segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Jogos da Minha Vida #6: GoldenEye 007


Você já se perguntou até que ponto um jogo de videogame pode mudar a vida de uma pessoa? Só para você ter uma ideia de como o Goldeneye 007 mudou a minha vida, por causa deste jogaço do Nintendo 64, eu virei fã do James Bond, criei inúmeras paródias cartunescas do 007, escrevi um romance inspirado no 007, construí dezenas de armas de papelão baseada nas armas do jogo, comecei a me interessar por armas graças ao jogo e, inclusive, escolhi a minha profissão por influência indireta do game. E não achando isso suficiente, ainda acessei a internet pela primeira vez na minha vida, lá em 1998, adivinhe para quê: para pegar dicas no site IGN sobre o jogo. Até meu apelido no colégio (Detetive Well) me fora dado por causa da minha paixão pelo bendito jogo. Só com isso já dá para imaginar o que vem por aí em mais um capítulo da série Jogos da Minha Vida.

Esse game mudou a vida de muita gente.

Como tudo começou
Goldeneye 007 – jogo inspirado no filme de mesmo nome – foi um game de tiro em primeira pessoa lançado para Nintendo 64 em agosto de 1997 pela Rareware. E, neste mesmo ano, já tive a oportunidade de conhecer o jogo. Eu conheci o game na casa de um sobrinho que tinha o alugado durante um final de semana. Foi durante uma festinha na casa do meu sobrinho que vi um monte de gente fazendo fila para jogar o tal do '007'. Naquela época, tinham apenas dois controles, mas era possível jogar o 007 de quatro (no bom sentido). Se o multiplayer já era divertido pra caramba com dois jogadores simultâneos, com quatro então, era sensacional. Mas foi o modo de um jogador mesmo que me conquistou com gráficos bonitos para a época, com uma jogabilidade fácil e com missões bem originais. Foi o primeiro FPS (First-Person Shooter) que me encantou, porque os jogos de tiro em primeira pessoa que joguei antes nunca me empolgaram. Goldeneye 007 trazia ação, estratégia, investigação, stealth, reações convincentes de inimigos e muita diversão.

O jogo fez tanto sucesso entre familiares e amigos que o meu sobrinho acabou comprando o jogo no fim de 1997. Daí que a casa dele virou a minha segunda casa depois disso, porque o vício no Goldeneye durou anos e anos. Como eu não tinha Nintendo 64 e meus videogames (Mega Drive e Super Nintendo) tinham quebrado, eu só era feliz mesmo quando estava jogando o famigerado Goldeneye. O vício no game foi tanto que quando eu não podia jogar na casa do meu sobrinho, eu simplesmente pagava para jogá-lo na locadora. E como citei na intro do post, eu usava a internet do colégio (que era discada) só para pegar dicas para o jogo.

As fases inesquecíveis do game.

Minhas impressões
No modo de um jogador, o game tinha 20 fases, sendo 2 secretas, e 3 níveis de dificuldade. Havia uma dificuldade extra (007 mode) onde era possível alterar a precisão dos inimigos, a vida deles e a velocidade de reação dos mesmos. Tínhamos um arsenal com dezenas de armas inspiradas em armas reais e era possível segurar duas delas simultaneamente. As armas variavam desde pistolas compactas até lança-foguetes. As melhores armas do jogo eram a RC-P90, que era uma submetralhadora que tinha um pente de 80 tiros (duas delas simultaneamente era o apocalipse na Terra), e a lendária Golden Gun, que dava apenas um tiro, mas que causava um dano absurdo, matando quase todos os inimigos com 1 disparo. Mas a arma mais apelona mesmo era a Gold PP7 (acessível só com o cheat mode), que dava o mesmo dano da Golden Gun só que com um pente de 7 munições (era possível usar uma em cada mão também). Fora que tínhamos granadas, minas explosivas remotas, explosivo C4, Taser (arma de choque) e facas. O único veículo pilotável do game era um tanque armado com um canhão disponível nas fases Runway e Streets. Era muito sádico insano passar por cima dos inimigos e escutar aquele som bizarro de geleia sendo esmagada quando passávamos por cima deles. Mas até aí, tudo ok, nada demais.

Momento insano do jogo.

