quinta-feira, 30 de junho de 2022

Ser adolescente em 2000


Carros voadores? Teletransporte? Armas lasers? Naves espaciais percorrendo a galáxia? Imortalidade? Não, não. O ano 2000 foi muuuuito diferente do que imaginavam os nossos pais e avós décadas antes dele acontecer. O último ano do século XX foi muito mais chato, atrasado e monótono do que se podia imaginar – especialmente olhando sob a ótica atual, 22 anos depois. Engraçado que até os meus 17 anos – idade que eu completei no ano 2000 – eu não tinha noção do quão rápido 22 anos podem se passar. Hoje, 22 primaveras mais tarde, eu fico abismado em ver como esse tempo passou rápido. Parece que foi há poucos anos atrás quando comemoramos 500 anos do descobrimento do Brasil, quando lançaram a cédula de R$ 10 de plástico, quando houve o medo do "Bug do Milênio", quando chegou o Playstation 2 e quando KLB e Christina Aguilera tocavam direto nas rádios e na MTV. Bem-vindos a mais uma breve retrospectiva de um ano que vivi na série Ser Criança/Adolescente Em. Desta vez, vamos recordar daquele chuvoso ano de 2000 que já começou cheio de lendas apocalípticas como o profetizado "fim do mundo" na virada do milênio e o Bug do Milênio que, como todos já sabem, não aconteceu.

O reveillon de 1999 para 2000 teve a maior queima de fogos que já vi.


Pessoalmente falando, o ano 2000 foi um ano horrível para mim. Eu estava vivendo um momento bem deprê da minha vida, arrasado por um amor platônico por uma colega de classe, tirando notas ruins no colégio, sem videogames, sem acesso a computadores ou internet e os únicos refúgios que eu tinha eram ouvir canções da Legião Urbana no meu discman e fazer desenhos à mão. Foi nessa época que criei o meu quadrinho da Sociedade do Rock e que comecei a escrever poemas e músicas. De certa forma, posso dizer que este bloguinho, o Ideias Embalsamadas, começou naquele ano. Isso porque o embrião dele – que era um diário de anotações que eu criei na época, intitulado O Livro dos Dias – começou a guardar minhas primeiras reflexões sobre espiritualidade, política, sociedade, sexualidade e filosofia. Contudo, de um modo geral, eu não tenho muitas saudades daquele ano, porque ele foi bem vazio para mim. Apesar dos pesares, queira ou não, eu era testemunha ocular de todo o processo histórico que se desenrolava pelo mundo. Por isso, vou levantar os temas mais relevantes que ocorreram naquele ano:

Lançamento da extinta cédula de plástico de R$ 10.

Política
No ano 2000 tivemos um fato histórico relevante para o mundo, pois o Papa João Paulo II pediu perdão pelos erros cometidos pela Igreja Católica nos últimos 2000 anos, entre eles a Inquisição, as Cruzadas e a hostilização ao povo judeu. Além disso, internacionalmente, George W. Bush foi eleito presidente dos Estados Unidos, vencendo o candidato democrata Al Gore numa eleição cercada de polêmicas. Enquanto isso, na Rússia, Vladimir Putin foi eleito presidente pela primeira vez e parece que o povo russo gostou tanto dele que o cara se mantém no mesmo cargo até hoje.

Já aqui no Brasil, passamos um ano sem maiores surpresas. De novidades, só tivemos mesmo a criação da cédula de R$ 10 de plástico em comemoração aos 500 anos do descobrimento do Brasil e o fim das propagandas de cigarro que foram proibidas pelo governo FHC.

Windows 2000: pouca gente usou.


Tecnologia
Diferentemente do futuro "prafrentex" que imaginavam os nossos avós dos anos 1970 para trás, aquele primeiro ano do terceiro milênio foi muito mais humilde a nível de tecnologia. Tanto é verdade que foi a partir do ano 2000 que a internet banda larga realmente começou a se tornar acessível para os usuários comuns no Brasil. Eu mesmo recebia frequentemente aqueles CDs gratuitos da AOL, da BOL e do UOL com provedores para acessar a internet. Pena que eu não tinha microcomputador na época e usava os CDs ou como espelho, ou como disco voador para brincar com os cachorros. E falando de PCs, lembro que eles normalmente operavam com o Windows 98 ou com os recém-chegados Windows 2000 e Windows ME. Já os processadores mais usados na época eram os Athlon XP e Duron (AMD) e os Celeron e Pentium 4 (Intel).

Falando de celulares, um dos que ganhou mais notoriedade naquele ano foi o Nokia 3310 que tinha várias funções interessantes como editor de texto, jogos, papel de parede monocromático, calculadora, envio de SMS e a capacidade de baixar toques monofônicos. Eu cheguei a ter um desses em 2004 e uma das coisas mais toscas nele era a baixa autonomia da bateria.

Ano de estreia da saudosa TV Globinho.

Televisão
Com relação à tevê aberta, não tínhamos nada de muito especial naquele ano. Para ser honesto, eu mal assistia televisão devido a minha falta de interesse na programação, especialmente porque minha emissora favorita, a Manchete, tinha saído do ar no ano anterior. O que eu tinha vontade mesmo era de assistir os canais da tevê paga que, como infelizmente não tive, não tenho nem como opinar sobre o que tinha de conteúdo. Então vou abordar apenas sobre o que tinha na tevê aberta daquele ano.

Na TV Cultura, para a criançada, tinha pela manhã Cocoricó, Rá-Tim-Bum, Castelo Rá-Tim-Bum, X-Tudo, Mundo da Lua, Wishbone e, de tarde, todos esses programas era reprisados. Já para quem estava pensando em prestar vestibular, tinham aquelas aulas enfadonhas do programa Vestibulando. Apesar da monotonia, esse programa (Vestibulando) era muito bom numa época onde quase ninguém tinha acesso a vídeos na internet, já que ela era predominantemente discada.

No SBT, a programação diária contava com a Sessão Desenho, Bom Dia & Cia, Passa ou Repassa, Disney Club e Chiquititas. Na Band, as únicas coisas que eu considerava relevantes para um adolescente eram Dragon Ball Z, Programa O+, As Aventuras de Tiazinha e, nas madrugadas dos sábados, o saudoso Cine Band Privé. Se bem que a Band, apesar de ser uma emissora aberta, tinha uma cobertura esportiva muito bacana também. A MTV, apesar de ter uma programação interessante para os adolescentes da época, eu nem assistia. Isso porque eu não tinha antena UHF para receber o sinal na minha cidade.

Novela que fez sucesso no horário nobre.


