Está sendo julgado no STF a ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) 442, que requer a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação. Já tratei sobre o tema aborto neste blog de forma exaustiva e não pretendo ficar repetindo os mesmos argumentos de sempre. O único ponto que me incomoda nessa história toda é a reação desproporcional dos grupos religiosos. Eles querem impor na base do medo e da chantagem a vontade dogmática deles. Essa gente esquece que o Estado é laico e que, assim sendo, os valores morais deles não servem para estabelecer os padrões éticos da sociedade.
A decisão de interromper a gravidez é individual de cada mulher. Se ela não puder fazer isso de forma segura, será forçada a viajar para outros países onde o aborto é legal, ou tomará substâncias abortivas por conta própria ou ainda pior: terá que arriscar a vida em clínicas clandestinas. Tudo isso porque uma elite política e religiosa formada por 99% de homens querem controlar os corpos das mulheres de forma autoritária. É o velho machismo institucionalizado. Já que não podem parir, o jeito que os machos opressores encontraram de controlar a reprodução foi castrando a sexualidade das mulheres e decidindo o que elas mesmas devem fazer ou não com seus próprios corpos. Não é exagero dizer que se homem ficasse grávido igual aos cavalos marinhos, aborto seria não apenas legal, mas motivo de orgulho também.
Chega de hipocrisia. Aborto não é "assassinato", porque mórulas, blástulas, gástrulas e nêurulas não são seres humanos. Além de que, interrupção da gravidez é uma questão de saúde pública. Respeitem as mulheres, respeitem os seus direitos e as suas vidas.