capitalismo. Ainda mais se tratando de alguém que teve uma origem humilde, o que torna sua trajetória de vida ainda mais emblemática para um sistema que possui pouca mobilidade social como o capitalismo financeiro. 

O problema de glorificar a origem simples do Silvio é que muitos são tentados a achar que basta vender muitas bugigangas como autônomo que ficará milionário. Óbvio que as coisas não são assim na prática para 99,9% dos casos. Silvio Santos foi uma exceção total à regra que teve uma sorte descomunal e contatos certos no momento certo de sua vida – além de ter bastante talento. É mais fácil um pobre acertar na Mega Sena do que enriquecer como vendedor ambulante. Mas os capitalistas adoram transformar essa exceção em regra, como se todo camelô fosse se tornar um Jorge Paulo Lemann. 

Tirando esse fator estatístico, o grande problema do Senor Abravanel foi que ele teve a sua emissora, o SBT, como um grande veículo de propaganda dos governos de extrema-direita, seja durante a ditadura civil-militar, seja durante o governo Bolsonaro. Claro que o SBT não podia se opor ao regime militar para não ser fechado como ocorreu com a TV Excelsior, mas a bajulação ao governo era tão descarada que chegava a beirar o ridículo. Além disso, ao flertar com o conservadorismo crescente do final da década passada, Silvio Santos foi se tornando cada vez mais machista e sem noção, como naquelas abordagens de duplo sentido às crianças nos programas de tevê. Mas enfim, há quem defenda tais coisas alegando que era sinal de senilidade. 

Para mim, Silvio Santos, assim como Pelé, não era nem bom e nem mau. Era um ser humano com suas qualidades e defeitos como todos nós e que teve mais acertos que erros em sua vida. Eu gostava muito do programa Silvio Santos quando era criança e da programação infantil do SBT. Mas desde adolescente que perdi o interesse na tevê aberta como um todo e de lá para cá, não acompanhei mais nada além da Casa dos Artistas e do Show do Milhão. E sendo bem honesto, acho que a morte do Silvio Santos marca o fim de uma era na televisão brasileira. O tempo de ouro da TV como conhecemos acabou e ela precisa se reinventar para que possa sobreviver contra a concorrência dos serviços de streaming. Do contrário, a televisão irá se unir ao rádio no museu dos meios de comunicação.

quarta-feira, 31 de julho de 2024

Capitalismo não rima com democracia


Todo mundo já devia saber que capitalismo e democracia não podem coexistir numa mesma frase sem causar um paradoxo. O que existe no capitalismo é uma pseudo democracia semi-representativa que é forçada a atender aos interesses das classes dominantes. A eleição norte-americana, por exemplo, é uma farsa burguesa onde um partido de direita liberal concorre contra partido de direita conservadora. Tanto democratas quanto republicanos vivem de política externa predatória onde guerras, roubos, crises e desigualdades são necessários para manter os EUA como nação mais rica e poderosa do mundo. Mas ninguém se atreve a criticar a eleição americana. A nossa imprensa burguesa só ataca as eleições da China, Rússia, Cuba e Venezuela porque são países que representam uma pedra no caminho do imperialismo estadunidense. Honestamente, não me interessa se as eleições da Venezuela são legítimas ou não. Isso não é problema nosso. O Brasil tem o dever de respeitar as eleições da Venezuela assim como respeita a dos EUA e demais países da panelinha capitalista do G7. 

A narrativa da mídia corporativa – alinhada com os interesses americanos – quer mostrar que Maduro é um "ditador sanguinário" que realizou eleições ilegais com a óbvia intenção de desacreditá-lo para, naturalmente, facilitar sua deposição e entregar o petróleo Venezuelano numa bandeja para as "Sete Irmãs" via políticas neoliberais. Ora, se a Venezuela é uma ditadura, os EUA são uma muito pior onde a classe trabalhadora não tem nenhum representante federal para brigar com a direita. Escolher entre Kamala Harris ou Donald Trump é meio como escolher com qual vaselina o povo vai ser enrabado, ou, numa linguagem mais douta: escolher entre o Alien ou o Predador no filme Alien Versus Predator. Não importa quem vença: todos nós seremos devorados no final.

Democracia só é possível quando o poder real estiver nas mãos na classe trabalhadora. O resto é conversa pra boi dormir.

domingo, 28 de julho de 2024

Só o ecossocialismo pode evitar a nossa extinção


Reverberou bastante nos últimos dias uma suposta notícia divulgada pela Nasa de que várias regiões do Brasil estariam inabitáveis daqui a 50 anos devido a alterações climáticas causada pela espécie humana. Claro que há um exagero nesta notícia, porque ela é um clickbait para nos alertar que o aquecimento global está acelerando de forma mais acentuada do que as projeções nos alertavam. Não haverá inabitabilidade daqui a algumas décadas, mas haverá, contudo, um aumento importante nas temperaturas a ponto de causarem danos irreversíveis na fauna e na flora de várias regiões do mundo – além do aumento dos níveis dos oceanos. Se as coisas continuarem neste ritmo, estaremos rumando para o início da sexta extinção em massa do planeta causada pelo nosso curto e trágico antropoceno. E o único meio de evitar uma tragédia para nós e para o planeta é mudando radicalmente o modo de produção. Temos que substituir o capitalismo por um sistema cuja economia seja baseada em recursos, que seja sustentável. O Projeto Vênus e o Ecossocialismo são os melhores candidatos. Não é mais possível viver como se os recursos naturais fossem infinitos e como se a natureza fosse imune a toda essa agressão que causamos ao planeta.

