terça-feira, 31 de maio de 2016

O Brasil não é um país capitalista

Brasil resumido numa charge

Aprendemos desde o ensino fundamental que o Brasil, assim como a maioria do resto do mundo, é um país capitalista. Mas você sabe o que é capitalismo?
Capitalismo é um modo de produção em que os meios de produção (terras, fábricas, máquinas, construções) e o capital (riqueza) são propriedades privadas, ou seja, têm um dono. No capitalismo temos essencialmente duas grandes classes: a burguesia (dona dos meios de produção) e a classe trabalhadora (mão de obra assalariada). Na maioria do mundo, o capitalismo que prevalece é o capitalismo financeiro ou bancário. Mas o que tem se visto no Brasil não tem sido bem isso. Os meios de produção e as grandes corporações tem se concentrado cada vez mais nas mãos de minorias muito ricas que formam um corporativismo cada vez mais explícito. O capital tem se concentrado cada vez mais nas mãos dos muito ricos e das pessoas que não produzem nada. Isso sem falar de práticas cada vez mais corriqueiras como cartéis, monopólios, oligopólios, dumpings e trustes que são venenos para o capitalismo por destruírem a concorrência e superconcentrarem poder e renda nas mãos de uma minoria. Isso, a meu ver, não deveria se chamar de capitalismo, mas, sim, de uma expressão que parece contraditória diante de sua antítese morfológica, que é o socialismo de direita, ou se preferir: socialismo para os ricos.

O socialista de direita não gosta de concorrência, nem de riscos e nem de impostos

A direita brasileira tem se empenhado desde a Guerra Fria em acabar com ideologias socialistas e comunistas que ameaçavam o capitalismo. Porém, essa direita se esqueceu que a maior ameaça ao capitalismo estava o tempo inteiro na própria direita quando os ricos começavam a ficar cada vez mais ricos sem trabalhar, solidificando, assim, as bases de uma poderosa plutocracia. Quem manda no Brasil hoje é a plutocracia, ou seja: poucas dezenas de homens muito ricos que decidem quem fica e quem sai do governo, quem vai preso e quem fica solto, quem vive e quem morre, e o que sai e o que não sai nos jornais. Esses ricaços se reúnem em jantares suntuosos para decidir o futuro do país e socializar seus lucros entre si. Ao contrário do que pensam os ingênuos, são esses oligarcas que mandam nas suas marionetes – marionetes essas que nós chamamos vulgarmente de "políticos". O Estado é submisso à plutocracia – e não o contrário. O que esses homens poderosos querem é criar uma espécie de "socialismo elitista" onde apenas quem pertence ao clubinho deles socializa e divide de forma mais ou menos igual as riquezas do país. Esses ricaços controlam o mercado de ações, investem em especulação, quase não pagam impostos e enriquecem explorando todas as outras pessoas do sistema, sejam elas burguesas ou proletárias.
O que temos no Brasil hoje não é mais aquela dicotomia de burgueses e proletários ou de patrões e trabalhadores. O que temos atualmente é uma minoria extremamente rica contra o resto da população inteira. O Estado serve apenas de mediador, fazendo o papel de um Robin Hood ao contrário, tirando dinheiro dos pobres e dando para os plutocratas. Isso acontece principalmente através da dívida pública, dos juros altos e da alta carga tributária para os pobres e a classe média. Diferentemente do capitalismo de Estado cubano, onde os governantes ficam ricos a custa do trabalho da população, no Brasil é exatamente a plutocracia que está fazendo esse papel. Os bilionários brasileiros são os "Fidéis Castros" do país. Um capitalismo que não gosta de riscos, nem de concorrência, nem de democracia e nem de cobrar imposto justo para os mais ricos não pode ser chamado de capitalismo: só pode ser mesmo chamado de socialismo plutocrata. O modelo econômico predileto desse sistema é justamente o neoliberalismo por ele ser concentrador de renda.
Se o caro leitor tiver pelo menos dois neurônios na cuca, vai entender porque há certos partidos políticos tão protegidos pela plutocracia e outros tão odiados. Até Olavo de Carvalho já percebeu isso e foi xingado de "petista" por um colunista pastelão da Veja.

