segunda-feira, 31 de maio de 2021

Ser criança em 1991


 

1991... O ano da Guerra do Golfo, da criação do Mercosul, do fim da União Soviética, do tricampeonato de F1 de Ayrton Senna, do início das denúncias contra o governo Collor e da inflação que seguia alta mesmo com um plano econômico atrás do outro. Olhando assim, nem parece que 1991 foi há exatos 30 anos atrás. Impressionante como tempo passa rápido. Mas enfim, este é mais um post para reviver um ano da minha infância da série Ser Criança em.

Lembro que, naquele longínquo ano de 1991, eu fui atacado por um enxame de abelhas, descobri uma locadora de vídeogames perto de casa, iniciei o ensino fundamental na primeira série (segundo ano hoje) e aprendi a andar de bicicleta. Como toda criança de sete/oito anos, meu negócio na época era comer doces, arrancar dente de leite, ir para casas de veraneio nos finais de semana, assistir desenhos animados, pedalar na minha bike e jogar muito videogame. Era uma época boa, porque eu não tinha grandes preocupações e nem grandes responsabilidades. Eu estava na era de ouro da minha vida onde (quase) tudo era novo e ainda não tinha me tornado a pessoa tímida que acabei virando durante a adolescência. 

Para não fugir da tradição desta série, vou resumir minha visão da época em três categorias principais: música, televisão e jogos. Eu até pensei em incluir esportes e tecnologia, mas seria uma redundância em relação ao que escrevi sobre 1990 e 1994.

1991 foi o ano do Nirvana.

Música
Apesar de ouvir majoritariamente música infantil naquela época (Xuxa, Balão Mágico e Trem da Alegria), aqui eu já começava a despertar o meu verdadeiro gosto musical. Lembro que foi escutando La Bamba que me inclinei para o mundo do rock. E foi ouvindo as canções de Alceu Valença e Geraldo Azevedo que comecei também a curtir MPB. Lembro também que foi naquele ano de 1991 que tivemos o lançamento de vários álbuns que, posteriormente, marcaram a minha vida de alguma forma, que foram:

  • Nirvana - Nevermind
  • Metallica - Black Album
  • Pearl Jam - Ten
  • Guns n Roses - Use Your Illusion 1 e 2
  • REM - Out of Time
  • Michael Jackson - Dangerous
  • Legião Urbana V
  • Paralamas do Sucesso - Os Grãos
  • Titãs - Tudo ao Mesmo Tempo Agora
  • Simply Red - Stars


Já nas rádios, canções como Swing da Cor (Daniela Mercury), É o Amor (Zezé Di Camargo & Luciano) e Beija Eu (Marisa Monte) tocavam quase todo santo dia. A febre da lambada tinha perdido força e ainda não tinha começado o sucesso do axé music e do pagode. Os CDs (Compact Disc) começavam a aparecer, tomando paulatinamente o lugar dos vinis e das fitas K7. Walkmans ainda eram muito usados e os primeiros celulares – uns tijolões horrorosos – só tocavam música quando estávamos esperando para ser atendidos pelo telemarketing.

Vamp foi a minha novela favorita até hoje.

TV
1991 foi um ano marcante para a televisão, porque como naquela época não tinha internet, a TV aberta era a única fonte de distração e lazer para muita gente. Novelas da Globo como Barriga de Aluguel e Felicidade às 18h,
Lua Cheia de Amor e Vamp às 19h, e Meu Bem, Meu Mal e O Dono do Mundo às 21h eram novelas que, na minha opinião, superavam em qualidade as novelas atuais justamente porque o comprometimento com a audiência era maior. Sem falar de novelas da Rede Manchete como Pantanal e a História de Ana Raio e Zé Trovão que eram espetaculares. Sem YouTube ou Netflix, eram os canais da TV aberta que tinham que lutar entre si pela audiência com programação de mais qualidade (ou mais apelativa em alguns casos). Em todo caso, a TV aberta, de um modo geral, era mais atrativa do que é hoje.

No caso das crianças, não faltava conteúdo na Globo com o Xou da Xuxa das 8h às 13h que trazia desenhos como Super Mario Bros, Capitão Planeta, Caça Fantasmas e Tartarugas Ninja. Na TV Manchete tínhamos ainda mais diversão com o Clube da Criança (com Angélica) e a Sessão Super-Heróis com Tokusatsus e Super Sentais. No final da Tarde, depois do Aqui Agora no SBT, tínhamos a versão original da novelinha infantil Carrossel (eu adorava demais essa novela). E na TV Cultura meus programas favoritos na época eram o Rá-Tim-Bum e Os Bichos. Em resumo: a criançada fazia a festa na frente da TV na época. Eu, que sempre fui um sibarita incorrigível, sempre assistia tevê comendo aqueles lanches hipercalóricos (doces, chicletes, balinhas, pirulitos, pastilhas, bombons, refrigerantes). Não era à toa que eu fui uma criança mais gordinha, porque encher a pança era comigo mesmo.

Com relação aos filmes, fui dar uma pesquisada e quase não achei filmes bons da época. Eu mesmo só curti o Exterminador do Futuro 2 que até hoje é um dos meus filmes favoritos e As Tartarugas Ninja 2, o Segredo do Ooze. O que eu assistia de filmes da época eram repetecos de clássicos oitentistas como Lagoa Azul, Goonies, O Rapto do Menino Dourado, Rambo, Aventureiros do Bairro Proibido, Os Fantasmas se Divertem, Curtindo a Vida Adoidado e outros que repetiam à exaustão na Sessão da Tarde.

Este joguinho mudou a minha vida.

Games
Como em 1991 os Famiclones (clones do Nintendinho 8 bits) já estavam ficando fora de moda e o Mega Drive tinha acabado de chegar no Brasil, os jogos de videogame que mais fizeram sucesso na época ou eram de fliperama, ou então da Sega. No caso dos Arcades, o jogo do ano foi o fabuloso Street Fighter 2. Este game simplesmente revolucionou a indústria dos games e serviu de referência para todos os jogos de luta que vieram depois. Eu joguei Street Fighter 2 pela primeira vez num fliperama de um shopping e fiquei muito impressionado com a jogabilidade, a fluidez e o carisma dos personagens.