O que tornou esse 007 realmente inesquecível e até certo ponto 'revolucionário' é que o jogo não te obrigava a passar das missões na base do tiroteio. Era possível usar a furtividade para neutralizar câmeras, hackear sistemas, roubar documentos, desbloquear portas, etc. Tinha uma diversidade de objetivos que variavam desde salvar reféns e proteger npc's até explodir uma fase inteira com a Plastique (C4). Apesar dos inimigos serem bem burrinhos a nível de inteligência artificial, eles reagiam de acordo com a parte do corpo que era atingida, tendo algumas mortes bem peculiares, como nas vezes em que morriam com um tiro no pescoço. O Cheat Mode foi o que, na minha opinião, elevou a vida útil do jogo, porque as trapaças precisavam ser conquistadas passando das fases em dificuldades e tempos específicos para poderem ficar disponíveis. E você jogar invisível, invencível, com todas armas, munição infinita, cabeçudo, com turbo e paintball tornava o jogo imprevisível e ainda mais divertido. Sem falar do multiplayer que era divertidíssimo com vários modos de jogo.

Jogando 007 de 4 (jogadores).

Como este game marcou a minha vida
Eu precisaria escrever um post inteiro separado para contar tudo que fiz por influência deste jogo. Mas para não ficar muito extenso, prometo resumir tudo ao máximo possível. 

Somente de paródias cartunizadas do 007, eu criei quase uma dúzia. Entre as 3 mais famosas, eu citaria: Geimes Bondinho, Jayme Pink e Jâmes Bonde. O mais famoso deles foi o trapalhão Geimes Bondinho (o agente zero, zero, seta), que era um agente secreto orelhudo que protagonizava histórias em quadrinhos bem humoradas parodiando todo tipo de situação absurda dos filmes de ação. Só do Geimes Bondinho (GB) foram mais de 50 histórias (a maioria inacabada) com os títulos mais esdrúxulos possíveis, tais como: GB contra o Gol de Finger; GB contra Octomussys de Chocolate; GB contra o Homem de Três Peitos; Com GB se Suicide Duas Vezes; GB Só Mente Para Seus Olhos; Ogivas de Caramelo; GB de Volta a Carrapatolândia; GB e o mistério dos supositórios explosivos, etc.

Geimes Bondinho em suas aventuras no ano 2000.

Já o Jâmes Bonde era o 007 brasileiro nascido e criado na favela da Rocinha que perseguia os bandidos de bicicleta e usava um estilingue como arma. E por último, o Jayme Pink era um espião com trejeitos afeminados que combatia o crime organizado com muito humor, rebolado e criatividade. Não levei adiante essas paródias porque fiquei com preguiça e também para não parecerem imitações de outras imitações, estilo Austin Powers. 

Lá pelo ano de 1999, eu escrevi um romance de espionagem e suspense chamado 'Agente Secreto' que contava a história de Albert Simon. Simon era um agente de um sistema de inteligência norte-americano com missões investigativas pela América Latina. Entre suas aventuras, ele acabou se apaixonando pela brasileira Alessandra Valente e, juntos, acabaram se envolvendo numa enrascada contra um traficante colombiano. A história era bem clichê, mas despertou ainda mais minha paixão pela escrita.

Ilustração de 'Agente Secreto' quando eu tinha 15 anos.

E não menos importante, de 1999 até 2001, eu construí dezenas de réplicas de armas de fogo recortando, dobrando e colando cartolinas e papelões. No começo, elas eram bem toscas, mas com o passar do tempo, foram ficando mais realistas e sofisticadas, sendo que uma delas (a Golden Gun) disparava bolinhas de papel até uma distância de uns 12 metros graças um elástico que passava por dentro cano. Tenho até hoje várias dessas réplicas de armas de papelão guardadas e elas não ficam muito atrás das Airsofts da vida. Abaixo, vou deixar uma fotografia tirada no ano 2000 com várias dessas armas. Note que muitas delas foram claramente baseadas nas armas do Goldeneye.

Arsenal de armas de papel no ano 2000.

Por fim, as habilidades que eu ganhei fazendo ilustrações para Geimes Bondinho e Agente Secreto – e também os desenhos técnicos que fiz ao produzir armas de papelão – me levaram a prestar vestibular em 2002 para desenho industrial. E hoje eu sou bacharel em design graças, quem diria, a um jogo de videogame.

Apesar do game ter tido uma continuidade espiritual com Perfect Dark e uma continuidade cronológica com 007: The World Is Not Enough (que, tecnicamente, são até melhores que o próprio Goldeneye), foi o Goldeneye 007 que mudou para sempre a história da minha vida.

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