segunda-feira, 30 de maio de 2016

O ódio patológico ao lulopetismo

Como Lula é visto por muitos brasileiros

Se tem uma coisa que nunca fez sentido para mim é toda essa onda de ódio contra Lula e contra o PT que vem aumentando de um tempo para cá. Quem não tem memória curta ou não é despolitizado deve lembrar das incontáveis melhorias sociais e econômicas que ocorreram durante o governo Lula. A dívida externa foi liquidada, houve uma melhor distribuição de renda, pobres passaram a ter acesso a universidade, a fome foi drasticamente reduzida, a economia se aqueceu, milhões saíram da linha da pobreza... Foram tantas melhorias para o país, que Lula saiu da presidência com nada mais que 87% de aprovação. É claro que sempre existiram aqueles que odiaram o Lula, até porque é impossível agradar todo mundo. Mas a maré crescente de ódio ao Lula e ao PT são desproporcionais aos seus feitos.

A grande mídia também não gosta do PT

Antes que comecem a me xingar de petralha, mortadela ou coisas afins, quero que fique bem claro que eu não sou petista, nunca fui filiado a qualquer partido político e sempre fiz críticas ao PT. É claro que o PT errou em muitas coisas, se corrompeu, compactuou com os vícios do sistema e deixou de fazer reformas estruturais importantes. Mas isso não justifica esse ódio desproporcional e exacerbado. Os governos do PSDB e do PMDB foram tão corruptos quanto o do PT (basta lembrar do Banestado e da Privataria, por exemplo). Esse governo Temer que aí está, por exemplo, é repleto de grandes corruptos e não tenho visto nem 1% do ódio patológico direcionado ao PT contra eles também. Por isso, não acho que o ódio contra o PT seja apenas por conta da corrupção de seus membros.
Se eu fosse fazer uma aposta, diria que há um ódio de classe contra o PT disfarçado de indignação contra a corrupção. Já vi, por exemplo, muitas pessoas de classe média condenando o fato dos pobres estarem "sujando e pichando" aviões e aeroportos. Também já vi muita gente de classe média odiar ter que pegar uma fila no posto de gasolina por ela está cheia de "pobres abastecendo carroças". E também cheguei a ver gente metida a aristocrata achar um absurdo que as universidades federais estejam cheias de gente "pobre, mal educada e feia". E tudo isso, como sabemos, fui culpa das políticas sociais assistencialistas do PT. Numa sociedade onde o fascismo, o macarthismo, o reacionarismo e o neoliberalismo crescem exponencialmente, não consigo pensar em outra razão para todo este ódio ao PT que não seja o despeito e o orgulho elitista ferido. Se realmente for esta a causa, então estamos entrando em mais uma cultura lamentável: a cultura do esnobismo, da usura e do individualismo.

E você aí achando que só o PT é corrupto...

domingo, 29 de maio de 2016

Se não é cultura do estupro, é o que então?


Vamos refletir sobre os seguintes fatos:

1-Um rinoceronte de sunga relatou em rede nacional um estupro praticado por ele mesmo em tom de piada e todos aplaudiram.
2-Um deputado federal disse que não estupraria uma deputada porque ela "não merecia ser estuprada".
3-Um vereador em Minas disse que uma jovem violentada sexualmente "quis ser estuprada".
4-Um grupo de mais de 30 homens estupraram uma adolescente e colocam as imagens nas redes sociais, mostrando orgulho e escracho diante da situação.
5-Um ministro do STF libertou um médico estuprador que, posteriormente, foi detido pela Interpol.
6-Estima-se que a cada 11 minutos, uma mulher é estuprada no Brasil. Isso, claro, sem mencionar a subnotificação dos casos de estupro.
7-A pena dada pelos presidiários a outros presos estupradores é o próprio estupro.
8-A bancada evangélica é contra leis que dão garantias a vítimas de estupro.

