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Propaganda antissionista |
Quem me conhece sabe o repúdio que eu tenho pela direita conservadora cristã. Entre outras coisas, essa direita foi responsável pelas ditaduras na América do Sul e pelo nazifascismo – fora a hegemonia de classes que ela cria propositadamente como meio de se manter no poder. Essa classe, que quase sempre é formada pela elite e pelo clero (igreja), sempre usou o povo como base para sustentar o seu luxo e o seu poder (vide a Revolução Francesa). Portanto, quero que fique bem clara a minha posição de descontentamento diante dessa ideologia política antes que algum quadrúpede sedento por estereótipos venha me rotular de "direitóide" ou de "reaça" pelo que vou opinar a seguir.
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Pró-Gaza ou pró-esquerda? |
O conflito na Faixa de Gaza e a polarização política
Qualquer pessoa que não esteja vivendo em outro planeta deve estar estarrecida diante do conflito sangrento que se agravou entre Israel e os grupos radicais muçulmanos. Não vou discutir aqui sobre quem tem razão ou não nesse conflito,
até porque numa guerra todos os lados envolvidos estão errados. Digo isso porque sou pacifista e condeno veementemente qualquer tipo de atitude que gere sofrimento para os seres humanos. Também não escrevi este post para abordar sobre a origem do conflito ou julgar se o sionismo é ou não é justo. Estou escrevendo este post com o intuito de deixar a minha opinião sobre as distorções que estão sendo criadas sobre esse conflito com a intenção de se fazer propaganda ideológica.
Muito bem, vamos aos fatos. A direita política posiciona-se claramente a favor de Israel, a favor do sionismo e a favor do atual partido (o Likud, que é de direita conservadora) que está governando Israel. A esquerda, por sua vez, está defendendo os palestinos, as vítimas muçulmanas e condenando duramente os israelenses – isso ocorre principalmente porque Israel é aliado dos EUA (o "monstro capitalista") e também por possuir maior poder bélico. O que tenho visto é que tanto a esquerda quanto a direita política estão manipulando informações sobre esse conflito para tentar convencer que o lado 'y' está certo e que o lado 'x' está errado, de acordo com os seus próprios interesses. Estou vendo a esquerda insistir que Israel é o vilão da história e a direita insistir que o Hamas é o único culpado por tudo.
Na minha opinião, todos estão errados! Não existe ninguém mais certo ou menos errado: todos estão se atacando mutuamente e não faz sentido criar um maniqueísmo parcial sobre a atual conjuntura no Oriente Médio – fazendo disso uma propaganda política para atender aos próprios interesses ideológicos.
O que acontece nesse conflito entre Israel e Palestina não é uma questão de direita versus esquerda. Existem diversos fatores, que vão desde a religião até a polêmica criação do Estado de Israel, que geraram essa situação caótica na região. Acontece que esses motivadores reais do conflito, infelizmente, acabaram sendo deixado de lado para dar lugar à velha queda de braço entre dois eixos políticos fora do conflito: a esquerda e a direita.
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Nazista judeu? Como pode isso? |
Antissemitismo disfarçado de humanismo
Uma palavra que tem aparecido muito na internet é uma tal de "nazijudeu". Quem criou esse termo falacioso, como já era de se esperar, foi a extrema esquerda (com apoio dos antissemitas). Essa esquerda tresloucada, que se acha porta voz dos direitos humanos, está transformando Israel (e também os judeus) num espantalho para ser atacado pelo mundo todo. A associação equivocada dos judeus com o nazismo, segundo os extremistas, é porque Israel tem um governo judaico de direita e está bombardeando de forma irresponsável a Faixa de Gaza. Ora, todo mundo que conhece a história do século 20 sabe que os judeus foram vítimas do holocausto provocado pelos nazistas. Portanto, acusar os judeus de serem nazistas é uma antítese tão extrema que sequer chega a fazer sentido. O que ocorre aí é uma falácia de
redução ao nazismo contra Israel misturada com
apelo à emoção diante das vítimas muçulmanas. Não existe "nazijudeu". No máximo, poder-se-ia dizer que a atual liderança política de Israel (lembrando que não há só judeus em Israel) é fascista, portanto, seria menos inadequado usar o termo "fascisrael", que ainda assim é contraditório, porque o fascismo também é antissemita. Quanto aos pequenos grupos extremistas e racistas de Israel, eles não representam o país e não podemos julgar o povo (ou mesmo o Estado) israelense baseado neles.