Com relação a Rede Globo, aquele foi um ano de estreias. Só naquele ano estrearam Gente Inocente, Caldeirão do Huck, Programa do Jô, Altas Horas, Angel Mix e a saudosa TV Globinho. Lembro que naquele ano foi o auge daquele programa infantil horroroso chamado Teletubbies. Só para ter uma noção da bizarrice do programa, lembro que conheci crianças que tinham medo de assistir aquilo. Com relação às novelas globais, tínhamos Esplendor e O Cravo e a Rosa às 18h. No horário das sete, era a vez de Uga Uga. E no horário nobre, os destaques daquele ano foram para as novelas Terra Nostra e Laços de Família. Essas duas últimas novelas foram as que mais envolveram o povo na época, porque tinham um enredo envolvente e um maior apelo emocional.

A comédia rolou solta naquele ano.

Cinema
Quem viveu aquele ano lembra que o filme Beleza Americana ganhou várias premiações no Oscar, incluindo melhor filme. Prêmios esses que, na minha opinião, tinham que ser todas do fabuloso Matrix. Mas o melhor filme que foi lançado naquele ano foi, para mim, o inesquecível Gladiador. Além dele, outros filmes que também mereceram destaque foram:

O Auto da Compadecida
Eu, Tu, Eles
Xuxa Popstar
Planeta Vermelho
O Sexto Dia
Limite Vertical
Réquiem Para Um Sonho
Do Que as Mulheres Gostam
O Grinch
Romeo Tem Que Morrer
As Panteras
O Professor Aloprado 2
Vovó... Zona
Shaft
Todo Mundo em Pânico
Os Flintstones em Viva Rock Vegas
Endiabrado
A Fuga das Galinhas
Gladiador
Pânico 3
Cowboys do Espaço

Jogão que mudou a história dos games.


Games
O ano 2000 trouxe um marco interessante no mundo dos games. Isso porque o maravilhoso Counter-Strike foi lançado em 1999, mas só passou a ser comercializado oficialmente no ano 2000. Foi ali, principalmente por causa desse jogo, que começou a era de ouro das lans houses. Os gamers começavam a jogar CS em rede nas lans houses e isso ajudou enormemente no desenvolvimento de outros games voltados para o multiplayer em rede ou online. Terminava a era dos arcades e das locadoras para iniciar a era das lans.
Naquele ano também foi lançado o Playstation 2 da Sony: console que marcou uma geração e que até hoje possui jogos maravilhosos que foram remasterizados posteriormente para outras plataformas. E falando de jogos, quem viveu naquele ano teve a oportunidade de ver serem lançados jogos como:

Capcom vs. SNK‎
Deus Ex‎
Hitman‎
Perfect Dark‎
Banjo-Tooie
Dead or Alive 2
Diablo II
Dino Crisis 2
Driver 2
Guilty Gear X
Legend of Mana
The Legend of Zelda: Majora's Mask
Mickey's Speedway USA
Need for Speed: Porsche Unleashed
Pokémon Stadium
Resident Evil – Code: Veronica
Spyro: Year of the Dragon
Street Fighter EX
The King of Fighters 2000
o primeiro The Sims
Tony Hawk Pro Skater 2
Turok 3: Shadow of Oblivion

Quem não dançou mumbo naquele ano não teve infância/adolescência.


Música
Estávamos na era de ouro dos acústicos MTV e, não por acaso, bandas como Legião Urbana, Titãs, Paralamas do Sucesso, Capital Inicial, Lulu Santos e Art Popular estavam bombando nas rádios com suas versões acústicas. Das canções mais tocadas naquele ano, as que eu mais gostava de ouvir e que tive gravadas numa fita K7 eram: Eu quero sol nesse jardim (Catedral), Popozuda Rock ‘n Roll (DeFalla), Hoje a noite não tem luar (Legião Urbana), Ojos Así (Shakira), Learn To Fly (Foo Fighters), Better Off Alone (Alice Deejay) e algumas do Lou Bega.
O povo, não sei como e nem por que, adorava pedir insistentemente pagode, sertanejo, Mauricio Manieri, Los Hermanos e Christina Aguilera nas rádios e na MTV. Enfim, dentre os destaques radiofônicos do ano 2000 podemos citar:

Nacionais:
Se eu não te amasse tanto assim – Ivete Sangalo
Amor I Love You – Marisa Monte
Anna Júlia – Los Hermanos
Eu quero sol nesse jardim – Catedral
Xibom Bombom – As Meninas
Popozuda Rock ‘n Roll – DeFalla
Três Lados – Skank
Minha Alma (A Paz Que Eu Não Quero) - O Rappa
Hoje a noite não tem luar – Legião Urbana
To te Filmando (Sorria) – Os Travessos
Uh! Tiazinha – Tiazinha e Vinny
Papo de Jacaré – P.O Box
A dor desse amor – KLB
Devolva-me – Adriana Calcanhotto
Morango do nordeste – Karametade
É o tchan na selva – É o Tchan
Me Lambe – Raimundos
Tudo que vai – Capital Inicial
Você Chegou – LS Jack

Internacionais:
Smooth – Santana ft. Rob Thomas
El Arbi – Khaled
Ojos Así – Shakira
Learn To Fly – Foo Fighters
I Got a Girl – Lou Bega
Better Off Alone – Alice Deejay
Show Me The Meaning Of Being Lonely – Backstreet Boys
Bye Bye Bye – NSYNC
Oops!…I Did It Again – Britney Spears
Beautiful Day – U2
Sex Bomb – Tom Jones Mousse T

Álbum da Copa João Havelange.

Esportes
O ano 2000 protagonizou uma das viradas de mesa mais vexatórias da história do nosso esporte com a tal Copa João Havelange que substituiu o Campeonato Brasileiro e serviu, entre outras picaretagens, para levar o Fluminense da terceira divisão direto para a primeira. O campeão daquele torneio confuso foi Vasco numa final trágica contra o São Caetano onde parte do alambrado do Estádio de São Januário desmoronou. A coisa foi tão tensa que a final do campeonato foi adiada e só voltou a ocorrer em janeiro de 2001. Foi naquele ano também que o Corinthians tornou-se campeão da Mundial de Clubes realizada no Brasil, batendo o Vasco na final. Um fato inusitado foi o famoso "chocolate" de 5x1 que o Vasco deu no Flamengo na final da Taça Guanabara onde os torcedores vascaínos receberam 40 mil ovos de chocolate no Maracanã em comemoração à Páscoa daquele ano.

Nas Olimpíada de Sydney, na Austrália, o Brasil teve uma campanha bem modesta com 6 medalhas de bronze, 6 medalhas de prata e nenhum ouro.


Outros
O ano de 2000 também trouxe algumas notícias pontuais como o sequestro do ônibus 174, no Rio de Janeiro, que foi exibido ao vivo pela tevê e acabou virando filme mesmo tendo um desfecho trágico. Outra notícia que repercutiu muito na época foi a prisão por corrupção do já falecido juiz Nicolau dos Santos Neto, mais conhecido como Lalau, depois de 8 meses foragido.