Os fatos acima mostram que a tolerância, a relativização, o descaso e, em casos mais extremos, o orgulho pelo estupro estão se tornando cada vez mais recorrentes no Brasil. Está começando a haver uma aceitação social para o crime de estupro, e isso é extremamente perigoso. Países como Congo, Índia e alguns pelo Oriente Médio mostram o extremo a que podemos chegar se a nossa cultura não mudar. As feministas estão cansadas de dizer há tempos que há algo errado envolvendo a violência sexual neste país e precisamos todos acordar enquanto há tempo.


No caso do estupro coletivo daquela adolescente por mais de 30 homens, ainda houve quem relativizasse o ocorrido, atenuando o crime com desculpas como: "ela gostava de bandido", "ela dava pra todo mundo", "ela mereceu" e até "não houve estupro". Nenhum desses argumentos justifica o estupro. Aliás, NADA justifica o estupro. Estupro não é como o assassinato, que pode ser cometido em legítima defesa. Estupro é feito sempre de forma consciente pelo agressor com a intenção direta ou indireta de causar sofrimento e humilhação à vítima.
Quando usamos eufemismos para justificar a violência sexual, estamos contribuindo para a relativização do estupro e fortalecendo a cultura do mesmo. Quando passamos a defender o estuprador e a culpar a vítima, estamos, sim, contribuindo para a aceitação cultural do estupro. O resultado disso é impunidade, mais estupros, mais violência, mais mulheres sendo atacadas, mais vítimas se suicidando e o fortalecimento da famigerada cultura do estupro.
O estupro não se justifica numa sociedade civilizada. O impulso sexual dos homens não é justificativa, porque temos filmes pornográficos e prostitutas como válvula de escape. A veste "provocante" não justifica, porque a roupa, como já foi comprovada, não tem qualquer influência sobre o estupro. O fato da mulher andar sozinha ou estar bêbada também não justifica a violência, porque o corpo dela não é um objeto de uso público. Enfim, não existe justifica do ponto de vista ético para o estupro.


Assim como já temos cultura do assassinato, cultura da corrupção e cultura da violência, estamos inaugurando uma nova e lamentável cultura: a cultura do estupro. Nunca gostaria tanto de estar errado.

Como de costume, um vídeo para desemburrecer no final:

sábado, 28 de maio de 2016

A hipocrisia por trás da "geração nem-nem"

Nem trabalha, nem estuda...

Há algum tempo, começou a ganhar destaque na grande mídia de direita (desculpe o pleonasmo) notícias sobre uma tal de "Geração nem-nem", ou seja, um grupo de jovens brasileiros que nem trabalham e nem estudam. Segundo a grande mídia, um em cada cinco brasileiros entre 18 e 25 anos estaria nesta situação. Esse grupo, formado por quase dez milhões de pessoas, poderia cair facilmente na criminalidade devido a sua "falta de perspectiva". Outro dado relevante é que a maioria desses "nem-nem" (cerca de 70%) são mulheres devido à maternidade ou aos trabalhos domésticos. Então a preocupação da grande mídia, por conta disso, seria a falta da mão de obra qualificada e a queda do PIB.
Agora pare e pense um pouco: por que raios a grande mídia estaria preocupada com isso? Será que é por causa do PIB mesmo? Será que é porque ela se preocupa com o futuro dos jovens? Vamos refletir um pouco.



O machismo por trás dessa ideia
Ora, todos sabem que a maioria das mulheres que não trabalha de forma remunerada não está aí de pernas para o ar sem fazer nada. Primeiro que ser mãe é uma profissão em tempo integral. Segundo que ser dona de casa dá mais mão de obra que muito trabalho assalariado por aí. E terceiro que muitas mulheres – além de cuidarem da casa e dos filhos – cuidam também dos pais e dos avós. E tudo isso não deixa de ser um "trabalho" só porque não se ganha dinheiro em troca. No trabalho voluntário também não se ganha dinheiro, mas por isso deixa de ser trabalho? Cuidar das pessoas que a gente ama é um dos trabalhos mais nobres que podemos ter na vida. Então o problema já começa aqui, como se um trabalho executado majoritariamente por mulheres não tivesse valor ou não fosse "um trabalho de verdade".