No caso da Sega, jogos como Golden Axe 2, Streets of Rage e Teenage Mutant Ninja Turtles foram clássicos absolutos do Mega Drive. Mas quem realmente roubou a cena em 1991 foi o inesquecível Sonic The Hedgehog. Quando joguei o primeiro game do Sonic numa locadora perto de casa, caramba, eu fiquei piradaço. Nunca tinha visto um boneco tão veloz, um jogo tão colorido e músicas tão bacanas em um game. Inclusive, em breve devo escrever especificamente sobre este game na série Jogos da Minha Vida, porque o estrago que o porco-espinho azul fez na minha vida de gamer foi grande.

Outros jogos que fizeram sucesso na época para Super Nintendo foram The Legend of Zelda: A Link to the Past; Super Castlevania IV; Super Ghouls'n Ghosts e o Turtles in Time. O problema foi que o SNES só chegou oficialmente no Brasil em 1993. Então 1991 foi o ano da Sega no país, até porque o Master System ainda fazia bastante sucesso por aqui. O único videogame caseiro da Nintendo que estreou com sucesso em 1991 foi o Game Boy que chegou ao Brasil em meados deste ano.

Para quem quiser saber mais minha opinião sobre como foi ser criança (ou adolescente) em outras épocas, seguem adiante os links para cada ano desta série:

Ser criança em 1986
Ser criança em 1988
Ser criança em 1990
Ser criança em 1994
Ser criança em 1996
Ser criança em 1997
Ser criança em 1998
Ser adolescente em 1999

Afinal, qual é a de Ciro Gomes?


Se eu ganhasse 1 centavo para cada vez que me xingam de "cirista", eu bem que poderia viver de renda (ou de insultos). Brincadeiras à parte, vamos ser justos e francos. Já deixei claro em várias postagens que Ciro Gomes não é esse monstro todo que desenham por aí. Ciro é um político profissional que está buscando um meio de chegar à presidência sem se comprometer definitivamente com nenhum lado do espectro político. Isso dá a ele a habilidade de oscilar entre a direita e a esquerda política livremente. Basta ver o passado político dele que isso fica bem claro. Ao contrário do que muita gente nova ou inocente na política pensa, Ciro não é de esquerda, ele já ESTEVE na centro-esquerda em momentos que a conjuntura pedia isso. Atualmente, com o enfraquecimento de Bolsonaro, com a ausência de nomes fortes para a centro-direita e com Lula angariando votos da centro-esquerda, o que resta para o Ciro Gomes é tentar pescar os votos da direita. É por isso que Ciro tem batido tanto no Lula, que ele tem mostrado simpatia ao voto impresso e evitado fazer ataques a Bolsonaro. Ele sabe que existe muita gente que se identifica com as ideias bolsonaristas, mas que está insatisfeita com Bolsonaro por alguma razão.

A meta que Ciro almeja é estar no segundo turno em 2022. Mas para isso, ele precisa fazer as pazes com o centrão, precisa se mostrar obediente à elite financeira e fazer acenos frequentes para o eleitorado mais conservador. Se ele quiser ser o anti-Lula, precisa vestir de vez essa máscara e partir para a guerra. Outra coisa que precisa ocorrer para que ele tenha chances eleitorais é que Bolsonaro seja preso ou cassado. Do contrário, o segundo turno de 2022 não será entre Lula e Ciro, mas entre Lula e Bolsonaro. Em todo caso, eu prefiro fazer oposição a um hipotético governo Ciro Gomes do que a um fascista autoritário como o Bolsomorte.

domingo, 30 de maio de 2021

É preciso muito mais para tirar Bolsonaro daí

 

Povo na rua é importante para mostrar aos donos do poder que parte da população está insatisfeita com seus governantes. Povo na rua mostra que (ainda) fazemos parte de um regime democrático. Povo na rua é a melhor maneira de uma população exprimir suas necessidades. O problema é que, no Brasil, povo na rua é fogo de palha.

As manifestações contra o presidente Jair Bolsonaro neste 29 de maio foram, ao meu ver, inócuas. Isso porque presidente da república só sai do poder no Brasil de duas formas: ou com eleições diretas, ou com golpes de Estado. No caso dos golpes, eles SEMPRE são conduzidos pelas elites, especialmente pelas elites financeira e militar. Fernando Collor e Dilma Rousseff não foram golpeados com povo na rua, com caras-pintadas, com pixuleco ou com dancinhas da CBF. Quem derrubou esses dois ex-presidentes foi o poder legislativo que – ou comprado, ou insatisfeito – resolveu inventar impeachments sem crimes de responsabilidade para tirá-los do poder.

Por mais que eu apoie as manifestações, sei que elas não irão dar em nada. Assim como as manifestações do Ele Não foram inofensivas em 2018, o Fora Bolsonaro de 2021 também não vai dar em coisa alguma. Isso não é para desanimar ninguém, muito pelo contrário. Como já deixei claro, sou totalmente a favor das manifestações e contra esse governo genocida. O problema é que Bolsonaro e sua familícia só irão sair por pressão popular se ocorrerem muitos protestos sistêmicos de grandes proporções. Seriam necessárias greves gerais, caminhoneiros parando o país e muita persistência para que as elites se sintam prejudicadas – de fato – por esse governo negacionista. Se não for assim, seremos apenas pombos enxadristas fazendo "micaretas" antifascistas nas ruas em época de pandemia.

sábado, 29 de maio de 2021

A fórmula para ter saúde e emagrecer existe


Quem não quer emagrecer e ter saúde, né? Pois é, depois que o sedentarismo e a má alimentação tomaram conta das nossas vidas, parece que tudo no universo conspira contra nós. Isso porque os nossos antepassados - aqueles de quem herdamos nossos genes - eram recompensados com generosas doses de endorfinas quando enchiam a pança com muita comida calórica, especialmente a doce, e depois tiravam um longo descanso. Então, não por acaso, gostamos mesmo é de comer alimentos hipercalóricos e ficar no ócio. O problema é que não vivemos mais numa época de escassez como era há dezenas de milhares de anos atrás. Hoje, ninguém precisa mais caçar, coletar, fugir de predadores ou lutar. Na era contemporânea, compramos alimentos hipercalóricos e passamos o dia inteiro sem fazer atividade física. Daí que estamos levando um estilo de vida totalmente diferente do que tinham nossos ancestrais. E isso é o que ferra com a nossa saúde, causando obesidade, síndrome metabólica e diversas doenças associadas. A solução para isso é seguir a velha fórmula que os médicos tanto falam por aí: se alimentar corretamente e fazer exercícios físicos. Mas isso todo mundo já está careca de saber. O que nem todo mundo sabe são os detalhes cruciais por trás dessa "fórmula" para ter saúde e emagrecer.