Muito bem. Chega ao fim essa pequena retrospectiva do ano 2000, fechando o ano a ano da série Ser Criança/Adolescente Em de 1990 a 2002. Ainda pretendo abordar os anos de 2003, 2004 e dar uma passada em outros anos da década de oitenta. Quem quiser acompanhar os outros episódios desta série, os links de cada ano seguem abaixo:

Ser criança em 1986
Ser criança em 1988
Ser criança em 1990
Ser criança em 1991
Ser criança em 1992
Ser criança em 1993
Ser criança em 1994
Ser criança em 1995
Ser criança em 1996
Ser criança em 1997
Ser criança em 1998
Ser adolescente em 1999
Ser adolescente em 2001
Ser adolescente em 2002

quarta-feira, 29 de junho de 2022

Michael Jackson participou, sim, das canções do Sonic 3


Finalmente, um grande mistério do mundo dos games foi revelado. O produtor Yuji Naka – um dos principais criadores do Sonic – confirmou, via Twitter, que as canções do jogo Sonic 3 relançadas para o Sonic Origins foram alteradas por questões de direitos autorais envolvendo Michael Jackson. Ou seja, um rumor que durou quase 30 anos finalmente foi confirmado: Michael Jackson participou, sim, das composições do Sonic The Hedgehog 3 do Mega Drive! Segundo um funcionário da Sega, os créditos não foram dados ao astro do pop porque, na época, ele esteve envolvido em acusações de pedofilia. Portanto, não há mais o que ser escondido. A melhor trilha sonora do Mega Drive não foi a melhor à toa, tinha que ter um gênio por trás daquelas músicas. As canções originais alteradas foram da Carnival Night Zone, da Icecap Zone, da Lauch Base Zone e dos créditos finais. A mensagem reveladora solta no Twitter segue printada abaixo:


terça-feira, 28 de junho de 2022

Bolsonaro é um entreguista desalmado

 

Um dos motivos pelos quais nossas classes dominantes apoiaram a candidatura de Jair Bolsonaro em 2018 foi para que a venda das nossas estatais continuasse juntamente com as reformas antipovo iniciadas com o Golpe de 2016. O irônico foi que muita gente, seja por ingenuidade ou despolitização, votou no miliciano genocida achando que ele era justamente o oposto do que é: um patriota que colocava o Brasil acima de tudo. Obviamente que isso foi (e ainda é) uma mentira, porque o "Brasil" que o inominável coloca acima de tudo é o Brasil dos super ricos, dos mega empresários, dos sonegadores, dos milicianos, dos milicos, dos corruptos, dos latifundiários, dos assassinos de índios e de tanta gente privilegiada que só pensa em si. Mas o mais grave de tudo, ao meu ver, é o quão entreguista do nosso patrimônio o excrementíssimo presidente é.

É Eletrobrás, Petrobrás, Correios, Caixa Econômica: tudo que dá muito lucro no longo prazo está na lista para ser vendido entregue a preço de banana para o setor privado. Isso significa, na prática, que vamos pagar cada vez mais caro e com pior qualidade por combustível, energia e serviços de entrega. É nisso que dá apoiar governos entreguistas. Privatização nada mais é que uma palavra bonita que deram para o roubo do patrimônio público e das nossas riquezas. Essa tarefa vil que antes era atribuída ao PSDB agora virou modelo de governo dos neofascistas que tomaram o poder desde 2018. É por isso que é importante que nós, pessoas comuns, rechacemos com força todo e qualquer candidato que tenha propostas de privatizar as estatais. É bom que se diga que isso vale tanto para o poder executivo quanto para o poder legislativo, porque ambos agem em parceria neste sentido. 

Enfim, como já dizia uma frase que li numa camiseta: "Quando tudo for privado, seremos privados de tudo". Então vamos nos livrar desses entreguistas salafrários antes de retomar um plano de reestatização do que nos foi roubado. Aí, sim, o Brasil vai parar de andar de marcha à ré e começar a virar um país desenvolvido.

A soberania nacional não é deles para ser vendida.

segunda-feira, 27 de junho de 2022

A pornografia não é natural?


Ai, ai... Esses pseudo moralistas não têm jeito mesmo. Num post recente, resolvi comentar sobre como certos "especialistas" na internet têm criado problematizações desnecessárias a respeito da pornografia. Daí que no dia seguinte àquele post me deparei com um vídeo aí de um sujeito dizendo que a pornografia é nociva por "não ser natural". Será mesmo?

Pornografia sempre existiu e sempre irá existir, gostem ou não.

Ora, a pornografia contemporânea é tão somente uma evolução tecnológica do voyeurismo (prazer de olhar os outros) que existe desde tempos imemoriais. Antes da invenção da câmera, por exemplo, a pornografia só existia quando era observada ao vivo ou através de textos, gravuras ou esculturas. Então a pornografia – digital ou não – é algo, sim, natural. Ela é uma manifestação legítima da sexualidade da espécie humana. O que não é natural é usar argumentos pseudo intelectuais de profissionais que acharam seus diplomas de "sexólogos" na paçoca para problematizar fantasias sexuais filmadas e oferecer soluções falaciosas para elas. Ninguém vai, por exemplo, deixar de se sentir atraído por seres humanos reais para só ficar assistindo hentai, isso porque o hentai se baseia em seres humanos reais. E mesmo que assim fosse, se isso faz a pessoa feliz, qual seria o problema? Outro argumento moralista vindo de supostos profissionais é que o homem casado vai trair a esposa só porque assistiu pornô. Isso está errado, porque o homem comprometido vai trair por outros motivos, seja porque o sexo no casamento ficou monótono, porque não sente mais desejo pela esposa, porque os instintos primitivos falaram mais alto ou porque, lá no fundo, ele sabe que a monogamia, sim, é que não é natural.

A pornografia está onde você menos pode imaginar.


Outro problema que tenho visto nessa turminha que combate a pornografia é que ela só se foca nos problemas que o pornô traz para os homens e tão somente os homens. Falam de ejaculação precoce, de impotência, de vício, de diminuição da testosterona, de incapacidade de sair com uma mulher de verdade... mas esquecem de que maneira a pornografia excessiva pode fazer mal à mulher. Isso vai desde as representações violentas (misóginas) em certos subgêneros da pornografia até a forma mecânica e anorgásmica como as mulheres são tratadas na maioria dos filmes. Tem muita garota adolescente que mal conhece o próprio corpo e transa parecido com o pornô mainstream. Daí que ela acaba tendo frustrações, disfunções sexuais ou se machucando, porque aprendeu errado com a pornografia. Mas quase ninguém discute isso. A preocupação agora parece que virou totalmente monetária, porque vender cursos de "desintoxicação sexual" tornou-se prioridade ao invés de combater os reais problemas que podem ser trazidos pela pornografia.

Não gostou?
Então vai ver um pornozão que passa.

domingo, 26 de junho de 2022

CPI do MEC já!