É assim que pensam que é para as mulheres que "não trabalham"?

Outro problema gerado indiretamente por essa condenação à geração nem-nem é o preconceito que se cria com relação ao Bolsa Família. Todo mundo sabe que a direita reacionária condena esse programa porque, segundo essa galera, ele só serve para "alimentar a vadiagem", para "pobre fazer filho" e para "tirar do trabalhador para dar para os preguiçosos". Esse pessoal desconsidera que o Bolsa família veio para que as famílias não passem fome e também esquece que ele custa muito pouco para o orçamento do governo. E quem mais se beneficia com este programa são as mulheres que não dependem mais do marido para ter acesso ao dinheiro e ao poder de compra. Só lembrando que boa parte das beneficiadas pelo programa são mães solteiras. O Bolsa Família faz o dinheiro circular e movimentar a economia, ao invés de concentrá-lo nas mãos dos mais ricos. Isso trouxe poder de compra para as mulheres e, de certa forma, alguma independência para elas também.
Pode parecer meio desconexo falar sobre o Bolsa Família neste tópico, mas a verdade é que muitas mulheres que recebem este benefício são tratadas como "parasitas" pelos reacionários, já que, segundo eles, elas "não trabalham". Isso é uma forma sutil de machismo porque além de desvalorizar o trabalho de mãe e doméstica, ainda se cria uma visão errada sobre os programas sociais e sobre as mulheres que não podem trabalhar fora. Não é toda mulher que tem condições de cuidar da casa, dos filhos, dos pais e ainda fazer hora extra.


A moral da história aqui é que há um machismo subliminar ao se mostrar essa Geração nem-nem como se ela fosse formada inteiramente por gente preguiçosa e burra: o que não é verdade. Mas esse nem é o problema maior...

Adivinhe quem fica rico com o seu trabalho...

A verdadeira Geração nem-nem
O que a grande mídia não fala, por razões obviamente políticas, é sobre a verdadeira Geração nem-nem. A geração que não trabalha, não estuda e fica cada vez mais rica sem trabalhar é formada pelos parasitas do capitalismo, ou seja: especuladores, rentistas, acionistas, doleiros e políticos corruptos. Muita gente neste país, apesar de nunca ter trabalhado na vida, possui um capital que pouquíssimos trabalhadores conseguirão um dia. A maioria dos nem-nem vivem de herança, investem no tesouro direto, investem em ações e têm uma isenção tributária generosa. E diga-se de passagem, o Brasil é um verdadeiro paraíso para os rentistas. Para ser rentista, ninguém precisa trabalhar ou estudar, basta ter uma caderneta de poupança e muita grana.
Para se ter uma ideia disso, se uma pessoa receber uma herança milionária e colocar R$ 1,6 milhão na poupança, ela vai receber pelo menos 0,5% de juros todo mês. Ou seja, essa pessoa vai ganhar um "salário" de R$ 8.000 todo mês sem fazer porcaria alguma. Ora, quantos e quantos se matam de trabalhar durante 40 horas semanais para obter um salário mínimo de menos de R$ 900 enquanto essa gente ganha muitas vezes mais sem fazer coisa alguma? O que acontece, e que já cansei de repetir, é que há uma distorção muito grande com relação ao valor do trabalho no Brasil. O que gera riqueza é o trabalho, ponto. Riqueza não nasce do nada e aumenta sozinha com o tempo. Se alguém está rico sem trabalhar, sem produzir nada, é porque esse alguém está parasitando quem está gerando riqueza através do trabalho.

Rentista ganhando dinheiro

Respondendo a pergunta lá do início do post: o que preocupa a grande mídia ao chamar atenção sobre esse assunto é o risco de ter menos gente trabalhando para sustentar os ricos. Simples assim.
Não acho certo que as pessoas fiquem ricas sem trabalhar, mas quem não quiser ou não puder trabalhar de forma "remunerada" deve, sim, receber um subsídio mínimo para não passar fome e ter condições de ter uma vida digna. O problema aqui são as distorções bizarras de vivermos num mundo onde quem trabalha muito ganha pouco e quem não trabalha fica rico.