A cada dia que passa parece ficar mais claro que o grande filtro do paradoxo de Fermi é exatamente essa teimosia em insistir em um modo de produção autodestrutivo que só serve para enriquecer no curto prazo uma maldita casta burguesa que só pensa no agora e neles mesmos. Mas em algum momento chegaremos no ponto de não retorno e, daí para frente, meus nobres amigos, será tarde demais. Aí é adeus espécie humana e seremos mais uma civilização no cosmo sucumbindo ao grande filtro.

quinta-feira, 27 de junho de 2024

A única forma de acabar com a corrupção


Tem algumas pessoas que alimentam a singela ilusão de que é possível resolver problemas estruturais na sociedade sem provocar mudanças profundas no sistema. Desculpa a sinceridade, mas não há soluções simples para problemas complexos. Não é possível combater a corrupção de forma efetiva enquanto o capitalismo existir. Os moralistas enchem a boca para falar que corrupção se resolve com cadeia para os culpados e privatizações. Mas a verdade é que isso não passa de simplismo. O sistema capitalista nos torna individualistas e egoístas. O capitalismo é uma selva onde é cada um por si, vivendo para si e tentando obter o máximo de vantagens para si. A ética no capitalismo é um conto de fadas burguês para manter as pessoas alienadas e conformadas. Daí que falam muito da tal "reforma política" para acabar com a corrupção. Mas isso não é nada além de um paliativo disfarçado de panaceia. Por mais que as leis sejam duras e o sistema político funcione de forma transparente com os investimentos públicos, sempre haverá meios de burlar a fiscalização e corromper a justiça. Isso porque é o dinheiro quem manda no capitalismo.

Só existe um jeito real de combater a corrupção. E esse único jeito é fazer uma deslavagem cerebral nas pessoas através de um novo modo de produção inclusivo, coletivista e onde o dinheiro como nós conhecemos não exista. Enquanto a gente enxergar os outros como “eles” ao invés de “nós”, nunca nos livraremos da corrupção sistêmica. Vale lembrar que a corrupção não ocorre apenas entre políticos e burgueses. A corrupção faz parte dessa cultura de egoísmo e lucro fomentada pelo capitalismo. Então se você quer realmente acabar com a corrupção, não há outra saída. Temos que superar o capitalismo.

sexta-feira, 14 de junho de 2024

Um mundo terrível para ser mulher


Não era nenhum exagero quando as feministas do século passado alegavam que as mulheres eram violentadas todos os dias por um estado burguês patriarcal que tratava as pessoas do sexo feminino como meros pedaços de carne a serviço dos homens. Estamos no século XXI e, em mais de meio século, praticamente nada mudou. Homens (brancos, em sua maioria) continuam no topo da cadeia alimentar e fazem de tudo para manter as mulheres longe do real poder e com o mínimo de direitos possíveis. Todas as elites (econômica, política, militar, religiosa e intelectual) são formadas majoritariamente por homens que continuam a legislar sobre as mulheres e a querer mantê-las sobre seu controle. Essas elites castram as mulheres, cerceiam as mulheres, culpam as mulheres, exploram as mulheres e as punem por crimes que o próprio Estado machista inventa. Esse PL 1904/04 idealizado por um macho opressor qualquer de um partido reaça qualquer é uma prova disso. 

Além de todo sistema de opressão que sempre existiu contra as mulheres desde a criação da propriedade privada, agora querem punir uma mulher que aborta como se ela fosse uma assassina. Isso é uma forma categórica de dizer que a vida de um feto vale mais que a vida de uma mulher. Afinal, se homem engravidasse, teríamos micaretas abortistas e até um dia nacional do aborto seguro. Mas como estamos falando de mulheres – e mulheres pobres e pretas em sua maioria – então há a necessidade de mostrar que os dogmas das antigas religiões patriarcais é que prevalecem sobre o que uma mulher pode ou não fazer com o próprio corpo. Enquanto isso, homem que não assume o filho (o que equivale ao "aborto" masculino), acaba saindo impune; homem que estupra uma mulher, se for branco e rico, também sai impune; homem que cria leis para controlar os corpos das mulheres, além de visto como herói, sai impune do mesmo jeito.

Essa desumanização do ser feminino é algo que precisa ser destruído. Até quando vamos viver em um mundo tão perverso e cruel contra as mulheres? É por isso que se existir um sexo forte, com certeza esse é o sexo feminino. Porque viver num mundo cão misógino como o nosso exige muita força, muita coragem e muita luta. Como já dizia um falecido companheiro de guerra: "A única luta que se perde é aquela que se abandona". E ainda bem que a maioria das nossas manas jamais irá recuar um milímetro sequer nessa batalha.

quarta-feira, 5 de junho de 2024

PEC das Praias é um delírio psíquico


Essa ideia idiota de privatizar as áreas costeiras da União proposta pelos Bolsonaros (PEC 3/2022) foi uma das coisas mais estúpidas que já ouvi. A proposta delirante se resume em tirar do Estado (e do povo) algo que por lei sempre foi dele para entregar para um punhado de espertalhões. O que essa cambada quer é parar de pagar tributos para a União (cobrança de foro, taxa de ocupação e laudêmio) e, de quebra, lucrar com isso fazendo especulação mobiliária. A lógica da privatização é sempre a mesma: compre a preço de banana algo que não tem preço e ainda fature o máximo possível com isso. Daí que quem toma no caneco é sempre o povo. Não somente o povo terá acesso restrito a algumas praias, mas o próprio meio ambiente irá sofrer as consequências, já que não há uma legislação sobre o que pode ou não se fazer nas áreas recém privatizadas.

As pessoas precisam acordar e entender que privatização não existe para "aumentar a arrecadação de impostos" e "melhorar os investimentos púbicos" como os defensores desse delírio privatista dizem. É justamente o contrário: é só mais uma maneira eufemística de roubar o povo e prejudicá-lo ainda mais. Se duvida, o que VOCÊ tem a ganhar com isso?

quinta-feira, 30 de maio de 2024

Cyberpunk 2077 renasceu das cinzas


Pois é... As postagens deste bloguinho têm sido publicadas quase com a mesma frequência das visitas do Cometa Halley. Essa minha baixa frequência de postagens nos últimos meses se deve a um conjunto de fatores. Além das minhas atividades rotineiras que já me tomam bastante tempo, tenho dedicado tempo extra também para estudar, treinar, fazer plano de negócios e, adivinhe só: jogar Cyberpunk 2077. Já escrevi várias postagens falando mal das condições que o jogo estava, mas após voltar a jogá-lo neste mês, fiquei positivamente surpreso. 