Pois é, camarada, se você achava que os governos do PT eram corruptos, parece que a corrupção petista era fichinha perto do que estamos testemunhando no atual desgoverno. Esse governo Bolsonaro se supera a cada semana. O mais recente causo foi a interferência direta do nosso excrementíssimo presidente nas investigações da PF, tendo ele usado seu "sexto sentido" aguçado para tentar salvar o ex-ministro da educação Milton Ribeiro. O ex-ministro, para quem não soube, foi preso (e depois solto) pela PF por envolvimento no favorecimento de verbas do MEC para pastores "amigos". Não bastasse o escândalo de corrupção envolvendo a vacina Covaxin e o superfaturamento de picanha, leite condensado e Viagra, agora vem mais uma roubalheira só que dentro do MEC. Só isso já vale uma nova CPI. A coisa é tão escandalosa que o humorista Marcelo Adnet não resistiu e resolveu fazer uma paródia com a suposta conversa entre o ex-ministro e o inominável. Saca só:

sábado, 25 de junho de 2022

Um mundo terrível para ser mulher


Sim, nós vivemos em um mundo completamente desgraçado para se nascer mulher. É feminicídio, desigualdade salarial, imposição de um padrão de beleza cruel, violência sexual, violência institucional, violência psicológica, controle sobre os corpos das mulheres e muito, MUITO mais. Para ter uma ideia do grau de desumanidade contra as mulheres, até mesmo a distribuição gratuita de absorventes – que é uma questão de saúde pública – foi institucionalmente negada para alunas de escolas públicas e detentas. Só nessa semana, tivemos dois casos emblemáticos de violência contra as mulheres envolvendo a interrupção segura da gravidez. Primeiro, foi o aborto legal negado a uma menina de 11 anos que foi estuprada. E, depois, foi a decisão retrógrada da Suprema Corte  de maioria reacionária nos EUA que pode tornar o aborto ilegal em 22 Estados norte-americanos. É como se a vida de um feto valesse mais que a vida de uma mulher. Isso é surreal, ainda mais quando o pessoal "pró-vida" simplesmente caga e anda para o feto depois que ele nasce. E o pior é que essas leis de controle sobre os corpos das mulheres são criadas majoritariamente por homens. Ou seja: é o machismo visceral de uma sociedade misógina e patriarcal mostrando que neste mundo as mulheres não têm vez. Se eu, que sou homem, fico completamente revoltado com tanta covardia, imagina o que uma mulher que passa por toda essa situação constante de humilhação, barbárie e opressão não deve sentir...

E depois vem boçal dizer que mulheres são histéricas, que estão buscando "privilégios" e que o feminismo não é mais necessário. Vai me dizer que não dá vontade de socar essa gente...

sexta-feira, 24 de junho de 2022

Como o peso influencia na corrida

Derek Mitchell: 280 kg de pura performance.

Uma das coisas que mais gera dúvidas nos corredores que visam a performance nas corridas de rua é o quanto a perda de peso impacta no desempenho. Pensando nisso, alguns estudiosos do esporte desenvolveram um sistema de cálculo que traz o valor aproximado do ganho (ou perda) de desempenho para cada quilo ganho ou perdido. Neste link do SportTracksLabs há uma calculadora onde colocamos nosso peso e o algoritmo nos oferece os resultados aproximados.

É claro que os valores apresentados pelo site não levam em consideração a composição corporal. Perder 1 kg de músculo pode, inclusive, causar o efeito oposto, especialmente se os músculos perdidos forem funcionais para a corrida. O melhor efeito é, naturalmente, quando se perde majoritariamente o peso em gordura. É por isso que os maratonistas de alta performance possuem o percentual de gordura tão baixo, chegando a ficar abaixo de 3%.

Falando em perda de gordura, já se perguntou quais são os benefícios para saúde em perder "apenas" 1 kg de gordura? Vou deixar um vídeo do canal Viajando Pela Fisiologia a seguir que mostra como as pessoas subestimam a perda de 1000g de gordura corporal.

quinta-feira, 23 de junho de 2022

A pornografia escancara a hipocrisia da sociedade


Toda essa onda antipornografia que vem tomando as redes sociais de uns tempos para cá não possui mais tanta ligação com seus apoiadores tradicionais como o feminismo abolicionista ou como as religiões abraâmicas. O que mais tenho visto nessas campanhas antipornô são moralistas modernos escondidos por trás de diplomas decorativos e títulos de fachada usando estudos inconclusivos para alegar que a pornografia é a pior praga do momento. Falam que pornografia causa impotência, ejaculação precoce, anedonia, violência sexual, etc. baseando-se em dados quase sempre tendenciosos. A pornografia só é um problema do ponto de vista clínico quando ela se torna um vício ou um problema para a vida de quem se sente dependente dela. Fora isso, não há um único argumento que não seja pelo menos parcialmente moralista. É claro que a pornografia possui outros problemas reais, como a deseducação sexual, a exploração sexual e a tentativa de criar uma dependência dopaminérgica nos usuários. Mas isso não justifica todo o alarmismo feito pelos NoFaps da vida. Quer dizer, na realidade, justifica, sim. Pois o que não faltam são supostos "sexólogos" por aí vendendo cursos e métodos – bem caros, por sinal – para "libertar" os usuários da pornografia. Como eu estou cansado de dizer por aí, pornografia é que nem fast food. Você não precisa achar que tem um problema por comer ocasionalmente alimentos hiperpalatáveis ou hipercalóricos. O problema é comer fast food todo dia e perder o prazer de comer alimentos naturais e saudáveis por conta disso. Com pornô é a mesma coisa. Fora isso é ado-a-ado cada um no seu quadrado. Se você é feliz com seus vídeos, fotos e textos de putari@, quem sou eu para dizer o contrário?

Stoya e Sahsa Grey mostrando o que o povo quer ver.

Nunca é demais dizer também que a pornografia ainda é muito estigmatizada pelo fato dela ser, de certa forma, a dedo-duro da moral hipócrita da nossa sociedade reprimida e preconceituosa. Não é à toa que os vídeos mais acessados em sites pornográficos são justamente os vídeos com temática gay, trans, lésbica, bissexual, inter racial, ninfomaníacas e ménages a trois. Isso reflete exatamente o nosso padrão de sociedade, onde a poligamia é criminalizada; onde mulheres são reprimidas sexualmente; onde gays, trans e lésbicas sofrem homo/transfobia e onde o sexo inter racial é a categoria mais acessada nas regiões mais racistas dos EUA. Fora que a pornografia apela para fetiches geralmente proibidos e usa personagens irreais como seres mitológicos, aliens e animes. Então a pornografia é, sim, uma válvula de escape. Se você quer combater a pornografia ou tornar a sociedade menos dependente dela, então, primeiro, terá que resolver nossos conflitos sexuais fora da pornografia. E isso passa, queira ou não, pela educação sexual. Essa coisa de criminalizar a pornografia ou de "tratar" seus usuários não funciona sem entender o porquê das pessoas assistirem e pagarem por este tipo de material.

