sábado, 30 de março de 2024

Superar o capitalismo não basta


É um erro pueril de alguns companheiros achar que chagas sociais como racismo, sexismo e LGBTfobia irão desaparecer magicamente com o fim do sistema capitalista. É verdade que esses males são agravados pelo sistema de hierarquização social naturalizado pelo capitalismo, mas o preconceito foi algo que sempre existiu desde que os primeiros seres humanos andaram sobre este planeta. Se o foco da luta das esquerdas for apenas combater o capitalismo, cairemos na mesma armadilha que Cuba e União Soviética caíram. Na antiga URSS, a homofobia e o machismo ajudaram a enfraquecer o regime. Já em Cuba, a transfobia até hoje é uma das maiores cicatrizes sociais do passado. Como classe trabalhadora, temos, sim, que incluir as tais pautas identitárias na luta contra o sistema vigente. Afinal de contas, de que adianta viver em um mundo livre da exploração que, em contrapartida, nega direitos e liberdades a grande parte da população? Isso não é um papinho chato de grupos "pós-modernxs". Isso é um alerta de que a luta pela justiça social não acaba com o início de um novo modo de produção. Um mundo sem respeito às diferenças é um mundo muito perigoso e infeliz para se viver. Além disso, se abandonarmos essas causas, estaremos deixando que a ideologia liberal da direita se aproprie delas. A luta de classes não vai triunfar caso não se torne inclusiva. 

Superar o capitalismo não basta. Temos que superar tudo aquilo que nos coloca em guerra contra nós mesmos.

segunda-feira, 25 de março de 2024

A justiça tarda, mas não falha


Finalmente, após longos seis anos, a Polícia Federal prendeu de forma preventiva os principais suspeitos de serem os mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Três homens brancos, cis e hétero infiltrados no Estado Brasileiro que acharam que suas posições políticas e sociais seriam garantia de impunidade – e realmente seriam se o governo federal ainda fosse apoiador de armas, violência, milícias e garimpeiros. Os irmãos Brazão tinham fortes divergências com a vereadora assassinada, porque ela atrapalhava a grilagem de terras em áreas de milícias que formavam a base eleitoral deles. Já o delegado Rivaldo Barbosa deu cobertura e ajudou a proteger os criminosos. 

Todo esse contexto mostra o esquema estrutural de corrupção do Estado e a banalização da violência contra as mulheres, em especial as negras e homossexuais. Espero que os brasileiros das gerações futuras olhem com pena e repúdio para essa falta de humanidade da nossa época. Se o progresso é algo que melhora com o decorrer do tempo, tomara que em um futuro mais próximo do que imaginemos, nenhuma mulher, negra ou lésbica sofra qualquer tipo de violência. E que muito mais espaço de poder dentro das elites seja destinado a todos. Só assim a humanidade terá alguma chance de dar certo.

sábado, 9 de março de 2024

Descanse em paz, Akira Toriyama


Ontem foi um dia muito triste para a cultura pop mundial. Como todos já devem saber, foi anunciada a morte do grande mestre Akira Toriyama, criador da lendária série Dragon Ball. Não foi só o Japão e a cultura pop que perderam um grande gênio, mas o mundo inteiro perdeu uma das mais fantásticas mentes criativas. Só o anime Dragon Ball foi um sucesso absoluto em mais de 80 países, isso sem falar de outros mangás e jogos produzidos pelo Toriyama. O choque com a morte dele foi tão grande que chegou a ser anunciada até no Jornal Nacional. O mais louco é que eu voltei a assistir a série Dragon Ball Z no início deste mês após quase quinze anos sem assistir nenhum anime e, olhando com um olhar mais crítico, concluí que Dragon Ball foi o melhor anime que já assisti tecnicamente falando. As histórias criadas pelo Akira Toriyama eram muito criativas, imprevisíveis e cheias de expectativa. Sem falar dos personagens extremamente carismáticos que influenciaram gerações. Para se ter uma ideia, os criadores de Naruto, One Piece e até Sonic se basearam no Dragon Ball. Até eu me inspirei nos poderes do Goku para escrever uma das letras de uma das minhas músicas favoritas. Meu primeiro mangá foi um mangá do Dragon Ball, eu gastei incontáveis horas assistindo Dragon Ball no SBT e depois Dragon Ball Z na Band, no Cartoon Network e na Globo. Até o banner deste bloguinho tem uma referência ao meme da Igreja Universal do Reino de Goku. Isso sem falar dos inúmeros desenhos que fiz dos personagens do Dragon Ball durante a minha adolescência e dos jogos do anime que joguei no Playstation e no Super Nintendo. Enfim, não há como deixar passar algo que foi tão importante para minha vida e para a vida de milhões de outras pessoas.

Todo respeito e gratidão ao mestre. Descanse em paz, Akira Toriyama.