Estou com mais de 85 horas jogadas e posso afirmar que as atuais análises positivas que o game tem recebido na Steam foram justíssimas. Cyberpunk 2077 é, em 2024, praticamente outro jogo. O game está muito mais completo, otimizado e com pouquíssimos bugs. Mesmo o meu PCzinho da Xuxa aqui o roda tranquilamente em configurações intermediárias e na minha primeira gameplay só tive dois bugs, nenhum deles atrapalhou a jogatina. 

Sejamos justos, Cyberpunk 2077 é um jogaço. A história é boa, a ambientação é maravilhosa, a jogabilidade é fácil, os gráficos são lindos, o cuidado com os detalhes é espantoso e a gameplay te prende do início ao fim. Se o jogo tivesse saído assim no lançamento, seria GOTY com toda certeza. Tenho que parabenizar a CD Projekt Red pelo trabalho de ter concertado o game, porém, espero que não lancem mais games quebrados daqui pra frente. Enfim, gostei tanto do game que já estou pensando em comprar a expansão Phantom Liberty. Minha primeira gameplay foi com o V masculino nômade dando ênfase em ataques corpo a corpo. Já minha gameplay atual é com a V feminina corporativa netrunner num nível mais difícil e há inúmeras diferenças na gameplay. O fator replay do jogo é fantástico, porque existem muitas possibilidades de escolhas e formas de se completar os "trampos", sem falar dos múltiplos finais.

Que os haters do game me perdoem, mas Cyberpunk 2077 deu a volta por cima.

quarta-feira, 8 de maio de 2024

Bolsonarismo moderado? Que tristeza! kkkkkkk


A vida às vezes parece um filme de comédia cheio de piadas ruins que nos faz rir de nervoso à toa. Há alguns dias, um jornalista qualquer de um jornal burguês qualquer veio com um papinho de cerca-lourenço para tentar viabilizar a volta da direita neoliberal ao poder. Como os partidos de direita tradicional perdem eleições para o PT desde 2002 e o bolsonarismo é radical demais até para nossa burguesia escravocrata, a piada de mau gosto da vez foi defender um tal de "bolsonarismo moderado". Isso me soou tão tragicômico e surreal quanto defender um "nazismo moderado" ou ter os seus pecados perdoados por um demônio. Bolsonarismo moderado não existe. O bolsonarismo é resultado da antipolítica, da despolitização das massas e da falácia de "soluções fáceis para problemas complexos". Não há como existir um bolsonarismo democrático e humanizado. Daí que citaram nessa conversa exemplos como Tarcísio de Freitas e Romeu Zema como exemplos desse bolsonarismo brando. Quem conhece a carreira política de Zema e Tarcísio sabe que eles flertaram com o Bolsonarismo por puro oportunismo político. O máximo que eles podem fazer é um governo neoliberaloide com pseudo discurso fascistoide para entreter a massa reacionária. Mas será que é disso mesmo que o Brasil precisa? É óbvio ululante que NÃO.

quarta-feira, 17 de abril de 2024

O grande problema do aumento da longevidade


Nós estamos vivendo um momento inédito da história humana. Pela primeira vez – graças, em especial, à internet – estamos tendo acesso gratuito a conhecimentos que não eram acessíveis para a maioria de nós no passado. Antes da internet, por exemplo, as pessoas só procuravam os profissionais da área da saúde quando estavam doentes. A medicina era, basicamente, curativa. Com a informação trazida por cientistas e médicos sobre saúde na web, hoje a medicina está se tornando cada vez mais preventiva. 

De cerca de uma década para cá, as pessoas não estão procurando o médico apenas quando ficam doentes ou para fazer exames de rotina, mas estão se preocupando também em ter qualidade de vida para não adoecerem e conseguirem viver mais e melhor. O YouTube e demais redes sociais estão cada vez mais repletos de profissionais de saúde nos ensinando como dormir melhor, como se alimentar melhor, como prevenir o estresse, como gostar de fazer atividade física e como ter uma vida mental mais saudável. Isso tudo tem feito com que as pessoas se cuidem mais desde jovens, porque a mentalidade com relação à saúde está mudando. Alie a isso os avanços da ciência e da tecnologia em produzir novos remédios, novas vacinas, novos tratamentos e cura para doenças antes incuráveis que a expectativa média de vida irá dar um salto significativo nas próximas décadas. 

A vida é uma festa para quem sabe viver.


As pessoas com menos de 50 anos de idade serão as mais beneficiadas por isso, porque ainda são jovens e, no geral, possuem a mente mais aberta a mudanças mais radicais nos seus hábitos de vida que os mais idosos. Afinal, é muito mais fácil você convencer um jovem de 30 primaveras a mudar seus hábitos de vida do que um velho ranzinza de 70 invernos. Além disso, o velho de 70 anos passou mais de meio século judiando da própria saúde com hábitos de vida errados que irão encurtar sua vida. O cigarro é um exemplo disso. É mais fácil convencer um jovem a não fumar do que fazer um velho viciado parar de usar a nicotina que ele consome desde a adolescência.

O que quero dizer com essa conversa toda é que essas gerações que nasceram de 1975 para frente terão um aumento brusco na expectativa média de vida. Atualmente, essa expectativa média de vida é de 76 anos (no Brasil), mas em algumas poucas décadas irá passar facilmente para os 80 ou até 85 anos. O grande problema disso será o impacto na previdência social, que exigirá que as pessoas trabalhem cada vez mais para se aposentar ganhando cada vez menos. Isso sem falar que o número de nascimentos tem caído ano a ano: o que contribui para o envelhecimento geral da população. 

Então a dica que eu dou para aqueles que estão cuidando da saúde física e mental é que cuidem também da sua saúde financeira. Não dá para se garantir apenas na previdência social. Então é preciso ir guardando um dinheirinho todo mês para que ele possa ser útil no futuro. O meu medo é que esses governos neoliberais queiram cortar as aposentadorias e deixem milhares de idosos desamparados como ocorreu lá no Chile. Portanto, o meu conselho de amigo é que a gente se prepare desde cedo para um futuro sombrio e incerto, porque não é todo mundo que vai aguentar trabalhar com mais de 85 anos de idade. 

quarta-feira, 10 de abril de 2024

Afinal, a matemática foi descoberta ou inventada?