Não gostou?

Então beijinho no ombro pro recalque passar longe.

quarta-feira, 22 de junho de 2022

Justiça para Dom e Bruno depende de nós


Parece bastante óbvio, pelo menos para mim, que nunca saberemos quem foram os mandantes dos assassinatos de Dom e Bruno enquanto a égide fascista pairar sobre o Brasil. O mesmo também se aplica ao assassinato da vereadora e socióloga Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Ora, esses crimes possuem ligação direta com milícias e grupos beneficiados pelo o governo Bolsonaro, tais como madeireiros e garimpeiros. Isso é motivo suficiente para que as investigações não andem, que se negue a existência de mandantes (caso Dom e Bruno) e que os delegados tenham sido constantemente trocados sem nenhuma conclusão para o caso (caso Marielle). Enquanto a besta fascista estiver estendendo seus tentáculos perversos dentro do Estado brasileiro, crimes desse tipo ficarão sempre impunes para os mandantes.

A melhor maneira de fazer justiça para Marielle, Dom e Bruno é dar um basta a toda essa porralouquice fascistoide que tomou o país desde a eleição do inominável. O Brasil precisa voltar a sua normalidade institucional para que tenhamos justiça.

terça-feira, 21 de junho de 2022

A PL do Autocontrole é mais uma aberração do governo Bolsonaro


Quando parece que é impossível que as coisas piorem ainda mais neste desgoverno, é justamente aí que vem mais uma bomba contra o povo. O governo Bolsonaro lançou um projeto de lei (PL 1293/2021 ou PL do Autocontrole) através do ministério da agricultura para afrouxar a fiscalização e as regras da agricultura e pecuária no Brasil. Fiquei sabendo dessa notícia através do youtuber Fábio Chaves (vídeo abaixo) que é dono do maior canal vegano da América Latina. Esse PL vai permitir, entre outros absurdos, que os abates e condições de criação dos animais sejam fiscalizados pelos próprios abatedouros e frigoríficos ao invés de ser feito pelo Estado. Além da liberação indiscriminada de pesticidas e da "passada da boida" geral, agora vem mais essa bomba que vai deixar todas as condições de qualidade e higiene dos alimentos praticamente sem fiscalização.

Esse PL já passou pela câmara e está sendo debatido no senado. A nós resta mostrar a nossa indignação através de uma votação pública no site do próprio senado sobre este PL neste link. É importante deixar claro ao senado que esse PL é totalmente contra os interesses da população. Então independente de sermos veganos ou não, este projeto de lei é uma aberração que atinge a todos nós e não pode passar em branco.

segunda-feira, 20 de junho de 2022

Precisamos recuperar a Eletrobrás


Como já citei anteriormente, a venda da Eletrobrás para o setor privado constituiu-se um crime de lesa-pátria. Mas para não ficar repetindo coisas óbvias, vou deixar um texto de quem entende do assunto explicando de maneira concisa e didática porque a privatização da Eletrobrás representa uma derrota para todos os brasileiros. O texto a seguir é de Roberto Pereira D´Araujo: diretor do Instituto Ilumina.

A derrota

A derrota é intensa para quem trabalhou na Eletrobras. Confesso que dói muito ver o prédio de Furnas em Botafogo totalmente vazio. Difícil acreditar que aquele endereço, onde passei grande parte da minha vida, se tornou um prédio fantasma.

Trabalhar em empresas do grupo Eletrobras foi um orgulho. Todos nós nos sentíamos como participantes da transformação do país num período de industrialização com poucas semelhanças no mundo. O setor elétrico brasileiro sempre foi admirado, pois, nas vezes em que pude apresentar a arquitetura do nosso sistema integrado fora do país, as sensações foram de satisfação ao ver a surpresa que causava nos espectadores.

A derrota é intensa, mas não apenas pelo que muitos podem classificar como uma visão corporativa ou sentimental. Não se trata disso.

A derrota é árdua porque, em paralelo a esse desmonte da Eletrobras, com privatização ou não, o preço do kWh brasileiro, apesar de todas as vantagens oferecidas pelo nosso território, vem agindo como um carrasco sobre o consumidor, principalmente os mais pobres. Em 1995, marco zero da implantação do mercantilismo e privatização nas entranhas do nosso sistema, a tarifa média residencial era R$ 76/MWh. Hoje, quando não há as bandeiras tarifárias, se paga R$ 666, um aumento de 876%, quando a inflação nesses anos foi de 422%.

A derrota é dura quando se percebe que a própria ANEEL, agência reguladora do setor, ao fazer a análise desta “explosão” tarifária, chega ao absurdo de usar o índice IGP-M para atualizar dados passados. Como se sabe, esse indicador é fortemente influenciado pelo dólar e infla os valores de anos anteriores fazendo parecer que a tarifa atual é mais barata do que a de 2010.

A derrota é vergonha quando os países líderes da hidroeletricidade no mundo, Canadá, Rússia, Índia, Noruega, Suécia, Estados Unidos e China não entregam seu setor elétrico em mãos privadas. Estamos dizendo que estão todos errados ou, pior, que, se estão certos, que somos incapazes.

A derrota é muito penosa quando, mesmo tendo todos os motivos para não vender, se percebe que a Duke Energy, uma empresa americana com aproximadamente a mesma capacidade de geração da Eletrobras vale 82 bilhões de dólares e a nossa empresa foi liquidada por menos de um sétimo desse valor.

A derrota é dolorosa quando se percebe que todos os argumentos falsos foram usados para desmerecer a empresa por ex-presidentes do movimento privatista ao afirmar que a Eletrobras era um "cabide de emprego". Qualquer pessoa com um mínimo de curiosidade poderia contestar a “fake new”, pois, mesmo com as distribuidoras rejeitadas pelo setor privado, ela tinha o menor índice de empregados por MW instalado quando comparada às principais empresas do setor no mundo.

A derrota é profunda ao se afirmar, repetitivamente, que, sob mãos privadas, a Eletrobras vai investir. Os dados do balanço energético mostram que, toda vez que se anuncia privatização de usinas prontas, o capital se retrai de novos investimentos. Já aconteceu na década de 90, onde o déficit de adição de capacidade de geração chegou a 8 GW, que, só foi esquecido porque o racionamento reduziu o consumo em 15%.

A derrota é dura quando o consumidor brasileiro não sabe que apenas 8% das usinas hidroelétricas nasceu da iniciativa privada. Aproximadamente 42 GW, 37% do total foram usinas compradas prontas ou feitas em parcerias com estatais. Exclusivamente com as empresas do grupo Eletrobras, quase 17 GW só se tornaram realidade com as parcerias minoritárias da estatal. Consultar a base SIGA da ANEEL.