O segredo para uma vida saudável está, essencialmente, na alimentação. Precisamos comer pouco, comer alimentos naturais e com baixo índice glicêmico. Este é o segredo. Como eu sei disso? Porque eu me fiz de cobaia nessa experiência e deu certo. Desde que comecei a fazer jejum intermitente e reduzi consideravelmente a ingestão de alimentos que causam pico glicêmico no sangue, eu perdi até agora 36 kg e melhorei absurdamente meu colesterol, glicose, pressão, triglicérides e insulina. Alimentos que contém açúcar, trigo, glúten, leite e as frituras são verdadeiros venenos para a nossa saúde, porque além de viciarem e causarem desequilíbrio na flora intestinal, ainda favorecem o surgimento de uma série de inflamações no corpo. Eu mesmo vivia tendo sinusite, dermatite, rinite, faringite e isso ou acabou ou reduziu de forma muito expressiva. O que eu sempre mantenho em vista é manter a minha insulina controlada, porque isso evita resistência a mesma e, consequentemente, diabetes tipo 2. É lógico que, ocasionalmente, eu saio da dieta e como, sim, alguma besteira, mas é sempre em quantidades pequenas e sempre associado a fibras e proteína para evitar o tal pico glicêmico que faz o corpo aumentar a insulina. Sair da dieta (entenda como dieta aqui comer de tudo desde que não seja industrializado ou contenha açúcar, trigo e leite) não é algo totalmente ruim, porque são as pequenas escapulidas que tornam a vida divertida.


Outro ponto que me ajudou a emagrecer e melhorar a minha saúde foi a atividade física. Eu faço atividades físicas entre 5 e 6 vezes por semana. Caminhada, ciclismo, corrida e treinos funcionais fazem parte do meu cotidiano. Além de melhorar o fôlego, a força e definir o corpo, quando realizamos atividade física, o corpo ainda nos recompensa com endorfinas. E à medida que você vê os resultados, aí que os exercícios realmente se tornam parte inseparável da sua vida. 

Então a fórmula para emagrecer é esta: insulina baixa, movimento e sono de qualidade (sim, dormir bem ajuda pra caramba). Pelo menos, foi o que funcionou para mim.

sexta-feira, 28 de maio de 2021

Mulheres não deviam se relacionar

 

Muita gente me detesta aqui na internet por me considerar um caga-regra, especialmente quando abordo questões femininas. Mas quando o assunto é relacionamentos afetivos, eu me sinto na obrigação de alertar as pessoas sobre seus malefícios graças às péssimas experiências que tive com eles ao longo da minha vida. No caso das mulheres, a coisa é ainda pior, porque além de vivermos numa sociedade machista, parece que há uma espécie da lavagem cerebral cultural que faz com as mulheres não percebam que elas é que são as maiores vítimas dos relacionamentos monogâmicos heterossexuais.

Ora, pare e pense um pouco. A maioria das vítimas de relacionamentos abusivos são mulheres. Não é à toa que o feminicídio é uma das causas mais comuns de mortes de mulheres. Uma mulher que escolhe a solitude está se prevenindo desses relacionamentos e tendo a oportunidade de curtir uma vida livre de solteira. Mas o problema não para por aí. Quando o relacionamento termina, quem leva  a culpa sempre é a mulher. A mulher é tratada quase como uma criminosa por trair. E quando é traída, é culpada por "não ter segurado seu homem". Aliás, homem quando trai, ao contrário da mulher, só falta ser tratado como herói mesmo com risco de contaminar a parceira com DSTs. E nem o lado sexual dos relacionamentos se salva, tendo em vista que a maioria das mulheres heterossexuais se declara insatisfeita no sexo. Para piorar, inclua aí o uso de pílulas anticoncepcionais exclusivamente femininas que causam efeitos colaterais cruéis nos corpos das mulheres. Tudo isso só porque o parceiro delas não gosta de usar preservativo ou boicota pesquisas para a pílula masculina.

Enfim, relacionamentos são uma merda, especialmente para as mulheres. Ninguém merece virar escrava doméstica e boneca inflável de macho ciumento e relaxado que regula seus horários, suas roupas, seu peso e sua liberdade. Nada mais gostoso que chegar em casa e tomar um bom vinho sem ter que dar satisfação para ninguém e nem dividir seu espaço e sua intimidade com um ogro peludo. Relacionamento desgasta, estressa, adoece e nos faz perder muita coisa boa na vida. Se quer companhia, recomendo que tenha amizades verdadeiras, um pet e um bom livro de cabeceira. Amor próprio também é uma forma de amor.

Acordar ao lado do amor da sua vida é uma utopia romântica que só faz sentindo enquanto durar a paixão. Muito mais lindo que isso é acordar sozinha, numa cama grande, abrir os olhos e se sentir livre.

Namastê!

segunda-feira, 24 de maio de 2021

O Golpe foi uma farsa para impor a loucura neoliberal


A possibilidade real que o ex-presidente Lula tem de concorrer às eleições presidenciais de 2022 expõe de forma escancarada todos os porquês da empreitada golpista que durou de 2016 a 2020. A expulsão do PT do protagonismo político foi, entre outras razões, para impor a pulso as reformas antipopulares de cunho neoliberal para enriquecer as burguesias nacional e internacional.

Agora fica muito claro que o impeachment de Dilma Rousseff foi uma farsa. A prisão de Lula foi igualmente uma farsa. O teatro do TSE para rejeitar a candidatura de Lula também foi uma farsa. A negação de seu habeas corpus foi outra farsa. As eleições de 2018, como consequência, também foram uma farsa. Tudo foi arquitetado pelas classes dominantes para impor todas aquelas reformas canalhas a partir de 2016 com Michel Temer e concluí-las posteriormente com Bolsonaro, já que com o PT no poder, elas jamais passariam. Agora, já que as reformas todas passaram e a plutocracia já conseguiu o que queria, estão permitindo a volta do PT. 