Certa vez, Galileu Galilei disse que "a Matemática é o alfabeto que Deus usou para escrever o Universo". Isso porque a matemática funciona muito bem para resolver a maioria dos nossos problemas quotidianos, dando a impressão que foi um grande matemático que projetou o universo. Mas, na realidade, não é bem assim que as coisas são. A matemática é um tipo de linguagem criada pelo ser humano para simplificar a natureza e torná-la acessível a nossas mentes primatas. A matemática é como um mapa de um planeta, porque serve muito bem para nos guiar e para usarmos como referência. Mas o mapa em si não foi descoberto, ele foi inventado por nós, pois se trata de uma aproximação distorcida da realidade. 

Sim, é tudo invenção da nossa mente.


A maior prova de que a matemática foi inventada é que todas as constantes físicas são números "quebrados", números irracionais ou dízimas periódicas compostas. Mesmo usando outras bases numéricas além da decimal, fica muito claro que a natureza não é perfeitamente matemática. O que quero dizer com isso é que se houver vida inteligente em outros planetas, certamente os seres de lá usarão algo parecido com a matemática, mas que não será necessariamente igual a que usamos. O pensamento humano é muito abstrato e isso às vezes pode nos iludir. Se eu falar, por exemplo, que "vi quinze", ninguém vai entender, porque o número quinze sozinho não significa nada. Posso dizer que vi quinze pessoas, quinze pássaros, quinze automóveis, mas falar que viu apenas quinze não faz sentido. Se você parar para pensar, quinze (ou qualquer outro número) não existe objetivamente, trata-se apenas de uma forma simbólica de medir quantidades.

sábado, 30 de março de 2024

Superar o capitalismo não basta


É um erro pueril de alguns companheiros achar que chagas sociais como racismo, sexismo e LGBTfobia irão desaparecer magicamente com o fim do sistema capitalista. É verdade que esses males são agravados pelo sistema de hierarquização social naturalizado pelo capitalismo, mas o preconceito foi algo que sempre existiu desde que os primeiros seres humanos andaram sobre este planeta. Se o foco da luta das esquerdas for apenas combater o capitalismo, cairemos na mesma armadilha que Cuba e União Soviética caíram. Na antiga URSS, a homofobia e o machismo ajudaram a enfraquecer o regime. Já em Cuba, a transfobia até hoje é uma das maiores cicatrizes sociais do passado. Como classe trabalhadora, temos, sim, que incluir as tais pautas identitárias na luta contra o sistema vigente. Afinal de contas, de que adianta viver em um mundo livre da exploração que, em contrapartida, nega direitos e liberdades a grande parte da população? Isso não é um papinho chato de grupos "pós-modernxs". Isso é um alerta de que a luta pela justiça social não acaba com o início de um novo modo de produção. Um mundo sem respeito às diferenças é um mundo muito perigoso e infeliz para se viver. Além disso, se abandonarmos essas causas, estaremos deixando que a ideologia liberal da direita se aproprie delas. A luta de classes não vai triunfar caso não se torne inclusiva. 

Superar o capitalismo não basta. Temos que superar tudo aquilo que nos coloca em guerra contra nós mesmos.

segunda-feira, 25 de março de 2024

A justiça tarda, mas não falha


Finalmente, após longos seis anos, a Polícia Federal prendeu de forma preventiva os principais suspeitos de serem os mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Três homens brancos, cis e hétero infiltrados no Estado Brasileiro que acharam que suas posições políticas e sociais seriam garantia de impunidade – e realmente seriam se o governo federal ainda fosse apoiador de armas, violência, milícias e garimpeiros. Os irmãos Brazão tinham fortes divergências com a vereadora assassinada, porque ela atrapalhava a grilagem de terras em áreas de milícias que formavam a base eleitoral deles. Já o delegado Rivaldo Barbosa deu cobertura e ajudou a proteger os criminosos. 

Todo esse contexto mostra o esquema estrutural de corrupção do Estado e a banalização da violência contra as mulheres, em especial as negras e homossexuais. Espero que os brasileiros das gerações futuras olhem com pena e repúdio para essa falta de humanidade da nossa época. Se o progresso é algo que melhora com o decorrer do tempo, tomara que em um futuro mais próximo do que imaginemos, nenhuma mulher, negra ou lésbica sofra qualquer tipo de violência. E que muito mais espaço de poder dentro das elites seja destinado a todos. Só assim a humanidade terá alguma chance de dar certo.

sábado, 9 de março de 2024

Descanse em paz, Akira Toriyama


Ontem foi um dia muito triste para a cultura pop mundial. Como todos já devem saber, foi anunciada a morte do grande mestre Akira Toriyama, criador da lendária série Dragon Ball. Não foi só o Japão e a cultura pop que perderam um grande gênio, mas o mundo inteiro perdeu uma das mais fantásticas mentes criativas. Só o anime Dragon Ball foi um sucesso absoluto em mais de 80 países, isso sem falar de outros mangás e jogos produzidos pelo Toriyama. O choque com a morte dele foi tão grande que chegou a ser anunciada até no Jornal Nacional. O mais louco é que eu voltei a assistir a série Dragon Ball Z no início deste mês após quase quinze anos sem assistir nenhum anime e, olhando com um olhar mais crítico, concluí que Dragon Ball foi o melhor anime que já assisti tecnicamente falando. As histórias criadas pelo Akira Toriyama eram muito criativas, imprevisíveis e cheias de expectativa. Sem falar dos personagens extremamente carismáticos que influenciaram gerações. Para se ter uma ideia, os criadores de Naruto, One Piece e até Sonic se basearam no Dragon Ball. Até eu me inspirei nos poderes do Goku para escrever uma das letras de uma das minhas músicas favoritas. Meu primeiro mangá foi um mangá do Dragon Ball, eu gastei incontáveis horas assistindo Dragon Ball no SBT e depois Dragon Ball Z na Band, no Cartoon Network e na Globo. Até o banner deste bloguinho tem uma referência ao meme da Igreja Universal do Reino de Goku. Isso sem falar dos inúmeros desenhos que fiz dos personagens do Dragon Ball durante a minha adolescência e dos jogos do anime que joguei no Playstation e no Super Nintendo. Enfim, não há como deixar passar algo que foi tão importante para minha vida e para a vida de milhões de outras pessoas.

