sábado, 23 de setembro de 2023

O Estado não é dono do útero de ninguém


Está sendo julgado no STF a ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) 442, que requer a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação. Já tratei sobre o tema aborto neste blog de forma exaustiva e não pretendo ficar repetindo os mesmos argumentos de sempre. O único ponto que me incomoda nessa história toda é a reação desproporcional dos grupos religiosos. Eles querem impor na base do medo e da chantagem a vontade dogmática deles. Essa gente esquece que o Estado é laico e que, assim sendo, os valores morais deles não servem para estabelecer os padrões éticos da sociedade. 

A decisão de interromper a gravidez é individual de cada mulher. Se ela não puder fazer isso de forma segura, será forçada a viajar para outros países onde o aborto é legal, ou tomará substâncias abortivas por conta própria ou ainda pior: terá que arriscar a vida em clínicas clandestinas. Tudo isso porque uma elite política e religiosa formada por 99% de homens querem controlar os corpos das mulheres de forma autoritária. É o velho machismo institucionalizado. Já que não podem parir, o jeito que os machos opressores encontraram de controlar a reprodução foi castrando a sexualidade das mulheres e decidindo o que elas mesmas devem fazer ou não com seus próprios corpos. Não é exagero dizer que se homem ficasse grávido igual aos cavalos marinhos, aborto seria não apenas legal, mas motivo de orgulho também.

Chega de hipocrisia. Aborto não é "assassinato", porque mórulas, blástulas, gástrulas e nêurulas não são seres humanos. Além de que, interrupção da gravidez é uma questão de saúde pública. Respeitem as mulheres, respeitem os seus direitos e as suas vidas. 


domingo, 17 de setembro de 2023

Até o T-Rex virou vítima de fake news


Que a internet nos trouxe uma batelada de benefícios, ninguém nega. Mas junto com ela, ganhamos também muitas mentiras e desinformações. Afinal de contas, se o papel aceita qualquer coisa, a internet aceita muito mais. E nem precisa ir para a deep web para ver coisas cabeludas nesse sentido. Teorias conspiratórias envolvendo fatos consolidados pela ciência, por exemplo, brotam aos milhares todos os anos na própria surface web. A lista de loucuras é longa: Terra plana, Lua oca, pirâmides feitas por extraterrestres, ovnis nazistas, reptilianos infiltrados em governos, Ratanabá e outras barbaridades do gênero. Nem o pobre do T.Rex escapou. Tem uma galerinha aí afirmando que o dinossauro mais popular do período Cretácio esteve na arca de Noé e, pior: ainda por cima era vegano. Imagine só: um T-Rex vegano na arca de Noé.

O T-Rex não era bem assim...

Obviamente, não existe nenhum fundamento na afirmação de que o Tiranossauro era vegano. Todas as evidências apontam justamente para o contrário. Já sobre ele estar presente na arca de Noé, eu prefiro nem comentar. Sobre isso só afirmo duas coisas: primeiro, que eles foram extintos 65 milhões de anos antes de qualquer ser humano existir; e, segundo, que a arca de Noé nunca existiu. 

Outra coisa que falam bastante na internet é que o T.Rex tinha uma farta plumagem cobrindo todo o corpo. Ok, dizer que ele tinha penas não é uma teoria conspiratória, mas também não é uma afirmação sustentada pelas evidências fósseis. Apesar de várias espécies menores de dinossauros terem tido o corpo coberto de penas, no caso do T.Rex parecia ser diferente. Isso porque penas podiam causam super aquecimento no corpo do bicho por ele ser muito grande e pesado. Aparentemente, apenas os filhotes da espécie tinham uma pequena penugem que era perdida com o tempo.

Agora esse papo de T.Rex vegano... Pelamordedeus...

quinta-feira, 7 de setembro de 2023

Lava Jato vai para lata de lixo da história


A decisão do ministro Dias Toffoli, da nossa Suprema Corte, de anular as provas da Lava Jato, trouxe uma reparação histórica a uma dos maiores absurdos jurídicos vistos no mundo que foi a prisão arbitrária do presidente Luis Inácio Lula da Silva em 2018. Para um leigo em ordenamento jurídico tomado pelo oba-oba anticorrupção, a Operação Lava Jato parecia algo promissor e até revolucionário. Mas para os especialistas em direito, ficou claro desde o início que a operação encabeçada por Moro, Dallagnol e companhia limitada era um embuste visando a emancipação política dos agentes envolvidos. Uma legião de juristas renomados na época já havia demonstrado, com mais propriedade do que eu seria capaz, os vícios do julgamento de Lula: ausência de provas, cerceamento do direito de defesa, constrangimento ilegal a testemunhas, enquadramento em crimes inexistentes no código penal, desvio de foro, parti pris contrário ao réu... Daí vieram as evidências trazidas pela Operação Spoofing comprovando que tudo realmente não passou de uma farsa criminosa para quebrar nossas empreiteiras e jogar Lula na cadeia para que Bolsonaro vencesse as eleições. 