Portanto, não se iludam. A volta de Lula não é para reverter as reformas neoliberais: é para manter uma falsa aparência de normalidade institucional. Se Lula ousar reverter tais reformas, será golpeado imediatamente e voltará para a prisão. O jogo sempre foi esse. A luta da classe trabalhadora e dos patriotas precisa ser para que as reformas sejam desfeitas. Do contrário, viveremos para sempre em um país que será saqueado e controlado por suas elites nauseabundas e opulentas.

domingo, 23 de maio de 2021

O nada não existe

 

Pensar objetivamente sobre o nada não é um exercício fácil. Isso porque o nada é uma das abstrações mais complexas da mente humana. Apesar disso, cheguei à conclusão interessante de que o nada, na realidade, não passa de um conceito teórico: de um delírio dualista da nossa mente. Explico melhor a seguir. 

O nada, no sentido de vazio absoluto, de inexistência total de qualquer coisa, é um paradoxo, uma antítese do ponto de vista físico. Isso porque se o universo existe, então o nada, como consequência, não tem como existir pelo fato da existência de um deles anular a do outro. Coisas não surgem do nada e coisas também não geram nada. Afinal, como já dizia Lavoisier: "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma." Não é possível também isolar um metro cúbico de nada do resto do universo, porque o nada não pode ser medido, pesado ou mensurado. Mesmo no vácuo absoluto do espaço cósmico há espaço, tempo, leis da física e temperatura atuando. O próprio Big Bang que marcou o início da expansão do universo não veio do nada. A singularidade que "causou" o universo possivelmente foi antecedida por flutuações quânticas que sempre existiram desde o infinito passado. Nem mesmo o "lado de fora" do nosso universo observável pode ser "nada". O universo se expande dentro de um espaço desconhecido possivelmente infinito que, obviamente, não é feito de nada. Com relação aos limites do tempo e espaço, ambos são limitados pelo tempo de Planck e pelo comprimento de Plank, respectivamente. E mesmo no espaço entre os elétrons e partículas subatômicas não há um nada propriamente dito. Enfim, não há lugar para o nada existir.

Já o nada que há antes de nascermos ou após a morte não é exatamente um nada. A inconsciência é apenas um estado de "desligamento" cerebral. A percepção sensorial através dos nossos sentidos é que nos faz perceber que coisas existem, mas a sua ausência não é a prova da inexistência, porque o universo existia antes de nascermos e vai continuar existindo mesmo após a nossa morte.

A conclusão é que o nada não existe e nem tem como existir. Se o nada existisse, tudo seria nada e nada existiria, afinal, o nada não gera outra coisa a não ser ele mesmo, porque do nada, nada vem. Pelo menos, em teoria.

segunda-feira, 17 de maio de 2021

O problema do Brasil é o poder legislativo


Dizem que uma andorinha só não faz verão. E isso é a mais pura verdade. Eu estou vendo muita gente de esquerda animada demais com as recentes pesquisas que mostram Lula à frente do inominável na corrida presidencial para 2022. Ok, se o ex-presidente petista não tiver seus direitos políticos caçados novamente, também acho que o Bolsomonstro terá sérios problemas para se reeleger no ano que vem. Mas a vitória da classe trabalhadora não consiste apenas em derrotar o capitão cloroquina. É necessário reverter todas as reformas neoliberais impostas no pós Golpe de 2016. E para isso acontecer, precisaremos, além do Lula no Palácio do Planalto, uma maioria de deputados e senadores progressistas. De nada adianta um novo governo petista com um bando de lacaios da burguesia controlando o congresso. Vamos prestar mais atenção em quem estamos votando para o poder legislativo. 

Eu não gosto de recomendar voto, mas não tem coerência alguma votar num presidente que fala uma coisa e, ao mesmo tempo, num deputado que fala exatamente o oposto. Esse duplipensar é sinal de falta de maturidade política. Na dúvida, vote em candidatos do mesmo partido.

domingo, 16 de maio de 2021

Refutando os argumentos contra a esquerda 2


Já tem uns anos que escrevi um post didático refutando alguns argumentos muito usados por aí contra a esquerda. Mas como a guerra contra um mundo melhor sempre existirá enquanto o capitalismo resistir, resolvi refutar outros argumentos que também são muito usados por aí e que acabam confundindo os mais incautos. Vamos a alguns deles em azul e minha resposta em seguida.

O comunismo matou milhões.
Uma das estratégias mais toscas dos capitalistas para atacar o comunismo é se nivelar por baixo com esse argumento do número de mortes. Ninguém sabe ao certo quantas pessoas morreram nos regimes equivocadamente rotulados de "comunistas". As fontes usadas para essa conclusão normalmente são "O livro negro do comunismo" ou o "Manual politicamente incorreto do comunismo" que não se baseiam em evidências, mas em distorções mal intencionadas da realidade. A maioria dessas supostas mortes causadas pelo "comunismo" foram, na verdade, superfaturadas de números vindos de soldados mortos na segunda guerra mundial, de pessoas que morreram decorrentes de tragédias naturais e de conflitos durante as guerras civis pela revolução. Mas, mesmo que fosse verdade que o comunismo matou milhões, o capitalismo matou muito mais, matando na casa dos bilhões.

Comunista come criancinha.
Durante a fome na Ucrânia causada, entre outras razões, pela retaliação dos próprios kulaks contra a coletivização das terras imposta pelo governo soviético, muita gente morreu de fome. E durante esse período houve relatos de canibalismo. Daí veio essa lenda tosca de que "comunista come criancinha". Não é comunista que come criancinha, são pessoas esfomeadas que, no desespero, comem qualquer coisa, incluindo cadáveres humanos. O que os capitalistas esquecem de dizer é que durante a fome causada por políticas capitalistas também houve inúmeros relatos de canibalismo.

Comunista não gosta de trabalho.
Errado. No comunismo, como não há mais-valia, o dinheiro fica integralmente na mão de quem produz a riqueza. Este é o maior incentivo que há para o trabalho: uma renda justa. Quem não gosta de trabalho é o burguês muquirana e salafrário que explora sua mão de obra assalariada, vive de juros sem trabalhar, especula, corrompe, rouba, chantageia e coage o Estado.

