Estamos vivendo, neste momento, um pesadelo caótico – uma pandemia apocalíptica – como exaustivamente alertou a OMS no ano passado caso medidas contundentes não fossem tomadas. Se a realidade brasileira já era dura sem pandemia, agora então foi que a vaca foi pro brejo. Uma quantidade aterradora de brasileiros está sem emprego, sem renda, sem vacina, sem comida, sem remédios, sem oxigênio, sem água potável e até sem luz elétrica como consequência direta dessa pandemia. Os que ainda têm moradia, ou estão a beira de um ataque de nervos devido ao isolamento social, ou estão ameaçando colapsar ainda mais o sistema de saúde completamente saturado de profissionais extenuados, sobrecarregados e desesperados com a situação alarmante das UTIs. Já as pessoas que não têm sequer um teto para morar estão ao relento, expostas ao frio, à violência, à humilhação e passando todo tipo de necessidade.
Mas a tragédia não para por aí. O custo de vida subiu, os preços dos produtos de primeira necessidade dispararam, aumentou o número de pedintes nas ruas, estão ocorrendo mais furtos, mais assaltos, mais saques... Com um auxílio emergencial pífio, o trabalhador não tem escolha a não ser encarar o abatedouro, seja se aglomerando nos transportes públicos lotados para ir ao trabalho, seja se submetendo a subempregos arriscados em condições insalubres. Já os que não conseguem um trabalho estão dependendo desesperadamente da solidariedade alheia para não morrer de fome junto com sua família inteira. Enquanto isso, nos cemitérios, faltam caixões para enterrar tantos mortos que sequer podem receber um funeral ou uma última despedida dos entes queridos. É uma tragédia. E não foi por falta de aviso.
Além da peste e da fome, agora há também o risco de uma rebelião das polícias militares instigadas pelo bolsonarismo contra os governadores, acentuando o caos. Temos ainda a chance de mais um Golpe de Estado, chance de mais repressão, de mais violência e de mais pessoas dos grupos de vulnerabilidade social sendo assassinadas. É o cenário perfeito para o apocalipse. Se sobrevivermos a esse massacre, teremos que ensinar para as futuras gerações que o autoritarismo, o negacionismo e o extremismo são a receita perfeita para o nosso aniquilamento. A ciência, a democracia e o diálogo são pilares que devemos defender pelo resto de nossas vidas. Só assim teremos alguma chance de perdurar como civilização neste pequeno pedaço de rocha cósmica chamado Terra. Se é pela dor que vem as maiores lições, então que esta seja a maior de todas. Afinal de contas, a maior lição que a vida pode nos dar é aquela que mais teimamos em não aprender.
Força, Brasil.