É óbvio que não estudar e não trabalhar é muito ruim porque ficamos defasados para o mercado de trabalho e temos cada vez menos conhecimento para sair da situação. Viver sem uma perspectiva para o futuro é um tormento para qualquer um. Mas a minha crítica neste post foi com relação à hipocrisia dos que criticam as pessoas da geração nem-nem, mas que, na verdade, são iguais ou piores que elas.

sexta-feira, 27 de maio de 2016

A cultura do estupro e os extremos da ferradura


Qualquer pessoa que não viva em outro planeta já deve estar sabendo do caso chocante da garota de 17 anos que foi estuprada por 33 homens no Rio de Janeiro. Desnecessário comentar que tal ato de selvageria é absolutamente hediondo. E como se isso por si só já não chocasse o suficiente, diante da certeza da impunidade, alguns dos estupradores não hesitaram em mostrar o próprio rosto no vídeo e em debochar da vítima: fato este que mostra que as nossas leis ainda são "leis para inglês ver". Mas o mais grave de tudo isso é a famigerada cultura do estupro que se mostra cada vez mais descarada. Como é possível que três dezenas de homens tenham agido em comum acordo sem que houvesse uma cumplicidade, ou um vínculo, sociocultural poderoso entre os mesmos para que realizassem tal barbárie? Será que nenhum deles sabia que estupro é crime? É muito improvável que todos os 33 fossem meros doentes, tendo em vista que a maioria dos estupros é cometida por homens "de bem", homens "comuns" e sem nenhuma "doença" ou traço de psicopatia. A relativização do estupro, da violência contra a mulher e do feminicídio – como estamos testemunhando – é algo que possui forte componente cultural.
A tolerância que muitos homens aprenderam a ter diante da violência contra a mulher faz parte de uma cultura carregada de misoginia, machismo e total falta de empatia. Isso só não é evidente para os que acham que o problema do estupro se resolve na bala, na violência e na castração. Nos países onde há mais igualdade entre homens e mulheres e, consequentemente, menos misoginia, os índices de violência contra as pessoas do sexo feminino são muito menores que por aqui. E isso não ocorre porque cada mulher anda com um AK-47 debaixo do braço nesses países, mas sim porque a cultura deles é mais igualitária e humana que a nossa. Cultura do estupro se combate no campo sociocultural, e não com violência física. Violência só gera mais violência e desejo de vingança. O feminismo, apesar de todos os seus defeitos, ainda é o melhor remédio para combater e prevenir que mais mulheres sofram atrocidades como essas que ilustram diariamente as páginas policiais.


No meio dessa atmosfera de pânico que foi gerada pela cultura da banalização do estupro, surgem pseudo intelectuais na internet se sentindo no direito de culpar as vítimas com os velhos argumentos misóginos de sempre, tais como: "ela estava com roupas curtas", "ela provocou", "ela é uma vagabunda" e coisas do tipo. Hoje se sabe que o estuprador não liga para vestes, para aparência ou para sensualidade da vítima. O homem que ataca sexualmente uma mulher age dessa maneira para impor medo e poder.  Estupro não é sobre sexo: é sobre poder e ódio – ódio pelas mulheres. Os que acham que o estuprador é apenas um "pobre coitado" que não soube controlar seus impulsos sexuais, ou é ingênuo, ou é mal caráter. A ideia que se construiu de inferioridade, fragilidade e culpabilização acerca das mulheres é o velho motor do machismo que culpa a mulher pelas desgraças do mundo desde tempos imemoriais.