O comunismo nunca deu certo.
Para começo de conversa, o 'comunismo' – no sentido denotativo da palavra – nunca foi colocado em prática em lugar algum. Isso porque o comunismo seria a fase final do socialismo onde o Estado seria dissolvido. E isso nunca nem chegou perto de acontecer. O que tivemos na China, União Soviética e em Cuba foram experiências pré-socialistas. E mesmo essas experiências pré-socialistas deram muito certo para os mais pobres que tiveram acesso a saúde, educação, cultura, lazer, moradia e emprego de forma justa e gratuita. Já o capitalismo só dá certo para uma minoria rica, privilegiada e que vive de explorar e saquear os mais pobres.

O socialismo só dura até acabar o dinheiro dos outros.
Outra mentira. O socialismo não se sustenta roubando dinheiro de ninguém. O socialismo se sustenta com a classe trabalhadora no real poder. A menos que você seja um retardado que acredita que "imposto é roubo", a redistribuição de renda precisa existir para corrigir as injustiças sociais.

O socialismo é a socialização da miséria.
Os capitalistas têm uma mania incrivelmente simplória de reduzir e distorcer a realidade. Afirmar que todos seriam pobres no socialismo mostra não só ignorância como também má fé. Se pegássemos todo o dinheiro dos bilionários e o dividíssemos igualmente para metade mais pobre da população mundial, a fome do mundo teria acabado. Não existe miséria no socialismo, porque a própria ideia de classes sociais não faz sentido neste tipo de sistema. A miséria é uma característica intrínseca ao sistema capitalista, porque as desigualdades extremas necessárias para manter a existência de bilionários é que gera miséria.

Não tem videogames no comunismo.
Já ouviu falar do jogo de videogame mais vendido da história, um tal de Tetris? Pois é, ele surgiu na URSS.

Quem nunca foi comunista até os 20 anos, não tem coração; quem continua até depois os 30 anos, não tem cérebro.
Esse argumento faz muito sentido se você for um banqueiro, rentista, especulador, latifundiário, oligarca, bilionário, playboy, dono de fábrica ou usineiro. Do contrário, se você pensa desse jeito, me desculpa, mas você é um idiota que está lutando contra si mesmo.

Comunista que usa bens produzidos pelo capitalismo não é comunista de verdade.

É o velho argumento do "comunista de iPhone". Pura bobagem. Se fosse assim, um abolicionista não poderia defender o fim da escravidão no século XIX por consumir açúcar vindo de mão de obra escrava. O que os anticapitalistas defendem é o direito da classe trabalhadora ser dona de tudo que ela produz.

Comunista bom é aquele que não mora em país comunista.
Se você não está feliz no sistema em que vive, tem todo direito de ser contra ele. E nem precisa ser comunista para isso.

Por que ninguém fugia de países capitalistas para socialistas? Só o contrário acontecia.
As pessoas que fugiam de países socialistas eram justamente aquelas que não toleravam a justiça social e que não aceitaram ter seus meios de produção coletivizados. Banqueiros, grandes fazendeiros, grandes proprietários, donos dos grandes meios de produção e pessoas podres de ricas não queriam viver num mundo onde elas e os pobres estudavam na mesma escola, usavam o mesmo hospital e tinham os mesmos direitos. Pobres não fugiam de países socialistas, porque eles ganhavam condições de vida dignas que não tinham no capitalismo. E ao contrário do que os capitalistas afirmam, muita gente fugia também dos países capitalistas para socialistas, mas isso não era noticiado ou relatado pela imprensa burguesa por razões óbvias.

Enfim, o socialismo é a solução para a pobreza, desigualdade e grande parte das injustiças da humanidade. O socialismo é o nome político do amor. Esses argumentos antissocialistas todos só mostram o desespero de uma gente que está querendo manter a todo custo um sistema injusto, assassino e cheio de privilégios para uma minoria opulenta e egoísta.


sábado, 15 de maio de 2021

O problema não é a religião, mas sim o seu mau uso


Tem muito ateu militante por aí que age com bastante sectarismo com relação a crenças religiosas. Eles combatem não somente a religião do ponto de vista institucional, mas também a própria crença em divindades. Eu entendo o ponto de vista deles, porque também sou ateu e cético, mas não acho que a militância em si tenha algum efeito prático positivo. Isso porque é impossível eliminar as religiões do mundo. Os seres humanos sentem a necessidade de escapismo, de crer em algo sobrenatural, de se sentir parte de um grupo, de ter suas dores e angústias amenizadas. Incluídas em uma igreja, muitas pessoas se sentem acolhidas e passam a ganhar tanto engajamento quanto significado na vida. Não acho que as igrejas, sinagogas ou mesquitas sejam o problema. O problema é o fundamentalismo, o pensamento dogmático de impor o seu ponto de vista para todos e o uso da sua crença como justificativa para fazer coisas erradas. Eu sou contra os ataques ao estado laico, contra os pilantras travestidos de pastores que só querem roubar os fiéis e o uso político das igrejas. Fora isso, para mim é ado-ado-ado, cada um no seu quadrado. O que eu tolero, no máximo, é a regulamentação do uso das religiões para que elas sejam domesticadas e não transformem o país em uma teocracia.

Blog fora do ar


Ontem, logo após publicar a postagem do Super Mario World, não consegui acessar este meu blog por várias horas. Sempre que tentava acessar, aparecia uma mensagem de erro de segurança com uma tela vermelha, alertando que o site não era seguro. Percebi que o mesmo estava ocorrendo também com todos os blogs de extensão blogspot. Independentemente do navegador utilizado ou do sistema operacional, a mensagem sempre aparecia. Obviamente, essa mensagem nada tinha a ver com segurança. Era um erro da plataforma blogger que estava entrando em conflito com os parâmetros de segurança dos browsers. Algumas horas depois, tudo voltou ao normal.

Para evitar problemas futuros caso este blog fique inacessível por erro, por remoção ou por qualquer outro motivo, vou criar outros blogs/sites em outras plataformas para continuar produzindo conteúdo. Quando eu tiver feito isso, deixarei os links em algum post fixo por aqui. Em julho deste ano, o blog Ideias Embalsamadas vai completar 10 anos de existência e seria muito ruim que todo seu conteúdo se perdesse para sempre. É por isso que tenho feito backups frequentes para exportar o conteúdo daqui para outras plataformas em caso de problemas neste canal.

