quinta-feira, 21 de julho de 2022

Relativizar o estupro é um crime por si só

 

Aquele caso grotesco do anestesista que estuprou uma paciente durante o parto chocou muita gente. Mas é curioso como outras formas de estupro, além de não causarem revolta, continuem sendo vistas como algo normal. Quer ver alguns exemplos? Quantas e quantas mulheres sofrem estupro conjugal porque atender aos anseios sexuais de seus maridos contra a vontade delas é uma "obrigação matrimonial"? Quantas e quantas mulheres são embriagadas ou drogadas para "facilitar as coisas" para homens que querem "vencê-las pelo cansaço"? Quantas e quantas mulheres são coagidas a entrar na prostituição para enriquecer os cafetões? O que todas essas situações têm em comum é o fato de que o consentimento da mulher é burlado pelas artimanhas de uma cultura que normaliza o estupro. E o pior é que, não raro, são as próprias vítimas que levam a culpa pela violência que sofreram. Parece até que o que tem que valer é o direito do estuprador, enquanto que a vítima tem que se calar e aceitar a violência. Enfim, a violência sexual contra a mulher continuará a ser relativizada enquanto não combatermos essa cultura de estupro. E quem mais precisa ser conscientizado disso é o homem, porque é ele, em 99% dos casos, que pratica o estupro. Como as feministas já cansaram de dizer: não temos que ensinar as meninas a se protegerem do estupro, temos, sim, que ensinar os meninos a não estuprarem. Será que é tão difícil entender isso?

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