Leandro Karnal explica o porquê da misoginia (clique para ampliar)

A Teoria da Ferradura na prática
Outro aspecto que tem me chamado atenção são as soluções bizarras encontradas pelos extremos da ferradura: os reacionários extremistas e os progressistas extremistas. De um lado, temos um pessoal que defende castração química, pena de morte para estupradores e que nega a cultura do estupro. Do outro lado, temos um pessoal que trata todo homem como estuprador em potencial e acha que os homens são o grande mal da humanidade, merecendo até mesmo campos de concentração especialmente para eles. Seria mais ou menos como um duelo ideológico entre Jair Bolsonaro e Valerie Solanas, onde nenhum lado foca no que realmente causa essa situação, ou seja: a cultura sexista, a impunidade e a insegurança do homem tradicional. A direita, com sua visão individualista da sociedade, acha que o estupro é um problema isolado, de alguns poucos homens doentes. Já a esquerda, com a sua mania de coletivização, acha que o problema é que os homens como "classe" são estupradores. Não sei qual visão consegue ser pior, só sei que ambas são burras e ineficazes por serem simplistas e extremistas. O problema, reitero, está na cultura, no machismo, na impunidade e na nossa mania paleolítica de achar que a violência é a solução para tudo.

Eis os extremos da ferradura

Para concluir, um vídeo educativo para os homens:


quinta-feira, 26 de maio de 2016

Somos todos formadores de opinião

Cole sua foto aqui

Quem já passou dos trinta anos lembra bem de como as coisas eram antes da popularização dos microcomputadores. A tecnologia analógica era que prevalecia com máquinas de escrever, walkmans, discos de vinil, mídia impressa monopolista, televisão de tubo com Bombril nas antenas, fotografias que precisavam de "revelação", games em cartucho, telefone apenas fixo... Mas em 2016, a tecnologia evoluiu para a conversão digital e sua consequente convergência para uma única mídia. Hoje, qualquer pessoa provida de um celular moderno tem câmera digital, tevê digital, rádio, música, filmes, games, bloco de notas, telefone e o principal: acesso à internet. E a internet muda tudo.
Através da internet a gente pode acessar informações livremente, ouvir o que quiser, ver o que quiser, ler o que quiser, baixar o que quiser, comprar o que quiser, achar o mapa de qualquer lugar e muitas outras funções ao alcance de um único aparelho conectado. Qualquer pessoa com um celular pode gravar entrevistas, gravar áudios, produzir vídeos, filmar fatos históricos, escrever em blogs e depois postar tudo isso em seu canal, podcast ou rede social. Temos, hoje, um poder individual de comunicação que há 30, 40 anos somente as emissoras de televisão tinham. É como se cada pessoa munida de um celular ou tablet fosse um Roberto Marinho ou um Sílvio Santos que tem a liberdade de criar um canal no YouTube e postar tudo o que quiser como se fosse uma pequena emissora de televisão. E ainda podemos ganhar dinheiro e patrocínio com isso...

Fala, mestre!

A grande e velha mídia tradicional fundamentada em televisão, rádio e jornal impresso está com os dias contados. Ela entrou em decadência desde que parte da sua audiência começou a despencar devido ao seu conteúdo fraco e à competição com a internet. Isso sem falar que na internet a gente não fica preso a uma grade de programação com horários fixos. Na internet, a gente pode assistir na hora que quiser o nosso programa favorito. Então a internet é o espaço ideal para que todos possam ser não apenas jornalistas, mas o que bem quisermos: comentaristas, artistas, músicos, professores, mágicos, astrólogos, cientistas, gamers, designers, comerciantes... Temos potencial e liberdade para gerenciarmos as nossas próprias emissoras na web. Conseguir uma concessão para operar um canal de TV no Brasil é coisa do passado. Na internet, sim, é que há a verdadeira democratização da mídia.

Aproveite este poder que você tem em suas mãos!

Namastê!