Enfim, caso alguém tenha se deparado com este problema,  agora já sabe do que se tratava. Namastê!

sexta-feira, 14 de maio de 2021

Jogos da minha vida #7: Super Mario World


A primeira vez que vi o Super Mario World foi numa locadora de videogames em 1994. Foi um dos primeiros jogos que vieram para o recém-chegado console Super Nintendo naquela nostálgica locadora. Confesso que fiquei encantado vendo outras crianças jogando, porque o jogo era muito bonito, colorido e desafiador. Diferentemente do Sonic The Hedgehog do Mega Drive, esse era um jogo menos frenético, mais estratégico, mais cadenciado. E o protagonista era o bom e velho Mario que eu já conhecia desde 1990 do Super Irmãos, do Phantom System. Porém, só fui jogar esta obra-prima dos videogames no final de 1995, na casa de primos que tinham o Super Nintendo. E desde então, Super Mario World tornou-se um dos games que mais joguei em toda minha vida. 

Super Mario World não foi apenas um bom jogo para mim. Ele tornou-se um ícone na minha vida, um divisor de águas. O símbolo deste bloguinho, por exemplo, veio do bloco de exclamação amarela do jogo, como expliquei nesta postagem. As músicas do jogo, os amigos que fiz jogando este game, os bons momentos que vivi ao lado deste cartucho, as noites em claro que passei descobrindo as rotas secretas, as lendas envolvendo essa fita... Tudo tornou Mario World um clássico único na minha vida.


Diferentemente dos demais jogos desta série Jogos da minha vida, acho que Mario World é o que menos precisa de apresentações, porque creio que praticamente todo mundo conhece este game. São tantas histórias para contar envolvendo esta obra-prima que seriam necessárias várias postagens para dar conta de tudo. São os Yoshis coloridos, o power up de pena, a introdução do salto giratório, os chefes, as fortalezas, os palácios de exclamação, o caminho da estrela, a fase de "recarga", as fases especiais, os atalhos, os speedruns, os glitches... Aquele mapa com os mundos repletos de fases nunca saiu da minha cabeça. Mesmo tendo completado 100% do game centenas de vezes, sempre me questiono se realmente não há algo de escondido por ali que nunca descobri. Esse, inclusive, foi o primeiro jogo longo da minha vida. Foi o primeiro que levei vários e vários dias para zerá-lo pela primeira vez. Se não fosse a bateria dentro do cartucho para salvar o progresso, acho que só seria capaz de zerá-lo no console pegando o atalho pela Star Road ou então maratonando o jogo por várias horas seguidas.

Que segredos este mapa ainda esconde?

Tenho o meu Super Nintendo até hoje com esse cartucho lendário, mas por razões práticas, só jogo mesmo no emulador. Já joguei versões desse jogo feita por fãs e até aquele hack ultra difícil que o Zé Graça narrava em seu canal. Também me diverti bastante com o Yoshi's Island e o último jogo do Mario que tive a oportunidade de finalizar, o glorioso Super Mario 64. Mas de todos os games do Mario, o que mais marcou a minha vida mesmo foi este aqui.

quinta-feira, 13 de maio de 2021

Só Lula vence Bolsonaro


A burguesia é perversa, mas não é burra. As nossas classes dominantes já perceberam que além de ser um boçal incorrigível, Jair Bolsonaro não tem boas chances eleitorais para o ano que vem. As pesquisas divulgadas recentemente pelo Datafolha e pelo Atlas mostram que Lula vence o genocida atual presidente em todas as simulações. Além disso, Lula é muito mais diplomático e habilidoso com negociações e alianças. Sabendo disso, o capital já começa a se articular para colocar um possível governo Lula sob suas rédeas, de modo que nenhuma reforma neoliberal seja revertida em caso de vitória petista.

O que ocorre no atual momento político é bem claro: já que nenhum candidato da direita tradicional mais moderada tem chances de se eleger, o que resta para burguesia é aceitar um governo Lula, com uma série de exigências, claro. Lula não é a primeira opção da nossa plutocracia, mas como ele é o único capaz de derrotar o Capitão Cloroquina, então a conjuntura segue se ajustando neste sentido. Basta ver que os meios de comunicação tradicionais não estão mais tratando Lula e Bolsonaro como extremistas. O ex-presidente se tornou elegível e também está livre para fazer diversas coalizões que o fortalecem.

Isso me lembra do final de Matrix Revolutions, onde apesar de ser odiado pelas máquinas, Neo acaba sendo aceito por elas para derrotar o agente Smith que saiu totalmente do controle e tornou-se uma ameaça contra todo o sistema. Por ser o único capaz de parar o "vírus" Smith, Neo acaba entrando de volta na Matrix para cumprir a promessa de apaziguar a guerra entre as máquinas dominantes e os humanos de Zion. Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência.

O universo não existe para ser compreendido por nós


Após pensar muito, cheguei à conclusão de que o cosmo não existe para ser plenamente compreendido por nós, humanos. Ora, nós somos seres finitos, perecíveis, limitados biologicamente a sentir e assimilar o que importa, de fato, para a nossa sobrevivência como animais sobre este planeta. O universo sempre será incognoscível tanto para nós quanto para qualquer outra forma de inteligência que surgir no universo pelo fato da vida ser moldada para lidar com uma realidade local e objetiva. Mas vamos focar no caso dos humanos.

Os seres humanos são uma espécie primata tribal que luta contra seus próprios instintos para não se autodestruir. Somos, por questões de evolução e seleção natural, limitados pelo que nosso cérebro é capaz de fazer e compreender. Cálculos não intuitivos envolvendo a Teoria do Caos e a desconexão na relação de causa e efeito fora do universo sequer fazem sentido na nossa mente. Possivelmente, existem coisas de um nível de complexidade tão perturbador para mente humana que não somos capazes sequer de imaginar que existam ou como funcionem. Não evoluímos para compreender o que havia antes do Big Bang ou sobre como predizer realidades que não estejam ocorrendo sob as leis da física. Nós evoluímos mesmo para escapar de predadores, caçar, coletar, encontrar parceiros e cuidar dos nossos descendentes.