A derrota é de todos quando a maioria dos cidadãos não sabe que 70% das usinas térmicas, caras e poluentes, essas sim, pertencem ao setor privado. Desde o racionamento de 2001, até hoje, nossas térmicas fósseis foram multiplicadas por cinco! Truques de redução de impostos não vão mudar a vergonhosa realidade de que, em pleno século 21, com tantas fontes renováveis, o Brasil investe em fontes sujas. Fonte: ONS.

A derrota é vergonhosa quando não se consegue informar que, ao contrário da lenda, usinas térmicas podem esvaziar reservatórios, pois, sendo caras, muitas vezes não são usadas e quem gera no lugar delas são as hidroelétricas.

A derrota bate no bolso da população quando ela desconhece que pagou subsídios para o setor privado investir em fontes renováveis como eólica e solar e, mesmo assim, ainda temos uma parcela reduzida dessas fontes quando comparada a outros países.

A derrota é acachapante quando se esconde que a Eletrobras foi usada para reduzir os defeitos do modelo mercantil: 1 Forneceu energia quase gratuita para o “mercado livre”, o topo da pirâmide social brasileira. 2 Obrigou a estatal a aceitar uma redução violenta de receita MP 579 para compensar a verdadeira explosão de preços resultantes do modelo. 3 – Foi obrigada a se submeter a parcerias minoritárias com o setor privado para tornar possível a realização de mais de 17 GW em hidroelétricas. 4 – Foi sujeita a uma redução de funcionários independente de sua expertise. 5 – É acusada de ineficiente apesar de todo esse sacrifício que proporciona lucros líquidos recordes ao setor privado, como deixa evidente a recente publicação Valor 1000.

A derrota é uma afronta quando se verifica que nenhum governo obedeceu ao estatuto da Eletrobras que define que, “quando orientada pela União a praticar políticas públicas, a empresa somente assumirá obrigações ou responsabilidades que se adequem ao seu equilíbrio econômico. Caso contrário, a União compensará, a cada exercício social, a Eletrobras pela diferença entre as condições de mercado e o resultado operacional ou retorno econômico da obrigação assumida.”

A derrota do consumidor brasileiro e da Eletrobras pode ser a vitória de certos grupos econômicos que, sob uma visão de curto prazo, ganham muito dinheiro e não percebem que nosso projeto de futuro está sendo fragorosamente dominado.


domingo, 19 de junho de 2022

Ser criança em 1993

 

A gente percebe que está ficando velho quando começa a se lembrar com clareza de coisas que aconteceram há 30 anos atrás. Pelo menos é assim que eu me sinto ao me recordar da minha infância lá no ano de 1993. Aquele foi o ano em que estreou a TV Colosso, em que o Super Nintendo chegou ao Brasil, em que foi implantado o Cruzeiro Real para conter a inflação, em que Kurt Cobain aprontou todas no Hollywood Rock e que Steven Spielberg impressionou o mundo com a estreia do Parque dos Dinossauros. Vamos relembrar juntos daquele ano que deixou saudades em muita gente. Mantendo a tradição dessa série, vou abordar 1993 por partes.

Este S.O. mudou para sempre a história da informática.

Tecnologia
Apesar de ainda não existir internet naquela época, a tecnologia avançava rapidamente. Tanto é que a venda computadores havia superado a venda de automóveis pela primeira vez na história. O lançamento dos primeiros processadores Pentium naquele ano para substituir os antigos Intel 486 casou perfeitamente com os novos sistemas operacionais como o revolucionário Windows 3.1. Esse Windows foi que introduziu o famoso atalho Ctrl + C/Ctrl + V para copiar e colar e dois jogos atemporais: Campo Minado e Paciência.
Tivemos também discos de vinil sendo substituídos cada vez mais rápido pelos CDs e os walkmans perdendo espaço para os discmans. Os videogames também começavam a abandonar a tradicional mídia de cartuchos para abraçar os CDs. Já os celulares, apesar de serem toscos de doer, começavam a ganhar cada vez mais espaço e funcionalidades como a capacidade de enviar mensagens.

Aperto de mãos histórico entre os líderes de Israel e Palestina.


Política
Um dos fatos históricos mais emblemáticos de 1993 foi aquele perto de mão entre o primeiro-ministro de Israel, Yitzhak Rabin, e o líder da Organização para a Libertação da Palestina, Yasser Arafat, em Washington, D.C. depois da assinatura de um acordo sobre a autonomia palestina nos territórios ocupados.
Já no Brasil, tivemos a realização em abril do Plebiscito sobre a forma e sistema de governo em que funcionaria o Estado brasileiro. Os brasileiros escolheram entre Monarquia ou República e Parlamentarismo ou Presidencialismo. O plebiscito indicou que o Brasil continuaria a ser uma República Presidencialista.

Itamar Franco e seu fusquinha.


Durante o governo Itamar Franco, que assumiu a presidência após o impeachment de Fernando Collor em 1992, a moeda brasileira passou por mais uma mudança, passando de Cruzeiro para Cruzeiro Real (1000 cruzeiros = 1 cruzeiro real) em agosto. O que fizeram foi, basicamente, cortar três zeros para disfarçar a inflação. Mas foi somente em dezembro que o ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, anunciou o programa de estabilização econômica. O chamado "Plano FHC" criou a URV (Unidade Real de Valor), indexador que foi usado como base para a nova moeda, o Real, que seria lançado no ano seguinte.

O presidente Itamar Franco também ficou conhecido pelo relançamento do Fusca depois de 7 anos fora de produção. E também tivemos a CPI dos Anões do Orçamento onde 6 parlamentares perderam seus mandatos por envolvimento em esquemas de fraudes na Comissão de Orçamento do Congresso Nacional. E depois tem gente que acha que a corrupção só começou no Brasil após 2002, enfim... Vamos mudar de assunto.

Capachão e JF divertindo as nossas manhãs na TV Colosso.


Televisão
A emissora de tevê de maior destaque naquele ano foi a Rede Globo. Nenhuma emissora conseguia bater a Globo em audiência e em qualidade de sinal. No caso da programação infantil, que é o nosso foco neste post, como o lendário Xou da Xuxa havia terminado em 1992, quem teve a árdua missão de substitui-lo nas manhãs da Globo foi nada menos que a saudosa e divertida TV Colosso. Aquela cachorrada maluca foi um dos meus programas favoritos da época. O roteiro era bom, os personagens eram carismáticos e os quadros eram divertidos, como o Acredite se Puder e as Aventuras do Super Cão. Além da própria TV Colosso ser divertida, ainda tinha um montão de desenhos que eu amava passando entre os quadros do programa, tais como: X-Men, Tartarugas Ninja, Capitão Planeta, Perdido nas Estrelas, Ursinhos Gummi, Caverna do Dragão, Família Dinossauros, He-Man, She-Ra, Thundercats, Simpsons e até Super Mario Bros. Era uma farra, ainda mais porque eu estudava de tarde e aí ficava a manhã inteira assistindo os desenhos.