Todo respeito e gratidão ao mestre. Descanse em paz, Akira Toriyama.

sábado, 24 de fevereiro de 2024

Sim, Lula está certo


Eu sempre critiquei a esquerda por suas posições equivocadas contra o Estado israelense, uma vez que a postura racista, assassina e colonialista dos sionistas vêm do governo da extrema-direita e não da oposição governista e nem do povo israelense. Aliás, parte da população israelense está contra esse governo genocida atual, porque ele está mais preocupado em se vingar do Hamas do que em resgatar os reféns. Tirando isso, eu concordo em gênero, número e grau que está ocorrendo, indiscutivelmente, uma carnificina com características de limpeza étnica em Gaza. O presidente Lula está correto ao criticar o genocídio de mulheres e crianças palestinas, porque é exatamente isso que ocorre lá. Ele não tem que pedir desculpas por isso, porque alguém no mundo precisa furar a bolha e mostrar que o governo de Netanyahu é incapaz de solucionar o conflito na região sem causar um massacre de civis. Claro que houve um exagero proposital ao comparar o genocídio em Gaza com o holocausto, porque isso mexe na ferida. Mas, em momento algum, a fala de Lula foi antissemita e, por isso mesmo, ele não deve se desculpar. Pedir desculpas seria se diminuir politicamente. Claro que ao optar por não pedir desculpas, o risco de um golpe capitaneado pela nossa direita aumenta, já que os pedidos de impeachment se acumulam sob a mesa do presidente da câmara. Mas esse é o preço que se paga por dizer a verdade num contexto onde a imprensa hegemônica é totalmente subordinada aos interesses dos Estados Unidos: principal aliado de Israel.

sábado, 10 de fevereiro de 2024

Ser Criança em 1994 (repost)


Como um genuíno integrante da geração millenials (a tal Geração Y), posso afirmar sem medo de errar que a década favorita da minha geração foram os anos 1990. E de cada um dos anos daquela saudosa década, o mais marcante, representativo e emblemático de todos foi o inesquecível ano de 1994. Aquele longínquo ano de 1994 (30 anos atrás!) trouxe elementos históricos para nossa geração que ficaram guardados para sempre nas nossas vidas. Foram tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo que a sensação que deu foi que 1994 foi, na verdade, vários anos em um só. Foi o ano de 1994 que deu a tônica dos anos 90, porque os anos anteriores pareciam meio que um "puxadinho" dos anos 80. Foi por isso que eu senti a necessidade de reescrever sobre aquele ano inesquecível nesta série "ser criança/adolescente em", já que quando escrevi sobre 1994 pela primeira vez, há dez anos atrás, fiz de maneira muito apressada e rasa. Nesta postagem, eu pretendo dar ao ano de 1994 toda a atenção que ele realmente merece.

Nada mais 1994 que Barrados no Baile.
  

Quem tem menos de 30 anos não teve o privilégio de ver em tempo real a seleção brasileira homenagear de forma emocionante o ex-piloto Ayton Senna na conquista do tetracampeonato, não viu a estreia do Rei Leão nos cinemas, não viu o início do fenômeno dos Cavaleiros do Zodíaco na Rede Manchete, não economizou o dinheiro do lanche na escola para comprar a revista Herói, não chegou a comprar aquele sacão com um quilo de doces com uma única cédula de um real (aquela verdinha do beija-flor), não teve a oportunidade de jogar na locadora Sonic 3 ou Donkey Kong Coutry logo que eles chegaram, não encheu o saco dos pais para ganhar um brinquedo da Estrela de presente, não viu Enéas esbravejar o próprio nome na hora do horário eleitoral, não cantou a música do Ratinho do Castelo Rá-Tim-Bum e muito menos ficou horas ensaiando as coreografias do GeraSamba. Isso tudo numa época em que ainda não existia a internet. Até existiam computadores, mas só pessoas muito privilegiadas é que tinham condições financeiras de ter um PC em casa. Enfim, vamos abordar 1994 por partes para mostrar quanto aquele ano foi importante para os anos noventa e para a nossa história.

FHC: o "pai" do Real.


Política
O fato político brasileiro mais importante da década de 90 ocorreu justamente em 1994, que foi a criação do Plano Real. Antes do Real, foram vários planos econômicos fracassados na tentativa de controlar a inflação. Mas foi só naquele ano, durante o governo Itamar Franco, que o Real veio para ficar. E o mais doido é que conseguiram equiparar 1 dólar a 1 real no início, o que deu ainda mais relevância à nova moeda. Apesar dos altos e baixos, o Real sobrevive até hoje e as novas gerações nem sonham a desgraceira que era a inflação galopante. Parecia um sonho, na época, ver a inflação controlada e não precisar levar um sacolão cheio de moedas toda vez que a gente ia comprar pão. 

Outro fato emblemático daquele ano foram as eleições para presidente da república que contaram com nomes como FHC, Lula, Brizola, Enéas e Espiridião Amim. A eleição foi vencida no primeiro turno por FHC graças ao seu trabalho na criação do Plano Real, mas quem realmente tornou-se icônico foi o Dr. Enéas que ganhou mais de 4 milhões de votos só vociferando o lendário "Meu nome é Enéas!".

Fora do Brasil, o fato mais marcante foi a eleição de Nelson Mandela como o primeiro presidente negro de um país onde o apartheid durou décadas.

Cavaleiros tornou-se o maior sucesso da história da TV Manchete.


Televisão
Entre as grandes emissoras, o grande destaque em 1994 foi, possivelmente, a TV Cultura. A programação para o público infanto-juvenil era simplesmente maravilhosa, talvez a melhor da história da nossa tevê. A TV Cultura nos presenteou naquele ano com programas como: Glub-Glub, os Bichos, O Professor, X-Tudo e foi o ano de estreia do Mundo de Beakman, das Aventuras de Tintin, do Castelo Rá-Tim-Bum, dos Anos Incríveis e do Confissões de Adolescente. 