Imagine uma matemática tão complexa que ela sequer faz sentido na nossa humilde mente primata. Há coisas que simplesmente não fomos "feitos" para compreender. Sempre precisamos limitar realidades complexas demais para poder compreendê-las. Nós humanos temos a impressão errada de que somos o auge da inteligência do planeta e do cosmos, e que tudo está ao alcance dos nossos conhecimentos. Esse complexo de superioridade especista é que nos torna escravos da nossa cegueira existencial. Não digo, com isso, que não devemos nos abstrair ou procurar entender o porquê das coisas. O que me parece óbvio é que sempre iremos esbarrar nos limites cognitivos que a natureza nos deu antes de entendermos eventos sem sentido para nós, como, por exemplo, os paradoxos da mecânica quântica. Porém, não devemos viver as nossas vidas frustrados por não sabermos de tudo. A dúvida é nossa aliada na busca pelo saber.


Apesar disso tudo, algumas conclusões sobre o universo me parecem simples e óbvias por estarem ao alcance da nossa razão. A primeira é que o nada – no sentido da ausência total de qualquer coisa – não pode existir objetivamente. Isso porque ele não gera outra coisa a não ser ele mesmo. Se o nada existisse, coisas não podiam existir. Neste caso, tudo seria nada. A segunda conclusão é que o universo não deve ser uma simulação em supercomputadores como muitos pensam. Simular o universo inteiro seria impossível, porque não há como algo menor que o universo a nível de informação gerar algo maior e mais complexo que si mesmo. Simulações só seriam possíveis em escalas cósmicas muito pequenas, como a de uma galáxia ou de um grupo local de galáxias, colocando o resto do universo apenas como pano de fundo inacessível.

Partindo dessas duas conclusões, eu deduziria que o nosso universo é parte de algo infinitamente maior: o multiverso. E não apenas isso, provavelmente, devem existir camadas infinitas de multiversos se sobrepondo e gerando outros universos eternamente. E isso sempre existiu e sempre existirá, porque como o nada não existe, tudo o que pode existir é uma sucessão infinita de dimensões paralelas impossíveis de se mensurar. 

Portanto, a ideia de simulação cósmica e de Big Bang ocorrendo do nada são conclusões antropocêntricas que, a meu ver, contrariam a lógica. Mesmo após o fim da distante era dos buracos negros (daqui a trilhões e trilhões de anos), o universo não irá desaparecer, irá apenas se transformar em algo diferente e sua essência incognoscível irá permanecer intacta. Isso tudo mostra apenas o quanto somos pretensiosos quando tentamos moldar o cosmo às nossas expectativas existenciais.

quarta-feira, 12 de maio de 2021

E a temperatura da CPI subiu


Confesso que não tenho acompanhado essa CPI da Covid por achar que ela vai terminar em pizza. Mas um coisa eu tenho que admitir: ela está ficando divertidíssima. Jair Bolsonaro está mobilizando seus aliados para atacar a CPI, Carla Zambelli interrompeu uma sessão apenas para tumultuá-la, Pauzello tem tentado de todas as maneiras fugir da CPI com as desculpas mais esfarrapadas possíveis, Wajngarten recebeu pedido de prisão por mentir descaradamente em seu depoimento, Flavio Bolsonaro e Renan Calheiros trocaram insultos...

A coisa parece estar ficando interessante. Vou pegar pipoca com guaraná para acompanhar.

Witcher 3 merecia muito mais conteúdo


Que o lançamento de Cyberpunk 2077 foi um desastre, isso ninguém contesta. Só que antes desse decepcionante RPG futurista, a CD Projekt Red tinha produzido a maior obra-prima da história dos videogames: The Witcher 3: Wild Hunt. Lançado em meados de 2015 e com duas grandes expansões, Witcher 3 continua sendo imbatível até hoje como RPG medieval. Eu considero uma pena, um desperdício, que o game tenha sido aposentado tão cedo pela CDPR. Isso porque esse game contém infinitas possibilidades de expansões, de DLCs, de easter eggs e de conteúdos extras a serem adicionados. Para se ter uma ideia do desperdício, GTA 5, game de 2013, recebe atualizações e DLCs até hoje. A RockStar fatura milhões em cima do GTA 5, pois soube tirar proveito de um game que tem uma ótima longevidade. Já a CDPR dá ao Witcher 3 apenas alguns patchs de atualização e melhorias gráficas para a nova geração. Mas conteúdo inédito que é bom, nada. Enquanto isso, os órfãos de Witcher têm que se contentar em esperar por anos e anos para talvez, um dia, sair o tão esperado Witcher 4.

 


Conteúdo extra sugerido por fãs.

Falando em expansões para Witcher 3, os fãs criaram algumas ideias bem interessantes, como a The Sands of Ofir e a Time and Space. Seria muito interessante explorar as terras desérticas de Ofir com uma história totalmente nova ou então descobrir o que se passou com Ciri enquanto ela viajava entre os mundos paralelos com seu superpoder. Possibilidades é que não faltam. O que faltou foi visão estratégica e boa vontade da CDPR.

Geralt de Rivia merecia mais.

segunda-feira, 10 de maio de 2021

O Paradoxo de Fermi não é um paradoxo


O Paradoxo de Fermi, para quem não sabe, é a aparente contradição entre a alta probabilidade de existência de vida extraterrestre e a falta de evidências ou contato com as mesmas. O problema desse suposto paradoxo é que ele não se baseia em evidências, mas, sim, em premissas fantasiosas. Hoje, conhecemos mais de 4200 exoplanetas e nenhum, repito: NENHUM deles tem a menor condição para abrigar sequer formas simples de vida. O que o universo parece gritar o tempo inteiro na nossa cara é que somos especiais, praticamente únicos na nossa galáxia. Apesar de existir uma espécie de sintonia fina no cosmo que favorece o surgimento da vida baseada no carbono, há também uma constante hostilidade do universo para com a vida. É como se a vida fosse um fenômeno incomum e ao mesmo tempo indesejado no universo. Afirmo isso porque o universo está o tempo inteiro tentando nos matar com asteroides, cometas, erupções de raios gama, explosões de supernova, catástrofes naturais, doenças, radiação cósmica e dezenas de outras tentativas de assassinato que todas as formas de vida recebem constantemente. E aí, neste contexto ameaçador e altamente desfavorável, querem que extraterrestres façam contato conosco... Ora, por favor, tenhamos um pouco de coerência.