quarta-feira, 25 de maio de 2016

Politicagem todo dia cansa

Não há quem aguente falar sobre essa gente todos os dia

Eu venho tentando, desde o final de janeiro desde ano, manter a frequência de um post por dia para manter o blog atualizado e também para conseguir abordar todos os temas que deixei "engavetados" por mera preguiça de escrevê-los. Só que de um tempo pra cá, a grande maioria dos posts foi sobre política devido a essa crise, essa turbulência política que está acontecendo no Brasil. E essa instabilidade política contribuiu, de certa forma, para que eu tivesse mais vontade ainda de escrever durante todo esse tempo.
O problema é que eu tenho sentido um desânimo tremendo em escrever sobre política desde que Temer assumiu provisoriamente o governo. E o meu desânimo nem foi pela queda do PT, mas sim por essa agenda reacionária, elitista, neoliberal, golpista e cleptocrata que estão tentando impor. São tantas desgraças acontecendo ao mesmo tempo, que às vezes dá até vergonha de ter nascido neste país. Primeiro tentaram acabar com o MinC, depois veio a temível MP 727, seguida do fim do fundo soberano, entrega do pré-sal, ameaça aos bancos públicos, cortes na saúde, cortes na educação, cortes na previdência, perseguição a artistas, Romero Jucá provando que o Golpe era para "estancar" a Lava Jato, Gilmar Mendes arquivando investigações sobre Aécio Neves e Romero Jucá, o STF sendo cúmplice dos absurdos, a grande mídia fazendo uma chapa branca vergonhosa ao desgoverno Temer... Cansa ter que escrever diariamente sobre tanta porcaria acontecendo simultaneamente. Tem me irritado mais que o necessário escrever sobre política nesses tempos de golpismo.
É por isso que ou o ritmo de posts vai diminuir, ou vou falar sobre outros temas deixados para lá e que há muito tempo estou querendo abordá-los, ou então as duas coisas ao mesmo tempo. Como comprei recentemente a primeira expansão do fantástico game The Witcher 3 e no final do mês devo comprar a segunda, é possível que eu gaste mais tempo jogando do que escrevendo. Mas o blog vai seguir em frente. Inclusive, pretendo fazer uma análise deste e de outros games neste blog futuramente. Enfim, o fato é que certamente os posts políticos irão diminuir a frequência e outros temas ganharão mais destaque. Quem quiser continuar lendo política todo dia, aqui no blog há uma lista de Blogs Sujos que você pode ler para continuar se informando sobre a patifaria que rola diariamente neste país.

Jornal impresso é coisa do passado, a moda agora são os blogs sujos

Espero que ninguém fique chateado(a) com esta minha decisão. Mas meu objetivo com este blog de variedades não é e nunca foi ficar falando todo santo dia sobre política. Um pouco de diversidade não faz mal para ninguém.

Namastê.

terça-feira, 24 de maio de 2016

Até Olavo tem razão


A situação política que vivemos atualmente está tão feia, mas tão feia, que até mesmo o guru da direita reacionária Olavo de Carvalho está tendo razão em seus comentários no Facebook. O Golpe é tão descarado que até a ala mais conservadora caiu na real. Eu nunca imaginei que fosse digitar isso um dia, mas, desta vez, Olavo tem razão. Olha os prints do Olavão abaixo:





Essa cleptocracia que aí está não engana mais ninguém...

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Alguma dúvida que foi mesmo um Golpe?


Agora que a bombástica gravação de Romero Jucá "vazou", quero ver com que cara as pessoas que apoiaram este Golpe hão de ficar. A própria Ministra do STF Rosa Weber acabou tendo a sua intimação a Dilma Rousseff respondida pelo próprio Romero Jucá. O impeachment foi um pacto para deter a Lava Jato, como já havia alertado várias vezes o jornalista "petralha" PHA. A maioria dos políticos da alta cúpula do PMDB não resiste nem a dez minutos de investigação. Era preciso mesmo ser muito ingênuo para achar que o PMDB seria tão bonzinho quanto foi o PT para se permitir ser investigado...