No SBT, o destaque foi a novela Éramos Seis que foi até hoje uma das minhas favoritas de todos os tempos. As apresentadoras Eliana e Angélica faziam programas (no bom sentido) para as crianças no Bom Dia & Cia e Casa da Angélica, respectivamente. Ainda no SBT, tínhamos também Sérgio Mallandro, Chaves, Chapolim e o lendário Programa Livre com Serginho Groisman. Além, claro, do jornalistico Aqui Agora. Falando do Aqui Agora, muita gente na época, inclusive eu, imitava o repórter policial Gil Gomes, porque a maneira com que ele narrava os fatos era simplesmente instigante e original. 

Tintim foi meu herói de infância na época.


A Rede Manchete, em 94, se eternizou por ter nos apresentado o desenho de maior sucesso da história da TV aberta que foram os Cavaleiros do Zodíaco. A paixão trazida por este anime deu tão certo que vendeu uma onda de produtos dos Cavaleiros, trouxe filmes que lotaram os cinemas e fez a criançada cantar "Os guardiões do universo" em todas as escolas do país. Mas nem só de "Seiya e os outros" a emissora do Sr. Adolpho Bloch vivia, porque os tokusatsus e os desenhos do Clube da Criança com Mylla Chrsitie e Pat Beijo não deixavam as crianças saírem da frente da TV. É claro que tínhamos as tosquices maçantes dos comerciais do Teleshop (011)1406 e do título de capitalização do Papa-Tudo, mas até essas coisas viraram nostalgia para quem foi criança na época.

Já a Rede Globo atacava com os Trapalhões, Escolinha do Professor Raimundo e saudosa TV Colosso. As novelas de sucesso da época foram Sonho Meu e Tropicaliente na faixa das 18h; Olho no Olho, A Viagem e Quatro Por Quatro no horário das 19h e Fera Ferida e Pátria Minha nas 20h.  

Foi bom demais cantar Hakuna Matata em 1994.


Cinema
Para quem foi criança ou pré-adolescente na época, o ano de 1994 foi recheado com bons filmes para essa faixa etária. Alguns não eram exatamente "bons", mas marcaram época mesmo assim. Vou citar alguns deles:

O Rei Leão
O Máskara
Debi & Loide
Ace Ventura
Ninguém Segura Esse Bebê
Um Sonho de Liberdade
Forrest Gump
Pulp Fiction
True Lies
Street Fighter: O Filme
Pricila a Rainha do Deserto

Acústico MTV: despedida do Nirvana.


Música
Acho que o único ponto fraco de 94 foi a música. Isso porque os sucessos que tocavam nas rádios ou eram aquelas músicas gringas chatas que tocavam nas novelas da Globo, ou eram músicas repetidas dos anos anteriores. Mesmo a nível nacional, só fizeram sucesso mesmo artistas como Negritude Jr, Raça Negra, Cidade Negra e duplas sertanejas. Os destaques naquele ano foram para o Skank que começou a ganhar espaço nas rádios e na tevê e o lançamento do disco Da Lama ao Caos de Chico Science & Nação Zumbi. Mas, no geral, foi um ano fraco musicalmente. Parece que o suicídio do Kurt Cobain acabou não só com a era de ouro do rock como também com a era de artistas geniais. De memorável mesmo, só o show lendário de dois dias da Legião Urbana no Metropolitan, no Rio de Janeiro, que acabou virando, posteriormente, um disco duplo. 

A título de curiosidade, em maio daquele ano ocorreu o casamento entre o Rei do Pop Michael Jackson com a filha do Rei do Rock Lisa Marie Presley. O casamento não chegou a durar nem dois anos.

Sonic 3 teve participação musical do rei do pop Michael Jackson.


Games
1994 foi um ano de ouro para a era 16 bits, porque Super Nintendo e Mega Drive eram os dois principais consoles daquela geração. Apesar de ter sido também o ano de lançamento do Playstation 1 e do Sega Saturn, a grande relevância da época era para o duelo Sega versus Nintendo. Eu era do time Sega por ter um Mega Drive que havia ganhado dois anos antes. Lembro que ganhei no fim daquele ano o inesquecível Street Fighter Champion Edition e de ter o estreado no dia que estava passando o filme dos Kremilins na Globo. Acho que esse Street Fighter foi o game de luta que mais joguei na vida, apesar de, anos depois, ter o vendido e comprado o Super Street Fighter 2. Também ganhei no meio do ano o Sonic 3, numa tarde chuvosa de sábado, mas emperrei num barril maldito da Carnival Night Zone e, para piorar, o cartucho quebrou pouco tempo depois. E falando de Sonic, no fim do ano foi lançado o cartucho Sonic & Knuckles que vinha com um conector em cima (tecnologia Lock-on) para se acoplar aos Sonic 2 e 3. Quando uníamos o Sonic 3 ao Sonic & Knuckles, tínhamos o melhor jogo de aventura da era 16 bits com a inclusão do Hyper Sonic e do roubadíssimo Super Tails com bateria para salvar as aventuras.


Os títulos mais importantes daquele ano no mundo dos games foram os inesquecíveis:

Sonic The Hedgehog 3
Sonic & Knuckles
Donkey Kong Country
Mega Man X
Super Street Fighter 2
Streets of Rage 3
Mortal Kombat 2
DarkStalkers
Road Rash 3
O Rei Leão
The King of Fighters 94
Samurai Shodown 2
Super Metroid
Super Punch-Out
Wild Guns
Fifa Soccer

O tetra foi inesquecível.

Esportes
No dia primeiro de maio de 1994 ocorreu a trágica morte do do ex-piloto de fórmula 1 Ayton Senna no Grande Prêmio de San Marino. O Brasil inteiro acompanhava ao vivo a corrida quando ocorreu o acidente fatal. Foi um choque. A comoção foi total no país, com milhões de brasileiros de luto. Foi o fim do sonho do tetra com a perda de um dos maiores ídolos que já tivemos no esporte. Mas 1994 ainda nos traria alegrias para compensar.

Em 12 de junho, a Seleção Brasileira feminina de basquete conquistou seu primeiro e único título mundial na Austrália com um timaço que trazia nomes lendários como Hortência, Magic Paula e Janeth. A final foi contra a China e a nossa seleção venceu pelo placar de 96 a 87.