Vergonha é permanecer no erro.

Se apesar de todas evidências, as pessoas continuarem achando que Moro é um herói e que Lula é um corrupto, fica claro que a política não tem mais um aspecto de diálogo e construção social, mas de atender a fanatismos de torcidas que escolhem um lado para torcer. Uma coisa é não gostar do governo Lula, outra coisa é acreditar em terraplanismo político. E sem maturidade política, não há como evoluirmos como sociedade para resolver nossos problemas e conflitos.

sexta-feira, 1 de setembro de 2023

É ridículo adulto jogar video game?


Tem uma galerinha aí que, por não ter nada de construtivo para fazer, insiste em julgar a vida alheia e lança polêmicas sem sentido por total falta de assunto. Uma delas é a de que é "ridículo e infantil" um adulto com mais de 30 anos jogar vídeo games, porque adulto (segundo essa galerinha) tem que trabalhar para pagar as contas e cuidar dos filhos. É desnecessário dizer que essa "polêmica" sequer existe no mundo real, ainda mais no século XXI. Você joga vídeo game com qualquer idade e ponto, ninguém tem nada a ver com isso. Até porque cada pessoa tem a sua própria dinâmica de vida. Inclusive, há muitos jogos com classificação etária +18 justamente porque são produzidos especificamente para adultos. E quando digo adultos, estou falando de gente com bem mais de 30 anos de idade.

Videogame é para todas as gerações.

Para se ter uma ideia, na clínica de fisioterapia que minha mãe frequentava, por exemplo, eles usavam jogos do Nintendo Wii para reabilitação de adultos, incluindo idosos. No meu caso, o melhor game que joguei na minha vida foi o Witcher 3 e eu tinha mais de 30 anos quando o zerei pela primeira vez. Aliás, hoje tenho 40 anos de idade e, ocasionalmente, jogo alguma partidinha de game casual no celular, também alguns jogos na Steam e mato a saudade dos retrogames nos emuladores do notebook quando estou sem nada para fazer. Claro que eu sou suspeito para falar, porque sou de uma geração que nasceu e se criou jogando videogame. Eu jogo vídeo game desde os meus 6 anos de idade e nunca parei. Chego a passar algumas semanas sem jogar por falta de tempo ou de vontade, mas aqui e acolá estou jogando alguma coisa.

Retrogames são verdadeiras máquinas do tempo.

Engraçado que vídeo game ganhou há tempos o status de obra de arte e muita gente adulta coleciona jogos em diversas mídias como se fossem pinturas, livros, discos ou armas. Aquela visão oitentista de que "videogame" é coisa de piá já caiu por terra há décadas. Isso acontecia porque, como os vídeo games dos anos 80 eram basicamente arcades (voltados para o público infantojuvenil) e o resto eram adaptações domésticas dos mesmos, criou-se, na época, a visão de que jogos eletrônicos eram "coisa de criança". Afinal, ninguém via um vovozinho jogando um After Burner da vida nos fliperamas. Mas isso já mudou faz tempo. 

Eu, pessoalmente, considero o videogame uma espécie de remédio ansiolítico para todas as idades, porque a gente relaxa e se esquece das merdas da vida ao se envolver com a história, ao se apegar aos personagens, ao se desafiar em dificuldades maiores e ao ficar encantado com as trilhas sonoras. Aliás, tem muito jogo de vídeo game com trilha sonora melhor que muito filme blockbuster hollywoodiano. E falando de filmes, é engraçado que eu não tenho mais vontade nenhuma de assistir filmes. Mas, por outro lado, apesar de não ser mais tão apaixonado por games como na infância e adolescência, eu não abro mão de um bom joguinho eletrônico. Isso vale especialmente para retrogames, porque além da diversão, tem a questão da nostalgia dos bons momentos que vivi na era de ouro da minha vida enquanto jogava. É um verdadeiro turbilhão de emoções nostálgicas quando sento no chão para jogar Super Nintendo numa tevê de tubo enquanto lancho aquele potão de sorvete de chocolate. Ah, vai me dizer que não isso não é uma delícia?