Brasil resumido numa charge |
Aprendemos desde o ensino fundamental que o Brasil, assim como a maioria do resto do mundo, é um país capitalista. Mas você sabe o que é capitalismo?
Capitalismo é um modo de produção em que os meios de produção (terras, fábricas, máquinas, construções) e o capital (riqueza) são propriedades privadas, ou seja, têm um dono. No capitalismo temos essencialmente duas grandes classes: a burguesia (dona dos meios de produção) e a classe trabalhadora (mão de obra assalariada). Na maioria do mundo, o capitalismo que prevalece é o capitalismo financeiro ou bancário. Mas o que tem se visto no Brasil não tem sido bem isso. Os meios de produção e as grandes corporações tem se concentrado cada vez mais nas mãos de minorias muito ricas que formam um corporativismo cada vez mais explícito. O capital tem se concentrado cada vez mais nas mãos dos muito ricos e das pessoas que não produzem nada. Isso sem falar de práticas cada vez mais corriqueiras como cartéis, monopólios, oligopólios, dumpings e trustes que são venenos para o capitalismo por destruírem a concorrência e superconcentrarem poder e renda nas mãos de uma minoria. Isso, a meu ver, não deveria se chamar de capitalismo, mas, sim, de uma expressão que parece contraditória diante de sua antítese morfológica, que é o socialismo de direita, ou se preferir: socialismo para os ricos.
O socialista de direita não gosta de concorrência, nem de riscos e nem de impostos |
A direita brasileira tem se empenhado desde a Guerra Fria em acabar com ideologias socialistas e comunistas que ameaçavam o capitalismo. Porém, essa direita se esqueceu que a maior ameaça ao capitalismo estava o tempo inteiro na própria direita quando os ricos começavam a ficar cada vez mais ricos sem trabalhar, solidificando, assim, as bases de uma poderosa plutocracia. Quem manda no Brasil hoje é a plutocracia, ou seja: poucas dezenas de homens muito ricos que decidem quem fica e quem sai do governo, quem vai preso e quem fica solto, quem vive e quem morre, e o que sai e o que não sai nos jornais. Esses ricaços se reúnem em jantares suntuosos para decidir o futuro do país e socializar seus lucros entre si. Ao contrário do que pensam os ingênuos, são esses oligarcas que mandam nas suas marionetes – marionetes essas que nós chamamos vulgarmente de "políticos". O Estado é submisso à plutocracia – e não o contrário. O que esses homens poderosos querem é criar uma espécie de "socialismo elitista" onde apenas quem pertence ao clubinho deles socializa e divide de forma mais ou menos igual as riquezas do país. Esses ricaços controlam o mercado de ações, investem em especulação, quase não pagam impostos e enriquecem explorando todas as outras pessoas do sistema, sejam elas burguesas ou proletárias.
O que temos no Brasil hoje não é mais aquela dicotomia de burgueses e proletários ou de patrões e trabalhadores. O que temos atualmente é uma minoria extremamente rica contra o resto da população inteira. O Estado serve apenas de mediador, fazendo o papel de um Robin Hood ao contrário, tirando dinheiro dos pobres e dando para os plutocratas. Isso acontece principalmente através da dívida pública, dos juros altos e da alta carga tributária para os pobres e a classe média. Diferentemente do capitalismo de Estado cubano, onde os governantes ficam ricos a custa do trabalho da população, no Brasil é exatamente a plutocracia que está fazendo esse papel. Os bilionários brasileiros são os "Fidéis Castros" do país. Um capitalismo que não gosta de riscos, nem de concorrência, nem de democracia e nem de cobrar imposto justo para os mais ricos não pode ser chamado de capitalismo: só pode ser mesmo chamado de socialismo plutocrata. O modelo econômico predileto desse sistema é justamente o neoliberalismo por ele ser concentrador de renda.
Se o caro leitor tiver pelo menos dois neurônios na cuca, vai entender porque há certos partidos políticos tão protegidos pela plutocracia e outros tão odiados. Até Olavo de Carvalho já percebeu isso e foi xingado de "petista" por um colunista pastelão da Veja.