Em julho, o Brasil foi tetracampeão mundial de futebol ao conquistar a Copa dos Estados Unidos ao bater a Itália nos pênaltis. Foram 24 anos de jejum e o grito de tatracampeão veio junto com uma homenagem belíssima ao Ayrton Senna. Na volta para o Brasil, tivemos uma das maiores festas que já vi com os jogadores trazendo o troféu num desfile no carro do corpo de bombeiros.

1994 não foi inesquecível à toa.


Enfim, esta postagem encerra definitivamente a série "Ser criança" na década de 90. Escrevi sobre todos os anos, um por um, da última década do século XX. Também escrevi sobre alguns anos da década de 1980 e de 2000, mas nessa última já sob a perspectiva de um adolescente. Quem quiser ver as retrospectivas sobre os outros anos, os links das demais postagens seguem abaixo. Só é clicar e fazer uma viagem no tempo para a época desejada:

Ser criança em 1986
Ser criança em 1988
Ser criança em 1990
Ser criança em 1991
Ser criança em 1992
Ser criança em 1993
Ser criança em 1994
Ser criança em 1995
Ser criança em 1996
Ser criança em 1997
Ser criança em 1998
Ser adolescente em 1999
Ser adolescente em 2000
Ser adolescente em 2001
Ser adolescente em 2002
Ser adolescente em 2003

domingo, 4 de fevereiro de 2024

A maioria dos homens não deveria se relacionar


Não é novidade para ninguém que a maioria dos homens heterossexuais é muito ignorante e egoísta se tratando de sexo. Mesmo sabendo que homens e mulheres percorrem caminhos diferentes para chegarem no mesmo lugar, o que prevalece na imensa maioria dos casais é o roteiro 1, 2, 3 e 4 vistos majoritariamente na pornografia mainstream que seriam: 1-"preliminar" apressada e mal feita, 2-penetração rápida, 3-orgasmo masculino e 4-fim do sexo. E aí eu pergunto: onde fica o prazer e o orgasmo femininos nessa aventura? A verdade é que a maioria dos caras só querem dar uma aliviada antes de dormir ou antes de tomar banho para ir ao trabalho. Eles têm preguiça ou má vontade de fazer o prazer ser mais democrático. É triste que tantos homens usem a própria mulher como uma boneca inflável e não se esforcem minimamente nem para fazer o básico sobre como excitar e seduzir a parceira.

Enquanto os homens não entenderem que o prazer da mulher é mais amplo, mais cinestésico, e a importância do protagonismo do clitóris na expressão da sexualidade humana, vamos ter casais infelizes, traições e a ideia equivocada de que mulher não gosta de sexo.

Isso sem falar de outros aspectos não sexuais que fazem homens e mulheres não se entenderem. Enquanto a mulher quer ir ao salão de beleza, fazer compras no shopping e ir ao chá de bebê da melhor amiga, os caras querem assistir jogo no estádio, ir a feira de automóveis, jogar uma pelada com os amigos e depois jogar conversa fora no bar. Homens héteros preferem estar com outros homens a maior parte do tempo fazendo "coisas de homem". A maioria não acha tão divertido acompanhar suas parceiras em programas tipicamente femininos. Isso é compreensível, mas relacionamento envolve sacrifícios e fazer coisas chatas em momentos que não estamos a fim. Se não for assim, a relação vai se desgastando com o tempo.

A sugestão que eu dou para os homens que são namorados ou maridos medíocres é que eles fiquem solteiros mesmo. Busque sexo pago ou casual e divirta-se com seus amigos de bar. Se quiser uma companheira, junte uma grana e compre uma Love Doll, porque ela vai dar tudo que você quer e precisa sem desejar nada em troca. Se você não está disposto a se doar, a se sacrificar e a dar o seu melhor, faça um favor a si mesmo e a todas as mulheres: fique sozinho.

quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Uma vida não é suficiente


Durante as minhas caminhadas diárias, eu estive a pensar em como a vida é curta ao saber que no dia anterior havia caído um avião monomotor no interior de Minas Gerais. Foram ao menos sete mortes naquele triste acidente. Duvido que algum dos ocupantes achasse que o avião cairia. Eles estavam pensando no trabalho, nos filhos, talvez nas férias ou em como seria o carnaval e... bum! O avião cai e morrem todos a bordo. A morte vem assim para muitos, sem aviso prévio, de repente. Chega ao fim, sem mais nem menos, toda uma história de um ser complexo que tinha sonhos, amores, desejos e uma mente consciente dotada de curiosidade, medos, recordações, segredos e conhecimento para ser transmitido. A morte veio e acabou com tudo instantaneamente. E assim será com todos os outros 8 bilhões de seres humanos que vivem simultaneamente neste pequeno planeta que circunavega a galáxia Via Láctea. 

Estamos preparados para o transumanismo?

Além da limitação das míseras décadas de vida que temos frente aos bilhões de anos do cosmo, ainda temos a limitação dos nossos cinco sentidos. Temos apenas cinco sentidos. E existem animais que possuem 11 sentidos! E mesmo nossos cinco sentidos são limitados, porque não escutamos todas as frequências sonoras e nem  enxergamos todo o espectro eletromagnético além daquilo que precisamos para sobreviver. Além disso, há muitas outras coisas que não vemos e não entendemos, como a matéria escura, a energia escura e o microcosmo das partículas subatômicas. Não sabemos sequer se há vida em outros lugares do universo. Aliás, nem sabemos o que é o universo ou se há outros como ele em dimensões paralelas. Até mesmo o nosso cérebro é limitado, porque há coisas que não conseguimos processar, tais como o infinito e os fenômenos quânticos que não respeitam a relação de causa e efeito. 

Quantos mistérios o universo esconde de nós? 

A única certeza que temos é que somos terrivelmente limitados e que em poucas décadas estaremos mortos assim como as vítimas fatais do acidente aéreo em Minas. Não há tempo suficiente para conhecermos mais sobre esse cosmo tão misterioso que nos cerca. É curioso como tudo me parece bonito e assustador ao mesmo tempo. Tínhamos que viver mais, muito mais, para começarmos a entender do que se trata a vida e o universo. É por isso que tantos acreditam em reencarnação, em almas e em céu e inferno. É o inconformismo diante da nossa fragilidade existencial e do nosso tempo de vida tão breve que nos faz delirar sobre essas crenças sem evidência. Mas apesar de sermos meros primatas inconformados com a incompletude da existência, essa é a única chance que temos de nos sentir vivos e de encher os pulmões de ar para afirmar em alto e bom tom: "Eu existo!" 