Outra coisa desleal é comparar as mortes de civis em Gaza com os genocídios praticados nos campos de extermínio nazistas. Essa comparação forçada usada para justificar o termo "nazijudeus" é um verdadeiro disparate por se tratar de uma falsa analogia. Sei que Israel fez
coisas horríveis nessa guerra, mas eles não podem ficar sentados vendo a sua própria população ser morta por terroristas do Hamas. Israel tem, legalmente, direito à defesa. Se não fosse pela maior robustez militar e pelos abrigos antiaéreos, o número de vítimas israelenses seria muito maior. Fora que o
Hamas usa crianças como escudo humano para mostrar os cadáveres delas ao mundo e dizer "Israel infanticida". E a esquerda biruta antissemita vai na onda dos terroristas e culpa os israelenses e judeus por isso.
O grande problema que há na culpabilização de Israel são as consequências nefastas disso, que podem aumentar o antissemitismo e o risco de grupos neonazistas atacarem sinagogas e qualquer pessoa de origem judaica. Essa demonização israelense é irresponsável e perigosa. Temos que nos solidarizar com as vítimas (sejam judeus ou palestinos) e pedir pelo cessar-fogo.
Mas atribuir toda a culpa a um dos lados para fortalecer os seus ideais políticos é que não pode ser tolerado.
Eu não estou dizendo aqui que o que Israel está fazendo é certo ou mesmo tolerável. O que eu quero que fique claro é que criar uma ideia de que há um lado bonzinho e outro malvado é totalmente errado e injusto. Os EUA estão errados em armar Israel ao invés de tentar algum acordo de paz, Israel está errado em bombardear alvos civis e o Hamas está errado em atacar Israel. Todo mundo está errado nessa história, até mesmo, quem diria, o Brasil...
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Não são somente palestinos que sofrem com a perda de entes queridos |
O anão diplomático
O Itamaraty, em 23/07/2014, emitiu
a seguinte nota sobre o conflito entre Israel e Palestina:
"O Governo brasileiro considera inaceitável a escalada da violência
entre Israel e Palestina. Condenamos energicamente o uso desproporcional
da força por Israel na Faixa de Gaza, do qual resultou elevado número
de vítimas civis, incluindo mulheres e crianças."
O Itamaraty não mentiu quando disse que a reação de Israel aos ataques do Hamas foi desproporcional. O problema é que dizer isso dessa maneira e convocar de volta o embaixador é um gesto claro de desaprovação (ou de hostilidade) no mundo da diplomacia. Como resposta, teve que ouvir do porta-voz do ministério israelita, Yigal Palmor, que somos "um país irrelevante" e um "anão diplomático" como nação. O Brasil poderia ter sido mais educado e copiar
as palavras do pontífice, o Papa Francisco, que foi verdadeiramente imparcial com relação à situação em Gaza. A Sua Santidade pediu com humildade e comoção pela paz e pelo cessar-fogo – ao invés de escolher um dos lados para atribuir maior culpa por uma guerra onde todos, eu disse TODOS, são vítimas.
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Benjamin Netanyahu, Hillary Clinton e Mahmoud Abbas: solução ideal para o conflito |
PS 1: Antissionismo não é a mesma coisa de antissemitismo, mas no atual contexto, uma coisa leva a outra (basta ver a semântica do termo 'nazijudeu').
PS 2: Se alguém vier aqui dizer que eu sou de direita, ou que eu não sou humanista, ou que eu sou islãfóbico, ou que eu estou do lado de Israel, me desculpa a honestidade, mas você é um analfabeto funcional.