Não há civilizações extraterrestres lá fora que possam fazer contato conosco. Ou elas nunca existiram, ou existiram por pouco tempo e foram extintas há milhões de anos. Claro que quando eu digo que não há vida inteligente lá fora, estou me referindo ao nosso grupo local de galáxias ou, pelo menos, à Via Láctea. Não posso afirmar o mesmo com relação ao resto do universo pelo fato de que nós nem sabemos ao certo o seu real tamanho. Mas o fato óbvio é que a vida inteligente é raríssima e fruto de uma sequência de eventos improváveis. Se não fosse pela queda do asteroide que matou os dinossauros e um breve período de estabilidade posterior, por exemplo, nós jamais teríamos existido. 

Na minha humilde opinião, a hipótese da Terra Rara é a melhor explicação pela qual nunca fizemos e nunca faremos contato. Não acredito que possam existir dois planetas como a Terra tão próximos no universo. Somos fruto de uma grande loteria cósmica e temos muita sorte por existir.

domingo, 9 de maio de 2021

Assassinos de cristo


Já deixei claro em outras oportunidades que há tempos não sou mais religioso, crente ou teísta. Sou um livre pensador que me vejo na obrigação de contestar todo tipo de pensamento dogmático que julgo ser perigoso ou incoerente. No caso do cristianismo, temos muita coisa podre, criminosa e hipócrita que não faz qualquer sentido diante de tudo que Jesus ensinou aos seus discípulos.

O "cristão" de hoje – abrindo aí honrosas exceções – pratica o anti-amor através da homofobia, racismo, aporofobia, ódio de classe, egoísmo, misoginia e depois vai à igreja ou ao culto tentar comprar a sua vaga no paraíso com dízimo, ofertas e falso arrependimento. É um escárnio e um desrespeito a tudo que Jesus pregou. Já os líderes religiosos enriquecem vendendo indulgências e quinquilharias supostamente sagradas ou abençoadas dentro das igrejas, coisa que Jesus nunca aprovou. Tiram capetas, falam em línguas sem sentido e depois cobram pelo show. Canalhas, mentirosos, salafrários! Deixem de hipocrisia. Foram pessoas assim que traíram e assassinaram Cristo. Vocês não são cidadãos de bem. Vocês não são cristãos. Vocês mataram Cristo pela segunda vez e enterraram tudo que ele ensinou.

sábado, 8 de maio de 2021

Política antidrogas brasileira é barbárie eugenista


Já tem mais de uma década que eu bato na mesma tecla de que essa política de combate às drogas é um fracasso total em todos os sentidos. Criminalizar e reprimir o comércio das drogas só serve para aumentar o preço das mesmas e torná-las ainda mais atraentes para o tráfico. O narcotráfico nunca será derrotado ou extinto com repressão, porque enquanto houver demanda, ele sempre existirá. A solução para combater o tráfico e a violência ligada a ele é descriminalizar várias drogas que hoje são ilegais, a começar pela maconha. Isso tornaria o comércio dos entorpecentes menos rentável, já que os preços dos mesmos despencaria. Combate real ao uso das drogas se faz com informação, educação e campanhas de prevenção – e não com violência estatal. Hoje, por exemplo, mesmo sendo legalizado, o uso do tabaco é muito menor do que era há 30 anos atrás graças às campanhas preventivas. As drogas não são uma questão de segurança pública; são, sim, uma questão de saúde pública.

Mas a maior parte dos políticos, empresários – e até mesmo pastores – não quer essa descriminalização por lucrarem direta ou indiretamente com o tráfico. Os verdadeiros chefes do narcotráfico, ou seja: quem administra, fabrica, planta, refina e transporta é quem mais lucra e sai ileso nessa história. Mas quem paga com a vida para manter esse sistema são os varejistas: os pobres, negros e excluídos que moram nas favelas. Todo esse circo genocida não passa de uma farsa eugenista do Estado que finge combater o tráfico exterminando o elo mais frágil. Usam a desculpa de combate ao tráfico para por em prática o darwinismo social. Enquanto inocentes, crianças e vítimas do descaso do Estado morrem covardemente nas comunidades carentes, os verdadeiros tubarões do tráficos ficam impunes, intocados em suas mansões e condomínios de luxo.

sexta-feira, 7 de maio de 2021

Mais uma chacina pra conta do capitalismo


A chacina do Jacarezinho é uma amostra de como a vida humana não possui qualquer valor dentro do capitalismo. Chega a dar nojo ver "cidadãos de bem" comemorando na web a morte de 27 supostos "bandidos" e achando que o saldo está "positivo" porque morreu apenas um policial. É decadente, cruel e antihumano pensar desse jeito, como se nós não passássemos de números. Não se passa na cabeça dessa "gente de bem" que são 27 famílias chorando a perda de entes queridos que só foram mortos por serem negros, pobres e favelados? Cadê o amor e a fraternidade cristã nessas horas? Essa história macabra e fascista de achar que era tudo "traficante" e que mereceram morrer por isso é uma generalização típica de culturas hierarquizadas e preconceituosas comum em sistemas verticais de acúmulo de capital. Cadê que nenhum desses "cidadãos de bem" defendeu o assassinato do sargento que foi pego com 39 kg de cocaína no avião presidencial ou do dono do helicoca? É tudo uma mistura de aporofobia, racismo e falso moralismo.

Aí quando digo que chacinas dessa natureza não ocorrem em Cuba, os reaças ficam loucos, porque Cuba, para eles, é um "inferno na Terra". Ponham na cabecinha de vocês que não há contradição alguma entre socialismo e fraternidade. Se nos enxergássemos como iguais, duvido que ações policiais dessa natureza ocorressem com o bater de palmas das classes dominantes. E nem precisa ser socialista para evitar tragédias dessa natureza. Mesmo em países capitalistas de menor desigualdade social (frutos da social-democracia) essas coisas não ocorrem, porque lá os mais pobres têm acesso a um sistema de ensino público de qualidade que os permite ter um futuro digno, longe do aliciamento de traficantes, de tiroteios, de miséria e de chacinas.