domingo, 22 de maio de 2016

O imperialismo sempre foi inimigo da América Latina


É preciso ser muito ingênuo para acreditar que a democracia na América Latina sempre foi plena. Primeiro, fomos colônias de Portugal/Espanha; depois caímos nas garras da Inglaterra e, por fim, os EUA resolveram continuar o processo até os dias atuais. E a nossa velha elite local, sórdida como só ela é, faz a sua parte seguindo o velho discurso do "manda quem pode, obedece quem tem juízo". E assim caminha toda a América logo abaixo dos EUA, excetuando-se, claro, Cuba.
Porém, as coisas mudaram de forma surpreendente desde o final dos anos 90. Tivemos a ruptura de políticas predatórias, neocolonialistas, neoliberais e voltadas para elites desde a turbulenta chegada de Hugo Chávez ao poder na Venezuela. Daí, na sequência, vimos Evo Moralez, Néstor Kirchner, Cristina Kirchner, Lula, Dilma, Michelle Bachelet, Rafael Correa, José Mujica, Fernando Lugo e outros líderes de esquerda chegando ao poder em diversos países: fato este que assustou as elites nacionais e o poderio das oligarquias ianques. No Brasil, Veja e Globo – subalternas das oligarquias gringas – seguiram a onda e trataram logo de desqualificar o PT e governos similares nas Américas como forma de patrocinar a volta do neoliberalismo e da extorsão do nosso país. No resto da América do Sul também não foi diferente. Na Argentina, um neoliberal venceu as eleições; no Paraguai, Lugo foi golpeado; no Brasil, Dilma está sendo golpeada; na Venezuela, Maduro está sob séria ameaça orquestrada pela CIA; no Equador, Rafael Correa enfrenta ameaça de Golpe... A geopolítica latino-americana vem passando por uma mudança que não é fruto do acaso.

Logo honesto do governo Temer

Apesar de alguns dos meus amigos mais inteligentes discordarem que haja um "golpe" no Brasil neste exato momento, na minha opinião, a mudança radical do quase keynesianismo petista para o neoliberalismo – com a saída abrupta de Dilma Rousseff – é uma forma gritante de mostrar que algo está MUITO errado. As nossas elites NÃO pensam no povo: pensam somente nelas mesmas e farão o que for preciso para que o país continue pertencendo a elas. Nós, o povo, somos apenas gado, ou, se preferir: peões num tabuleiro de xadrez. E se vários de nós continuarmos a apoiar quedas ilegítimas de governos e essas políticas entreguistas, lamento informar, mas iremos continuar sendo uma eterna República das Bananas para o resto do mundo.

Adivinhe de que lado nós estamos...

Como de costume, vou deixar um documentário excelente abaixo que trata sobre a conjuntura geopolítica pós Cháves na América Latina. Apesar de longo, ele mostra o fato de um jeito que a nossa grande mídia corporativa jamais vai mostrar por razões óbvias.

sábado, 21 de maio de 2016

A hipocrisia dos coxinhas


Os coxinhas que fizeram furdunço nas micaretas da CBF pedindo a saída do governo Dilma têm andado muito quietos ultimamente. Antes do afastamento da Dilma, eles apareciam exaustivamente em todos os sites e blogs falando mal do PT, do governo e dos "petralhas". E agora estão silenciosos. A única coisa que eles sabem dizer agora é: "Ah, mas foi você que votou no Temer, seu petralha! A culpa é sua!" Opa! Mas espera aí. Então quer dizer que você vai para as ruas pedir a derrubada da presidenta que eu votei e a culpa é minha agora? Temer traiu, conspirou e adotou uma programa de governo radicalmente oposto ao que elegeu a Dilma nas urnas. E como assim a culpa é minha? Pirou de vez? Eu fui radicalmente contra o impeachment, porque sabia a merda que iria ocorrer em seguida, falta de aviso não foi. Temer foi eleito para ser VICE de Dilma Rousseff e apoiar o seu governo – e não para apoiar um golpe e adotar um governo antipopular, cheio de corruptos e fortemente neoliberal. Me desculpa, camarada, mas quem apoiou o golpe foi você, e não eu. Além disso, eu não tinha bola de cristal para prever que o vice apoiaria um Golpe.
Ah, e antes que eu esqueça, se o Temer tem propostas tão "boas", então porque você não votou nele em 2014, hein, caro coxinha?

A seguir, alguns memes para ajudar a quem não entendeu:





sexta-feira, 20 de maio de 2016

Frases de presidentes odiados pela plutocracia


A maioria dos presidentes da América Latina que foram perseguidos, depostos, golpeados ou difamados pela elite tiveram um viés ou progressista, ou de centro-esquerda, ou voltado para os trabalhadores. E todos eles deixaram lições importantes. Para a sexta-feira não passar em branco, resolvi listar algumas frases memoráveis desses ex-presidentes. Aí seguem algumas delas: