1991... O ano da Guerra do Golfo, da criação do Mercosul, do fim da União Soviética, do tricampeonato de F1 de Ayrton Senna, do início das denúncias contra o governo Collor e da inflação que seguia alta mesmo com um plano econômico atrás do outro. Olhando assim, nem parece que 1991 foi há exatos 30 anos atrás. Impressionante como tempo passa rápido. Mas enfim, este é mais um post para reviver um ano da minha infância da série Ser Criança em.
Lembro que, naquele longínquo ano de 1991, eu fui atacado por um enxame de abelhas, descobri uma locadora de vídeogames perto de casa, iniciei o ensino fundamental na primeira série (segundo ano hoje) e aprendi a andar de bicicleta. Como toda criança de sete/oito anos, meu negócio na época era comer doces, arrancar dente de leite, ir para casas de veraneio nos finais de semana, assistir desenhos animados, pedalar na minha bike e jogar muito videogame. Era uma época boa, porque eu não tinha grandes preocupações e nem grandes responsabilidades. Eu estava na era de ouro da minha vida onde (quase) tudo era novo e ainda não tinha me tornado a pessoa tímida que acabei virando durante a adolescência.
Para não fugir da tradição desta série, vou resumir minha visão da época em três categorias principais: música, televisão e jogos. Eu até pensei em incluir esportes e tecnologia, mas seria uma redundância em relação ao que escrevi sobre 1990 e 1994.
1991 foi o ano do Nirvana. |
Música
Apesar de ouvir majoritariamente música infantil naquela época (Xuxa, Balão Mágico e Trem da Alegria), aqui eu já começava a despertar o meu verdadeiro gosto musical. Lembro que foi escutando La Bamba que me inclinei para o mundo do rock. E foi ouvindo as canções de Alceu Valença e Geraldo Azevedo que comecei também a curtir MPB. Lembro também que foi naquele ano de 1991 que tivemos o lançamento de vários álbuns que, posteriormente, marcaram a minha vida de alguma forma, que foram:
- Nirvana - Nevermind
- Metallica - Black Album
- Pearl Jam - Ten
- Guns n Roses - Use Your Illusion 1 e 2
- REM - Out of Time
- Michael Jackson - Dangerous
- Legião Urbana V
- Paralamas do Sucesso - Os Grãos
- Titãs - Tudo ao Mesmo Tempo Agora
- Simply Red - Stars
Já nas rádios, canções como Swing da Cor (Daniela Mercury), É o Amor (Zezé Di Camargo & Luciano) e Beija Eu (Marisa Monte) tocavam quase todo santo dia. A febre da lambada tinha perdido força e ainda não tinha começado o sucesso do axé music e do pagode. Os CDs (Compact Disc) começavam a aparecer, tomando paulatinamente o lugar dos vinis e das fitas K7. Walkmans ainda eram muito usados e os primeiros celulares – uns tijolões horrorosos – só tocavam música quando estávamos esperando para ser atendidos pelo telemarketing.
Vamp foi a minha novela favorita até hoje. |
TV
1991 foi um ano marcante para a televisão, porque como naquela época não tinha internet, a TV aberta era a única fonte de distração e lazer para muita gente. Novelas da Globo como Barriga de Aluguel e Felicidade às 18h,
Lua Cheia de Amor e Vamp às 19h, e Meu Bem, Meu Mal e O Dono do Mundo às 21h eram novelas que, na minha opinião, superavam em qualidade as novelas atuais justamente porque o comprometimento com a audiência era maior. Sem falar de novelas da Rede Manchete como Pantanal e a História de Ana Raio e Zé Trovão que eram espetaculares. Sem YouTube ou Netflix, eram os canais da TV aberta que tinham que lutar entre si pela audiência com programação de mais qualidade (ou mais apelativa em alguns casos). Em todo caso, a TV aberta, de um modo geral, era mais atrativa do que é hoje.
No caso das crianças, não faltava conteúdo na Globo com o Xou da Xuxa das 8h às 13h que trazia desenhos como Super Mario Bros, Capitão Planeta, Caça Fantasmas e Tartarugas Ninja. Na TV Manchete tínhamos ainda mais diversão com o Clube da Criança (com Angélica) e a Sessão Super-Heróis com Tokusatsus e Super Sentais. No final da Tarde, depois do Aqui Agora no SBT, tínhamos a versão original da novelinha infantil Carrossel (eu adorava demais essa novela). E na TV Cultura meus programas favoritos na época eram o Rá-Tim-Bum e Os Bichos. Em resumo: a criançada fazia a festa na frente da TV na época. Eu, que sempre fui um sibarita incorrigível, sempre assistia tevê comendo aqueles lanches hipercalóricos (doces, chicletes, balinhas, pirulitos, pastilhas, bombons, refrigerantes). Não era à toa que eu fui uma criança mais gordinha, porque encher a pança era comigo mesmo.
Com relação aos filmes, fui dar uma pesquisada e quase não achei filmes bons da época. Eu mesmo só curti o Exterminador do Futuro 2 que até hoje é um dos meus filmes favoritos e As Tartarugas Ninja 2, o Segredo do Ooze. O que eu assistia de filmes da época eram repetecos de clássicos oitentistas como Lagoa Azul, Goonies, O Rapto do Menino Dourado, Rambo, Aventureiros do Bairro Proibido, Os Fantasmas se Divertem, Curtindo a Vida Adoidado e outros que repetiam à exaustão na Sessão da Tarde.
Este joguinho mudou a minha vida. |
Games
Como em 1991 os Famiclones (clones do Nintendinho 8 bits) já estavam ficando fora de moda e o Mega Drive tinha acabado de chegar no Brasil, os jogos de videogame que mais fizeram sucesso na época ou eram de fliperama, ou então da Sega. No caso dos Arcades, o jogo do ano foi o fabuloso Street Fighter 2. Este game simplesmente revolucionou a indústria dos games e serviu de referência para todos os jogos de luta que vieram depois. Eu joguei Street Fighter 2 pela primeira vez num fliperama de um shopping e fiquei muito impressionado com a jogabilidade, a fluidez e o carisma dos personagens.
No caso da Sega, jogos como Golden Axe 2, Streets of Rage e Teenage Mutant Ninja Turtles foram clássicos absolutos do Mega Drive. Mas quem realmente roubou a cena em 1991 foi o inesquecível Sonic The Hedgehog. Quando joguei o primeiro game do Sonic numa locadora perto de casa, caramba, eu fiquei piradaço. Nunca tinha visto um boneco tão veloz, um jogo tão colorido e músicas tão bacanas em um game. Inclusive, em breve devo escrever especificamente sobre este game na série Jogos da Minha Vida, porque o estrago que o porco-espinho azul fez na minha vida de gamer foi grande.
Outros jogos que fizeram sucesso na época para Super Nintendo foram The Legend of Zelda: A Link to the Past; Super Castlevania IV; Super Ghouls'n Ghosts e o Turtles in Time. O problema foi que o SNES só chegou oficialmente no Brasil em 1993. Então 1991 foi o ano da Sega no país, até porque o Master System ainda fazia bastante sucesso por aqui. O único videogame caseiro da Nintendo que estreou com sucesso em 1991 foi o Game Boy que chegou ao Brasil em meados deste ano.
Para quem quiser saber mais minha opinião sobre como foi ser criança (ou adolescente) em outras épocas, seguem adiante os links para cada ano desta série:
Ser criança em 1986
Ser criança em 1988
Ser criança em 1990
Ser criança em 1994
Ser criança em 1996
Ser criança em 1997
Ser criança em 1998
Ser adolescente em 1999