Falando das novelas da Globo que, diga-se de passagem, eram muito boas naquela época, no horário das 18h tivemos o final da novela Despedida de Solteiro, que foi substituída em fevereiro pelo remake da clássica Mulheres de Areia. Em setembro, Mulheres de Areia foi substituída por Sonho Meu. Entre as novelas da sete, começamos aquele ano com Deus Nos Acuda, novela esta que foi substituída por O Mapa da Mina e, posteriormente, por Olho no Olho. Já no horário das 20h, o ano começou com De Corpo e Alma, que foi substituída pela clássica Renascer de  Benedito Ruy Barbosa. Essa última, eu lembro bem daquela cena clássica quando o personagem José Inocêncio cravou um facão no pé de jequitibá. Depois de Renascer, foi a vez de Fera Ferida que ficou no ar até meados de 1994.

Eliana em sua estreia no Bom Dia e Companhia.

Já o SBT trazia uma maratona de desenhos pela manhã, além do programa da Mara Maravilha e dos eternos Chaves e Chapolim. Em agosto, entrou no ar pela manhã o programa infantil mais duradouro da televisão brasileira que foi o Bom Dia & Cia com Eliana. Mas a coisa não parava aí pelo SBT, porque tivemos a estreia aos domingos do lendário Domingo Legal e do Play Game, sendo que este último era um game show sobre jogos eletrônicos com o Gugu Liberato.

A TV Cultura praticamente repetia a programação infantil do ano anterior com Glub Glub, Os Bichos, Rá-Tim-Bum, X-Tudo e O Professor. A programação da Cultura só ficaria realmente interessante no ano seguinte, quando estrearam de uma só vez Castelo Rá-Tim-Bum, As Aventuras de Tintim, O Mundo de Beakman, Anos Incríveis e Confissões de Adolescente. A Rede Manchete também repetia a mesma programação de 1992 com o Clube da Criança e os tokusatsus. O grande sucesso da Manchete só viria no ano seguinte com a estreia dos Cavaleiros do Zodíaco.

O SNES chegou tarde, mas veio para ficar.

 

Videogames
De consoles lançados naquele ano, tivemos dois principais: O 3DO e o Sega CD na Europa e no Brasil. O Super Nintendo, apesar de ter sido lançado em 1990 no Japão, só foi chegar aqui nas terras descobertas por Cabral em 1993. Eu lembro que o meu primeiro contato com o Super Nintendo foi no final de 1993 numa locadora onde joguei por alguns minutos de graça só para sentir a pegada do controle. Foi neste ano que ganhei de presente o fabuloso Sonic 2 para meu Mega Drive e ele foi, sem dúvidas, um dos melhores jogos que tive para o Meguinha (como eu chamava carinhosamente meu Mega Drive).

De lançamentos, os jogos principais que saíram naquele ano foram: Rock & Roll Racing, Top Gear 2, Breath of Fire, Cadillacs and Dinosaurs, Fatal Fury Special, Final Fight 2, Golden Axe 3, o primeiro FIFA Soccer, NBA Jam, Mega Man X, Mortal Kombat 2, Power Instinct, Sengoku, Shining Force 2, Shinobi 3, Sonic the Hedgehog CD, Sonic Chaos, Sonic Spinball, Super Bomberman, Super Mario All-Stars e o Street Fighter 2 Special Champion Edition que eu joguei até quase rachar meu Meguinha ao meio. Olhando esses títulos, fica claro que aquele foi um ano muito bom para os fãs de videogames da época.

Momento icônico de Jurassic Park.

Cinema
Com relação aos filmes de 1993, não tivemos tantos títulos de peso, mas os filmes que foram lançados naquele ano estão entre os mais marcantes que assisti, em especial o primeiro Jurassic Park que, aliás, tive o privilégio de assistir no cinema. Além do Parque dos Dinossauros, tivemos lançamentos como A Lista de Schindler, Filadélfia, O Estranho Mundo de Jack, Uma Babá Quase Perfeita, O Fugitivo, O Demolidor e Mudança de Hábito 2. Desses citados, O Demolidor marcou minha infância, especialmente pela crítica social e pelas misteriosas "três conchas" no lugar do papel higiênico.

O disco de estreia do SPC tocou até enjoar nas rádios.


Músicas
1993 foi o ano de lançamento de álbuns como The Spaghetti Incident (Guns n Roses), In Utero (Nirvana), Get a Grip (Aerosmith.), Vs. (Pearl Jam,), Serenades (Anathema), Recipe for Hate (Bad Religion), Titanomaquia (Titãs), O Descobrimento do Brasil (Legião Urbana) e o álbum de estreia de Laura Pausini com o clássico single La Solitudine. Para a criançada, Eliana lançou seu primeiro álbum intitulado Os Dedinhos.

O maior evento musical daquele ano no país foi a quarta edição do badalado Hollywood Rock ocorrido em São Paulo e Rio de Janeiro no mês de janeiro. O evento reuniu bandas como Nirvana, Alice In Chains, L7, Red Hot Chili Peppers, Engenheiros do Hawaii, Biquini Cavadão e outros. Mas o que deu o que falar mesmo naquele evento foi o show conturbado do Nirvana onde o vocalista Kurt Cobain estava bastante alterado e mandou ver uma bela cusparada nas câmeras da Globo e tentou destruir todos os equipamentos do palco.

Em outubro, foi a vez da estrela pop Michael Jackson chegar a São Paulo para fazer dois shows históricos no Estádio do Morumbi.

Já entre as canções mais tocadas nas rádios, programas de tevê e novelas de 1993, podemos destacar:

Nacionais:
Que se chama amor – Só Pra Contrariar
A vida é festa – Banda Beijo
Fera Ferida – Maria Bethânia
A Barata – Só Pra Contrariar
Mentiras – Adriana Calcanhoto
Tô Feliz (Matei o Presidente) 2 – Gabriel O Pensador
Perfeição – Legião Urbana
A Maçã – Deborah Blando
Tanto (I Want You) – Skank
Linha do Equador – Djavan
Eu quero meu amor – Elba Ramalho

Internacionais:
I Will Always Love You – Whitney Houston
Whats up – 4 Non Blondes
Rhythm is a Dancer – Snap!
What Is Love – Haddaway
Sweat (A La La Long) – Inner Circle
Go West – Pet Shop Boys
Ordinary World – Duran Duran
Easy – Faith No More
Goodbye – Air Supply
More and More – Captain Hollywood Project

Isso não era um time, era praticamente uma seleção.

 

Esportes
Em 1992, eu assisti a conquista da Libertadores da América pelo São Paulo. Mas em 1993, no dia da final que deu o bicampeonato ao São Paulo contra o Universidad Católica do Chile, eu lembro que estava muito cansado de um dia inteiro na praia e nem aguentei assistir. Mas, em compensação, vi o time de Telê Santana derrotar o Milan por 3 a 2 no Japão (pela tevê, lógico) e tornar-se bicampeão mundial. Mas tão impressionante quanto o time do São Paulo era o time do Palmeiras que foi campeão paulista e brasileiro daquele ano. Eu tinha um álbum de figurinhas do campeonato brasileiro da época e era impressionante quantidade de craques que estampavam o time do Palmeiras. Isso tanto era verdade que a base da seleção brasileira campeã de 1994 veio basicamente do Palmeiras e do São Paulo.