A hora é essa, porque não há amanhã.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Liberdade é o bem mais precioso


É claro que a inveja é um sentimento detestável. Tão detestável que quase ninguém assume que a sente. Apesar disso, eu admito que sinto inveja, sim, de algumas pessoas. Não é inveja dos mais ricos, dos mais saudáveis, dos mais belos, dos mais poderosos ou dos mais afortunados. A minha inveja é daqueles que são verdadeiramente livres. Se acha exagero, pare e pense um pouco a respeito da liberdade. Provavelmente, você, assim como eu, não é livre. Aliás, 99% da humanidade não é livre. Para ser livre, de fato, você precisa de ser livre em 3 aspectos:

1 - LIVRE MENTALMENTE
Você precisa ser livre de conceitos e preconceitos da sociedade, de regras, de tabus, de crenças limitantes e de amarras culturais, emocionais, espirituais e psicológicas.


2 - LIVRE DA ESCRAVIDÃO MONETÁRIA
Você precisa ser livre para ter autonomia e independência para não depender financeiramente de ninguém. Não ser explorado por ninguém por dinheiro e não ser escravo de um salário que te prende a uma rotina que rouba os melhores momentos da sua vida.


3 - LIVRE DE AMARRAS E GRILHÕES
Você tem que ser livre também de doenças incapacitantes, de vícios, de dependência dos outros e não ter o direito de ir e vir tolhido por medo, violência, opressão estatal ou falta de dinheiro.


Então reflita: será que você é realmente uma pessoa livre?

sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Qual é o melhor horário para correr?


Este primeiro post de 2024 demorou um pouco para sair por alguns imprevistos que me mantiveram longe do PC por vários dias. Um desses imprevistos foi um combo de problemas no meu próprio PC que estava com a memória RAM oxidada, ressecamento na pasta térmica da GPU e o HD que está com Bad Block. Só vou poder arrumar o computador na semana que vem por falta de grana para comprar as peças. Tentei escrever pelo celular, mas o app. do blogspot é muito ruim e aí então tive que me virar com o meu velho notebook de guerra que estava quase aposentado. Mas enfim, aqui estou eu novamente. E o assunto é corrida.

Nada melhor que começar o ano falando sobre corrida.


Nesta primeira semana de janeiro, eu completei seis anos que comecei a correr. E durante esses seis anos, enfrentei vários obstáculos como canelites, lesões, pandemia, falta de grana para comprar tênis, problemas de saúde, problemas com a família e frustração por ter que interromper ciclos de treino para correr minha primeira prova. Sim, nesses seis anos eu nunca corri nenhuma prova oficial ou evento. Atualmente, estou correndo de forma recreativa algo entre 40 km e 60 km por semana. O meu corpo já está totalmente adaptado à corrida e eu estou numa fase de querer superar desafios, seja em distância ou em velocidade. Falando nisso, eu estive pensando durante uma das minhas corridas sobre qual é o melhor horário para correr e acho que obtive uma resposta após analisar minha própria experiência.

Correr pela manhã é melhor?


Eu já corri de manhã cedo, ao meio dia, após o almoço, no fim da tarde e tarde da noite. Só nunca corri na rua de madrugada pelo perigo e porque bagunçaria meu relógio biológico. Mas de todos os horários, eu creio que o melhor para correr para a maioria das pessoas seja no final da tarde. Isso porque é neste horário que o corpo está mais energizado com os estoques de glicogênio cheios devido à alimentação ao longo do dia e também porque não estamos tão sonolentos quanto de manhã cedo ou pela noite. No fim da tarde também é menos quente e é o horário que mais vejo gente nas ruas e nos parques correndo, o que ajuda na nossa socialização. 

Correr de manhã cedinho é muito bom também, porém, pode custar uma ou duas horas de sono a menos e a maioria das pessoas acorda muito sonolenta para fazer exercícios. De manhã cedo (até umas 7h) é o horário mais adequado tecnicamente falando, porque é mais friozinho e não há tanto trânsito. Fora que a maioria das provas de corrida de rua ocorre neste horário e correr no mesmo horário ajuda o corpo a se adaptar. O problema de correr cedo da manhã é que é preciso bastante disciplina para isso, especialmente se estiver chovendo. Para mim, pessoalmente falando, este é o melhor horário.

Já correr à noite pode ser complicado por duas razões principais: a primeira por ser mais escuro e a segunda por ser perto da hora de dormir. Tem pessoa que perdem o sono se treinarem de noite, então, neste caso, não compensa. E ser escuro é um problema por dois motivos: risco de ser abordado por maus elementos e o risco maior de tropeçar em algo, bater a cabeça num galho, enroscar o pé em fios de telefone ou até de ser atropelado por falta de iluminação. É preciso usar cores claras e vibrantes para ser visto à noite. Sem falar que durante a noite, as plantas não fazem fotossíntese e o gás carbônico é ligeiramente maior, o que pode atrapalhar um pouco a performance.

Atualmente, só posso correr entre 10h e 13h e admito que é um horário bem complicado por ser quente demais e exigir bastante gasto com filtro solar. Sem falar que a performance fica limitada por conta da desidratação mais rápida. Mas há quem prefira esse horário por estar mais disposto, estar com os músculos mais aquecidos e ter os parques e praças mais vazios e espaçosos para correr.

Independentemente do horário, o importante é começar!


Enfim, como hoje eu sou um sujeito ativo e vou para quase todos os lugares ou de bicicleta, ou a pé, penso que a corrida ou a caminhada tinham que estar mais presentes na vida de todos nós. Creio que o ideal seria que as empresas tivessem um espaço para que seus funcionários pudessem tomar um banho e trocar de roupa quando chegassem de seus pedais ou corrida, porque isso além de estimular a pática de atividade física, de quebra ainda melhoraria o trânsito e reduziria a emissão dos gases poluentes dos veículos. Isso prova que os benefícios da corrida vão muito além da saúde pessoal.