É um erro pueril de alguns companheiros achar que chagas sociais como racismo, sexismo e LGBTfobia irão desaparecer magicamente com o fim do sistema capitalista. É verdade que esses males são agravados pelo sistema de hierarquização social naturalizado pelo capitalismo, mas o preconceito foi algo que sempre existiu desde que os primeiros seres humanos andaram sobre este planeta. Se o foco da luta das esquerdas for apenas combater o capitalismo, cairemos na mesma armadilha que Cuba e União Soviética caíram. Na antiga URSS, a homofobia e o machismo ajudaram a enfraquecer o regime. Já em Cuba, a transfobia até hoje é uma das maiores cicatrizes sociais do passado. Como classe trabalhadora, temos, sim, que incluir as tais pautas identitárias na luta contra o sistema vigente. Afinal de contas, de que adianta viver em um mundo livre da exploração que, em contrapartida, nega direitos e liberdades a grande parte da população? Isso não é um papinho chato de grupos "pós-modernxs". Isso é um alerta de que a luta pela justiça social não acaba com o início de um novo modo de produção. Um mundo sem respeito às diferenças é um mundo muito perigoso e infeliz para se viver. Além disso, se abandonarmos essas causas, estaremos deixando que a ideologia liberal da direita se aproprie delas. A luta de classes não vai triunfar caso não se torne inclusiva.
Superar o capitalismo não basta. Temos que superar tudo aquilo que nos coloca em guerra contra nós mesmos.