Mas o melhor de 1993 foram as eliminatórias da Copa de 1994 que o Brasil penou para se classificar. O Brasil tinha perdido um jogo importante para a Bolívia em La Paz e ficou ameaçado de não ir para a Copa pela campanha irregular que vinha fazendo. Até que após o jogo Brasil e Bolívia no Recife (em que eu assisti o treino da seleção de graça lá no Arrudão) onde o Brasil venceu por 6x0 a Bolívia, a seleção ganhou um novo fôlego. A classificação só veio com uma vitória dura contra o Uruguai graças ao baixinho Romário.

Romário ajudou a levar o Brasil para a Copa de 1994.


Tragédias
Todo ano tem suas tragédias e nisso 1993 não foi diferente. Em 23 de julho ocorreu a Chacina da Candelária, no Rio de Janeiro, que deixou 8 jovens mortos e dezenas de feridos. Também no Rio, um mês depois, foi a vez da Chacina de Vigário Geral que deixou 21 pessoas mortas. E pensar que as chacinas continuam ocorrendo impunemente até hoje e praticamente nada é feito para evitá-las...

Enfim, esta postagem encerra a década de 1990 na série Ser Criança em. Porém, estou pensando em reescrever a Ser Criança em 1994 que foi escrita com muita pressa e superficialmente. Isso porque o ano de 1994 foi muito icônico para o Brasil, para o mundo e para as crianças e merecia algo mais aprofundado. Em todo caso, esta série ainda vai trazer as lembranças de alguns dos anos da década de 1980 e também o que faltou até o ano de 2004, quando a série se encerra. Para quem não leu, vou deixar abaixo todos os anos que já foram publicados que fazem parte dessa série nostálgica. É só clicar nos links abaixo e fazer uma viagem no tempo através das páginas deste bloguinho:

Ser criança em 1986
Ser criança em 1988
Ser criança em 1990
Ser criança em 1991
Ser criança em 1992
Ser criança em 1994
Ser criança em 1995
Ser criança em 1996
Ser criança em 1997
Ser criança em 1998
Ser adolescente em 1999
Ser adolescente em 2001
Ser adolescente em 2002

sábado, 18 de junho de 2022

Estamos vivendo um segundo holocausto


O dramaturgo alemão Bertolt Brecht disse certa vez que há muitas maneiras de matar uma pessoa. Cravando um punhal, tirando o pão, não tratando sua doença, condenando à miséria, fazendo trabalhar até arrebentar, impelindo ao suicídio, enviando para a guerra, etc. Só a primeira é proibida por nosso Estado. É exatamente este o grande problema que o capitalismo financeiro impôs ao mundo há mais de um século. E as pessoas que mais são assassinadas direta e indiretamente pelo Estado burguês são, não por acaso, justamente os negros, índios, pardos e pobres. Quase toda semana ocorre uma chacina nas favelas brasileiras, pessoas morrem de fome porque o salário não dá para se alimentar, pessoas adoecem porque trabalham demais e até uma pandemia mata muito mais as pessoas em estado de maior vulnerabilidade social. Assim como o Estado alemão matou propositalmente ciganos, homossexuais, deficientes, comunistas e judeus durante o nazismo, o Estado burguês mata sem piedade grupos étnicos que historicamente têm sofrido com maior intensidade as consequências da alta desigualdade social. E o pior é que tudo ocorre disfarçadamente, com a imprensa omitindo informações e com o governo escondendo os números de um verdadeiro genocídio. Quantos milhões já perderam suas vidas e quantos ainda precisam morrem até que as pessoas abram os olhos e enxerguem este verdadeiro holocausto?

sexta-feira, 17 de junho de 2022

Ele não é o culpado


Recebi, recentemente, um texto bem interessante que está sendo compartilhado pelos aplicativos de mensagem a respeito do verdadeiro culpado pelo Brasil estar entregue nas mãos do que sempre houve de pior no país. Segue na íntegra:

ELE NÃO É O CULPADO!

O Bolsonaro não é o culpado! Ele é um escroto, mas não o culpado.

O culpado é o meu parente, o meu vizinho, o meu amigo.

O atual presidente sempre defendeu a ditadura e a tortura...

Sempre defendeu a sonegação de impostos.

Sempre foi racista, homofóbico, xenófobo e preconceituoso.

Não tinha plano de governo.

Nunca foi sociável, nunca respondeu a uma pergunta, não compareceu a um debate sequer.

Ele sempre foi assim, sempre!

O verdadeiro culpado é o meu parente, o meu vizinho, o meu amigo, que votaram nele.

Ele disse sempre que não entendia de economia.

Ele sempre chamou índios e quilombolas de vagabundos.

Ele sempre falou que, se eleito, índios não teriam um centímetro de terra.

Sempre defendeu a caça de animais selvagens e a liberação dos agrotóxicos.

Várias vezes demonstrou que não gostava do povo, do povo mesmo.

E fez várias manifestações contra os pobres.

Defendia abertamente que a mulher deveria receber um salário menor que o do homem.

E mesmo assim, a tua parente, a tua vizinha e a tua amiga votaram nele.

Ele sempre foi contra a educação pública.

E mesmo assim, a minha amiga, que é professora, votou nele.

Sempre foi contra a quase tudo que é público e, mesmo assim, o meu vizinho, funcionário da CEF e o outro funcionário dos Correios, votaram nele.

Ele não sabe conversar e mesmo assim, o meu parente metido a "intelectual" votou nele.

Ele se diz Cristão, mas defende armas, grupos de extermínio, disse várias vezes que a especialidade dele é matar e que uma ditadura deveria matar mais uns 30 mil e passou a campanha apontando arminha para todos os lados.

E os meus parentes, vizinhos e amigos que não saem da igreja e que para tudo dizem: "Glória a Deus, Graças a Deus, Aleluia e em Nome de Jesus", votaram nele.

Todas as conquistas sociais estão indo para o espaço. E os nossos parentes, nossos vizinhos e os nossos amigos ainda defenderam a reforma da previdência que é tão maravilhosa que os políticos, militares e o judiciário não farão parte dela.

De uma coisa Bolsonaro não tem culpa: ele não enganou ninguém.

Todos sabiam quem ele realmente era. Os que não votaram nele, com algumas exceções, não votaram com convicção. Os que votaram nele, inclusive seus parentes, amigos, vizinhos e colegas de trabalho votaram com convicção e queriam e querem que ele implante uma Ditadura e use as FORÇAS ARMADAS para prender, torturar e matar todos os que pensam diferente dele, inclusive você que não votou nele.

Autor Desconhecido