Todo mundo já devia saber que capitalismo e democracia não podem coexistir numa mesma frase sem causar um paradoxo. O que existe no capitalismo é uma pseudo democracia semi-representativa que é forçada a atender aos interesses das classes dominantes. A eleição norte-americana, por exemplo, é uma farsa burguesa onde um partido de direita liberal concorre contra partido de direita conservadora. Tanto democratas quanto republicanos vivem de política externa predatória onde guerras, roubos, crises e desigualdades são necessários para manter os EUA como nação mais rica e poderosa do mundo. Mas ninguém se atreve a criticar a eleição americana. A nossa imprensa burguesa só ataca as eleições da China, Rússia, Cuba e Venezuela porque são países que representam uma pedra no caminho do imperialismo estadunidense. Honestamente, não me interessa se as eleições da Venezuela são legítimas ou não. Isso não é problema nosso. O Brasil tem o dever de respeitar as eleições da Venezuela assim como respeita a dos EUA e demais países da panelinha capitalista do G7.
A narrativa da mídia corporativa – alinhada com os interesses americanos – quer mostrar que Maduro é um "ditador sanguinário" que realizou eleições ilegais com a óbvia intenção de desacreditá-lo para, naturalmente, facilitar sua deposição e entregar o petróleo Venezuelano numa bandeja para as "Sete Irmãs" via políticas neoliberais. Ora, se a Venezuela é uma ditadura, os EUA são uma muito pior onde a classe trabalhadora não tem nenhum representante federal para brigar com a direita. Escolher entre Kamala Harris ou Donald Trump é meio como escolher com qual vaselina o povo vai ser enrabado, ou, numa linguagem mais douta: escolher entre o Alien ou o Predador no filme Alien Versus Predator. Não importa quem vença: todos nós seremos devorados no final.
Democracia só é possível quando o poder real estiver nas mãos na classe trabalhadora. O resto é conversa pra boi dormir.