quarta-feira, 27 de julho de 2022

A pior lavagem cerebral do capitalismo


A pior lavagem cerebral do capitalismo é ficar se orgulhando da própria exploração. Se gabar de dizer que você trabalha 80 horas por semana desde os 17 anos ou de ser um workaholic não é uma vitória: é uma tragédia masoquista. Ora, mesmo com leis trabalhistas, nós trabalhamos mais que o necessário e ganhamos menos do que merecíamos. Ao contrário do que a classe patronal pensa, 8 horas de trabalho por dia é, sim, muita coisa. É um terço da vida se perdendo em algo que quase nunca nos faz feliz. E o pior que trabalhar nem é uma escolha, porque ou trabalhamos, ou morremos de fome. Daí que sobra pouco ou nenhum tempo para irmos aos médicos, fazermos exames de rotina, fazermos atividade física, nos divertir e ficar com a família. E, normalmente, o trabalho é algo estressante, deletério, desgastante e que suga nossa força vital – isso quando ele não coloca nossas vidas em risco. O trabalho já foi até mesmo usado como forma de tortura, exploração, punição e pena capital por governos tiranos no passado. É uma espécie de escravidão moderna, porque gera uma dependência do salário, causa síndrome de burnout e favorece casos de abusos, humilhações e assédios de todo tipo no ambiente de trabalho. Isso tudo afeta terrivelmente a nossa saúde física e mental.



Então se questione: por que temos que trabalhar? É para enriquecer nossos patrões? É para sustentar governos corruptos? É para aumentar os rendimentos exorbitantes dos parasitas do capital especulativo? Ou é para trazer prazer, engajamento e significado para nossas vidas? A dura verdade é que temos que trabalhar para sustentar riquezas que não usufruímos em troca de um salário que na maioria das vezes é injusto. O trabalho dentro do capitalismo não liberta e nem traz dignidade para ninguém. Chega de romantizar a nossa própria exploração.

 


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